O POVO DA BARCA - MODIFICADA
Mc 3, 7-12. CONVITE À ORAÇÃO 5 -
Jesus pregava à multidão , desde a barca, no mar da Galileia. O fato de a multidão seguir a Jesus em suas pregações já não nos chama atenção, pois isso é lugar comum nos textos dos quatro evangelistas; também, o fato de Jesus estar pregando à margem do Mar da Galileia não surpreende, pois, durante quase todo o seu ministério, por aquelas paragens se deslocava - ali encontrou e escolheu seus apóstolos. Mas nesses versículos encontramos ensejo para meditar tanto sobre NOSSA PERSPECTIVA - a questão do olhar- quanto sobre a NOSSA EXPECTATIVA - a questão do esperar. Conta Marcos que Jesus, ante a multidão maravilhada com Sua Presença Santificante e ávida por mais e mais manifestações de Sua Glória - pediu a Pedro uma barca e adentrou ao Mar, e só então começou a pregar.
No texto, Marcos nos diz que enquanto estava junto à multidão, Jesus operou muitas curas, que os enfermos se jogavam sobre Ele para apenas tocá-lo no intuito de se curar, e que os espíritos reconheciam Sua Glória. Vejamos: a Sua Santidade é incontestável; o fato de Ele estar presente, por si só, significa PURIFICAÇÃO e, de acordo com as Leis de Deus, "tocava/toca" tudo que está a Seu redor. Mas Ele pede uma "barca" e adentra o "mar". Podemos perceber que nesse momento passa a existir um "espaço" entre Ele e a multidão que fica à margem.
Na simbologia dos textos bíblicos, a palavra "mar" significa o mundo, e a palavra "barca", a Igreja. E a margem, que poderia significar?
Se, numa tentativa de interpretação, propusermos considerar esse movimento de adentrar o mar, como também o de estar à beira da praia, poderíamos dizer que Jesus didaticamente ensinava que buscava a profundidade e repelia a superficialidade das coisas; também, orientava a multidão para o exercício do "olhar", no intuito de levá-la a procurar "enxergar mais longe", não focar no que é imediato, mas compreender as verdades e consequências do AMOR, verificar a importância da participação efetiva na comunidade, o compromisso. Enfim, aquelas pessoas que estavam ali somente em busca de auxílio para suas necessidades imediatas poderiam desenvolver uma perspectiva mais dinâmica acolhendo as demandas do Evangelho e praticando sua Verdade com abnegação e resignação à vontade de Deus, o que é bem diferente de conformismo ou comiseração. A barca era o instrumento de trabalho dos pescadores, dos apóstolos - antes pescadores de peixes no Mar da Galileia, então pescadores de homens. Jesus iniciou seu ministério convidando esses homens simples para acompanhá-lo e pregava à multidão, desde a barca, no Mar da Galileia.
Nos templos, nas casas dos pescadores, no campo... circunscrito às dimensões de uma barca que flutuava no Mar da Galileia, o mundo viu o prenúncio da mais maravilhosa e poderosa viagem: a Igreja de Cristo - seus princípios, lançados desde uma montanha; sua pedra fundamental, fixada num madeiro!...
SALVADOR DO MUNDO, SALVAI-NOS!