Ouse saber! - Breve ensaio

Sapere aude! Ouse saber! Eis minha máxima submissão. Não serei o ventriloco de juvenis pensares que nada auxiliam no entendimento que se constrói. Tal qual a casa onde se quer habitar, isto é, tijolo por tijolo, para que o alicerce seja rígido e suporte intempéries, é assim que se constrói um pensamento coeso.

Ouse saber! Caríssimo amigo. Não tema encontrar obstáculos (eles são a razão da aventura) na caminhada.

Deposite, como uma reserva de alimentos, na bagagem da vida, dúvidas e frágeis certezas; elas serão sua oportunidade de avançar para o telhado da razão. Não se apresse. Caminha como se fosse uma criança nos primeiros passos. Dê cada passo como se a estrada fosse decorada com as mais belas paisagens para serem admiradas. Sem pressa e sem pré julgamentos, isso impedirá más interpretações e aborrecimentos. Não adiante o tempo, ninguém consegue. A vida na busca pelo conhecimento, tanto quando, e sem demora, é tão venturosa como se na próxima esquina, sem modéstia e sem certezas, abrisse um novo descortinar de infinitas possibilidades.

Ouse saber! Não pense que tudo se esgota na primeira descoberta. Na primeira e imediata descoberta o que se consegue, e somente, é se deparar com um novo modo de ver o que antes se apresentava encoberto. Ou, como quem tateia a parede num quarto escuro a procura da saída, ao encontrá-la, e já sob a luz, a vista não acostumada com a nova realidade, parece sentir a dor do primeiro contato com a claridade. Igualmente acontece quando se depara com os primeiros conhecimentos.

Ouse saber! Mais que nada saber é procurar, é garimpar o leito do rio. O sujeito, ele próprio um lavrador de si, encontra, por mais que garimpe, apenas sutis marcadores de saberes que apenas contribuem para uma busca que se inicia na primeira pergunta. És, dirá, talvez, o velho sábio da vila do desassossego, que no alvorecer do dia que o fim da noite anuncia, que toda busca começa por não saber o que se busca, porém, esse disposição em buscar é a raiz da árvore-pensamento. Dirá, sábio que é, que a busca, primeiramente insipiente, ao longo da jornada, passados os percalços e superadas as dúvidas, tudo, antes nebuloso, apreendido o conhecimento, mais nítida se torna a caminhada e menos pedregosa a estrada. É no caminhar que se caminha; a busca pelo conhecimento, mais que um desejo insesante de acúmulo (como fazem os acumuladores de riquezas) e se guarda como o tesouro dos escondido dos faraós, a busca e o sentido do conhecimento só se realiza se compartilhado. É na troca que o conhecimento acontece. Cada qual na relação, como uma espécie de escambo, adquire e oferece um tanto de conhecimento do outro e para o outro.

Ouse saber! Sapere Audi! Caríssimos. Não há ousadia na inércia. Não há possibilidade de existência sem ousadia. Sem ousadia a vida não acontece. Ouse saber! tudo quanto numa vida ousada só leva a novas descobertas. E quando começar já terá alcançado metade do feito.

Sapere Audi! tutto in una vita audace porta solo a nuove scoperte. E quando inizi, avrai già raggiunto la metà del risultato