Tudo o que é pré-dostoiévskiano é pré-histórico
Dostoiévski é o mais poderoso escritor do século XIX; ou do século XX, XXI, etc., etc., sua obra constitui o marco entre dois séculos de literatura. Literariamente, tudo o que é pré-dostoiévskiano é pré-histórico; ninguém escapa a sua influência subjugadora, nem sequer os mais contrários. Numa confissão, ou num monólogo ele revela seus pensamentos mais íntimos. Ele ridiculariza, ri de si mesmo, e provoca a todos a reagirem contra ele, tem as características do anti-herói. “Sou um homem doente... Um home mau. Um homem desagradável.”Ele insulta e se humilha diante das ideias ocidentais do progresso, das ideologias do egoísmo racional, do utilitarismo, dos pensadores alemães, como Kant “do bem e do belo”, dos socialistas de sua época, em outras palavras, e de todas as suas influências. Dois mais dois é igual a quatro, este é um fato matemático, mas os homens não funcionam matematicamente. A parte racional do homem civilizado é apenas uma maquiagem, ou seja, o homem é composto de ambos: do racional (dois mais dois são quatro) e do irracional. Se os homens funcionassem de forma puramente racional, eles seriam previsíveis. E o homem é um ser imprevisível.
“O que suaviza pois em nossa civilização? A civilização elabora no homem apenas a multiplicidade de sensações e...absolutamente nada mais. E através do desenvolvimento dessa multiplicidade, o homem talvez chegue ao ponto de encontrar prazer em derramar sangue.”