“BENDITO SEJA DEUS” E OUTROS INSULTOS!

*Por Antônio F. Bispo

Entre o fim da noite desta última Sexta-Feira e início da madrugada de Sábado (Brasil-7/10/23), fomos surpreendidos por uma enxurrada de notícias sobre uma série de ataques surpresas, executados pelo grupo HAMAS (palestinos-sunitas) contra locais e comunidades israelitas. Dezenas de mortos e feridos foram registrados nos primeiros instantes, além dos inúmeros danos materiais e a ordem pública daquela região.

Posteriormente, relatos de que outras dezenas de pessoas haviam sido sequestradas e exibidas como se fossem troféus pelos terroristas foram divulgadas.

Eram civis, pessoas comuns, incluindo mulheres e crianças, gente que não apresentavam riscos aos invasores, tão pouco havia nestes, aparente habilidade de combate ou de defesa.

Imagens alternadas de invasões ao sul e de milhares de foguetes sendo lançados simultaneamente contra alvos israelenses nos deixavam estupefatos. Cenas dantescas que remetiam às aflições do WTC em 2001.

Se do lado israelita havia prantos, do outro lado, vozes de júbilos diziam: “Allahu Akbar”, “Allahu Akbar”, enquanto as vítimas eram transportadas, algumas arrastadas pelos cabelos ou conduzidas de modo violento como se animais selvagens fossem.

-“Allahu Akbar”; “Allahu Akbar”; “Allahu Akbar”; “Allahu Akbar”...

À medida em que as imagens se espalhavam, simpatizantes e fiéis desse grupo (credo, ideologia política) ecoavam coros de alegrias ao ver a desolação causada, repetindo de onde estavam sua devoção de fé, de modo que seus gestos corporais e expressões faciais pareciam estar em perfeita sincronia com o gozo que de suas almas exalavam.

De Paris ao do Canadá. Do Irã às outras partes do mundo, imagens com pessoas comemorando eram acrescidas às outras já existentes. Angustiosas demais para serem apreciadas. A desgraças de uns era literalmente o regozijo de outros.

-BENDITO SEJA DEUS (ALLAH)! Deus é maior! Deus é grande...!

Estas são as palavras que melhor traduzem a euforia daqueles fieis, cujo desprezo por seus “opositores” estava sendo escancarado sem nenhum pudor, mesmo sabendo que as imagens de seus rostos eufóricos percorreriam o mundo, podendo inclusive ficar eternamente registradas nos futuros livros de história e geografia de diversos povos.

Suas celebrações parecia fazer jus a algum tipo de profecia anteriormente anunciada e que naquele instante estava sendo cumprida.

Era confuso ver tudo aquilo ali sem imaginar que aqueles ditames não fossem palavras de exaltações à alguma entidade demoníaca, cujo feitos horrendos (ou cooperação para os tais) eram retribuídos com louvor ainda maior.

O objeto de culto porém, era justamente aquele qual dizem ser (em sua própria língua) o criador e mantenedor de todas as coisas, fonte de toda bondade, justiça e poder.

ALLAH, o Deus bendito daquela gente, era o mesmo de mais de 2 terços da população global, variando apenas em nomenclatura, emissários e representantes cívico-militares ou político-religiosos.

Um mesmo produto de fabricação humana com rotulagem diferente, cujo objetivo principal sempre fora o de manter cativos e submissos as massas para os mais variados propósitos ao longo dos séculos.

As cenas exibidas nos noticiários e nas redes sociais diversas remetiam aos filmes de terror de alto investimentos ou a roteiros de películas de guerras sangrentas.

Longe disso, aquilo tudo era real, ocorrendo em nossos dias como fora há cerca de 5 décadas, na batalha dos 6 dias envolvendo esses mesmos povos, lugares, fé e situações políticas.

Em uma das gravações é possível ver uma mulher que estava em um Jeep sendo tirada do porta malas e conduzida de modo grotesco para o banco traseiro desse mesmo veículo. Com um puxão violento pelo cabelo um homem a fez descer e subir outra vez naquela viatura improvisada.

A mulher estava com pés descalços, toda suja, descabeladas e de pulsos atados com algum tipo de lacre plástico de alta resistência.

