A BONDADE DO PAI - (Alterado e revisado)

CONVITE À ORAÇÃO 7

Evangelho de Jesus Cristo Segundo Mateus

“Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: Pedi e vos será dado! Procurai e achareis! Batei e a porta vos será aberta! Pois todo aquele pede, recebe; quem procura, encontra; e a quem bate a porta vos será aberta.”Mt 7, 7 e 8.

Evangelho de Jesus Cristo Segundo Mateus

Mateus 7,11 e 12: “Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai que está nos céus dará coisas boas aos que lhe pedirem! Tudo quanto quereis que os outros vos façam, fazei também a eles. Nisto consiste a Lei e os profetas.” Mt 7,11 e 12.

No texto de hoje, Jesus nos adverte da necessidade de nos movimentarmos em direção ao Altíssimo: solícitos, suplicantes, esperançosos em Sua infinita Misericórdia. Muito interessante esta passagem porque traz claramente uma desafio para o crente: você tem que fazer algo por si - mesmo que Deus tudo ponha para que o homem disponha, ainda haverá o que pedir, o que buscar, o que sofrer. Sim, este planeta, esta “terra prometida onde jorra leite e mel”, nela em se plantando tudo dá, é um planeta maravilhoso; de norte a sul, de leste a oeste, suas dimensões extraordinárias vencendo séculos, concederam-nos à humanidade energia em suas mais diversificadas formas e potencialidades. Milagre dos milagres é a vida neste planeta azul! Nosso mundo, nossa casa!

Dessa forma, Jesus vem nos falar da nossa relação com o Pai, da necessidade de uma relação mais íntima, como entre pessoas confiadas que se permitem aproximar uma das outras. Então, Ele decide nos ensinar a orar dizendo Pai Nosso. Fantástico! Creio que essa é a grande revolução da Boa Nova, pois o Deus Todo-Poderoso, apesar de Onipresente, Onisciente, O BOM, muitas vezes parecia distante aos olhos da grande maioria, mas Jesus manifestou a possibilidade de se estabelecer o Reino de Deus na terra sempre e desde a nossa adesão incondicional à vontade do PAI. Podemo-nos perguntar: o que seria o Reino de Deus? Muitas vezes, já o fizemos este questionamento, e outras questões surgiram como resposta: a construção do Reino de Deus é algo íntimo? Ou está relacionado com as práticas religiosas? Ou ainda é algo que se concretiza nas interações interpessoais, naturalmente, de forma a consumar o AMOR inefável de Deus em nossas vidas? Essas respostas disfarçadas de questões nos levaram a pensar e repensar, enfim, costumamos acolher a última delas como um alento; então, para nós, o Reino de Deus seria algo que se concretiza nas interações interpessoais, e intrapessoal, naturalmente, de forma a consumar o amor inefável de Deus Pai em nossas vidas.

PAI NOSSO

1. SANTIFICADO SEJA VOSSO NOME

2. VENHA A NÓS O VOSSO REINO

3. SEJA FEITA A VOSSA VONTADE

4.DAI-NOS O PÃO DE CADA DIA, HOJE

5.PERDOAI-NOS AS OFENSAS

6.NÃO NOS DEIXEIS CAIR EM TENTAÇÃO

7.LIVRAI-NOS DO MAL

No quadro acima, podemos verificar um simples esquema da oração do Pai Nosso, uma prece com sete pedidos: três para a glória de Deus e quatro para o nosso bem.

Voltemos à leitura do trecho do Evangelho, onde Mateus expõe que Jesus exorta o seguinte: deve-se fazer aos outros tudo quanto se quer que se faça consigo, e, diz que essa prática resume a Lei e os profetas. Bem, se o Reino de Deus se concretiza nas interações interpessoais/intrapessoais e, é também nas interações interpessoais/intrapessoais que se consuma o AMOR inefável do Pai para conosco, em nossas vidas, podemos dizer que o Reino de Deus se consolida nessas interações quando há boa vontade em relação à Palavra de Deus, ou pelo menos aos princípios que ai estão presentes. Vejamos: “Tudo quanto quereis que os outros vos façam, fazei também a eles. Nisto consiste a Lei e os profetas.”...A máxima trazida por Jesus não era novidade, Ele mesmo atesta que resume a Lei e os Profetas. A novidade desse discurso é Jesus, o Filho, que declara que ninguém será rechaçado, sempre e quando peça, busque e bata, pois são todos filhos do Altíssimo! A quem pedimos?! A quem nos dirigimos?! Claro, ao Pai. PAI NOSSO…Jesus sempre nos disse que não necessitamos de mediador. Isso soa estranho porque em muitas passagens Ele também nos diz ser o CAMINHO. Às vezes ficamos confusos com essas passagens e passamos horas meditando. Sim, Jesus é caminho, é livre acesso à Graça do Pai, é “roteiro” minucioso, é modelo perfeito, é itinerário seguro de caminhada rumo ao Pai! ”Segue-me”, diz o mestre, um chamamento à conversão, ao arrependimento, à expiação, à reparação das faltas cometidas em desfavor do próximo e de si próprio. Enfim, um chamamento à uma conduta que reflita uma convivência íntima com o Cristo que nos contém e no qual estamos contidos. Dentre as condutas que refletem tal intimidade, a mais enfática é a prática da CARIDADE, sendo o perdão a maior e mais importante expressão dessa prática. Então, quando Jesus diz na oração do Pai Nosso "Perdoai-nos as ofensas como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”, por favor, coloquemos bastante atenção nessa passagem, pois é grave!

