MÃE: CONTATO IMEDIATO DO 5 GRAU

No velório de minha mãe

eu e meu irmão seu corpo velamos

estava frio pelo ar condicionado.

E então eu e ele nos amalgamamos

e a noite foi longanima

eu não consegui dormir...

Dei ao meu irmão minha mochila

a qual eu tinha levado

algumas roupas e muitas caixinhas

de mentos de frutas pra passar o tempo...

Então dei a mochila a ele pra que servisse

de travesseiro já que ele é grande fisicamente

e naquela sala densa com alguns bancos

ao redor do caixão, ele aos poucos

cedendo a exaustão do dia pesado se deitou

e utilizou mormente a mochila que lhe dei

que lhe serviu parcamente de travesseiro...

Quando a longa noite que parecia

a mais longa de nossas vidas

Havia passado...Os primeiros raios

do sol vinham chegando e eu

estava lá fora do recinto da qual

tinham portas de vidro de abrir e fechar

e ele estava exausto e sonolento ao lado do caixão...

Detalhe é que tal recinto que não

havíamos escolhido se chamava

Santo Antonio....da qual minha mãe era devota.

E os pássaros já trinando na capela

dos Capuchinhos e com eles os primeiros raios

da manhã traziam a esperança

nos olhos de quem o aval já os havia perdido...

A vida e a morte irmãos siameses

Passam anos, passam meses

Mais no fim sempre se encontram

Uma mão lava a outra, outra e outras vezes...

Calam vozes e reses

Cavam covas e vozes

Sortes e reveses...

Outrossim recolhi pela manhã minha mochila

e logo os conhecidos vinham chegando

e dando seus sentimentos como de praxe...

Houve o padre, a extrema-unção

e dali em diante os tramites

para que houvesse a exumação

e por unanimidade entre irmãos

foi optada a cremação...

Enfim escolha da urna

Protocolos de contrato e cartórios com firma reconhecida

de pelo menos dois irmãos para a lei autorizar

Para que fosse realizada a cremação...

Depois de toda esta fúnebre tramitação...

O tempo passa....lágrimas secando...

Reunião entre familiares

e tudo muito novo

esperou-se 72 horas

e por fim depois de nos reunirmos

no pré aquecimento do corpo de mamãe

fizemos um elo ao redor do caixão

e entoamos o pai nosso e palavras

de cada ser ali presente para que pudesse

expressar seus sentimentos....

Enfim o rapaz do crematorio chegou

e abriu a porta onde se aproximava

do forno crematorio

ali era o nosso limite

depois nos despedimos dela

e enfim ela foi cremada...

Nos despedimos e depois

decidimos que as cinzas

ficariam com o filho mais velho

e ali naquele recôndito

estavam escondidos 81 anos de vida...

De 80 quilos a 01 quilo em horas...

A vida é um despedir-se eterno...

Passou-se um tempo sobrinhas e cunhada

sonhavam com ela frequentemente

assim como seus filhos

o que é comum pela saudade...

Pois muito que, bem, dias desses

eu estava me sentindo só

e fui pegar minha mochila

a mesma do funeral...

Isso já depois de tres meses

do falecimento de mãe.

Acontece que eu já havia limpado

a mochila e revirado todos os comodos

da mesma e não é que dentro de um pequeno

compartimentos ainda havia

uma caixinha de mentos lacrada.

Porém toda amassada que muito

provavelmente era pela força

gravitacional da cabeça de meu

mano que lá se deteve ao dormir...

Pois neste mesmo dia

já lá pelos idos crepusculares

tipo finalzinho de tarde

um telefonema bate no meu celular

Ao olhar na tela na segunda chamada para atender

repentinamente parou e o numero que eu vi era estranho

por ser pequeno e era 0555

então por curiosidade

consultei o google sobre o número

a primeira consulta que veio dizia o seguinte:

O numero 0555 "pode ser visto

como um sinal de que os espiritos

estão tentando se comunicar

ou transmitir uma mensagem importante."

Enfim uma semana antes sonhei

com minha mãe na mesa sentada

de meu apartamento e ela dizia

meu filho trouxe um presente pra você

e eu olhava pra mesa onde

ela estava sentada e havia

um invólucro dourado

só que neste ínterim

eu atravessei uma outra barreira

e ao me deparar já estava

trepado em cima de uma árvore

e quando tentava passar de um galho

pra um outro mais acima

eu caia pois o pau estava podre

e caindo eu tentava me segurar

em outras folhagens e daí acordei...

E tudo isso é mera coincidência?

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 30/01/2024
Reeditado em 31/01/2024
Código do texto: T7988609
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