Acerca da Amizade e de onde ela não está
CARLOS LANA - ENSAIO
I. Na busca pela amizade ir primeiro onde ela não está
Por muitas vezes Crates, cidadão privilegiado da cidade de Hápenas, colocava-se a pensar sobre o mundo. Era esse seu ofício e satisfação mesmo que não fosse levado a sério por todos aqueles que trabalhavam diariamente a preço do seu suor, visto como tolo entre os que disso [o trabalho] (sobre)viviam, como um inimigo entre os pensadores que pensavam saber e deverás teórico para políticos e militares.
Ainda sim, ele vivia relativamente bem, Destaco isso, caro leitor, porque um homem de muitas perguntas é um homem morto na cidade de Hápenas, mesmo que só Crates se aventurasse nessa difícil empreitada o fazia muito bem, logo ficava claro para todos os que com ele convivem ou dele escutam falar pelas bocas afiadas que o tratavam como louco e, ainda sim, o engoliam como cicuta que o fato de seu, ainda, viver era simplesmente por não ter seguidores que pudessem tornar a sua discordância objeto de mudança. Afinal, um que discorde se torna um corvo grasnando ao léu, mesmo que forme palavras, não se atribui a isso inteligência alguma e o mínimo espanto inicial se dissolve, por muitos motivos.
Um corvo que fala, mesmo que muito bem, se o fizer por muito tempo cria agonia e impaciência; um homem que pára e escuta as palavras de uma ave falando é produto somente da curiosidade, mas um que o faz por muito tempo não seria visto senão como tão louco quanto; homem algum que quisesse preservar sua integridade iria, embora no fundo o admirasse, mostrar-se abertamente interessado por Crates e pelos assuntos aos quais ele saia para conversar e indagar. só Crates. afinal. era ele mesmo.
Certa feita, Crates, ainda que ciente da sua situação pegou-se pensando sobre a própria solidão e os motivos que faziam com que as pessoas se afastassem, destes sabia muito bem, causavam esse. Ainda sim queria entender essa relação tão estranha para ele e como se daria esta sem que tudo tivesse objetivo ou interferência de necessidades e interesses. Foi, então, ter com um homem muito sábio, que, amigo de todos naquela cidade, pregava saber tudo de muitas coisas e ainda mais sobre as relações e como criá-las e mantê-las. Chegou cedo na Rua em que este, de nome Pessoas, uma pessoa singular, passava para ir a praça reunir seus alunos e o abordou:
CRATES — Bom dia, meu caro Pessoas.
PESSOAS — Bom dia, se não é você Crates?
CRATES — Sim. Deve ser eu, e a que se dá o espanto? acaso não me esperava por aqui?
PESSOAS — De certo sua fama o persegue. E acaso meu espanto não se dá por essa mesma pressupor sua irreverência aos assuntos que prego?
CRATES — Não sei o que de mim é dito, mas sei que isso não se dá nos melhores tons, ainda mais pelos que te seguem e pelo que você prega. Mas venho em busca de te ouvir. Muito falamos de minha fama já, ao menos o suficiente. Não és amigo de todos nessa cidade e muito admirado no que fala, sempre levando consigo muitos alunos e amigos que querem ter contigo, Pessoas?
PESSOAS — Pois não se faça. Sabe muito bem o que trás consigo. Melhor, se realmente tem interesse no que digo e entende que sou o melhor nos assuntos da amizade, se faça. Do contrário, não tome meu tempo.
CRATES — E sabes?
PESSOAS — Sim. Aprendi na prática e não apenas usei o tempo livre do, e, meu privilégio para pensar sobre tais coisas.
CRATES — De certo eu pensava sobre muitas coisas, como bem disse, mediado certamente por meu privilégio. Entretanto, não é o pensar uma ação e faculdade de indagar?
PESSOAS — tal capacidade de nada me serve se dela não vejo uso prático
CRATES — E acaso não pensas?
PESSOAS — Penso para agir, não o faço em si mesmo. Tua profissão resulta em nada senão a circularidade do indagar sobre o que não se pode tocar. Indo a algum lugar, não saio do lugar.
CRATES — Se desconhece o destino o lugar é o caminho.
