JOGO DE DESINTERESSE
Eu sinto que estou deixando de ser interessante para você. Estaria eu enganado ou eu posso nunca ter exercido esse papel dentro dos seus dias e você me colocou em uma posição para me fazer acreditar que teria um mínimo de importância para a sua existência? A sua boca não fala, mas os seus sinais o delatam: o abraço frio e sem ternura, o bom dia/boa noite só por educação, carinho cada vez mais ausente, a cama que já não esquenta...
Eu não consigo usar essa sua régua para medir um pequeno espaço que me caiba na sua vida. Tá apertado demais, machuca o dedinho e gera um incômodo terrivelmente desconfortante (repito INCÔMODO TERRIVELMENTE DESCONFORTANTE) e eu preciso escapar dessa posição, preciso respirar, preciso sentir, preciso viver; não por ti, mas em favor de mim.
Seu mundo não me cabe e não há uma razão forte o bastante para eu me espremer ridiculamente para caber nele. Conformo-me a muito custo a criar o meu próprio espaço, onde eu caiba com folga, onde eu não precise disputar espaço, onde eu respire com liberdade, onde o meu sapato não me aperto o calcanhar, onde eu, embora sozinho, consiga ser/ter uma versão completa de mim.