COMO NOS VELHOS TEMPOS!
*Por Antônio F. Bispo
Quer tornar a imagem de um deus em uma figura ainda mais patética, vil e caricata do que comumente costuma ser?
O segredo é simples: envolva-o em suas disputas pessoais e políticas, em seu “sucesso” financeiro ou melhor ainda, torne-o mascote do seu time esportivo predileto!
Essa receita nunca falha, afinal, é pra isso que eles servem, não é mesmo?
Deus nenhum prevalece onde a razão, a inteligência e a sobriedade habitam e nem no lugar em que a cooperação mutua faz parte da rotina diária dos indivíduos.
É preciso estar cheio de medo, de inveja, de ganancia, de ira, de arrogância e tantas outras birras infantis para entregar tudo aos deuses, aos seus ungidos ou ao seus profetas.
Em outros casos, é preciso estar sob a mira de uma arma ou inserido numa constituição supostamente teocrática e “laicamente evangélica” para servir a deus de “livre e espontânea vontade”.
É impossível haver paz e equilíbrio nas regiões habitadas pelos deuses ou em qualquer lugar em que este nome ou ideia seja usada como estandarte entre os guias do povo.
A mente pobre ou cativa dos que buscam o escapismo e a negação da realidade como única forma de gerenciar a própria vida ou entender o mundo que os cerca, este é o lugar ideal para que os deuses façam morada.
“Entregue tudo ao Senhor, confie nele e ele tudo fará” (SL 37.5)!
O Salmista esqueceu de frisar: “E se ele não fizer, bloquei estradas, infernize a vida alheia, monte acampamento nas portas dos quarteis, faça-se de lesado ou se tiver condições fuja para os EUA para não ser preso”!
Quem sabe nas próximas alterações canônicas sejam feitos tais acréscimos!
Ai, ai...É tão triste ver o “diabo” vencendo o “povo de deus”, não é mesmo? Ou será que não? Depende apenas de quão infantilizada seja sua forma de ver o mundo.
Que coisa...Tantas profecias, tantos cânticos, quantas orações e quantas “bênçãos apostólicas” autorizando, ordenando ou impondo a vitória do mito...
Nada, absolutamente nada (na cabeça de um lunático) faria crer que o “povo de deus”, as “pessoas de bem” e os “políticos honestos” que circundavam a figura presidencial, tivessem tido outro resultado senão a vitória esmagadora, afinal, “operando deus, quem impedirá?” Ou “se deus é por nós, quem será contra nós...?”
Xiiii....A coisa ficou feia! O “deus dos crentes”, o todo poderoso que jamais perde uma batalha, perdeu feiamente, dessa vez para “comunistas e petistas”.
O “bandido” subiu a rampa, o “todes” voltou a ser usado e a mamadeira de piroca está sendo preparada para distribuição em larga escala em algum ponto geográfico na cabeça dos mais abilolados.
Que vergonha, que humilhação...Deus foi humilhado dessa vez, viu? O coisa ruim levou vantagem, mesmo diante de tanta “preparação espiritual” do povo santo e a “mídia honesta” perdeu para a “mídia lixo”. Os passadores de panos oficiais estão fugindo, criando uma nova versão dos fatos passados e os mais ousados entre eles (terroristas?) estão sendo presos.
Nem os 5 maiores “ungidos” de nossa nação, junto com outra “cambada” pastores que impunham à força o voto de cabestro conseguiram livrar deus e o seu povo de tal vexame.
Na verdade, creio que estes foram os principais responsáveis por tal derrocada.
A palavra Deus ficou tão desgastado na boca ou por meio desse povo, que esse vocábulo ao ser pronunciada por uma “cidadão de bem”, uma “pessoa de deus” ou alguém usando as cores da pátria chegava a causar ânsias de vômito em boa parte dos ouvintes. Se eles não abusassem tanto desse nome do seu suposto poder, a humilhação seria bem menor.
Se tivessem feito “tendas e não contendas” durante os 4 anos inteiros; se não tivessem atacado e menosprezado tanto a impressa; negado a pandemia; zombado dos mortos e dos que agonizavam no leito de dor; se não tivessem traído logo nos primeiros dias os mais importantes apoiadores políticos e influenciadores digitais que serviram de base para a eleição anterior; se o “mito” tivesse trabalhado de verdade ao invés de estar em frivolidades semanais ou se evitasse a recepção diária e vãs adoração do povo do idolatra do cercadinho, essa situação seria diferente.
Os passadores de pano inflaram o ego dele que o fez afundar no oceano de grosserias e lá repousar na profundidade do esquecimento e humilhação.
Mas é assim mesmo: cada um tem a plateia que merece!
Abelhas gostam de flores. Urubus de carniça. Moscas gostam de fezes e por ai vai...Costumamos atrair parte daquilo que emitimos ou somos.
Pois bem... não dá pra se esperar muito de quem se deixa envolver demais com deus ou com o seu povo.
