Anatomia política do detalhe
O corpo dócil é formado pelas técnicas de disciplina estabelecidas pela arte das distribuições espaciais, controle da atividade regular, organização das gêneses cronológicas e composição das forças em combinação. Para isso, a disciplina cria técnicas e encobre o corpo social através de variadas instituições, como o exército (polícia), a escola (pedagogo), o hospital, a fábrica, convento.
O corpo dócil é um novo tipo de elemento compreendido pela sociedade capitalista em desenvolvimento, um tipo que remonta aos manuais do século XVII sobre a figura ideal do corpo do soldado através dos detalhes de sua postura, da separação milimétrica de cada imperativo de movimentação e estática e do pedagogo, atrvés de divisão em séries, em turmas, tempo, atividades, disciplinas e també, sindicâncias, inspeções e atividades correcionais para manter a ordem e disciplina institucional.
Chamamos de disciplinas o nome dos métodos que permitem controle minucioso das operações do corpo e o impõe constante assujeitamento a uma relação de docilidade-utilidade. O corpo dócil é um corpo útil e disciplinado, acima de tudo, produtivo. Os conventos, exércitos e oficinas são locais antigos de aplicação de métodos disciplinares, mas, no decorrer dos séculos XVII e XVIII, se tornaram “fórmulas gerais de dominação” (Michel Foucault).
As disciplinas que atacaram e constituem os corpos dóceis é entender como esses elementos foram parte de uma mudança do regime punitivo, no limiar da época contemporânea, ao regime disciplinar, que opera nas instituições disciplinares e o corpo é visto em detalhe, como vasto território a ser explorado, controlado e constituído. Marcada pelo poder a disciplina é uma anatomia política do detalhe.