TENTEI COMPÔR UM POEMA E ACABEI, SEM QUERER, DESCOBRINDO UMA NOVA RELIGIÃO! E AGORA O QUE EU FAÇO? PARTE 1

A maior parte desse livro tem bastante ficção, é de fato muita imaginação: esse trabalho não cogita doutrinar e nem "desdoutrinar" ninguém, por isso, amigo leitor, não pense que você encontrou uma verdadeira nova religião universal nesse livro!

Esse trabalho falará sobre a "atmosfera" que engloba uma poesia da obra musical de um dos ex Beatles!

As frases abaixo, é uma tentativa de justificar a intenção de se criar uma estória que é quase que totalmente fictícia, mas, que parece valer a pena conhecê-la para uma boa reflexão:

John Lennon disse que o melhor livro que ele leu foi o “Alice no país das maravilhas”.

Lewis Carroll em seu Best seller Alice no país das maravilhas” escreveu: “-- Não se pode acreditar em coisas impossíveis’”. — Disse Alice. -- Suponho que você não tenha praticado muito isso! -- Respondeu à rainha. -- Quando tinha sua idade, eu sempre praticava meia hora por dia. “Às vezes chegava a acreditar em até seis coisas impossíveis antes do café da manhã’”.

Spinosa dizia que a “imaginação é tão importante quanto o conhecimento”.

Einstein foi além, pregava que a imaginação é até mais importante que o próprio conhecimento, e que só por meio da imaginação, da intuição e do acaso é que vamos descobrir a verdade. Lembrem-se, foi um grandíssimo físico quem disse isso.

Shakespeare disse que “o mundo todo é um palco e todos nós somos apenas meros atores”.

Jung disse que: “Há coisas que ainda não são verdadeiras, que talvez, não tenham o direito de serem verdadeiras, mas que poderão ser amanhã”.

Júlio Verne disse: ”Tudo que uma pessoa pode imaginar, outra pode torná-la real”.

Nietzsche falou que: “E, especialmente, acima do Céu: pois, todos os Deuses são metáforas e subterfúgios de poetas!”. Disse ainda: “Em verdade, algo nos leva sempre para o alto, precisamente, para o reino das nuvens: nelas pousamos as nossas coloridas roupagens e, então, chamamos-lhes Deuses e super-homens”.

Nietzsche disse ainda que: ”Não acreditamos que a verdade continue sendo verdade quando (lhe) tiramos o véu”.

Foi Oscar Wilde quem disse: “cuidado com o que deseja porque ele pode se realizar”.

Shakespeare disse: “Somos feitos da mesma matéria da qual são feitos os sonhos”.

Quando o Buda foi questionado sobre o que era a verdade, este lhe respondeu: “Verdade é tudo que pode ser útil”.

Jung disse: “Eu não vejo (muita) diferença entre o sonho (sendo ele apenas uma manifestação do inconsciente) e (a própria) realidade”. E “o sonho não é menos real do que a realidade”.

Tom Zé disse: "Eu vou te ensinar para te confundir e te confundir para te esclarecer".

A seguir conheceremos os comentários feitos por algumas das pessoas que leram o esboço do meu texto:

Olá, moço, sou a Maria: Seu livro é um projeto muito audacioso, e corajoso, somente alguém com uma mente privilegiada poderia escrever tudo aquilo, estou ainda meio em choque, surpresa, e encantada.

O meu nome é Rafael, mas pode me chamar de Rafha: Eu Li o seu livro em um dia, e simplesmente adorei! Ele é realmente divino! É sim uma obra fantástica! Quero que você saiba que é sempre bom conversar com um futuro ganhador de um prêmio Nobel de literatura, ou até, talvez, quem sabe, o Nobel da paz! Nem parece que o seu livro foi escrito por uma pessoa que se diz um simples Panteísta.

