Criticismo

O papel do crítico é criar raízes disruptivas no conteúdo. Trazer o caos na ordem, fomentar discussões, apregoar outros sentidos, resultando em novas ideias, e talvez, novas conclusões. Criticar é nada mais que suprimir o ego do criticado enquanto exercício de análise fria e responsável. Ir além do panorama, portanto, retificar a metafísica imagética e atuante do autor.

Como tudo o que tange a sociedade passa por critérios estéticos (estereotipados como praxe), não seria diferente com a imagem do crítico. Habituamos por esse imaginário. Ora, apenas ao aferir ‘’crítico’’ vemos a caricatura presente em nossa percepção: alguém ranzinza, pouco sociável, possivelmente com roupas monocromáticas, de rosto pálido e seco; posto assim porquanto a televisão e a internet, nos alimentam com essa estética. A acidez e o jocoso adorno lúgubre, faz da tarefa essencial de qualquer ramo crítico um tom pueril. Mas sabendo a verdadeira intencionalidade da crítica, vemos que perscrutar à obra de algum autor nada tem a ver com o massacre de seu feito. A análise pode apenas ser elogios, pode engrandecê-la, pode jubilar mais ainda a satisfação de quem a produziu.

Destarte, há uma linha tênue da crítica e da birra: uma névoa cobre o que é um apontamento perspicaz e pertinente da pura e vil pessoalidade. Nos tempos de excessivas opiniões para tudo, nem todos assimilam a sutilidade do criticismo. Consumidores passivos têm opinião, acadêmicos têm, apedeutas, idem; preconceituosos acríticos, muito mais. Tornamos senso comum a palpitação sobre algo, ainda que sejamos definitivamente inaptos para tal. Seria análogo a um padeiro experiente ouvir palpitações de como produzir pão de pessoas ignorantes da logística, da produção e da gestão da padaria. Jamais apontemos a autoridade unívoca e permanente a uma autoridade, não é essa a questão. Qualquer cidadão ao opinar reflete dentro do seu nicho específico uma visão, nisso essa visão se alinha a uma cosmovisão grupal, que por vez, resgata um senso de comunidade. Muito ciente disso, o algoritmo das redes sociais modela as pessoas conforme seu dispositivo. O dispositivo é atribuído ao sentido de senso de realidade: somos o que somos porque nosso meio ao qual nos socializamos nos constrói como sujeitos, produzindo assim, subjetividades.

Lembrando também que nada tem a ver com crítica construtiva, a crítica simboliza o caos, que abala o rotineiro, mas quem pode construir novas visões é a sociedade. Mas em tempos de barbárie social, sejamos respeitosos, pois além do apontamento, há formas de se comunicar. A falta de empatia e a retórica insalubre à comunidade só faz do crítico um demônio a ser ignorado. Tolice é a crença que criticar algo é ter na língua falta de rédeas e respeito.

Reirazinho
Enviado por Reirazinho em 12/12/2023
Código do texto: T7952553
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