Imagem e simulação

A realidade da simulação perdeu-se na sua própria farsa. Olho-me perante o reflexo do eu-idealizado, mas quando cerro a íris nos seus detalhes, apaixono-me por esse ilusório jogo sedutor. As miragens dão mais prazer que o fato, a pós-verdade é mais verdadeira que ela própria, o mundo é mais bonito quando um robô discute sua beleza. Percebemos em nossa ausência de espírito fraterno a culminação do terror mundano; somos individualistas, injetaram, como entorpecente, o algoritmo da acídia.

O narcisismo como espírito de época. As penitências dos que causam dor à natureza caem sobre nós: a crise climática promove o alerta ímpeto dadas as mazelas do homem com o seu meio, apesar de sua incredulidade e desleixo para tal. O avanço desenfreado da inteligência artificial, a aniquilação das classes, o sagrado expurgado dos ritos, e tantas outros mecanismos culturais e tecnológicos que permeiam a destruição, ou pelo menos, o caos generalizado na sociedade. 

Estamos nos termos da pseudoconcretude, sobrevivendo nela quem olha a sua estrutura simulada, portanto nebulosa, e idealiza o seu aperfeiçoamento. O perfeccionismo da técnica semelhante à padronização utilitária das máquinas. É um eterno ajustar-se do objeto-ideia onde apossamos do discurso humanista e tecnicista para um apogeu moderno, estando este apogeu no próprio reflexo que ele mesmo criou. 

Dialogamos sobre a virtude estética, isto é, a Imagem da simulação tem mais valor como categoria que o mundo real. É porquanto a Imagem ganha ontologicamente o seu espaço. São como metáforas correndo entre um espiral de outras tantas metáforas, compondo à la expressionista num quadro, o espectro do todo.

Reirazinho
Enviado por Reirazinho em 29/01/2024
Código do texto: T7987382
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