Havia sangue em sua face, em suas mãos e em suas calças, bem na região das nádegas, dando-se a entender que ela havia sido violentada sexualmente inúmeras vezes por pessoas diferentes. Que lástima!

A visão era de um horror incomensurável. Terror este, que também estava estampado no rosto da vítima, como se ela mesma custasse a acreditar se estava em um pesadelo ou se era mesmo realidade aquilo que ali estava vivenciando.

O coro de “BENDITO SEJA DEUS” continuo a ecoar nesse e em outros registros de imagem e som em diversos locais dos ataques e de cativeiros dos recém capturados.

Execuções sumárias de famílias inteiras foram catalogadas.

Corpos dilacerados ou em repouso ao longo de uma rodovia podiam ser vistos em outras imagens. Alguns dentro dos automóveis, outros no chão, cuja posição denunciavam a incapacidade de reação da vítima diante da covardia dos executores.

-Bendito seja Deus, Bendito seja Deus, Bendito seja Deus...

Esse coro tem sido ecoado ao longo dos séculos por essa gente, por aquela e por nossa gente, aqui do ocidente, vítimas dessa mesma fonte de ódio e atraso.

Manipulados por aqueles que detém (ou querem deter) o domínio sobre nossos pensamentos, comportamentos e ações, temos sido (em peso) levados a transformar em inferno os dias, a convivência ou a existência alheia (e a nossa), enquanto julgamos construir ao nosso próprio modo (com Deus, para Ele ou em Seu nome), nosso ingresso ao paraíso.

Chamo tudo isso de UM GRANDIOSO ENSAIO DA LOUCURA!

Em empreitadas como estas (com Deus na frente ou no comando), quando nosso intento mesquinho contra o nosso próximo funciona, dizemos que Deus esteve conosco. Quando não, nos colocamos em condições de vítimas da malignidade alheia.

Somos atores, antagonistas e a plateia dessa macabra trama que construímos por conta de nossa crendice com os de nossa bolha.

Isolados em nossa própria ilha, julgamos ser donos de todo um império, quando na verdade nossa compreensão de mundo e da suposta verdade que defendemos, em certos casos é tão rasa quanto o fundo de um pires de uma xícara.

Como loucos, desperdiçamos nossa existência em conflitos fúteis, valendo-se desse corpo débil e mortal, enquanto ensaiamos protocolos para um relacionamento eterno com seres espirituais e auto existentes.

Pavimentamos por meio de nossas ações (em nome de Deus, com ele ou para ele) o caminho do nosso próprio inferno, enquanto torcemos para que “os infiéis” paguem por “pecados” semelhantes aos nossos, cujo ponto de vista do soberbo, só lhe permite olhar para o próprio umbigo.

Quem escandalizou-se com as imagens vistas nas ultimas 24 horas, cometidas por esses “servos de Deus” e acha ser isso fato, é por que ainda não leu (ou leu e não entendeu) a bíblia e os livros de história geral, que descrevem a conquista do cristianismo e do islamismo.

Tais livros “seculares” descrevem o que esses “escolhidos” fizeram milênios depois que o judaísmo já havia feito de tudo (e mais um pouco) com aqueles que jugavam pecadores (segundo a própria bíblia).

Os livros dos Salmos por exemplo, é uma coletânea de cânticos, lamurias, rogos, pragas e mandingas contra qualquer pessoa que “se metesse na frente de um escolhido”.

Não há nada mais doentio, profano e provocador quanto a recitação de certos salmos, que apelam com urgência pela ira de Deus, para que por meio desse ódio infantil, a “fonte de todo amor” extermine totalmente os que não concordam com nosso ponto de pista (o deputado Nicolas e aquele pastor tatuado, protagonizou meses atrás cenas berrantes de ira e soberba, valendo-se justamente de trechos bíblicos como estes).

Nos tempos bíblicos, quando o “povo de Deus” massacravam outros grupos vizinhos, eles salmodiavam com alegria! Homens, mulheres e crianças eram linchados, estuprados, queimados e depois de ter seus pertences saqueados, o que sobrava (ou toda a cidade) era posta às cinzas. Em nome de Deus ou para a sua glória!

