ANTIFARISEUS — Ensaio I(1) Relativizando a Autoridade dos Textos Bíblicos

AQUI COMEÇO UMA SÉRIE DE ENSAIOS FILOSOFICOS NA TENTATIVA E MOSTRAR O PONTO DE VISTA E O PERFIL DO EVANGÉLICO IDEAL PARA OS ACONTECIMENTOS APOCALÍPCOS: O VENCEDOR.

os “fariseus de hoje”. São pessoas que se julgam defensores da Igreja, da reta doutrina, da liturgia e da tradição. Conscientemente ou não, se julgam superiores aos demais, até como mais próximos de Deus.

"Não tem jeito dos evangélicos melhorarem-se, enquanto eles piorarem o mundo para todos. Eles vão ser sempre os piores do mundo que eles pioram para os outros". — Caio Fábio

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Muitas pessoas admiram a Bíblia e a consideram como uma obra-prima da revelação divina. Elas creem que Deus foi o autor da Bíblia e que ele quis compartilhar sua vontade soberana, planos maravilhosos e promessas fiéis sobre o propósito e a salvação do homem. Elas pensam que ele queria dar fé, esperança e amor aos seus leitores, e ensinar-lhes que a graça de Deus é o princípio da vida. No entanto, essa ideia é simplista e precisa ser matizada por três razões.

Em primeiro lugar, Deus não foi o único autor da Bíblia, mas apenas um dos vários agentes que participaram do processo de inspiração, transmissão e interpretação dos textos sagrados. A própria Bíblia indica que alguns livros foram escritos por homens como Moisés, Davi, Isaías, Lucas, Paulo e outros. Portanto, não se pode atribuir toda a autoridade da Bíblia a Deus, nem ignorar o papel dos autores humanos. A Bíblia é uma obra que reflete a diversidade de contextos e gêneros da tradição religiosa judaico-cristã. Como afirma o teólogo John Stott, "a Bíblia não é um livro caído do céu, mas um livro nascido na terra" .

Em segundo lugar, Deus não foi um modelo de perfeição em sua relação com o homem, mas permitiu muitas situações e eventos que desafiaram a compreensão e a confiança dos seres humanos. A Bíblia relata que ele permitiu o pecado, o sofrimento, a injustiça, a violência, a guerra e a morte no mundo . Ele também se revelou de formas misteriosas e paradoxais, como um Deus de amor e ira, de misericórdia e justiça, de presença e ausência . Ele não explicou todos os seus propósitos e caminhos aos homens, mas os convidou a confiar nele pela fé. Sua revelação foi progressiva e incompleta, e não garantiu a clareza nem a certeza.

Em terceiro lugar, Deus não foi o único revelador em sua época, mas houve outras religiões e filosofias que tinham concepções e ensinamentos sobre o divino e o humano. A Bíblia menciona algumas delas, como as religiões egípcias, babilônicas, cananeias, gregas e romanas . Portanto, não se pode considerar Deus como a fonte exclusiva ou superior de revelação, nem desprezar as manifestações de outras culturas e tradições. A revelação é um dom de Deus que pode ser reconhecido em diferentes lugares e pessoas, e que deve ser avaliado com humildade e discernimento. Como diz o apóstolo Paulo, "Deus não se deixou ficar sem testemunho: mostrou sua bondade dando-lhes chuva do céu e colheitas nas estações certas" .

Em conclusão, a ideia de que Deus foi o autor da Bíblia e que ele quis compartilhar sua vontade soberana, planos maravilhosos e promessas fiéis sobre o propósito e a salvação do homem é insuficiente e superficial. Ela ignora a complexidade da Bíblia, a realidade da história humana e a diversidade da revelação. A Bíblia deve ser lida com cuidado e crítica, reconhecendo seus valores e limites, e aplicando seus ensinamentos à luz do evangelho de Cristo, que é a plena revelação de Deus .