Não sou digno

Nos tempos em que Jesus Cristo andava entre os homens, havia em uma querência um pai que tinha dois filhos homens. O mais velho exímio cantor, musico e poeta que vivia sendo convidado pra animar as festas dos reis e governadores locais e o mais novo, que cuidava da criação, da plantação e de toda a fazenda. O pai pensava em seu coração:- esse meu filho mais velho já tem sua história traçada, depois de sua velhice e morte muitos ainda se lembrarão dele e de suas canções por muitos e muitos anos suas canções ainda ecoarão ao passo que este meu filho mais novo, que apenas cuida do animais e da fazenda, quando findar o seu tempo, já terão esquecido dele.

O filho mais novo era obediente e muito caprichoso. Logo que atingiu a idade foi recrutado para servir nas legiões romanas que naquela época invadia e conquistava os povos vizinhos em toda Europa.

Por ser de boa índole, extremamente obediente e honesto, em pouco tempo galgou a posição de CENTURIÃO ROMANO. CENTURIÃO como o nome já diz é o comandante de 100 soldados.

Este posto dava a ele além das responsabilidades, um salário maior, uma boa casa e alguns escravos. Ele por ser de bom coração não tinha seus serviçais como escravos mas como amigos. Isso fez com que ele se afeiçoasse muito ao empregado que o servia diariamente na casa. Ocorreu então que esse senhor ficou muito doente e os médicos que ele trouxe para curá-lo não deram conta do serviço.

Assim foi que ele ficou sabendo de uma pessoa que tinha um grande poder de cura. Mas teria que viajar dois ou três dias para encontrá-lo. Então encilhou seu cavalo, pegou mantimentos e água pois teria que atravessar uma parte deserta e foi procurar uma cura para o seu amigo/escravo. Ele teria de atravessar uma região conquistada, onde as pessoas tinham ódio pelos romanos e por onde ele passava ouvia ameaças e maldições daquele povo que ansiava em lhe cortar a garganta. Só não faziam isso devido ao medo da retaliação pois onde matassem um soldado romano, as legiões invadiam e matavam todos.

Então em uma tarde avistou aquele que curava as pessoas em meio a uma porção de gente que lhe falavam e pediam curas. Ele então aproximou-se e disse: - Meu empregado está muito doente, já tentei de tudo para salva-lo mas ouvi falar do senhor e vim aqui lhe pedir um a cura pois gosto muito dele. Todos acharam estranho tanta consideração pois os empregados são descartáveis para os oficiais romanos. Então o homem lhe respondeu: - vamos até ele!

O centurião lhe disse: Senhor, eu tenho sobre minhas ordens muitos homens. E digo para eles ide e fazei isto. E eles vão. Vós também possuís autoridade e se disseres uma só palavra meu servo será curado!

Hoje ninguém mais se lembra das canções daquele filho poeta, mas estas palavras do centurião são repetidas em todos os cantos do mundo a toda hora em todas as línguas, durante milhares de missas celebradas diariamente.

(Adaptado do livro lendas do povo de Deus do professor Júlio Cezar de Melo e Souza conhecido como MALBA TAHAN)