O Estado Mágico
O Estado Mágico insere-se em um contexto epistêmico distinto, mas, também crítico às suas feições centralizadoras e clientelistas, chamando atenção para a deificação na vida política contemporânea do país, narrada a partir de
alguns atos trágicos e suas subsequentes reapresentações burlescas.
O que acentua o caráter mítico e providencial, inerente à própria ideia de Estado, é o fato de ele administrar riquezas independentes de esforços tributários ou produtivos por parte da sociedade, uma vez predispostas pela natureza.
A ilusão de autonomia com relação a sociedade que confere um caráter mágico ao Estado, estimulado pelos discursos de seus líderes, nos quais é delineada a fantasia de que o progresso poderia ser alcançado instantaneamente, como num passe de mágica. Nessa magia radicam as expectativas de uma coletividade que orbita em torno dele, aguardando pelo truque final. Ele funciona como elo de ligação entre os dois corpos da nação: o político, formado pelo conjunto de cidadãos, e o natural, que a natureza presenteou a uma sociedade ansiosa por partilhar de uma riqueza que lhes foi revelada.
Assim, as nações populistas possuem um sistema partidário frágil, onde o poder político concentra-se unicamente no líder populista.