EM TEMPO DE NUVENS ARTIFICIAIS, BREVE PASSEIO PELO PLANO EXISTENCIAL FÍSICO

Cá, os pés despidos atritam nas areias lavadas das praias ribeirinhas.

A pele se entrega à brisa e harmonia dos rios, lagos, lagoas, cachoeiras.

Os ouvidos estão na frequência sonora de bichos, aves, folhas e ventania.

Nas manhãs e tardes, o sol triunfa; à noite, lua e estrelas expõem fulgor.

Noutro plano, google meet, zoom, youtube, falas digitais, nuvens virtuais.

Telas de notebook, celulares, vídeos, imagens, incursões cibernéticas.

Inteligências artificiais, internet, skype, teams, conexões informáticas.

Senhas, hiperlinks, sinais, e-mails, canais, sites, redes sociais.

Breve pausa na incursão internauta e em suas Comunidades e Grupos.

O interagir presencial rende-se aos notívagos e a sinfonia da fauna e flora.

Há um céu, com suas diversas moradas, e o olhar se esvai no infinito.

Um corpo se recompõe e o cérebro vai se despindo de conteúdos clichês.

No pacote da era da comunicação não disponibilizaram o antídoto,

Para vigiar e desopilar o acúmulo de referenciais desnudos de essência.

Não acautelaram sobre o ópio viciante na busca do tudo e do nada.

Há raros médicos e auxiliares no plantão, eles também estão conectados.

Derrogaram a minha intimidade sob a evasiva do moderno inadiável.

Acondicionaram, sem vênia, todos os meus dados pessoais na nuvem.

Ela não é passageira, mas virtual, invisível e com atuação à espreita.

Os downloads trarão de volta crimes, mas também os sigilos da profissão.

Penitencio, não deter a velocidade de softwares e práticas informáticas.

Urge descer, antes de se perder o fôlego e do eixo da terra se alinhar.

Renuncio às tsunamis de fake news, nudes, escritos inoportunos.

O que se busca é o afeto de pessoas antes de cumprimentos robotizados.

Situo na retaguarda constante dos humanos no estandarte da automação.

Confidencio, que o chip na pele, resguardando a segurança por satélites,

É o mesmo que suprime a minha garantia de liberdade ou de privacidade.

Todavia, ainda é menos invasivo que o celular nosso de cada dia,

Com bons dias autômatos no Instagram ou WhatsApp no afã de feedback.

Aversão, sim, à neofobia, amiúde contra o avanço científico, ético e moral.

A internet é a maior biblioteca, não tão fiel quanto aquela da Alexandria.

Aqui, segue o mesmo navegante vanguardista das conexões presenciais.

Incauto inclusionista da espécie humana antes dos computadores,

Cônscio, de que as máquinas vieram para servir antes de dominar ou excluir.

Me. Zilmar Wolney Aires Filho

Zilmar Wolney Aires Filho
Enviado por Zilmar Wolney Aires Filho em 08/01/2023
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