CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio I(24) Uma abordagem crítica sobre convites, oportunidades e verdades.

Este ensaio apresenta algumas ideias sobre como devemos lidar com os convites e oportunidades que surgem em nossa vida, bem como sobre o papel de Deus na revelação ou ocultação da verdade. Neste ensaio, pretendo analisar essas ideias sob uma perspectiva crítica, questionando alguns pressupostos e oferecendo algumas alternativas de interpretação. Para isso, utilizarei algumas citações bíblicas e de grandes pensadores que podem contribuir para o debate.

Os crestes em geral afirmam que devemos aceitar os convites e as oportunidades que nos são oferecidos, sem questioná-los, pois eles podem ser uma forma de Deus nos abençoar ou nos testar. No entanto, essa postura pode ser problemática, pois nem todos os convites e oportunidades são benéficos ou legítimos. Alguns podem ser armadilhas, enganos ou tentações que visam nos afastar do propósito de Deus para nossa vida. Por isso, é necessário ter discernimento para avaliar as intenções por trás dos convites e oportunidades, e para escolher aqueles que estão de acordo com a vontade de Deus.

A Bíblia nos ensina que o discernimento é uma dádiva de Deus, que Ele concede aos que O buscam com sinceridade e humildade. O rei Salomão, por exemplo, pediu a Deus sabedoria e entendimento para julgar o seu povo com justiça, e Deus lhe concedeu um coração sábio e prudente (1 Reis 3:9-12). O apóstolo Paulo também orou para que os cristãos de Filipos tivessem amor, conhecimento e discernimento, para que pudessem aprovar as coisas excelentes e ser sinceros e inculpáveis diante de Deus (Filipenses 1:9-10). O discernimento é essencial para distinguir entre o bem e o mal, o verdadeiro e o falso, o sensato e o insensato. Disse Martin Buber: "A verdade não está com os homens, mas entre os homens."

Além disso, a Bíblia nos orienta a buscar o conselho dos sábios, dos que têm experiência e conhecimento da palavra de Deus. O livro de Provérbios está repleto de instruções sobre como obter sabedoria e discernimento através da escuta atenta e da observação dos exemplos dos sábios (Provérbios 1:5-6; 18:15; 19:20). A sabedoria humana é limitada e falível, mas a sabedoria divina é perfeita e infalível. Por isso, devemos confiar em Deus e não em nossa própria inteligência (Provérbios 3:5-6).

Portanto, podemos concluir que os convites e as oportunidades devem ser aceitos com discernimento, não sem questionamento. Devemos pedir a Deus sabedoria e orientação para tomar as melhores decisões, e consultar os sábios que podem nos aconselhar. Assim, estaremos mais aptos a reconhecer as bênçãos de Deus e a evitar as ciladas do inimigo.

Neste ensaio também defendo que Deus esconde a verdade daqueles que O rejeitam, enviando-lhes ilusões para que creiam em mentiras. Essa seria uma forma de Deus castigar os ímpios e julgar os rebeldes. No entanto, essa ideia também pode ser questionada, pois implica em uma concepção estática e absoluta da verdade, que seria um privilégio exclusivo dos que creem em Deus. Uma concepção alternativa seria a de que a verdade é dinâmica e relativa, e que depende da busca e da descoberta de cada um. Confirma Friedrich Nietzsche: "Não há fatos eternos, como não há verdades absolutas."

A filosofia nos ensina que a verdade é um conceito complexo e controverso, que tem sido objeto de reflexão e debate ao longo da história. Alguns filósofos defendem que a verdade é correspondente à realidade, ou seja, que uma afirmação é verdadeira se corresponde aos fatos. Outros defendem que a verdade é coerente com um sistema de crenças, ou seja, que uma afirmação é verdadeira se é consistente com outras afirmações aceitas como verdadeiras. Ainda outros defendem que a verdade é pragmática, ou seja, que uma afirmação é verdadeira se funciona na prática ou se tem consequências positivas. Protágoras já dizia: "O homem é a medida de todas as coisas."

A Bíblia também nos mostra que a verdade é um tema complexo e multifacetado, que envolve aspectos teológicos, morais, epistemológicos e existenciais. A Bíblia afirma que Deus é a fonte e o padrão da verdade, e que a sua palavra é a revelação da sua verdade (Salmos 119:160; João 17:17). A Bíblia também afirma que Jesus Cristo é a encarnação e a expressão da verdade de Deus, e que ele veio ao mundo para dar testemunho da verdade (João 1:14; 14:6-10; 18:37). A Bíblia ainda afirma que o Espírito Santo é o guia e o mestre da verdade, e que ele nos ensina e nos convence da verdade (João 14:26; 16:13).

No entanto, a Bíblia também reconhece que a verdade de Deus não é facilmente acessível ou compreensível para os seres humanos, que são limitados e pecadores. A Bíblia mostra que há mistérios e segredos que pertencem somente a Deus, e que ele revela ou oculta conforme a sua vontade (Deuteronômio 29:29; Romanos 11:33-36). A Bíblia também mostra que há falsos profetas e falsos mestres que distorcem ou negam a verdade de Deus, e que enganam ou seduzem muitas pessoas (Mateus 24:23-25; 2 Pedro 2:1-3). A Bíblia ainda mostra que há resistência e oposição à verdade de Deus por parte do mundo, da carne e do diabo, que tentam impedir ou perverter o conhecimento da verdade (Romanos 1:18-25; 2 Tessalonicenses 2:9-12; Apocalipse 12:9).

Portanto, podemos concluir que a verdade não é algo que Deus esconde ou envia como um castigo, mas algo que ele revela ou concede como uma graça. A verdade de Deus não é algo estático ou absoluto, mas algo dinâmico e relativo, que depende da relação pessoal e histórica entre Deus e os seres humanos. A busca pela verdade é um exercício constante de questionamento e descoberta, que envolve fé e razão, revelação e investigação, obediência e liberdade.