Voar
Voar, sentir no peito o pulsar da esperança. Acreditar. Encarar o precipício dos julgamentos com a mesma coragem com que o filhote de águia se lança no abismo e triunfa sobre a gravidade. Voar com a alma leve feito lençóis de neblina no firmamento. Alcançar.
Ou talvez não. Talvez o céu não esteja assim tão anil e em vez do voo venha a queda. Em vez da brisa doce, a tempestade. Faz parte, afinal voar não é assim tão simples. Há momentos de se juntar os cacos e respirar, transpirar, revoar; inspirar.
Voar não é supor todos os dias ensolarados. É superar a tormenta, soprar para longe as nuvens de lágrimas e sair por aí apreciando o caminho, espalhando sorrisos, construindo pontes, desenhando a chegada.
Voar, segurar com bravura o leme dos sonhos e, no cansaço, ser apenas asas conduzidas por correntes bailarinas de vento. Voar com o coração mais que com a razão e reparar nas sutilezas da jornada, despercebidas por muitos, sabedoria, amor de mãe, riso de criança e o coração pulsando no ritmo da liberdade. Flap, flap, flap...