O que te basta para ser feliz?

Não tenho nenhum preconceito contra os ricos, principalmente se nem rico rico for, mas sim classe média alta. Acho que a pequena burguesia é extremamente importante para o desenvolvimento do país, desde que se desintoxique ideologicamente do (neo)liberalismo entreguista. Respeito o trabalho das pessoas (não acredito em meritocracia) e sei que classe média brasileira, apesar de iludida, movimenta o país com seu trabalho, é extremamente trabalhadora. E o patrimônio de quem está tds os dias empenhado no trabalho, deve ser protegido/respeitado. Diferente da alta burguesia, sócia do imperialismo, altamente concentradora de renda, através de herança principalmente, que merece ser extirpada dessa concentração de poder/capital. Isso a nível mundial. A doença do mundo é a elite hiper concentradora, os ditos 5%

Eu não tenho nenhuma ambição de amealhar mais do que preciso pra viver. Zero de deslumbramento com a materialidade do mundo, padrões burgueses, estética ou seja lá o que for.

Sou pobre (do ponto de vista econômico, material) e ponto! Aceito minha vida e não me esfalfo para tentar galgar posição social ou ter o que está fora do meu alcance. Esforço-me para ter o que preciso, sem ambicionar mais do que posso ter. Isso não me faz melhor do que ninguém. O valor humano não deve ser medido por suas ambições, desde que os fins não justifique os meios, desde que seja limpo e não cause dano ao outro. Detesto discurso de culto à simplicidade como valor moral. Se a pessoa se esforça para ter um carro “bom”, se trabalha, é um direito dela adquirir. E quem se contenta com pouco, tbm é legítimo. Não tenho este como critério de valor humano. Apenas, em minha concepção, se matar por bens materiais é construir castelo de areia, se o objetivo é estar bem psicologicamente, espiritualmente… nesse mundo. Cada um cada um. Reitero, nada tenho contra pessoas que gostam do conforto, de comida cara, viagens, casa… cada vive como melhor lhe aprouver. E cada um dá aos seus filhos aquilo que pode e julga ser o melhor.

Salientado isso de forma bem clara, para que não me descontextualize e me acuse de preconceituosa, não acredito que possa dar certo o relacionamento de pessoas de diferente classe social. Pode acontecer? Sim, lógico! Mas, segundo minha experiência de vida, se vc entra num relacionamento com alguém que está habituado a um estilo de vida segundo suas possibilidades econômicas, e você em outro estilo pela mesma lógica, não vai dar certo. Nem vou entrar aqui na seara de “quem deve bancar quem”, porque este tema, pra mim, é fútil. Acredito que quando duas pessoas se amam, a questão “quem paga a conta” é secundária. Assim deveria ser. Minha negativa a com relação a relacionamento com pessoa de classe social diferente é sobre comportamento, estilo de vida, padrão de felicidade. O pobre, apesar de aspirar os padrões felicitantes da classe média, ele fica “feliz” com o pouco. Não é à toa que Lula iludiu os pobres desse país com a cerveja e churrasco. Ao pobre basta sentar numa mesa de bar e beber cerveja, comer uma porção ao seu alcance, numa sexta-feira, feriados e finais de semana, conversar, fazer churrasco na laje, viajar vez ou outra, viver numa casinha razoável, às vezes até avariada. Apesar de querer ter mais, ele suporta viver e é relativamente feliz com o que a vida lhe dá; não todos, mas muitos seguem a vida assim. Quando conhece outro pobre e se apaixona, juntam os ”trapos”, ambos terão as mesmas demandas, se realmente for amor, com erros e acertos, vão construir a vida a dois conforme seus gostos e comportamento. Tem pobre com complexo de rico? Tem. Só que, quando existe amor, a tendência é se adaptarem e construir uma vida em comum. Quando o outro tem estilo de vida diferente, construído com o que o poder aquisitivo permite, que vive em determinado conforto já, acho muito difícil a felicidade do casal, por mais que exista amor. Seu critério de simplicidade material nunca será o mesmo daquele que já é pobre.

Enquanto você é feliz com cerveja de 3 reais a latinha, num barzinho comum, estando bem com a presença do outro, se houver diferença de gostos, este outro estará insatisfeito porque ele vai querer sushi à beira mar. O outro vai ficar entediado com uma vida frugal, com dias comuns, com o arroz e feijão…. Que, para pessoa acostumada, basta para lhe fazer relativamente feliz nesse mundo. O amor, nesse caso, infelizmente não basta. Não tenho nenhuma ilusão romântica nessas circunstâncias entre duas pessoas se amando.

Posso estar errada, mas acho ilusão acreditar que uma pessoa acostumada ao ”conforto” seja feliz na simplicidade. Principalmente se vc for a pessoa simples que não tem como critério de felicidade coisas caras, viagem, casa grande, comida sofisticada.

Vale para homens e mulheres. O que conta nessa vida, para o amor ser possível, não é ideologia, afinidade intelectual, amizade, bom sexo, apesar de tudo isso ser importante. O que conta é a forma como você se sente bem numa vida materialmente possível com o seu amor. A dinâmica dos dias, do que o casal almeja pra si e o que lhes basta para ficar bem um com o outro, tem que estar afinado, ou não dará certo.

Homem pobre que deseja mulher com padrões caros, vai passar a vida se ferrando. E mulher pobre que deseja homem rico, com padrões altos materialmente, vai sofrer. Aprenda a amar alguém que tem o mesmo gosto e padrão financeiro. Depois não adianta virar feminazi ou redpill pra sublimar os desgostos do relacionamento.

Cibele Laura Oliv
Enviado por Cibele Laura Oliv em 26/07/2023
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