PESSOAS — Viu, como ressoa o mal que trás? Vem a mim e diz buscar aquilo que bem sei para sua empreitada sem objetivo definido, fazei-me dialogar sem querer chegar a lugar algum, como o faz com suas divagações?
CRATES — Permita-me repetir, se desconhece do objetivo, este se torna o caminho.
PESSOAS — Vêm apenas para me ouvir, o que digo é irrelevante?
CRATES — A relevância do que diz é dada por quem o faz, afinal, a quem ouviria e acreditaria se te dissesse que amanhã a guerra cobrirá nossos campos, a derramar nosso sangue e varrerá nosso povo, um sacerdote da casa do Rei ou um mendigo?
PESSOAS — O sacerdote, mas não o escuto por sua posição social, veja bem, este fala do teu ofício e se o cumpre é óbvio pensar que o faz, o mendigo que o faça de nada adiantaria reclamar sobre o seu próprio sangue e se não pode manter nem a si mesmo de que vale sua palavra?
CRATES — Não duvido do caráter que tão perfeitamente lapidou, Pessoas. aqui nessa praça o como tu mesmo me disse “se faça”.
PESSOAS — Tua pergunta é tola, o mendigo não pode se comparar com um sacerdote nos assuntos sacros, este não tem conhecimentos práticos do que fala, e o que fala não conhece além do ser mendigo.
CRATES — O conhecimento deve levar a algum lugar, como sempre você reafirma sua posição sobre a necessidade de objetivo, e esse deixa de ter valor quando no caso do mendigo não se mostra eficiente para outrem?
PESSOAS — Sim, se aprende para servir a alguém ou a si mesmo. E o conhecedor se faz à medida que pode falar daquilo que sabe com consistência e coerência.
CRATES — O mesmo eu te disse ao perguntar sobre o sacerdote e o mendigo, mas no seu ponto de vista a utilidade faz o que se sabe conhecimento e é o ponto principal este se dar dessa forma. A pessoa se faz útil ou não de forma proporcionalmente direta à aplicação prática do que pensa, este, baseado no objetivo de ser útil?
PESSOAS — Sim, afinal eu mesmo não seria escutado por meus alunos. Seriam a mim indiferentes como o são a um mendigo qualquer que declamar o fim do mundo sob suas vestes porcas e barba desgrenhada, e mesmo que esse saiba do que diz, de que adianta saber por saber se isso acabará ao mesmo que acabes tu, também? O que buscaria em tais amizades?
CRATES — Porque o buscar e o saber são intrínsecos do homem, ou deveria ser como o mesmo deveria ser mais constante. Qualquer homem pode saber, pois então qual a vantagem de buscar os que mais sabem e não os que aprecio? o mesmo que aprendo com quem sabe posso descobrir com quem quer aprender comigo as perguntas para tal, mas isso pouco importa senão o pensar junto. Os homens são o querem, seus alunos não escutam mendigos que tanto pensam e pouco fazem e tu ainda sim está cercado de pessoas que pensam contigo.
PESSOAS — Quem já sabe tem o caminho mais fácil para o conhecimento requerido, assim como todo homem pode saber ser fato, também se sabe que homem algum pode saber do todo. Os que têm mais de certa parcela os repassam, acaso não por isso veio a mim em busca de saber sobre a amizade?
CRATES — Então. O conhecimento para o outro assim como o do outro é buscado para outrem, é a amizade que de tanto fala? Não me parece uma definição completa, assim como dizer que uma laranja é ácida e ignorar sua cor, seu nome, seu tamanho e etc. E, é certo o que diz me peguei a indagar sobre a amizade, e, como você disse, dela tão pouco sei e você tanto sabe e não poderia deixar de ouvi-lo, ao menos neste momento busco o conhecimento em ti para a construção do meu próprio.
PESSOAS — A amizade é uma relação de troca, o que se vê ao notar que não se pode ser amigo de um mendigo que nada tenha a oferecer senão a si mesmo enquanto mendigo diferente do sacerdote, que se busca ouvir genuinamente. Afinal, este vale ser ouvido pois sua vida é para o que declama. Então sim, se dá da melhor forma quando a valor nessa troca
CRATES — E do mendigo não posso ser amigo? Se pensarmos assim também não o poderia ser uma criança, está, enquanto ainda aprende nada tem a acrescentar senão a si mesma.
