E a Liberdade de Criação?
A liberdade de criação é uma prerrogativa basilar de toda e qualquer democracia plena. Às asas férteis da imaginação nos levam para novas realidades, novos mudos e novas descobertas. Não há indubitavelmente ciência, arte e sociedade desenvolvidas, sem a liberdade de expressão e o salutar benefício da dúvida, abrindo espaço para o questionamento e a refutação. O vocábulo criar advém do latim creare, que ontologicamente significa “provocar a existência de algo”, fazer existir uma coisa que até então não tinha identidade, ou melhor realidade, seja ela corpórea ou abstrata.
E para fomentar a criatividade é imperioso haver diversidade, pluralidade e franca liberdade de pensamento. Até aqui colocado é indubitavelmente um sonho lindo e “cor-de-rosa”, contudo não é bem assim que funciona quando tratam-se de Governos despóticos e ditatoriais, adeptos de projetos com agendas radicais e progressistas, que num primeiro momento podem até parecer engajadas com o coletivismo e o povo. Lancemos um olhar despretensioso e breve sobre a Cuba castrista.
Nas próprias palavras do mandatário absoluto do país Fidel Castro: “Neste momento temos uma enorme falta de papel”, ao justificar a proibição na ilha de Cuba de um escritor escrever uma obra que criticasse o socialismo ou mesmo um poeta publicar poemas contrários à Revolução naquele país. E prosseguiu Fidel: “E seria injusto que esse papel, que tanta falta nos faz para imprimir textos escolares ou universitários ou técnicos indispensáveis fossem utilizados para a publicação de romances ou poemas inimigos da revolução cubana.” É um claro cerceamento à liberdade de expressão da opinião contrária e tolhe totalmente a pluralidade de pensamento, impactado diretamente na cultura e civilidade de um povo, o que trará consequências graves para as gerações futuras. Contudo Fidel finaliza sua malfadada colocação dando um fio ínfimo de esperança, mas apenas para descargo de consciência: “Mas creio que o socialismo não deve temer a liberdade de criação e de expressão; nós, pelo menos, quando tivermos superado o problema da escassez de papel, não hesitaremos em publicar até mesmo romances contrarrevolucionários”.
E onde fica a liberdade de criação? Bom! No caso de Cuba, claramente ficou para depois. Ela não era importante para o seu Governo populista e “revolucionário”. E o que realmente importavam eram os dogmas engessados e tenebrosos do socialismo. O “projeto” megalomaníaco que não suportava um segundo se quer de eventual crítica ou opinião contrária.
É sim o pináculo da infantilidade humana.