Palavras...
(Ensaios)
Uma das coisas mais bonitas que um aluno da Faculdade de Direito aprende logo que inicia o curso é conhecer a importância e o bom uso da palavra. Sim, eis que é através dela que o advogado ou o operador do direito, noutra área, irá fazer o seu trabalho. No caso do advogado, em particular é importantíssimo saber usar as palavras corretas, para defender os seus clientes, e com isso fazer valer o sentido da profissão. Advogar significa falar por alguém. Na coisa pública não é diferente, àquele que, uma vez eleito ou concursado para tal serviço, tem por obrigação saber que seus atos atingem milhões de pessoas. Portanto, o mínimo de coerência no uso das palavras é mandamento que se impõe.
O que não se olvida é que na academia de direito o ensino abrange os dois lados, ou seja, defesa e ataque, aquele que defende e o outro que condena, nisso, existe as artimanhas, as estratégias, para que tais pessoas, alcancem os seus objetivos. É onde temos o belo estudo da “Retórica”, o que tão bem coroou o fenomenal Filósofo e Pensador “Aristóteles” e outros da época. Todavia, é de total responsabilidade do interlocutor, posto que, cada fala, deve estar sempre bem fundamentada. Sabemos que a palavra, tal qual uma flecha, uma vez lançada não há volta, até se pode remediar o estrago, mas a consequência é inevitável, seja boa ou ruim.
Mas, existe ainda, aquilo que se chama “Direito Potestativo” que nada mais é, senão, a vontade própria da pessoa de dizer o que quiser, fazer o que quiser e suportar as consequências, ou seja, se entregar as penas que o ordenamento jurídico e a lei proíbem por tal atitude. - É o que nos últimos anos temos visto com frequência por nossas bandas. Deputados, Senadores e até Presidentes da República, chutando o “pau da barraca”, querendo fazer valer suas vontades a qualquer custo. “Fi-lo por que qui-lo”, parafraseando “Jânio Quadros”. É direito deles, sim é, mas a responsabilidade, também é, e por isso devem ser avaliados penalmente. Mesmo sob a proteção daqueles que por simpatia, venham a defende-los. Em muitos casos, dizendo que a tal fala foi de improviso, que não era bem assim o que a tal figura queria dizer. Me engana que eu gosto.
Essas coisas, fazem-me lembrar os tempos de criança, jovem rapaz. Quem é da minha época sabe como funcionava. Quando havia muita controvérsia sobre determinada situação e nada se resolvia, havia sempre a última espoleta, ou seja, aquela atitude que uma vez tomada, com certeza levava a pendenga pra solução. A que realmente causava efeito. A pessoa podia falar o que quisesse, porém, uma era “imexível”, como também dizia um certo Ministro. “A mãe de cada um”. Quando a ofensa atingia a mãezinha do sujeito a barraca vinha à baixo. O Pau cantava, e naquele, aparta, aparta, terminava por se resolver aquele conflito. Isso me leva a crer que certas pessoas só cresceram na estatura física, e continuam com atitudes infantis, mas que por vezes resolve.
Quanto ao momento atual de guerras e tragédias. Uma coisa me entristece: O mal-uso das palavras, ou seja, a decadência da Diplomacia. Isso é lamentável.
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Antônio Souza
(Escritor)
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“Ensaios” é uma peça literária, onde o autor não tem por obrigação esgotar o tema.
Há o poder do dinheiro;
Há o poder da palavra.
Nem sempre o ceifeiro
É a pessoa que lavra.
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