Parecer ser e ser de fato - Breve ensaio quase filosófico

Em que medida o que parece ser é de fato? Não chamamos ser aquilo que pensamos que seja, tão logo solicitamos ao pensamento que seja o que antes só era ideia? Sigamos pois, e para que não corremos o temeroso risco de nos perdemos, andemos de mãos dadas, tal qual Dante conduzido por Ovídio. Andemos juntos e vasculhemos os sutis caminhos desse labirinto chamado pensamento.

Ser o que parece ser. Interessante, pois, ser o que Parece ser traz em si algo que pode não ser. Parecer ser, por outro lado, também pode indicar que o que parece também pode ser mais de uma e mesma coisa. Mas...se assim pode ser, o que, então, poderá ser algo diferente do que parece ser?

Sem resposta que satisfaça no todo, parece restar que a questão não se encerra. Que ao se admitir que o que parece ser pode não ser, caímos numa armadilha. Sair dessa ... armadilha, ela em si, uma genuína questão filosófica, já nos empurra, Socorro!, para o abismo da incerteza. É aí, acreditemos, que entra a necessidade das mãos dadas.

Sigamos, então, o exemplo de Dante. Tentemos achar nosso Ovídio e, quem sabe, atravessamos, juntos e sempre de mãos dadas, os escaninhos, às vezes espinhosos, da bem tracejada estrada da busca por respostas, ou novas questões, que o contínuo aprendizado proporciona.

Nada mais saudável e primoroso que saber que nunca se sabe tudo. Nesse aspecto, recoloco a questão: em que medida o que Parece ser é de fato?

Arrisco em dizer, como mera contribuição, e já na intenção de colocar o debate, que o que parece ser é de fato quando esse De Fato atende à necessidade de quem faz a questão. Quando digo: essa cadeira parece ser uma cadeira, aceito essa preposição como realidade da cadeia, pois, ao atender minha necessidade de ter algo onde possa sentar, o objeto, seja que formato tiver, será A cadeira naquele instante. Até porque, a funcionalidade da cadeira é servir de assento.

Então, pensando ter chegado a uma primeira, e, claro, singela resposta, o ponto de partida para a Questão se o que Parece ser é de Fato, está em identificar a utilidade da coisa em resposta a uma necessidade. Assim, Necessidade sugere ser o ponto de partida, ou seja, saber a que fim se destina o objeto questionado. Noutras palavras, nada será o que parece ser senão atender a alguma necessidade.