Uma loucura de cidade

E mesmo que seja possível que cada um de nós produzamos sempre com nossa presença alguma perturbação que altera a serenidade ou a tranquilidade dos demais, nada há de tão perturbador como aquilo que cada um lembra seus próprios defeitos, suas próprias limitações, suas próprias mortes; é por isso que as crianças e os jovens perturbam os adultos; as mulheres, os homens; os fracos, os fortes; os pobres, os ricos; os deficientes, os eficientes; os loucos, os cordatos; os estranhos, os nativos [...] Núria Pérez de Lara in: Pedagogia improvável da diferença - e se o outro não estivesse aí? Rio de Janeiro: DP&A, 2003.

 

     No Hospital Colônia de Barbacena foi inicialmente um hospital para tuberculosos e depois, hospital psiquiátrico. Tornou-se conhecido pelo público na década de 1980 pelo tratamento desumano que oferecia aos pacientes. O psiquiatra italiano Franco Basaglia taxou a instituição como um campo de concentração nazista. Em grandes vagões de carga, conhecidos como "trem de doido", chegavam os pacientes do Hospital Colônia, em uma época que várias linhas ferroviárias chegavam à cidade. A instituição tinha sido fundada em 1903 com capacidade para 200 leitos, mas contava com cerca de cinco mil pacientes em 1961. Para o Colônia, eram enviados "pessoas não agradáveis", como opositores políticos, prostitutas, homossexuais, mendigos, pessoas sem documentos, entre outros grupos marginalizados na sociedade. Estima-se que cerca de 70% dos pacientes não tinham diagnóstico de qualquer tipo de doença mental. No período em que houve o maior número de mortes, entre as décadas de 1960 e 1970, o que acontecia no hospital chegou a ser chamado de "Holocausto Brasileiro". Estima-se que pelo menos 60 mil pessoas tenham morrido no Hospital Colônia de Barbacena.

 

https://pt.wikipedia.org/wiki/Hospital_Col%C3%B4nia_de_Barbacena

LucianaFranKlin
Enviado por LucianaFranKlin em 08/01/2024
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