A DESOLAÇÃO POÉTICA —VI—
A DESOLAÇÃO POÉTICA —VI—
O mundo dos Raimundos, imundos, pulula de fogos de artifícios sociais: 58 milhões de brasileiros votaram no facínora Bozonagro: as urnas são um atestado de que, um povo ignorante de seus direitos constitucionais, os mais elementares, direitos à saúde mental e à educação formal, quer que seus representantes políticos possam fazer valer direitos inconstitucionais “na marra”: via “fake-news” (manipulação da mentalidade insana de um povo miserável) pela “teoria da conspiração” mais atualizada.
A Terra Desolada do poeta T. S. Eliot, afirma-se, no Brasil, por políticos tipo Bozonagro “mico” da extrema direita, “salvador da pátria”, num país de pessoas sedentas de justiça social, mas que não sabem como fazer valer seus direitos, tornando-os simplesmente inconstitucionais ao votar num representante do negacionismo da democracia. Querem, esses eleitores, ditadura. Desejam uma liderança linha dura com apoio de generais do “exército do capitão Brancaleone”. Por pouco, muito pouco, o Brasil não caiu no abismo da politicagem retroativa ao tempo nocivo dos “anos de chumbo” da ditadura.
58 milhões de votos num projeto insano de ditadura. Este país pode ter jeito??? Votaram no jeitinho do “presidente Joinha”. O país de culturas que não concedem sentido lógico, político, à percepção de uma realidade deteriorada por discursos de um miliciano extremista, com cultura unicamente arrivista, aventureira. De caserna.
O que nos reserva a Inteligência Artificial ensinada nas academias militares, senão artifícios??? Nada novo, desde que vivemos num mundo onde somos, existencialmente, artificiais. Nascemos de uma máquina de fabricação em série de bebês que se transformarão em máquinas de bater cartão de ponto, depois do rito de passagem da infância para a idade jovial, na qual têm superlativas mostras de alegria demencial quando passam num vestibular. Como se tivessem solucionado todos os seus problemas particulares, quando, em realidade, eles ainda não começaram pra valer.
Nos dias de hoje, a criação de androides biológicos aos milhões, aos bilhões, é uma tarefa relativamente fácil para as mulheres Homo sapiens: elas se despem e expõem à inserção do órgão masculino em períodos de sedução e prazer. O gameta feminino, óvulo, uma vez fecundado pelo gameta masculino, espermatozoide, dá origem ao ovo ou zigoto. Após as várias mitoses, o zigoto muta em embrião implantado na parede do útero: a fecundação, implantação está feita. O pequeno robô ou fantoche biológico começa a crescer no interior do ventre da mulher: entre suas tripas lá está o seu bebé.
Em breve a semente lançada no útero começará a crescer entre familiares, numa sociedade de interesses engajados no tráfico, nos vícios, na violência impositiva dos que endossam a cultura do consumismo desvairado nas cidades de carne. Justificam-se dizendo que o mundo é um lugar árduo, difícil, penoso. Tornam-se implacáveis no viver em desacordo com princípios esotéricos. Sentem-se sozinhos em meio a um universo implacável, sem outro propósito que não a sobrevivência nas cordas multidimensionais do pesadelo.
A chama da consciência superior aos poucos se apaga. A verdade própria e a dos outros fica cada vez mais imersa no imenso no medo do Inconsciente Coletivo da Cidade. A civilidade e os sonhos perdem a razão de ser. E a integridade passa valer menos do que vale um comprimido de Ecstasy ou um pino de cocaína. As pessoas, em sua grande maioria, não mais conseguem alinharem-se aos projetos motivados pelo amor Ágape e à percepção abrangente do mundo. Seus nomes se resumem a Raimundos.
Mesmos nesses jovens e adultos cooptados pelo tráfico, pela complexidade libidinal do mundo do sexo, a “chama da Montanha” os faz pensar que, em algum lugar desse mundo há um sítio ou uma povoação onde poderão abrigar-se dos psicoestimulantes, das anfetaminas e alucinógenos ingeridos numa roda-viva de alucinações sucessivas da pulsão libidinal, primado da zona erógena.
A Terra Desolada do poema de T. S Eliot, A Terra Devastada do prazer compulsivo, dos amores platônicos, das emoções em busca do tônico da vida no Barco Trôpego das sensações que se incluem na poesia. Na poesia que há no mimetismo intenso da assimilação dos sentidos e sentimentos dos leitores que se incluem na interpretação pertinente do texto literário que se recria na leitura do poema. Em sua plástica, intensa e mimética desarmonia. Em suas veias abertas da estética moderna.
A Terra Devastada da consciência crítica do universo. Ele, Universo, não teria um sentido e um propósito que se pudesse igualar ao nosso. Nosso, dos leitores. Quem em lendo este poema poderia apagar da consciência a chama ímpar da atividade criativa que jazz no coração e na mente da Arte poética???
Logo na Primeira Parte estamos de cara a acompanhar “O Enterro dos Mortos”: A devastação do verão na tempestade misteriosa que chove enxofre das cartas do Tarô. Suas previsões proféticas (?), os jacintos simbólicos, documentos enquanto metáfora do pó poético do poema. Impossível ao leitor identificado com seus versos, não se respingar dessa arte, nesse universo feito de pó poético. Do moderno de todas as épocas, nas “Linhas de Ley”, ou chakras planetários, em cada verso da poesia a envolver todo o planeta em seu DNA: de Pitágoras a Alfred Watkins.