A escola de Nietzsche

     O doutor da cultura, como se definia, pensava que duas tendências opostas dominavam as realidades educacionais naqueles anos: por um lado, a tendência "para a extensão máxima da cultura" e, por outro lado, "a tendência para diminuí-la e enfraquecê-la". Para Nietzsche, a segunda tendência, o enfraquecimento da cultura por meio de sua extensão, é efeito da primeira: a educação de massa. Tão interessante quanto a própria tese de Nietzsche e seus preconceitos culturais de fundo aristocrático, acaba sendo sua análise dos procedimentos pelos quais ocorre o enfraquecimento da cultura na sociedade de massa. Trata-se da combinação entre divisão do trabalho e especialização no campo da ciência e do conhecimento, uma ciência que devora suas criaturas como um "vampiro", como ocorre no mundo do trabalho braçal. O ensino superior, na opinião de Nietzsche, acabou se transformando em uma fábrica de produção de profissionais capazes de praticar a "fidelidade ao detalhe" ou "garoto de recados", pessoas sem a menor possibilidade de opinar com qualificação sobre qualquer assunto que extrapolam sua reduzida esfera de atuação, por exemplo, incapazes de opinar no campo dos problemas da cultura e da cidadania, muito menos problematizar seus cotidianos. 

     A oposição entre os "servidores do óbvio", que declaram que tudo vai bem e os prisioneiros solitários de sua própria lucidez incomunicável e designarão aquele lugar como o dos combatentes, aqueles que estão cheios de esperança. Portanto, como diz um dos personagens fictícios que Nietzsche criou para organizar essas conferências: "Você queria, professor, me dar esperança ..." e, portanto, "minha compreensão aumentou ... minha força e minha coragem" , força e valor que deve ser um estímulo para imaginarmos novas formas de extensão do ensino superior que não fragilizem a cultura. 

 

REFERÊNCIAS

NIETZSCHE, F. Escritos sobre Educação. Tradução de Noéli Correia de Melo Sobrinho. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio/São Paulo: Loyola, 2004. DIAS, Rosa Maria. Cultura e Educação no Pensamento de Nietzsche. In: Impulso, Piracicaba, v. 12, n. 28, p. 33-40, 2001.

LucianaFranKlin
Enviado por LucianaFranKlin em 08/02/2023
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