Uma guerra que já foi longe demais
Mas que pode ainda ir além, tornando-se uma "guerra congelada", para satisfação de alguns e desgraça de outros.
Escrevo sobre a Guerra Ucrânia x Rússia. Ter torcida por algum lado nessa guerra é ignorância ou ingenuidade, visto a mesma ser um tremendo saco de gatos raivosos, todos lutando pela sobrevivência: Ucrânia, OTAN e Federação Russa. Só o desejo de seu fim, para cessar o enorme desperdício de vidas e recursos ucranianos, as buchas de canhão da guerra, é pertinente.
Por trás da propaganda de guerra ocidental a empilhar sofismas e unilateralidades, o que sobra é o óbvio: um conflito que deveria e poderia ter sido evitado politicamente e que, com a esperada fragilidade da Ucrânia no campo de batalha ante a imensa superioridade de recursos humanos e militares russa, caminha para um final desastroso para os ucranianos. Tudo indica, nesse momento, que sairão territorial e economicamente menores deste infame episódio. A famigerada OTAN não tem nem mais como produzir munição na quantidade necessária para a coitada Ucrânia, enquanto a famigerada Rússia tem sua indústria bélica funcionando ilesa 24 horas por dia, numa proporção de mais de 5 por um 1. E, desde a Guerra Civil Americana, vence quem tem mais indústria. Fatos.
Analistas geopolíticos e militares que tenho lido e assistido, do Brasil, Portugal e EUA, afirmam isso e mais: que a Rússia fatalmente vencerá o conflito armado (1), não tomando toda a Ucrânia, mas sim, muito provavelmente, toda a parte da costa do Mar Negro, onde existem contingentes populacionais de russos étnicos, incluindo Odessa (mapa acima, área em vermelho), após o colapso do exército ucraniano na contra ofensiva em andamento - contam que a Rússia está destroçando o exército da Ucrânia, perdido em retomar pequenas vilas a um custo enorme de vidas e equipamentos em função da superioridade bélica e aérea dos russos e dos campos minados defensivos. E, desta forma, a guerra ficará congelada (tipo a Guerra da Coréia) nessa configuração, com a Ucrânia se tornando um estado falido, sem importância geopolítica, sendo rifada pelo Ocidente e a Rússia possivelmente exercendo o controle sobre aproximadamente 40% de seu território (retirando dali a população ucraniana) e impedindo sua inclusão na OTAN.
Nesse sentido, sim, o campo de batalha definirá o resultado dessa guerra. Logo, a Rússia não se preocupa mais com a liderança política do presidente Zelensky, que sucumbiria em seu próprio fracasso. Muito triste tudo isso. Analistas de jornais ingleses dizem que o campo de batalha na Ucrânia, hoje, lembra as batalhas de Verdun e do Somme e seu morticínio e desperdício de vidas, na Iª Guerra. O horror, o horror, como escreveu Conrad. Nada disso aparece na Globo e na EuroNews.
Um bom final de semana para todos. Cuidem-se, vacinem-se, vivam e fiquem com Deus.
(1) - PARA ONDE VAI A GUERRA DA UCRÂNIA? - por John Mearsheimer