Nós e os pecados capitais

“Tava na boa tocando a vida

Quando um tipo veio me abordar

Dizendo que Jesus iria me salvar

Primeira coisa que me veio a cabeça

Sem pestanejar

Foi: que beleza, então eu posso pecar

Devagar”. Os versos, algo irônicos, pertencem à canção Sem nunca dar adeus, do cantor, compositor e guitarrista Lulu Santos.

A palavra pecado vem do latim ‘peccatum’, que significa “falta, delito”, que, por sua vez, deriva do verbo ‘pecco’ que quer dizer pisar em falso, tropeçar, enganar-se, pecar. Este verbo era usado pela Igreja Católica por causa do seu caráter popular e expressivo.

A origem da palavra pecado está relacionada com a ideia de errar um alvo ou se desviar de um objetivo traçado. Esta ideia também está presente nas palavras gregas e hebraicas (aqui transliteradas) que são traduzidas na Bíblia como pecado. O termo grego é hamartáno e o hebraico é hhatá, ambos com o significado de errar. Tais termos são empregados para classificar as ações que desviam o homem da vontade de Deus ou das leis morais.

Os pecados capitais são o conjunto de sentimentos e vícios que dão origem a muitas das mazelas humanas. Eles são chamados de “capitais” porque são a cabeça ou a fonte de todos os outros pecados, ainda segundo a visão da doutrina católica. Os sete pecados capitais são:

Soberba: o orgulho, a vaidade e a arrogância. É a excessiva admiração ou supervalorização de si mesmo, o que leva à subestimação dos outros. Sentimento oposto da humildade, uma virtude que o cristão sincero deve cultivar.

Avareza: também conhecida como ganância, é o apego excessivo aos bens materiais e ao dinheiro, que conduz ao egoísmo, à corrupção e exploração dos outros. É o oposto da generosidade e da caridade. Segundo o apóstolo Paulo em 1 Timóteo 6:10, o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males.

Inveja: revolta interior por não possuir os bens da outra pessoa. A inveja é o sentimento que faz com que as pessoas se ressintam das conquistas alheias e desejem o que não têm.

Ira: a raiva descontrolada, o ódio e a violência. É o oposto da paciência. A ira é a emoção que leva as pessoas a agirem, de maneira irrefletida, com agressividade, podendo gerar consequências físicas e psicológicas desastrosas para si mesmas e para os outros. É análoga à explosão de uma bomba devastadora.

Luxúria: é a busca desenfreada e insana pelos prazeres sexuais. Como todos os vícios, a viciação sexual pode conduzir o indivíduo às transgressões morais e aos crimes de natureza sexual, como o estupro e a pedofilia. A promiscuidade também pode acarretar doenças sexualmente transmissíveis como clamídia, sífilis, gonorreia e a aids.

Gula: é quando a pessoa come e bebe de forma exagerada, além do necessário. É considerada um vício. Um exemplo são as pessoas que usam a comida como uma muleta psicológica a fim de aliviar os sintomas da ansiedade. Comer e beber de forma compulsiva pode levar o indivíduo a graves problemas de saúde e no caso da bebida, ao alcoolismo. O oposto da gula é a moderação alimentar.

No livro Sinal Verde, da lavra mediúnica de Chico Xavier, o espírito André Luiz nos esclarece no capítulo 39: No que se refere à alimentação, é importante recordar a afirmativa dos antigos romanos: “há homens que cavam a sepultura com a própria boca”.

Preguiça: a falta de vontade para trabalhar, estudar ou cumprir as obrigações. É o oposto da diligência. A preguiça é a negligência que faz com que as pessoas sejam ociosas, indolentes e irresponsáveis.

Na política, sem dúvida o pecado capital é o apego ao poder, assim segundo um ditado, cuja autoria até onde sabemos permanece desconhecida, que se tornou popular graças à incompetência de políticos oportunistas “políticos e fraldas devem ser trocados constantemente pelos mesmos motivos”.

Caro leitor, a vida é sua, então você pode fazer dela o que bem entender, contudo, atente-se para o seguinte: cada pensamento emitido, cada ação, atitude ou reação, trarão consequências positivas ou negativas para a sua vivência, porque a cada um será dado segundo as suas obras e cada um colhe em tempo apropriado tudo aquilo que semeia.

Em verdade o homem não pode ofender a Deus com os seus atos, entretanto, com os seus pensamentos, ações ou inércia, pode postergar por período indefinido a própria felicidade.

Por se tratar de medida mais cômoda, lamentavelmente optamos quase sempre por ostentar nossas pretensiosas virtudes e dissimular nossas imperfeições morais. Desse modo continuamos infelizes e entorpecidos, a escarnecer de nós mesmos e da religião, a espera de que, quem sabe, Jesus venha nos salvar.

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