Empatia e Humanidade -- um texto sobre política
Um dia pretendo fazer um texto mais completo sobre o assunto, mas de antemão, quanto mais penso em política mais chego as mesmas conclusões a partir dos corolários que me levaram de apercepções epistêmicas. Uma vez disse que a direita tende a fazer considerações pautadas no já visto e portanto, costuma ter pautas mais práticas a partir da clássica "tentativa e erro" empíricas, ou seja, possui uma agenda, enquanto a esquerda tende a ver o mundo por um prisma inteiramente dialético e de fato possui uma carga epistêmica ideológica.
Desses corolários, chego também a proposições de ordem moral. Lembrando que sempre que política e ética são assuntos amplamente distintos, mas a partir das proposições de ambas as "políticas" (dos primeiros de sua agenda, e dos segundos de sua dialética ((sentido platônico mesmo))), chega-se às seguintes conclusões posteriores: acaba sendo muito difícil para a agenda política ter uma empatia para qualquer outro que não seja ela mesma.
Todos os grandes "ideólogos" desta agenda advogam sobre o espírito único, independente e apelam sempre para a fraternidade de ideais (dentro da mesma agenda), mas que de todas essas considerações acaba se tornando, dentro deste prisma e visão de mundo, ter uma empatia sincera pelo outro. Chega-se, vários filósofos e filosofas da área a apelarem pelo egoísmo porque na base do altruísmo se encontro o suicídio objetivo do sujeito. E que todas ações morais fora do sujeito, derivam unicamente de si mesmo, e de seu bem próprio e auto-interesse. Fica claro que a empatia aqui -- e meu discurso parece pura retórica, fica aqui a possível critica -- é subsumida à nada.
Por que algum sujeito vai se interessar pelos problemas de outro, se nada a este sujeito lhe diz respeito ou não vai lhe garantir nenhum interesse próprio? Se você pensar na grande cadeia econômica, faz-se mister prover o sustento possível e imediato de todos os indivíduos para que primeiro, a mesma cadeia se autosustente, e segundo, por questão de humanidade. E aqui meus amigos, se encontra o problema. Como pensar humanidade fora do globo do indivíduo único -- me permitam aqui a repetição.
Esse é o problema. Como encarar a face do outro que o máximo que pode dizer a você é a necessidade de fazer o círculo do mundo girar -- não há uma proposição sólida a não ser o argumento vazio da "humanidade". Apelar para a humanidade sem proposições que a sustentem é o caminho simples para um solilóquio moral. E aqui, eu posso citar 3 proposições para solucionar esse problema, a saber: o primeiro é que, se você vê alguém que sofre, e este sofrimento, vejam, não precisa ser pecuniário, pode ser plenamente, moral ou psicológico, você simplesmente diminui a si mesmo -- você fica automaticamente triste também. Você diminui, e aqui cito Espinoza, a sua potência de agir.
E como você resolve este problema? Pode virar para o lado. Ou pode agir com piedade, porque cessando a dor do outro, vai cessar a sua também -- empatia. As outras duas soluções são a Kantiana clássica -- o dever racional de agir de forma racional para com o outro. E o terceiro, religioso. Então o problema aqui senhores e senhoras, é empático.
Do lado da ideologia, a empatia se encontra simplesmente nos grupos. Como a principal argumentações de qualquer sistema epistêmico de esquerda são as classes, as comunidades e os grupos sociais, a empatia surge naturalmente quando você faz parte de um circulo "mágico" de uma comunidade. E essa comunidade, ironicamente diriam os "agendístas", pode simplesmente ser ideológica também. Você não precisa ser "mulher" para apoiar a causa das mulheres, nem trabalhador para apoiar a classe trabalhadora.
Acaba existindo todo um malabarismo dentro dessa própria argumentação diante dos ideólogos que não vou discutir aqui, mas fica muito claro que você automaticamente faz parte de uma comunidade, basta estando nela -- ou pode a adotar de modo, claramente, puramente mental e lógico, como as máquinas adotam sistemas operacionais distintos não importando de nada a sua procedência.
Mas. e para os outros que não fazem parte dessa classe, que você faz parte, ou que não adotam o sistema "operacional" para elas, por que elas claramente ainda não foram iluminadas suficientemente para saber, que este sistema é melhor que todo e qualquer outro? O que acontece com aquelas que não fazem parte da sororidade ou têm dificuldade de atualizarem seu sistema, porque o "sistema" está sempre em constante progressão e melhora? É muito simples. Se eles não estão com você, estão contra você.
E se você odeia aqueles que não são como você, ou seja, que não fazem parte do seu esforço coletivo e comunitário, mesmo depois de você tentar piedosamente os ensiná-los, de que, o seu sistema é o melhor de todos, o que você faz? Você os odeia. Por que eles não são você. E claro, tomara que não sejam mesmo.
Fica muito claro, que por se tratar de uma questão muito mais lógica, diante da própria argumentações dialética, parece distintivo que é preciso mesmo separar aqueles que usam windows dos que usam linux. Ou você pode fazer como os usuários atuais de linux -- rodar um aplicativo que permite o sistema a rodar recursos vindos do windows -- e veja, muitos já fazem isso mundo à fora dentro do sistema epistêmico de esquerda.
Dentro da própria ideia de coletividade, você pode abranger até o ponto de entender que não importa o sistema operacional que os outros usam, mas que no fim, todos fazemos parte do mesmo universo de coletividade humana -- e aqui este argumento parece mais sólido que no caso anterior, porque justamente, precisa-se de lógica pura para abstrair o que está sendo dito. Então, mais uma vez, use sua piedade epistêmica e tente abranger a ideia distinta que todos somos humanos. Aliás, essa não é a consideração atual dos filósofos morais do "outro"? Senão for, peço perdão aos estudiosos da área, mas me parece óbvio que há uma tentativa lógica de se enxergar você mesmo no outro.
Só para deixar claro, no segundo caso, o problema é da própria ideia de coletividade -- que acaba separando, esta, daquela -- e que a resposta se encontra na própria ideia de gênero (coletividade) humano, que queira você odeia ou não admita, no fim o outro não é tão longe de você mesmo.
Acho que me alonguei mais do que o suficiente.