Oi, sou a Regina: É muito legal o seu livro, apesar dele me deprimir um pouco, estou meio sensível a essas questões que o seu livro trata, pois, ele dá uma mexida e uma remexida nas minhas feridas, e às vezes ele é devastador para mim, porque não parece que é apenas uma estorinha que estão contando bem longe de mim, está mais para uma análise de mim mesma, é como se você soubesse um monte de coisas da minha vida, e tivesse colocado no seu texto de propósito somente para que eu pudesse pensar melhor em tudo o que aconteceu comigo!

Eu sou o Miguel: Estou muito entusiasmado com o seu livro, você é um poço muito profundo de conhecimentos e é de larga visão. Achei impressionante as suas ideias. Você vai fundo mesmo: (uma semana depois): já estou relendo a sua obra. Menino, não sei o que está havendo com a minha cabeça, ela está muito quente. Teu livro é uma fornalha para quem raciocina, ERGO SUNT (eu penso)! Para quem pensa, seu livro é uma visão maravilhosa de ver a vida e suas verdades.

Olá, sou a Hélen: Devorei o seu livro em apenas um dia, comecei a ler e não consegui mais parar! É legal saber que existe pelo menos um homem nesse mundo com toda a sua enorme sensibilidade!

Oi, o meu nome é Lúcius: Quando examinei a sua obra a adorei, pois você procura manter viva a chama da literatura. Realmente você está no caminho certo. Queira aceitar os meus mais sinceros parabéns! Deverás contar não só essa parte, mas escrever ainda mais e pesquisar e nos informar por escritos que fiquem para a posteridade! Saiba que com o teu talento vai buscar a Beleza do estilo e ajudar a manter viva a chama da literatura. É assim mesmo que você deve fazer, siga em frente que tens talento!

O meu nome é Lígia: O seu texto é muito interessante, entretanto, eu acredito, como psicóloga, que seu texto não é para todas as pessoas, seu texto é para um público bem específico, pois, algumas pessoas que são muito carentes ou que procuram por algo fácil para acreditar poderão ser induzidas e eles irão acreditar que o seu "poema" se trata da pura VERDADE, porém, você tem talento e deve continuar escrevendo, já que, o teu livro tem essência, por isso parabéns a você!

oi, Eu sou o Júnior: Parabéns, se você queria escrever uma grande porcaria! Conseguiu! Eu nunca li tantas besteiras juntas, você, com toda a certeza, entrará para o Livro dos Recordes. Duvido que algum verdadeiro ateu goste do seu livro: que em sua essência é super religioso!

Eu sou a Sandra: como Professora de línguas deparo-me com a inércia de alunos que se recusam a escrever. É muito importante que as pessoas tenham coragem de expressar o que sentem, mesmo que com alguns erros, é preciso dar o primeiro passo. Esse é o seu primeiro trabalho? Pois, está ótimo! Parabéns, espero que você consiga publicá-lo.

Eu sou o Luís e vou dizer: estou analisando seu livro para lhe enviar uma resposta: o teu texto é um estado de fantasia com uma ficção e de repente você se depara com a realidade gritando forte. É um livro que prende muito sua atenção, pois, você viaja pela imaginação e volta logo para a realidade completa! Achei interessante que você conseguiu amarrar a fantasia com ficção e realidade de uma forma que não ficou quebrado, meu amigo, parabéns!

Oi, sou a Débora: adorei o seu livro, ele é de ótimo gosto, e quero dizer, que ele te faz pensar em toda a sua vida, além dele te emocionar bastante. Parabéns! Gostaria de enviar, como uma espécie de presente, para alguns amigos meus, suponho que eles vão dar outro sentido a vida deles assim como eu dei na minha. Afinal de contas, após ter lido o seu livro, eu não sou mais a mesma pessoa, acredito que ninguém será mais a mesma pessoa após lê-lo também. Ainda sobre o seu livro, eu queria dizer que parece que eu mesma havia escrito (alguns trechos dele, mas, somente alguns mesmo). Tento fazer a minha parte para que esse mundo seja um lugar melhor, tento ajudar as pessoas, tento ser uma pessoa solidária, e dar atenção às outras pessoas que precisam de alguma ajuda. Eu sempre tive um gênio bem difícil, mas depois que eu admiti isso dei um grande passo para frente. Eu sempre me esforço bastante, mas nunca tive muita paciência, hoje eu já nem me reconheço mais. Sei que tenho muito a aprender ainda, mas comecei o meu lento processo de evolução! Espero que muitas pessoas consigam ler o seu livro e possam parar e pensar como eu parei e resolvam deixar de lado a teoria e partir logo para a prática. Hoje estou sendo ajudada para mais tarde poder ajudar. Tenho muita vontade de dar um auxílio para as pessoas, só faltava um empurrão mesmo, e graças ao teu livro eu penso que consegui.

