POLITICAMENTE CORRETO
O politicamente correto é uma forma de suavizar as relações sociais. Está impregnado com a ideia de que os indivíduos devem respeitar os outros e ao usarmos termos “agressivos” estamos desrespeitando os outros. Não se deve chamar o velho de velho, mas de idoso. Criança com deficiência intelectual deve ser chamada de criança com educação especial. Deve-se fazer a campanha contra o suicídio, e este termo não deve ser utilizado por jornalistas, pois há risco de outros cometerem o ato. Então, "faremos" campanha para impedir as pessoas de se matarem. Além do fato disso ser uma pretensão científica que foge, inclusive, de todos os clássicos da psicologia existencial ou dialética, a exemplo dos existencialistas, humanistas e dos psicanalistas, esse modelo de ciência – bastante burocratizado e controlador – ousa resolver problemas insolúveis. Prefere fazer uma campanha – com um quê de sentimentalismo, do que enxergar verdadeiramente os problemas e questões do indivíduo ou mesmo da sociedade. A campanha do setembro amarelo, nega as questões emocionais, e anula os problemas sociais. É, portanto, um engodo.
O menino xinga ou brinca com o outro lhe chamando de “baleia” e agora deve ser acusado como criminosos; deve responder a um processo na delegacia por seu crime. A vítima, a “baleia” foi protegida porque o dominador foi denunciado, mas o próprio denunciado também é menor de idade, e, em tese deveria ser “vítima”, mas não, na lógica do politicamente correto só é vítima o que foi xingado. O outro menor, é transformado em criminoso, processado. Com ou sem punição jurídica, e isso pouco importante para um jovem, o estrago foi feito. Ele foi “fichado” perante os amigos. Vai ser chamado de dominador, criminoso, do lado “mau”. O, do lado bem, ganhou, o do lado “mau” foi devidamente punido.
O politicamente correto, portanto, ao invés de tentar sanar os conflitos sociais, e todo mundo sabe que no passado facilmente se resolvia esse tipo de conflito em escolas de maneira mais apaziguadas. Hoje não, deve-se criminalizar qualquer discurso que sirva à lógica racial. Inclusive, fato pouco relevantes para a justiça recebem uma atenção – nas redes sociais – impressionante. O que está em casa: a tal teoria Pós-colonial.
O menor, seja ele rico ou pobre, sendo branco, pode ser um potencial dominante que deverá responder por seu crime de injúria racial. E nem ouse achar que você pode questionar isso: está lá na justiça. Virou crime. A lógica identitária, que sustenta o politicamente correto, está vindo com tudo: como um trator que moraliza tudo, e proíbe tudo.
Já chegou nas piadas. Agora, o comediante está ferrado. Se ele não souber distinguir entre chiste e bullying pode abandonar a carreira. E, pior: há vários casos, que o chiste também já está recebendo a denominação de piada preconceituosa, racista, colonialista. Ou seja: nem a sublimação, conceito caro para Freud escapou.
Se o indivíduo deve ter uma fonte de prazer e conseguir sublimar determinados problemas sociais, como o trabalho árduo, por exemplo, agora, ele corre o risco de mesmo ali, receber o rótulo de dominador, “macho escroto” e não conseguir extravasar.
Quanto mais o politicamente correto retira o extravasamento das pessoas – sua catarse matinal de vida – mais os mecanismos internos que operam, são mecanismos alinhados ao recalque. Ou seja: mais a agressividade se intensifica internamente, mais o indivíduo sofre, mais ele está correndo o risco de “explodir” num futuro próximo.
É isso que o politicamente correto tem feito! Na sua ânsia de resolver todos os problemas sociais – deslocado das verdadeiras questões de injustiça – o politicamente correto tem produzido indivíduos mais agressivos, intolerantes, sem união, solidariedade ou mesmo coerência cognitiva.
O politicamente correto se baseia na crença de que podemos ser humanos, amigos, sem termos conflitos, sem haver agressividade. O politicamente correto, se sustenta pela ideia de que toda relação de poder precisa ser combatida, culpa de Foucault e sua maluquice epistemológica. Lá atrás, com ele e o outro incompetente: Derrida, surgiu a ideia de desconstrução.
Agora, tudo deve ser descontruído. “Todos os humanos” não serve, tem que ser “Todes”. Esse palavrão na língua portuguesa agora é inserido nos meios educacionais como algo normal. Descontroi-se os termos linguísticos, muda-se o nome do que antes tinha algum sentido tradicional. A tradção não serve mais. "Heteros" viraram alvo de perseguição. São tratados como dominantes e seu poder precisa ser destruído. Brancos, da mesma forma. O homem branco, seja pobre, nordestino ou rico é tratado da mesma forma: precisam sofrer a vingânça dos identitários que agora destroem todas as relações sociais.
Criaram um movimento de moral permissiva, que quebra os laços familiares e quaisquer heranças de universalidade, em prol dos seus substantivos irracionais – “sou mulher, cis, demissexual”.
O politicamente correto advém da lógica da compaixão, da vingança e da força controladora de querer controlar tudo. Juntos, esses três elementos têm produzido fascismo, segregacionismo, intolerância, e ausença de paz na sociedade.
Os que verdadeiramente produzem as injustiças – as devidas injustiças sociais – como a pobreza, estão imunes a esses ataques. São protegidos, já que a moda agora é agredir quem é heteronormativo. O opressor burguês, o lucro exorbitantes dos bancos, os roubos dos políticos, a gente esquece, a moda é tratar de costumes sexuais.