CRENTE SEM FANATISMO: DE CARNE E OSSO — Ensaio I(14) As Sedutoras Mentiras do Pecado: A convivência entre cristãos e não-cristãos: uma análise crítica.
O cristianismo é uma religião que se baseia na fé em Jesus Cristo como o filho de Deus e o salvador da humanidade. Os cristãos seguem os ensinamentos da Bíblia, que é considerada a palavra de Deus revelada aos homens. No entanto, existem diferentes interpretações da Bíblia e diferentes formas de viver a fé cristã. Uma questão que divide os cristãos é a convivência com os não-cristãos, ou seja, com as pessoas que não compartilham da mesma crença ou que vivem em pecado. Alguns cristãos defendem que os cristãos devem se separar dos não-cristãos, usando como argumento algumas passagens bíblicas que exortam os fiéis a se afastarem dos ímpios. Outros cristãos defendem que os cristãos devem conviver com os não-cristãos, usando como argumento outras passagens bíblicas que exortam os fiéis a serem sal e luz do mundo. Neste ensaio, eu vou analisar criticamente esses dois argumentos e defender a minha posição sobre o tema.
O argumento dos cristãos que defendem a separação dos não-cristãos se baseia em passagens bíblicas como Provérbios 1:10-15, Isaías 52:11, Micaías 2:10, 2 Coríntios 6:14-18 e Hebreus 13:13. Essas passagens advertem os cristãos sobre os perigos de se associar com os pecadores, os inimigos de Deus e os falsos profetas. Eles afirmam que os cristãos devem se preservar da contaminação do mundo e buscar a santidade.
No entanto, esse argumento é falho por vários motivos. Primeiro, ele ignora o contexto histórico e cultural em que essas passagens foram escritas. Elas refletem situações específicas de tentação, opressão ou perseguição que os cristãos enfrentavam na época. Elas não podem ser aplicadas de forma literal e universal para todas as situações e épocas. Segundo, ele ignora outras passagens bíblicas que mostram uma atitude diferente dos cristãos em relação aos não-cristãos. Por exemplo, Jesus Cristo se relacionou com publicanos, prostitutas, samaritanos e outros marginalizados pela sociedade judaica. Ele disse que veio para buscar e salvar o que estava perdido (Lucas 19:10). Ele também mandou os seus discípulos pregarem o evangelho a toda criatura (Marcos 16:15). Paulo também se tornou tudo para todos para ganhar alguns para Cristo (1 Coríntios 9:19-23). Terceiro, ele ignora o mandamento maior de Deus, que é amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo (Mateus 22:37-40). Esse mandamento inclui amar e perdoar os inimigos, orar pelos que nos perseguem e fazer o bem aos que nos odeiam (Mateus 5:44-48). Como os cristãos podem cumprir esse mandamento se se isolam dos não-cristãos?
Diante do exposto, eu concluo que os cristãos não devem se separar dos não-cristãos, mas sim conviver com eles de forma respeitosa, amorosa e evangelística. Os cristãos devem estar no mundo, mas não ser do mundo (João 17:14-18). Eles devem viver de forma distinta dos não-cristãos, mas também devem estar dispostos a alcançá-los com o evangelho da graça de Deus. Como disse o filósofo e teólogo Agostinho de Hipona: "Ama e faz o que quiseres" (Sermão 7, 8). Ou seja, se os cristãos amam a Deus e ao próximo, eles farão o que é certo e agradável a Deus. Como disse o filósofo e escritor C.S. Lewis: "O próximo passo é o mais importante" (Cartas de um diabo a seu aprendiz, capítulo 12). Ou seja, os cristãos devem se preocupar em fazer a vontade de Deus em cada situação, sem se deixar levar pelo medo ou pelo orgulho.