Xô, Velhice!!
A lingua portuguesa tem aproximadamente duzentas e trinta mil palavras. Pretenciosamente, eu gostaria de acrescentar a estas uma outra. Ao procurar pela existência dela nos dicionários, não a encontrei. Seu significado, conforme eu o entendo, pode ser expresso por frases ou expressões contendo várias palavras. Mas este conceito, no entanto, é de tal relevância que faço aqui a proposta de que se o expresse através de úma única palavra: "idosidade".
O sufixo "dade" é utilizado na língua portuguesa para formar substantivos abstratos que indicam qualidade, estado, condição ou característica. e a raiz do termo, "idoso" pode ser tanto um substantivo quanto um adjetivo para descrever uma pessoa (substantivo) ou condição de uma pessoa (adjetivo) que está numa fase avançada da vida. Unindo a "raiz e seu sufixo em "idosidade", teriamos um substantivo que contém em si sua própria adjetivação, assim como em "mocidade", com o significado oposto.
Veja o leitor, que o termo "mocidade" não carrega nenhum atributo que não seja a qualidade de alguém com pouca idade. Se quizermos atribuir qualquer outra condição além de "pouca idade", deveremos adicionar ao termo um adjetivo: " tive uma mocidade feliz", "foi uma mocidade turbulenta".
Da mesma forma, o termo "idosidade" não carrega qualquer atributo que não seja o da idade avançada, diferentemente da palavra "velhice" que pressupõe em si todas as condições que paradigmaticamente se atribui a um idoso. O termo "velho(a)" implica a conotação de uma pessoa tipicamente doente, decadente, limitada e carente de cuidados especiais. Transportando este conceito para os automóveis, existem os carros velhos e os carros antigos, claramente diferenciados no entendimento de qualquer pessoa.
Ao se utilizar o novo termo para representar a idade avançada, sem qualquer outra conotação implícita, seria necessário adicionar um adjetivo para qualificá-la: "uma idosidade sadia" ou "uma idosidade doente". Este tipo de sintaxe abriria a oportunidade para que se pudesse referir à qualidade de ser-se idoso, sem necessariamente ser velho.
A Natureza, em sua intenção original não impôs a velhice ao ser humano, impôs, sim, sua idosidade. O ser humano, ele mesmo, impôs a velhice a si próprio. O ser velho, ou envelhecido, o é em todas as suas dimensões: corpo físico, mental, emocional e espiritual. É doente, demente, infeliz e revoltado com o Universo pelos seus sofrimentos, não importa quão religioso possa ser. Pede a Deus a mitigação de seus sofrimentos mas não tem consciência de suas causas.
O ser idoso sadio flutua em sua idosidade, com saúde física e mental, com muito amor no coração: por si próprio, pela família, pelos amigos e pela humanidade. Desfruta do êxtase que a vida interior lhe proporciona e desenvolve sua capacidade intuitiva. Morre feliz, porque não morre de velhice, nem de doença. Morre de idosidade, saudável como quer a Mãe Natureza.
P.S.
Idosidade: uma sugestão para uma das possíveis "causas mortis"
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