Eu sou o senhor Miranda e: adorei toda a sua espécie de Bíblia.

Eu sou a Sarah, e sobre o seu livro: Você é um grande poeta, moço!

olá, meu nome é Carlos, sou um físico, e o meu comentário é o seguinte: Eu tenho uma boa vontade para entender a sua busca, mas percebo uma grande confusão de conceitos e ideias. Uma parte dos pensadores, filósofos e cientistas que você envolve no seu livro, definiram a sua posição marcadamente "evolucionista", e não concordam com um universo criado, ou idealizado. Outro importante aspecto do seu pensamento é que ele atira em muitas direções, mas trata sempre apenas dos sintomas, sem permitir um tratamento mais profundo das mais importantes questões existenciais. Você está limitando as ideias de uns, misturando com as ideias completamente antagônicas de outros, somente para concordar com a sua justa e linda iniciativa de QUERER MUDAR O MUNDO. De qualquer forma, como este mundo idealizado diverge de sobremaneira da realidade, fica a possibilidade de apenas um comportamento de FUGA. É como escapar para um canto no bar. Gostaria de conhecê-lo pessoalmente, porque admiro mesmo a sua busca. Mas para encontrar as respostas, é preciso ter a coragem de perguntar, e isso sempre acaba abalando todas as estruturas. Penso que você está readaptando as mesmas estruturas que você mesmo tenta abalar. Posso assegurar que você está longe das respostas verdadeiras, e que apenas começou bem timidamente a fazer algumas perguntas. Volte a ler os seus livros, mas não misture os grandes e verdadeiros pensadores com Paulo Coelho. Por favor, nunca mais se atreva a ,tentar ofender a memória do grande Darwin ao querer misturá-lo com esse tal de Kardec. Falta muito para você entender, você ainda não está no caminho certo. Aconselho uma boa dose de Karl Sagan, e uma subtração maciça de todo e qualquer misticismo. Não tenha medo de questionar Deus. Sugiro a substituição completa das crendices e tradições, por verdadeiro conhecimento científico. Ciência, no sentido de tomar ciência mesmo. A alegria do saber sincero, e o comportamento ético de comunicar somente aquilo que se pode comprovar. Não ajude a alimentar uma triste cadeia de boatos, ficções, fantasias e mentiras que só tem servido para mergulhar a raça humana na mais profunda ignorância. Com a mesma liberdade e boa intenção que você enviou este ensaio literário, eu respondo com aquilo que penso. Obrigado pelo carinho, pois, também escrevo, e sei o quanto nos expomos mostrando o nosso trabalho. Espero realmente que possamos tratar destes e muitos outros temas pessoalmente.

Oi, o meu nome é Denise , e eu vou comentar seu livro: ele é muito interessante, você já pensou em publicá-lo? Pois, ele me mostrou que quando uma pessoa tem fé, tudo pode conseguir. Gostei muito! Também achei muito bom o suspense que tem quase no finalzinho! E depois que li o seu livro comecei a gostar de ler.

Esses foram alguns dos comentários que eu recebi sobre o esboço do meu livro.

Porém, e você aí, amigo leitor, e amiga leitora, já se imaginou vivendo em um mundo justo, em que todas as pessoas compartilham "o todo do planeta, e o melhor do que o nosso mundo pode nos proporcionar", como se toda a Terra se tornasse numa grande irmandade do tamanho do Universo? Um lugar justo em que todas as pessoas são plenamente felizes?