PESSOAS — És amigo de alguma criança? Esta tem algo para ti a exceção das perguntas?
CRATES — Tem, além de si mesma, as perguntas. O aguçado senso de curiosidade de uma criança não é tudo que busco?
PESSOAS — Além da ociosidade e bem prazeres, deve ser isso mesmo.
CRATES — Nesse caso tenho sentimentos de amizades pelo conhecimento e as capacidade do outro então e não daquele que chamo de amigo. Afinal se todos podem saber em algum momento aquele que sabe e é capaz de suprir minhas necessidades é de pouca importância?
PESSOAS — Meus alunos chegam logo, logo. Quer fazer um evento público?
CRATES — Sobre minha pergunta.
PESSOAS — Crates, você realmente acha que há algo significativo a ser obtido de um mendigo ou de uma criança que ainda está aprendendo? Parece que você está procurando amizades vazias e sem valor. A amizade e o ouvir genuíno só se dão no valor real do que se diz, não como você me disse, no “caminho”
CRATES — Como pode o outro ser genuíno contigo se suas palavras se moldam com base no que firma sua relação, tão logo, o que já acreditam? E como você poderia ser amigo do outro, que, ao tentar criar tal laço de amizade e escuta se molda para criar um molde de ti em si mesmo?
PESSOAS — Crates, você parece estar perdido em suas divagações. As pessoas se ajustam e se adaptam às relações para que haja harmonia. Se você não entende isso, talvez seja melhor continuar sua busca solitária pela amizade ideal. É bom para nossa relação diminuir a intriga e concordarmos? Isso é nos ouvir. Já que se meu amigo passa a pensar como eu é por que me ouviu.
CRATES — Você o ouve porque as palavras são suas? Se assim for então do contrário não o ouviria, mas, se o fizesse, seria apenas na busca de erros que você, como amigo, tem por obrigação consertar. Ele te ouve, então como pode me afirmar que isso dá de forma diferente do modo como você o faz?
PESSOAS — Mas não eu digo o que penso e o que sei sobre o que ele me diz. O mesmo faz.
CRATES — você diz o que pensa e está é sua conclusão?
PESSOAS — Naturalmente
CRATES — mas, daquilo que sabes, como antes você disse... acaso dizer o que sabe e sobre o que sabe não torna o ato de conversar uma explicação?
PESSOAS — não posso negar
CRATES — mas como pode ser então uma troca se vocês se colocam em posições de sabedores intercaladamente?
PESSOAS — pois ambos explicamos e como antes disse, assim trocamos o que sabemos.
CRATES — mas se já sabem porque conversam? Como pode tirar algo mais daquilo que já tem certeza?
PESSOAS — acaso não sabemos de tudo...
CRATES — e isso bem se sabe...
PESSOAS — no contraste do que sabemos podemos absorver do outro outros pontos de vista.
CRATES — Verdades relativas não me parece uma conclusão lógica para sua linha de pensamento. Afinal, se me afirmar que sabe e por isso tem o total direito de explicar, como pode logo depois me dizer que aquilo que explica varia? Acaso não seria um erro?
PESSOAS — não afirmei ter o direito de explicar
CRATES— mas não o usa?
PESSOAS — sim
CRATES— e se usa deliberadamente os direitos que não tem?
PESSOAS — o uso. Não se vê homens indo a júri por conversar casualmente com os amigos.
CRATES — e apenas aos amigos explicar é uma troca?
PESSOAS — presumo que o laço de amizade seja o que promova a escuta aberta de nosso saberes. Em outras ocasiões explicamos o que sabemos por que isso nos cabe fazer. Seja de forma casual, trabalho ou obrigação, por vezes não estamos todos explicando?
CRATES — muitas vezes, mas acaso precisamos?
PESSOAS — sim, é arrogância tomar o conhecimento pra si e consigo manter, como dono daquele saber.
CRATES — E tu sabes?
PESSOAS — sim.