Quando eram vencidos, lamuriavam e clamavam por justiça ao Deus que os havia “deixado só” em combate.

Quando o cativeiro era longo ou quando em ego profundo não conseguiam obter o que desejavam (objetos, pertences, mulheres de seus algozoes), então faziam agouros e impetravam maldições contra os seus “inimigos”.

Além dos Salmos, todos esses registros (folclore, crendice) podem ser conferidos nos livros de Josué, Samuel, Reis, Crônicas...praticamente em pelo menos 35 dos 39 livros do antigo testamento (considerando a versão cristã) ou em dezenas de outros livros (rolos) se considerarmos os demais conhecimentos orais e escritos do povo judeu.

A páscoa por exemplo, uma das festas mais populares dessas tradições (copiado e redefinido o sentido pelos cristãos) comemora a desgraça, a morte e a derrota total dos egípcios, finalizando a saga ao atravessar o MAR VERMELHO, cujo relato bíblico diz que DEUS afogou a Faraó e os seus exércitos no mar, com enormes e pesadas paredes de águas, sem nenhuma chance de defesa. Depois de tê-lo aberto (o mar) para o seu povo passar, agora e de propósito (tão sutil quanto o Tinhoso), fechou-o com estrondo, esmagando de uma vez por todas, aqueles “pagãos e do seu povo”.

Foi nesse instante de alegria e “inspiração divina”, que MIRIAM pegou um tamboril (um instrumento musical) e com JUBILOS de alegria começou a cantar, a dançar e a dizer:

-Só o Senhor é Deus, Só o Senhor é Deus, Só o Senhor é Deus….

Que coisa, não? Semelhanças são apenas “coincidências”! Afinal “pimenta nos olhos dos outros é refresco”, não é mesmo?

Se analisarmos bem, as principais festas religiosas, feriados ou dias santificados dos povos que foram (ou ainda são) influenciados por essas três religiões (judaísmo, cristianismo e islamismo), tem como pano de fundo (ou principal) o ensejo, desfecho ou intenção (ainda que remota) de relembrar (retratar) um suposto embate, ataque ou vitória milagrosa desse povo em relação ao outro dominado ou subjugado a mando de Deus.

Aonde Deus passar (ou estiver) um rastro enorme de sangue, morte e destruição o precederá! Os que dizem possuí-lo (ou por Ele ser possuído) fazem parte dessa trama, afinal, a suposta vontade de Deus em 100% dos casos “coincide” com a vontade dos seus servos, profetas ou representante qualquer.

Jamais o bem comum para todos os povos, línguas e nações será primazia para esse Deus ou seus seguidores mais fanáticos. Eles se retro-alimentam e o banimento de um está intrinsicamente ligado ao esquecimento do outro e vice-versa.

Os Judeus dizem seguir (servir) ao Deus de Abraão, Isaac e Jacó.

Adonay, Elohim, El Shadday...Esse são apenas alguns dos nomes pelos quais ele “se faz conhecido” entre o “seu povo”.

Moisés é o principal representante de Dele nesse folclore.

Mulçumanos também dizem adorar (obedecer cegamente) ao Deus de Abraão, Isaac e Jacó.

Aláh é o nome pelo qual é invocado por esses crédulos.

Maomé é o principal emissário nessa versão alternativa de uma mesma crendice.

Os cristãos por sua vez, também afirmam submeterem-se a essa mesma divindade (o Deus, de Abraão, Isaac e Jaco) e esperam deste receber a recompensa (um paraíso celestial) simplesmente por terem no calendário de suas devoções religiosas um espaço para esse nome (que se faz necessário dividir com outras de anjos e santos canonizados pela igreja ao longo dos séculos).

Esse Ser, eleito como suposto patrono e senhor absoluto dos Cristão é conhecido apenas como DEUS. Só isso mesmo!

Em sua versão mais pobre e econômica (ou ecumênica?) de sentido, os cristãos decidiram não dar um nome à sua divindade, chamando-O por um título que pode ser atribuído à qualquer outra coisa nos céus, na terra, embaixo dela ou em qualquer lugar das profundezas dos oceanos ou do espaço vazio.

Deus não é nome próprio!

