A VENDA DE NIVALDO E VERA

Menino danado te avexa

Pega dez mim reis na gaveta

Deixa de fazer tanta careta

Vai comprar pão , manteiga e a chinela

- Mas mãe onde tem tudo isso

- Só tem lá em Nivaldo e Vera

Compre fosco, erva doce e canela

Vinte grama de pimenta , toucinho e sabão

Alpiste da Patativa , prú bacurinho ração

Traga meia dúzia de botão e velas

Brilhantina e pente para piolho

E botes suas barba de môio

Se não for em Nivaldo e Vera

Peça emprestada a panela

Aquela com muito brilho

Prá " nois " cozinhar o milho

E " ispiá " a fogueira bela

Lembre da farinha , e dos biliros

Compre feijão , arroz tudo no quilo

Mas só se for lá em Nivaldo e Vera

-Teu pai hoje vai ficar uma fera

Pelas compras que não trouxestes

Não sei por que tanto esqueces

Da Cachaça , e da Gamela

Lembra das ratoeiras prús ratos

Pois na rua já tem um boato

Que rato aqui é pilheria

Fala cochichando prá Vera

Que dessa vez vai ser no vale

Deus queira que o mês acabe

Essa dívida de jeito qualquer

Ainda , tá faltando tú comprar

A vassoura de palha prá limpar

E dois litros de querosene jacaré

Não diga nada a essa mulé

Que é a peste da vizinha

Essa santa quer pestinha

Dos " zuvidos " afinados

Pois o que a gente compra

E manda botar na conta

Não se fala que foi fiado

Pede sempre a seu Nivaldo

Um quartinho de misturada

D "aquelas bem preparadas

Prá teu pai pegar no sono

Pois chega todo nervoso

Não trouxe hoje nem os " Zovo "

E "nois " nesse abandono

Converse sempre com o dono

Compre três dedos de fumo

Depois vou lá e me arrumo

Se lembre também da mortadela

Jogue dois contos de Avestruz

Prá ver se me ajuda Jesus

Préu deixar de ser banguela

Vá ligeiro na rua amarela

Traga a minha de chapa de dente

Prá ver se eu fico contente

Feito um passarinho fora da tela

Na volta Compre lá duas amarrafas

De vinho quentinho duas garrafas

Não esqueça a sentinela

Cuidado ao atravessar a pinguela

Que tá muito escorregadia

Não estrague nunca a alegria

Da Barão Itamaracá , que tá bela

Da sorte traga dez ou doze balas

Prá ver se " nois " enrica ou embala

Sorte é na venda de Nivaldo e Vera

Encha no peito e a titela

Fale grosso com dinheiro

E os pavios do candeeiros

Prá " nois " acender na janela

Tenha a eles sempre gratidão

Pois quem tem bom coração

Só nesse rosário é Nivaldo e Vera

Poeta Verí

Do país de Caruaru-PE

MAI / 2023