CAIXA UM

( Celso Ferruda)

Era uma sexta-feira ao entardecer e após o trabalho dois senhores foram até um grande supermercado da sua cidade. Enquanto um ficou no carro, outro dirigiu-se até os caixas eletrônicos existentes no interior da loja para pagar algumas contas e obter um pouco de dinheiro em mãos.

Feito isto, adentrou entre as prateleiras do supermercado afim de comprar alguns mantimentos: verduras, carnes e água. Entre a mais de dezena de caixas atendendo, aquele senhor escolheu o caixa número um para passar suas compras. Outro senhor estava à sua frente passando também as compras, enquanto o outro que vinha atrás, que atento o que se passará, e vagarosamente ia acrescendo outras, para adiantar o trabalho e sair logo do supermercado e ir de volta para sua casa. Mas algo curioso passou acontecer entre o cidadão que estava à frente e a menina jovem e loira que estava sentada no caixa, cumprindo sua missão.

Já com todas as compras devidamente passadas, o simpático senhor, apontou o dedo para a menina e assim se expressou:" eu no passado trabalhava em uma farmácia, era meu ganha pão". Certo dia, adentrou um jovem desconhecido por volta do meio dia e pediu se eu ganhara bem na farmácia. Prontamente lhe disse que dava para viver. Logo retirou-se do estabelecimento, voltando novamente na parte da tarde por volta das dezoito horas e apontou para mim e disse: - vejo que o senhor não está feliz e satisfeito trabalhando aqui. Em seguida lhe formulou uma pergunta: - o senhor quer ser feliz?..uma pergunta óbvia, uma pausa, depois seguiu: - vai estudar, só assim o senhor será feliz. De fato, era cansativo trabalhar na farmácia de domingo a domingo. Então foi refletindo sobre, e quatro dias depois do episódio da farmácia, aquele homem decidiu que voltaria a estudar. Mais tarde formado em mecânica, tornou-se encarregado, trabalhando por trinta anos, na mesma empresa de renome, e mais tarde, diante a sua aposentadoria, quando menos esperava, viu que seu sucesso, em sua trajetória foi tão belo, tão imenso, que ao entardecer da vida, Deus o promoveu e o coroou com a própria empresa. E olhando para a menina do caixa um, ela já de olhos brilhando, e atenta, também lhe disse: "menina, você também tem que estudar mais, para sair deste trabalho que não lhe permite finais de semana, não lhe permite curtir a vida como deve ser, Deus tem uma proposta de vida linda para você!" E recolhendo as compras aquele homem deu um adeus e uma lágrima da menina caiu por sobre a esteira onde passavam as compras...

Então pergunto: por que as vezes duvidamos tanto de Deus?

Por que as vezes alguém tem que apontar o dedo no nariz da gente para nos acordar e ainda, muitas vezes ficamos de cara virada por estarem se metendo em nossas vidas?

Tudo isso não faria parte de um plano maior de Deus, para conosco, para obtermos sucesso?...

Até quando vamos insistir em deŕramar lágrimas, por ficar ali sentados, nos conformando ver o povo passar de carrinhos abarrotados?