🔴 A frustrada “tentativa de planejamento”
A primeira semana desse ano já entrou para a história. Não, não é o caso Choquei/Mynd8, mas sim a revelação de Alexandre de Moraes de que queriam sequestrá-lo, enforcá-lo e pendurá-lo na Praça dos Três Poderes. Uau! A grave novidade caiu como uma “Cortina de Fumaça” sobre o “gabinete do ódio” petista com seus “blogueiros de crachá”.
Numa entrevista ao jornal governista ‘O Globo’, Alexandre de Moraes, depois de 1 ano, decidiu contar que havia uma “tentativa de planejamento” para enforcá-lo. O relato é tão pouco convincente, que o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) não conseguiu transmitir alguma verossimilhança. A estórinha deixa várias pontas soltas, por se tratar de um roteiro cheio de clichês, mas muito mal desenvolvido. Em tempo: no final da denúncia, o ministro deixou escapar um sorriso, o que, com muita ironia ou inocência, me traz certo alívio.
O ministro contou um caso gravíssimo, mas, como não alinhou o sentimento e as expressões corporais à narrativa, ele demonstrou um desdém, como se casos como esse fossem corriqueiros em sua vida. Essa abordagem do tipo “eu não ligo” não combina com a atenção que o togado dedica às chamadas “fake news”. Se isso tudo for real, a vida do Alexandre merece livro, documentário e filme!
No futebol de meio de semana, após uma derrota, eu sempre saí de campo arrasado, diferentemente de Alexandre de Moraes contando os detalhes da “tentativa de planejamento” do seu enforcamento. Logo, não sei se eu sou dramático demais e superdimensiono os malefícios de uma derrota ou o ministro encara uma ameaça de morte como uma bobagem.
Fazendo os meus exercícios diários de “psicobol” e “filosopop”: o supremo ministro possui uma autovisão heroica demais, que até sua morte teria que ser simbólica, grandiosa e histórica como a de Tiradentes, Lampião ou Mussolini. Esse hedonismo só pode ser aplacado com ajuda médica ou uma conversa amiga.
Enfim, se o ministro disse uma inverdade (mais conhecida como mentira), minha mãe logo descobriria olhando nos olhos (experiência própria), ou se interpretou um bate-papo entre amigos como uma ameaça, isso é tão delirante quanto dizer que terroristas tentaram, num ato golpista, atacar a democracia. Possivelmente, o psicanalista e cientista comportamental Ricardo Ventura, se vir o vídeo, terá um manancial para interpretar as microexpressões do Alexandre de Moraes.
Ou o caso é muito grave, portanto, merece uma abordagem menos despojada, ou é uma “Cortina de Fumaça” comparável com aquela volátil denúncia de “agressão” do aeroporto de Roma.