Fazer do conhecimento o afeto mais potente

     Nietzsche declara que ficou "completamente espantado" e "inteiramente encantado", por ter encontrado "um precursor", segue afirmando: "Mal conhecia Spinoza: o ter me voltado para ele agora foi inspiração do ‘instinto’. Não só a sua tendência geral é idêntica a minha, fazer do conhecimento o afeto mais potente.

 

A hipótese da “idêntica tendência geral” entre as filosofias de Espinosa e de Nietzsche não se resume ao aspecto crítico às filosofias dualistas e às morais da transcendência e aos moralismos filosófico e religioso, pois ambos formulam teorias originais que demonstram a gênese do conhecimento como afeto ou paixão mais potente. Em Spinoza há uma grande diferença em definir o conhecimento como afeto ou como paixão. Enquanto o conhecimento adequado é definido como o afeto mais potente, pois resulta da plena atividade da mente para produzir ideias verdadeiras, que garantem a ordem e a conexão das razões; o conhecimento inadequado ou a imaginação são concebidos como a paixão mais forte da mente, pois resulta da passividade ou da impotência da mente, que produz ideias confusas e parciais porque toma o objeto ou as afecções do corpo (imagens) como causa das ideias.

 

NIETZSCHE, F. Humano, Demasiado Humano (MA II/HHII). São Paulo: Cia das Letras, 2008.

LucianaFranKlin
Enviado por LucianaFranKlin em 26/01/2024
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