Vejamos mais uma vez um trecho do Evangelho de hoje: “Tudo quanto quereis que os outros vos façam, fazei também a eles. Nisto consiste a Lei e os profetas.”. Está muito claro, não há lugar para dúvida: como posso me dignar a pedir algo em meu favor, se não me ponho a disposição para favorecer a outrem naquilo que precisa e me é possível? Como posso pedir perdão se não me digno a perdoar? Ainda em Mateus, no capítulo 18, Jesus conta a parábola do empregado mau, que tendo sido pelo patrão agraciado com o perdão de sua dívida, não soube obsequiar um companheiro de desdita com a mesma benevolência; posteriormente, sendo descoberta sua atitude desleal, o patrão, voltou atrás e resolveu lhe cobrar a dívida, mandando-lhe para a cadeia até que lhe restituísse o que lhe era devido. Transcrevemos parte dessa passagem, a seguir: ”E Jesus terminou dizendo: assim vos fará também o Pai, que está no céu, se não perdoardes sinceramente, cada um a seu irmão, as suas ofensas”. Mt 18,35. Fica subentendido que uma das prerrogativas para ser atendido quando das rogativas ao Pai celestial é atender à sua orientação básica: “Tudo quanto quereis que os outros vos façam, fazei também a eles.” Percebemos que exercer a alteridade é um princípio básico. Não há cristianismo sem alteridade, ainda que possa haver alteridade sem cristianismo. Sim; porque para ser cristão há de se perceber cristão, há de se entender cristão, há de se revelar cristão, e a prerrogativa para tanto é ter Jesus Cristo como Mestre, Guia, Modelo, Caminho, Verdade, Salvador. E para tanto não haverá necessidade de se buscar um Jesus Cristo místico, pois o Jesus mestre nós o encontramos com os apóstolos e seus discípulos; o Jesus salvador nós o encontramos nas curas toda sorte de enfermidades físicas e espirituais; o Jesus guia nós o encontramos nas parábolas como da figueira, do filho pródigo, do semeador etc.; o Jesus verdade nós o encontramos no templo - estudando com os mestres ou nas pregações pelas montanhas e praias durante aqueles três anos; o Jesus modelo, este nós o encontramos a caminho da cruz, desde o seu nascimento até o dia derradeiro…

É o Jesus histórico que nos ensina a pedir ao Pai que “não nos deixe cair em tentação” e “que nos livre do mal”. Atentemos que foi dito: “Pois todo aquele pede, recebe; quem procura, encontra; e a quem bate a porta vos será aberta.” Assim, é muito importante que se ponha atenção ao que se pede, ao que se procura, e em que porta se bate. Já ouvimos falar: cuidado com o que pede! Isso porque algumas vezes as pessoas desejam coisas que não são sadias, ou não são adequadas, podem ter relação com vícios ou ilicitudes, ou simplesmente ser algo esdrúxulo, ou algo que poderá acarretar-lhe dissabores no futuro.

Também, foi dito: “Ora, se vós, que sois maus…”, palavras duras, não?! Jesus um coração manso e humilde não diria algo assim à toa. Já ouviram a expressão “tapar o sol com a peneira”? Então, Jesus não era esse tipo de cara. Não fazia essas coisas. Ele gostava de deixar tudo claro! A quem se dirige Jesus quando diz “vós que sois maus”? E por que acham que se refere assim a essas pessoas? Segundo Epicteto - um filósofo estoico:

“(...) não é somente o desejo por riqueza e status que nos degrada e subjuga, mas também o desejo por paz, tempo livre, viagens e aprendizado. Não importa qual seja o objeto externo, o valor que atribuímos a ele subjuga… onde colocamos nosso coração, ali se encontra nosso impedimento.” (in Discursos)

Trazendo para nossa reflexão essas palavras de Epicteto, consideramos pelo que foi dito que aquilo que desejamos nos deixa vulneráveis, não pela coisa em si mesma, mas pela ansiedade ou ilusão que nos causa ou pode causar-nos, pois a intervenção do destino é sempre possível, ao que provavelmente sucumbiremos e perderemos o autocontrole. Exatamente nesse ponto, quando perdemos o autocontrole, surge o “mal” em nós: o mal, o desequilíbrio ante as leis da natureza, ante as leis do Criador que é todo Bondade e Harmonia. Também Diógenes - filósofo cínico -, sobre este assunto, certa vez disse: “É privilégio de deuses não querer nada e de homens divinos o querer pouco.”; sem embargo, , Jesus em Sua exortação nos diz: “Pedi (...) batei (...) buscai (...) Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai que está nos céus dará coisas boas aos que lhe pedirem!”. Ele, Jesus, assim nos fala para nos encorajar a intimidade com o Pai, no entanto, isso não significa que sejamos como um filho impertinente a insistir em petições inadequadas e pouco dignas, a tratar as questões de sua vida como roleta russa, ou a colocar-se como mendigo das Graças de Deus quando, na verdade somos filhos muitíssimo amados que temos desde sempre bebido da fonte da Água Viva!

Santa Faustina, uma mística da Igreja católica, canonizada pelo Papa João Paulo II, em seu Diário, no parágrafo 1076, registra as seguintes palavras de Jesus Misericordioso:

"Escreve: Tudo que existe está encerrado nas entranhas da minha Misericórdia, de uma forma mais profunda que a criança no ventre de sua mãe. Quanta dor me causa a falta de confiança em minha bondade! Os pecados que me ferem mais são as desconfianças."

Estas palavras advindas de uma experiência mística, são-nos muito caras porque falam de uma grande verdade: TUDO QUE EXISTE NESTE PLANETA ESTÁ ENCERRADO NA IMENSA MISERICÓRDIA DE DEUS! NÃO HÁ CAMINHO SENÃO O AMOR! FORA DA CARIDADE NÃO HÁ SALVAÇÃO! VIVER É SINÔNIMO DE AMAR! JESUS É O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA!

Amém.