É apenas um título que pode ser empregado para tudo ou qualquer coisa que uma mente pacata ou gananciosa de um sapiens ancestral ou moderno possa rotular.

Quando algo está (estava) fora de sua compreensão, ou quando de modo intuitivo os homens não sabiam descrever os fenômenos naturais ao seu redor, diziam-se então ser Deus ou algo Dele.

Um vocabulário reduzido à uma mente primitiva que atravessou eras e ganhou centenas de outras versões.

Os cristãos porém, como se fincados estaca numa linha do tempo, ainda valem-se de alcunhas dos primórdios da humanidade para esconder seus maiores medos, intentos e más intenções, como se não houvesse outra palavra para transcreve-Lo.

Jesus, o Nazareno é o Messias para essa gente cristã.

Os cruzados, os papas, os padres e os pastores atuais não nos deixam mentir sobre quantas barbaridades os ocidentais já cometeram por causa desse nome ou dessa ideia.

-Bendito seja Deus! Aleluias! Deus me enviou! Deus me falou! Morram seus infiéis...!

Assim como Allahu Akbar, cada fiel (capacho, escravo) desse Deus ou dessa ideia (que esconde ou expande em si mesmo toda malignidade humana), é apenas um escravo do próprio sistema que os dirige e por vezes os oprimem sem direito à defesa ou a respostas racionais. Apenas o medo, o ódio e reações emotivas são permitidas para expressar empatia por esse ser. Até em casos de alegria (quando há), esta também é expressa em decorrência da desgraça alheia!

MISERICÓRDIA! Afinal, a quem recorreremos?

Misericórdia é uma palavra que jamais deveria ser associada, atribuída ou esperada de divindade alguma!

No local onde os Deuses habitam jamais poderá haver misericórdia alguma! Quando necessário, este ato poderá ser usado como moeda de troca. Apenas isso, nada mais.

Enquanto os Deuses povoarem as mentes e os corações dos homens, citações como BENDITO SEJA DEUS, ALLAHU AKBAR ou SÓ O SENHOR É DEUS serão sempre prenuncioas de alguma desgraça!

Quando de boca cheia e de modo irracional ouvirdes um JESUS ESTÁ VOLTANDO, saibam também que ali reside um filho da loucura, cujas intenções primordiais oscilam entre ver o mundo todo sendo castigado por “não crer no Deus Verdadeiro” e um desejo absurdo de ser parte dessa mesma mão que a todos julgará.

Se os homens (crentes) tivessem mesmo a intenção (crendice) de morar nos céus, eles jamais tornariam a vida de quem quer que fosse um prelúdio do inferno (nem as suas próprias)!

Espero que um dia a humanidade acorde desse sono milenar, desse pesadelo em que afirmam precisar de Deus e o Diabo para policia-los ou para julgar seus “inimigos”, de modo que ausentando-se um pouco dessa ideia, o homem “santo desde o ventre da mãe” corrompe-se rapidamente com uma simples piscadela da “mulher alheia”, com meras barras de ouro (vide ungidos do ex-messias) ou ainda com promessas de títulos honoríficos banais.

“Enquanto Deus for o seu chão, tu o farás de escada para jogar pedras nos telhados das casas dos outros ao invés de “usá-lo” para limpar os vidros de tua própria casa”!

Almejo ver o dia em que pelo menos 5% da população seja livre do medo dos deuses e de seus representantes e sem receios possam dizer:

-Bendito seja a relação harmoniosa entre os povos! Sagrado sejam e os nossos acordos de paz! Que se façam valer os artigos humanitários de toda constituição vigente, cujas mentes racionais as fizeram ou poderão desfazê-las se preciso for, de acordo com cada época e local em que a liberdade racional assim o pedir. Que o respeito aos “homens falhos e pecadores” seja em centenas de vezes superior ao zelo pelos “deuses em suas perfeições”!

Que assim seja!

Saúde e Sanidade à Todos!

Revejam Seus Conceitos!

Textos escrito em 8/10/23

*Antônio F. Bispo é graduando em jornalismo, Bacharel em Teologia, estudante de religiões e filosofia.

Ferreira Bispo
Enviado por Ferreira Bispo em 08/10/2023
Código do texto: T7904109
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