Um local sem fronteiras, sem fome ou ganância, sem guerras, sem nenhum motivo para matar ou para morrer, uma humanidade de muita paz, igual ao mundo que o John Lennon nos fez imaginar na letra de sua música mais famosa? IMAGINE.

Talvez algumas pessoas percebam que esse mundo de IMAGINE que foi sonhado pelo John Lennon não é impossível de acontecer: ao contrário do que muita gente imagina.

Seria ótimo que eu me apresentasse para explicar o que me inspirou a escrevê-lo!

Oi, meu nome é Isaías Francisco de Amorim, hoje é, 15 de outubro de 2022, moro em Diadema, São Paulo, Brasil, faz quase trinta anos que idealizei o enredo desse livro. Esse fato aconteceu quando eu tinha vinte e dois anos.

Essse texto começou como uma simples poesia inspirada para agradar uma menina que era bem depressiva e atéia, e a poesia deveria funcionar como uma espécie de religiãozinha feita sob medida exclusivamente para ela. Eu tentei, com esse "agrado", evitar que ela desse fim de uma maneira absolutamente precoce a sua vida.

A idéia era que: essa menina refletirsse sobre qual é a melhor alternativa para resolver os seus problemas existenciais, e que ela percebesse além disso que era muito amada!

Entretanto, algumns leitores do esboço do meu trabalho me pediram para que eu mostrasse o texto para "todas" as pessoas ...

Vanos lá, amigos leitores, vou tentar explicar bem melhor o que aconteceu:

Eu o prometi para uma menina que existe de fato cujo nome é Juliana,, na verdade, esse "manuscrito" deveria ser "apenas uma simples historinha", já que a intenção era de, tão-somente, fazer um ato poético para que essa garota, que na época tinha só dezesseis anos, ficasse feliz por algum tempo e não atentasse contra a sua própria vida, pois, essa garotinha não queria mais viver, ela era uma ateia e tinha fortes tendências suicidas.

Eu fiquei desesperado quando eu soube desta tão triste intenção dela, já que, eu havia me apegado muito a esta menina, e eu não imaginava o meu futuro sem a sua preciosa presença nele!

Embora, fosse por um motivo totalmente antagônico ao que de Juliana, ela enxergava o mundo muito parecido ao qual aquele jovem, o príncipe Sidharta Guatanna, percebeu no começo da sua vida de adulto quando ele conheceu como é a realidade da existência humana aqui na Terra da qual lhe foi revelado por sua tão estranha religião!

Agora, a nossa Juliana, talvez, por ela ser tão influenciada pelo seu forte ateísmo, olhava a sua vida como se tudo fosse somente de muita dor, e de muito sofrimento.

E por ela não ter um propósito na sua vida, por isso, Juliana interpretava como sendo "tudo" tão inútil para todas as pessoas, em especial, para todas as mulheres que são tão oprimidas, e principalmente, como era a própria situação em que ela se encontrava.

Você gostaria de saber qual é a origem de toda essa grande tristeza dessa garota?

Vou lhes contar, talvez tenha sido pela maneira com a qual ela foi criada desde a sua infância, ela realmente sofria de uma profunda crise existencial por ter simplesmente nascido, e ela odiava mais ainda a sua vida por vir ao nosso mundo como uma menina.

Ela me perguntava:

-- Porque as meninas têm sempre que sofrerem, e fazer um monte de serviços, e se ocuparem com tantos e tantos afazeres domésticos simultaneamente, o dia todo, enquanto os meninos "ficam no bem-bom lá fora, aproveitando o tempo todo o pouco de coisas boas que tem nessa vida? Bom só para eles, pelo menos para quem é do sexo masculino, já que, eles gozam de certa felicidade! Mas, o sofrimento das mulheres acontece de maneira pior ainda quando crescemos! Os homens são todos uns aproveitadores das frageis mulheres, sabia? Somos exploradas de diversas maneiras".

A cabeça dela era tão perturbada, e depressiva que tudo o que ouvia, lia e assistia sempre interpretava como se tudo fosse uma grande conspiração contra todas as mulheres, em especial contra a nossa querida Juliana, é claro!

