Modernidade sentimental
Nos relacionamentos modernos, temos a sorte de poder nos conhecer melhor antes de nos envolvermos profundamente com alguém. É como se tivéssemos um filtro extra, nos permitindo avaliar se estamos verdadeiramente alinhados com a outra pessoa antes de mergulhar de cabeça. Isso é algo positivo e que pode nos poupar de muitos desgostos no futuro.
No entanto, às vezes sinto que nos perdemos nesse processo racional de avaliação e esquecemos de ouvir o que nosso coração realmente quer. Ficamos com medo de nos entregar completamente a alguém, com medo de sentir algo tão intenso e avassalador que possa nos consumir. Preferimos nos manter em uma zona de conforto, mantendo os sentimentos à distância.
Recentemente, ouvi alguém parafrasear um poeta mexicano que disse: "Por que não deixar brotar algo que surge com tanta gana?" Essa frase ressoou profundamente em mim. Percebi que nunca dei verdadeiramente uma chance para algo assim, algo que surge com tanta intensidade e urgência.
Por que resistimos tanto ao desconhecido, às surpresas que a vida nos reserva? Por que tememos dar espaço para o inesperado? Será que nos perdemos em nossas próprias expectativas e planejamentos, esquecendo que o verdadeiramente belo muitas vezes nasce do imprevisível? Por que não nos permitimos sentir a intensidade do momento, abrir-nos para novas possibilidades e deixar que a vida nos surpreenda com sua magia e mistério? Ao invés de tentar controlar cada aspecto de nossas vidas?
Talvez seja a idade, ou os traumas... Não sei ao certo. Só sei que talvez seja a hora de permitir-me sentir cada emoção, cada turbilhão de paixão e desejo. Quem sabe, é hora de dar espaço para o coração falar mais alto e deixar que algo verdadeiramente especial floresça em minha vida. Ou não.
Talvez eu só seja uma canceriana devaneando durante uma Lua Nova em Peixes.
Com verdade,