CRATES — por isso explica
PESSOAS — ... Sim
CRATES — E se ainda sim me afirmar que o escuta (seu amigo) mas o responde com aquilo que sabes para que ele possa então saber também, não é afirmar que ele só pensa que sabe? E, portanto, quando ele faz o mesmo em resposta, e a isso você chama de troca, não podendo ser, pois como seria uma troca se nada pode absorver do outro se não a certeza de que este precisa escutar?
PESSOAS — conversar são explicações intercaladas, como você disse, onde quando um escuta o outro ouve.
CRATES — acaso não me respondeu o que te perguntei, novamente, tais amigos não estariam somente querendo escutar a si mesmo no outro para se ver satisfeito?
PESSOAS — nos ouvirmos uns nos outros é a satisfação.
CRATES — o que não pode se dar sem que pensem de forma hegemônica sobre muitos assuntos.
PESSOAS — e amigos se dão assim, pois se entendem. Não se pode escutar quem não nos escuta e discorda de tudo de que explicamos. Eu que te pergunto, não é papel de um bom amigo ao menos escutar o outro?
CRATES — isso para concordarem. E não seria também papel do mesmo, e essa uma prova maior de amizade, escutar o outro mesmo que discordem?
CRATES — mas se explica do que sabe para quem não sabe?
PESSOAS — Já te disse muitas vezes e de muitas formas que sim. Acaso não escuta?
CRATES — escuto e por isso pergunto.
CRATES — Vou até você em busca de saber sobre a amizade, mas vejo que ela não é o objetivo mas o meio, não para o outro, mas do outro para quem busca a si mesmo e suas vontades. Claro então a necessidade de objetivo e este não é o outro, portanto nunca genuíno. És realmente sábio, na falta do conhecimento sobre o que é a amizade em falou de quantos e mais especificamente quando ela não é.
II. A Inimizade
Foideparta, ex-partano, general e soldado respeitado por todos caminhava calmamente pelas ruas Hápenas quando avistou só Crates conversando com Pessoas — ele esperava uma dezena de alunos. Nunca pensou que veria tal coisa, mas também nunca imaginou que seu inimigo fosse certa vez atacar na hora que o sol estava contra eles mesmos, contra uma fortaleza elevada com dois batalhões para que os outros de seu exército pudessem cavar um túnel até a cidade e tomá-la de dentro para fora. A surpresa era um dom raro que se perdeu com o uso, certamente. Ele ria muito de tudo e o que poucos sabiam era sua relação próxima com Crates, eles se gostavam e Crates pouco fazia questão de abordá-lo nas ruas, o motivo óbvio.
No dia seguinte a caminho de casa voltou a encontrá-lo, dessa vez e como quase sempre mesmo, Crates ia só.
CRATES — É a ti que busco, bom General.
FOIDEPARTA — É, mesmo? Desde muito tu não me volta à palavra, à exceção dos cumprimentos formais!
CRATES — Perdão por meu indecoro, mesmo que advindo do excesso do contrário dele.
FOIDEPARTA — Sei separar bem as coisas, não te preocupes. Mas que andava solto pelas ruas ultimamente é fato! Me espantei como a muito não o fazia ao vê-lo dialogar com Pessoas! Sempre preso em tua casa ou nas janelas dos homens que não saem nas ruas com medo que possa aborda-los, HAHAHAHAHAHA! Ah, se eu não te conhecesse diria que é verdade, mas não fica nas janelas, para nas portas.
CRATES — HAHAHAHAHA! Bem sabemos que o problema é dele comigo, General. E que história é essa, acaso não vê que estou dentro há muito?
FOIDEPARTA — Pois bem, isso é assim. Ambos os casos, mas digo-te que pare de buscar nos homens dessa cidade consciência e abrir-lhes a mente que tão logo abrirão a sua
CRATES — Ah, meu caro Foideparta, tu sempre tão perspicaz em seus comentários ácidos! Mas saiba que minha busca não é por abrir-lhes a mente, mas sim por instigar o pensamento, despertar questionamentos e buscar respostas que muitos preferem evitar. Não busco seguidores, busco aqueles dispostos a pensar por si mesmos, mesmo que isso possa gerar desconforto ou inimizade.
