Apresentação – proposta – Antologia Elas e Eles em Metamorfose. Denise Reis
“ Metamorfose” proporciona múltiplas interpretações, e permite encaixes precisos na realidade de cada um. Ler a concepção do mundo, e da realidade, de personalidades tão diferentes, e tão iguais em suas procuras é uma incessante relação com o subjetivo, já que, poetizar é quase sinônimo de sonhar, de indagar horizontes, pensar diferentes amanhãs, transformar realidades...
O francês, Victor Hugo, em meados de 1821 a 1826 escreveu que “ o homem pensa, a mulher sonha”, a expressão agora reanalisada não resume a realidade, nem pensada, nem sonhada dos homens e mulheres contemporâneos ... É sabido que a mulher muito sofreu para alcançar o espaço que hoje ela tem, e que isso só foi possível com muita luta e persistência. Os padrões e os conceitos se modificaram, os esforços criativos transmutaram, mas os desejos de felicidade e satisfação perduram. O pensar e o sonhar entrelaçaram-se, o homem mais que sonhar, poetiza sua essência, e voa num plano pleno de altos e sublimes voos. A mulher mais que pensar pesquisa, busca, cria o ideal equilíbrio em suas relações.
Na mitologia grega a presença feminina foi profundamente destacada, embora a inteligência e o pensamento sejam representados pela deusa Minerva (versão latina da deusa Atena), lembremo-nos que Minerva nasce não do corpo de sua mãe, mas da cabeça de seu pai, Zeus. Isto demonstra, desde o princípio, a inclinação em desvalorizar a mulher. Atena era sábia e corajosa não por sê-la, e sim por ter nascido da cabeça de um Deus homem.
Está antologia confirma que, tanto homens como mulheres, são capazes de certificar o conceito poético de Pinto do Monteiro“ poesia é tirar da onde não tem e colocar onde não cabe”. Unidos e determinados, fundamentados de corpo e consciência na labuta diária, de resolutos escrever, para se dissolver na liquidez dos propósitos de sonhar e pensar, pois a palavra e a vida são imperativas, e se declaram precisas, no complexo processo do transcorrer temporal do universo.
Se depois de ler e contextualizar Metamorfose, ainda não se inserir neste contexto, talvez seja necessário beber as distancias entre os silêncios e os horizontes, ou decifrar os segredos obscuros das sementes, cuidadosamente plantados no distante. E se as vezes hesitar ante os mistérios e as sinuosidades dos caminhos, não se desampare, sintonize as brisas, os vendavais, os incêndios, os abraços, e se deflagre impedida (dos) da fragilidade dos cristais, não se deixe dilacerar pelo grito da incerteza. A dúvida sempre suscita novas respostas, novos conceitos novas percepções.
Talvez devêssemos saber mais de nós do que dos métodos, ou vice versa, pois o tempo não dorme, e sempre somos outros depois de um gole de café.
Quem nos leu e não nos decifrou, ainda hoje, permita-se a releitura, degustando emoções, metabolizando palavras, e a cada virada de página seja outro, como o tempo, donde “ brota o verbo e a luz” que ainda vai nos ressignificar e dimensionar novas possibilidades, pois amanhã já seremos outros.