🔴 A capivara soberba Filó
Sábado, 29, fui surpreendido com algo que parecia mais importante que a PL 2630, que as CPIs, que os pedidos de impeachment etc: o caso da capivara Filó. Não tenho expertise para opinar em nenhum caso, muito menos em questões ambientais. A Luisa Mell e o IBAMA já se deram muito mal, portanto eu não vou me arriscar.
Esse exemplar do mamífero foi adotado pelo ribeirinho Agenor. A partir daí, a vida do simpático bichinho, que ganhou o nome de Filó, mudou: Filó nadava com seu melhor amigo, Agenor; Filó era vestida; se alimentava na mamadeira; era acariciada; etc. O bicho não demonstrava reação alguma, entretanto os inúmeros seguidores interpretaram sua fisionomia irônica como algo positivo.
Agenor Tupinambá é influenciador digital. Agora ele é um “influencer” com uma capivara de estimação. Isso rende audiência. Isso rende cliques. Isso rende dinheiro. Isso rende “atenções”. Isso rende sanções. Tudo isso rende repercussão. Tudo isso desemboca na imprensa.
Filó era uma estrela involuntária da internet;
Filó foi recolhida pelo IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis);
Filó passeou de avião;
Filó foi trancafiada numa jaula;
O caso ganhou relevância nas redes sociais;
Filó voltou para seu antigo dono; e
em todo esse périplo, o bicho manteve a expressão de quem não está nem aí.
Existem famílias do animal silvestre vivendo nas marginais Tietê e Pinheiros. Os animais disputam a paisagem urbana com pneus, garrafas pet, móveis velhos, esgoto e, às vezes, cadáveres. Acredito que o IBAMA já presenciou essa cena e nada fez.
Os gatos sempre levaram a fama de arrogantes, no entanto com meia dúzia de truques garantiam um prato de comida e um pires de leite. Por outro lado, a capivara conserva aquela imagem bucólica de, literalmente, bicho do mato. Entretanto, o roedor facilmente atropelado em avenidas da cidade, com sua inexpressiva fisionomia conquistou a audiência digital.
A capivara passa bem..., mas mantém a expressão “blasé”.