FOIDEPARTA — E acreditas mesmo que podes mudar alguma coisa com tuas palavras e indagações? O mundo é o que é, e as pessoas são como são. Poucos se importam com o que tu falas, e a maioria prefere seguir o fluxo do que já está estabelecido. És apenas um corvo solitário que grasna ao vento.
CRATES — Talvez eu seja apenas um corvo solitário, mas meu grasnar pode ecoar nas mentes daqueles que estão dispostos a ouvir. A mudança começa com a transformação de ideias e conceitos. E mesmo que eu possa parecer insignificante, acredito no poder do questionamento e da reflexão para trazer à tona novas perspectivas e possibilidades.
FOIDEPARTA — Que assim seja, Crates. Mas não te iludas com a ideia de que serás capaz de mudar o mundo. As pessoas são como são, e a inimizade prevalece sobre a amizade na maioria dos casos. Cada um tem seu papel, e o meu, como general, é liderar e proteger os interesses da cidade. Já o teu, bem... só tu podes dizer qual é.
CRATES — Sou o homem das janelas, que os pára na rua. E hoje te paro, já respondendo a outra questão, porque assim como antes tu mesmo citou, falávamos nós sobre a amizade e sendo Pessoas conhecedor dessas questões nada melhor para mim que ouvi-lo
FOIDEPARTA — E algo tirou sobre? Sabes o que é amizade?
CRATES — Muito pude tirar sobre. Muito do que ouvi me mostra o que a amizade certamente não é, entretanto. E o Pessoas me parece ser amigo de seus interesses, a amizade se torna então um meio para concretizá-los.
FOIDEPARTA — Faz sentido, pois se não veio me contar o que ela é foi por não o saber, mas pelo que sei, não sei de tudo que disseram o que de fato nublai minha visão e julgamento sobre o assunto, mas parece que descrevem uma relação de aliança e não de amizade. Já provei de ambas e de forma literal estou vivo, e assim continuo. Mas não esperes que eu mude minha posição em relação a ti. Sou um homem prático, e a amizade não é algo que eu considere necessário em minha profissão. Prefiro confiar nos meus soldados do que em palavras soltas no ar.
CRATES — Mas não tem amigos?
FOIDEPARTA — Tens amigos e aliados: aliados se busca pelos interesses e o que este pode trazer, os amigos se busca porque esses são seu interesse e a vida dele te importa, eu morreria por um amigo.
CRATES — Mas não por um aliado?
FOIDEPARTA — A não ser que o meu interesse implicasse na minha morte para ser garantido, caso não, mantenho-me vivo para poder alcançá-lo. Eu morreria por um amigo, assim como ele morreria por mim, e nesse caso nossos interesses se mantêm.
CRATES — Mas também não morreria pelo seu povo? São todos seus amigos
FOIDEPARTA — Eu morreria por um amigo além de qualquer dever ou condição. Não digo que tudo faço por dever, mas sendo ele a medida de meus atos é a métrica necessária. Como soldado, morro por meu povo e o faço com prazer e assim o faria mil vezes, mas não é só por isso que sou de todos amigo.
CRATES — É de seu interesse protegê-los e deles serem protegidos. Amizade não é dever?
FOIDEPARTA — Sim. Se pensarmos logicamente, o dever é contrariante a amizade à medida que não é um laço genuíno, em verdade da amizade para com aquele que se age como quem deve. Sendo uma troca mútua, o dever é ser genuíno.
CRATES — Mas qual significado de contrário estamos usando, o contrário de amizade é a inimizade, se no caso do dever, e compreendi o seu ponto mas quero realmente entender, sendo contrário da amizade então em que ponto o dever está para a inimizade?
FOIDEPARTA — A inimizade não como se pensa separa os homens, mas sim os une da maneira mais forte. Meu trabalho, Crates, é antes de tudo manter vivos os inimigos para ter meus aliados comigo. O ódio une e é um sentimento genuíno, assim como o valor e o dar-se voluntariamente se dá na amizade, o mesmo em seu contrário. O dever então é uma quebra dos laços genuínos e dos motivos que tornam o que era dever em algo voluntário. Mas muito me estendi, vou indo Crates! E fale comigo direito da próxima vez! HAHAHAHAH além do “bom dia” pra cá e “General” pra lá!
CRATES — HAHAHAH! Pode deixar e muito obrigado!!!