Se deixar levar pelos que são “guiados por deus” é o mesmo que se pôr no caminho do abismo! Sempre foi assim e assim sempre será!
No caminho da perdição sempre encontrarás alguém ocultando seus defeitos e dimensionando suas qualidades em troca de favores pessoais.
Retrato típico daqueles que se escondem atrás da ideia do sagrado para aumentar a própria lucratividade e poder em nome do imaterial, implausível e improvável.
Em certos casos, o efeito da “influencia divina” é pior do que o uso constante de entorpecentes ou envolvimento com o crime organizado.
Na maioria das vezes é um caminho sem volta, cujo resultado final pode ser o manicômio, uma vida de paranoia ou de ataque e desprezo pelos valores sociais reais em detrimento de uma busca de um objetivo inalcançável.
Uma vida envolta em “guerra santa”, de “batalhas espirituais” e de “intervenções milagrosas” para justificar um número sem fins de atitudes imbecis, egocêntricas e desordenadas, que levam os seus integrantes a um estado constante de retardo mental: esse é o meio para a debilidade civil efracasso social como um todo.
Só deus mesmo...!
Digo isso na forma literal de ser. Na forma antiga de pensar, no modo primitivo de ver deus segundo os povos do Antigo Testamento e de outras tribos, cujo destino final dependia do deus “perdedor ou vencedor”.
Nos dias atuais e em nossa “nação laica”, se demorasse mais um pouquinho, teríamos de anular da bíblia o novo testamento, inclusive todas as palavras de Jesus para dar continuidade ao velho, começando pelo livro de Malaquias, enfatizando a parte que diz para trazer dinheiro para a “casa de deus” e a que exalta a submissão irrestrita aos líderes religiosos, políticos e militares do povo.
Como não há na bíblia um cronograma lógico de como os livros foram “encadernados” sem exigir ou ter certeza da integridade dos fatos, tempo e espaço físico entre eles, essa nova trupe poderia facilmente acrescentar vários outros escritos atuais, inspirados na veneração ao Jair e imposição real desse novo ídolo entre os crentes (como fora no passado).
Quem sabe, depois dos livros dos Reis ou dos Juízes fosse inserido o “Livro do Mito”, “A conquista dos Assembleianos”, o “Livro da devassidão dos crentes” ou o Evangelho segundo Silas”.
“Jesus, o Pistoleiro” também soaria bem caso quisessem mantê-lo como subalterno do capitão Jair.
As “Cornociatas”, o “Gado Patriota”, o “Livros dos Panos”, os Patriotários” e os “Abilolados de Porta de Quartel” seriam os apócrifos que a igreja lutaria para esconder, combatendo-os com veemência. O conteúdo de tais escritos poderia até ser até o mesmo, só que contado de forma jocosa e por isso mal vista pelo novo concílio.
Constantino, assim como no passado seria também uma pessoa de influência pois vira escrito nos céus (ou na testa do messias) o XPTO, teria virado conservador e dito ao povo: “Com esse símbolo (mito) venceremos...”
Como a história é passível de repetição! Seria cômico se não fosse trágico.
Caso desconheçam o que digo quanto ao “messianismo de buteco” e o que em nome de uma “causa santa” as pessoas são capazes de fazer, vejam com atenção como era descrito a figura de Deus no V.T. segundo o próprio “povo de deus” (está na bíblia).
De acordo com esses que também pensavam em livrar o mundo do “comunismo” de sua época, Deus era um ser monstruoso que guiava os seus em combates violentos e incessantes em busca das coisas mais fúteis e imbecis que alguém poderia imaginar, a exemplo de guiar Davi para matar 200 homens e arranca-lhes a pele do pênis como troféu ou mandar duas ursas destruir 42 crianças por ter chamado o seu servo Elizeu de calvo, fora tantas outras bobagens.
Obedecer a deus era se lançar à morte ou a matança. Conquistar um lugares distantes às custa de muito sangue para depois abandoná-lo à ermo, ou fazer rituais inescrupulosos envolvendo a dor e o sofrimento dos mais fracos e indefesos.
Como nos dias atuais, “deus” vencia quando o seu povo vencia. A vitória de deus era a vitória de seu povo e vice-versa.
Quando o povo perdia o deus daquele povo era envergonhado. Sendo assim, um culpado tinha de ser rapidamente localizado para servir de bode expiatório.
Um dos casos mais vergonhoso foi o de Acã (escrevi um texto exclusivo sobre isso ano passado).
Por ele ter trazido como espólio do acampamento inimigo uma cunha de ouro, uma jaqueta de couro e outros pertences de menor valor, foi atribuído a ele a derrota do povo no dia do combate.
Dizem que deus se “enfraqueceu” com esses pertences pagão”, desse modo não conseguiu lutar junto ao seu povo e por isso todos perderam a batalha e foram humilhados,
Como penalidade, ele e toda sua família foram mortos, fazendo com que toda a “culpa” fosse expiada e no próximo combate eles seriam vitoriosos, já que o pecado ou pecador haviam sido extirpado dentre eles.
Era sempre assim: diante da vitória, o responsável era sempre Deus, o sacerdote ou algum “herói” por ele determinado.
Caso derrotados, uma virgem, animais ou pessoas deveriam pagar a conta sendo mortos ou alimentos deveriam ser queimados para que a ira de deus fosse aplacada e a gloria reestabelecida.
Ainda muito antes que o primeiro “brizado entre os homens” cheirasse alguma coisa pra ficar doidão ou agir de forma alucinada, os deuses ficavam “coisado”, cheirando a carnificina de oferenda diversas, inclusive dos seu próprios adoradores.
Tendo em vista que tais fatos (bíblicos) ocorreram (?) entre 3 e 5 mil anos atrás, seria justificável tal mentalidade dos fanáticos, já que todos os povos ao redor se comportava de igual modo.
Porém, tal comportamento nos dias de hoje é inadmissível, até por que temos exemplos de potencias mundiais que estão se dando muito bem “sem deus”, seus profetas e ungidos.
Há em nosso mundo modernos, nações que há quase 1 século tem abandonado seus ritos primitivos de culto e sua forma medíocre (egocêntrica, infantil) de ver a política. As sociedades deles estão prosperando, pois dão espaço ao diálogo e as conversas multilaterais para resolver conflitos internos e externos. Tem dado certo e tem sido um exemplo funcional para quem quiser enxergar, mesmo não tendo coragem (honestidade) para assumir.
É preciso estar condicionado, ser muito babaca, mal intencionado ou muito medíocre para envolver Deus num assunto tão sério quanto a política e a real soluções de problemas sociais.
Se deus (ou deuses) permanecem no Olimpo, no Horebe, em alguma caverna ou na mente dos fiéis, isso não será problema algum para quem quer que seja.
Porém, toda vez que eles descem e passam a viver entre os homens, a vigarice, a loucura a maldade e a falta de honra começa a surgir entre todos. O pilantra será sempre visto como um mestre e um verdadeiro sábio como um ser demoníaco quando os deuses dominam.
A receita para fazer “falir” qualquer divindade é pô-la na boca de gente porca e de caráter duplo. Isso foi feito de forma massiva ultimamente.
A segunda melhor maneira é chama-los para ser árbitro de suas disputas ou assistente em sua plateia.
Quando se chega a este nível um dos dois deverá ser reconstruído: ou a sanidade do fiel ou os supostos poderes da divindade.
Na maioria dos casos ambos serão remasterizados para que algo pior ou melhor aconteça.
Conhecendo um pouco os “fatos” bíblicos e como esse comportamento doentio pode ser replicado, digo que a melhor opção a ser feita é a reintrodução humanismo ou algo mais nobre. Me refiro ao fato (ato) de chamar os homens (humanos) para assumirem seus papeis como causador e mantenedor dos males que alegam vir do mundo espiritual.
O mal que fazemos ou o bem que deveria ser feito, isso é de responsabilidade nossa, não dos deuses. Cada vez que isso é entendido, um povo volta andar seguramente nos trilhos.
Não digo toda humanidade em si, pois isso levaria séculos ou milênios, porém, se houver pelo menos um grupo pequeno como farol, isso já é muita coisa.
Se a vida é um jogo, a fase religiosa é mais infantil, porém a mais difícil de todas, pois não existe uma idade mental para isso. Alguns nunca sairão desta etapa.
Se queres realmente eliminar os crápulas da sociedade, devemos começar jogando luz aos que se escondem atrás de uma bíblia, de um deus ou de um símbolo sagrado qualquer.
É na “luz da palavra de deus” que reside a pior escuridão da alma humana.
Enquanto os deuses não forem vistos ou enquanto eles não citarem de forma clara e coletiva suas ordens, todos os que dizem falar em nome deles deve ser mantido sob suspeita.
Em certos casos, a vida começa quando a fé termina...
Não permitamos que sejam ressuscitados nas sociedades atuais os deuses do passado.
Que eles repousem eternamente nos livros e nos ritos dos que por eles ou em nome deles foram mortos.
Quando não houver mais “batalha espiritual ocorrendo nos lugares celestiais”, a mente de um lunático poderá repousar em paz e por consequência, estará seguro todos os que ao redor destes estiverem.
Se não desejas que o seu deus seja exposto, vencido e humilhado, aconselho-te que deixe-o vivendo apenas em sua mente e sua crença pessoal. Ao trazê-lo para o mundo real, ele poderá ser vencido, desmistificado e esquecido.
Pensem bem antes de envolver o seu deus em coisa série ou em disputas triviais. Eles só vencem batalhas no universo folclórico.
Passem bem! Revejam Seus Conceitos. Saúde e Sanidade à Todos!
Texto escrito em 8/1/23
*Antônio F. Bispo é graduando em jornalismo, Bacharel em Teologia, estudante de religiões e filosofia.