Essa moça se incomodava muito por ela ficar menstruada, e por existir a a tensão pré-menstrual, a tal da TPM, e também, por ela, além de tudo isso, ter muitas cólicas e celulites, havia ainda as estrias, e mais um monte de outras questões e a tantos detalhes que acontecem com todas as mulheres que eu nem me lembro mais de todas, mas, eram muitas e muitas as perguntas e as suas queixas sobre todos os percalços e de cada um dos muitos perrengues que passa a quem pertencem ao tão desvantajoso e sofrido grupo do sexo feminino.

Para essa menina tão deprimida, um cachorro sarnento, sem dono, e que vive na rua, tem até muito mais chances de ser feliz do que uma pessoa do sexo feminino, uma parideira: era assim que ela se referia as mulheres, já que, ela acreditava que os homens só tinham interesses sexuais, e reprodutivos nas mulheres: era somente para terem alívios sexuais, para humilhá-las, e para engravidá-las.

E ela me perguntava:

--Por que apenas nós, as infelizes mulheres, temos que ser condenadas a carregar por nove meses uma criança no útero? Gestar uma criança faz com que fiquemos muito mais gordas, e bem fora de forma por muito tempo: e às vezes essa deformação, e a mutilação do corpo da mulher é para sempre.

Ela me perguntava em todas as ocasiões que lhe eram oportunas:

-- As mulheres só servem para isso mesmo? Para parir e para serem objetos sexuais, e para darem prazer aos homens? E por que, as mulheres são obrigadas a nascer com um lacre, o tal do hímen? Por que possuímos, além desse maldito lacre, ainda precisamos sentir uma dor muito grande na ocasião em que somos violadas e usadas pela primeira vez , e toda é essa dor serve apenas para dar mais prazer a um machista quando ele rompe o nosso lacre de garantia de virgindade? Por que necessitamos nascer com um comprovante que indica que nunca fomos usadas por um homem antes dele? Parece que todo esse "Sistema de Coisas" está conspirando contra nós: as mulheres! Porque nós não dispomos de nada de bom nessa vida, algo que nos faça felizes e orgulhosas por sermos quem somos? Mulheres!

Parecia que a Juliana tinha tendências homossexuais, e ela se incomodava muito com isso, já que, os seus familiares não iriam aceitar muito bem essa questão, quando descobrisse esse seu segredo que é tão íntimo para ela.

Outra questão que lhe era péssima com a parentela dela, e que a incomodava muito mesmo, era que essa moça tinha que trabalhar muito, e Juliana era obrigada a contribuir com quase todo o seu tão suado salário que era usado para ajudar a construir a casa de seus familiares, e era por causa disso que não lhe sobrava quase nada do seu próprio dinheiro para que ela mesma gastasse com o que bem desejasse. Ela ficava com muita raiva porque tinha que usar as suas roupas até que ficassem bem velhas, inclusive as suas peças íntimas.

Ela vivia com uma enxaqueca muito intensa e tinha ainda outras enfermidades "leves".

Os pais dela não lhe davam uma suficiente liberdade, nem ao menos o mínimo para ser razoavelmente tolerável de privacidade necessário para uma adolescente, visto que, por ela ser uma menina, e não um menino, nunca eles a deixavam, nem ao menos ir sozinha à padaria com um garoto, e ela sempre tinha que levar consigo a sua irmãzinha, e isso a deixava louca de raiva e de frustração.

Pareceu-me que a vida dela era um tormento total, e viver para ela era como se fosse uma grande tortura, e cada novo dia que nascia, para a Juliana, era visto como mais 24 horas que ela teria que se arrastar pela sua tão infeliz existência!

Diariamente, desde quando ela tinha oito anos, ao acordar, a sua primeira reação era a de se beliscar, e Juliana fazia isso para ter a certeza de que realmente ela de maneira lamentável existia, e quando ela sentia a dor causada pelo seu próprio beliscão, em seguida ela se lamentava:

--É uma droga isso! É uma grande droga tudo isso! Eu existo mesmo! Não estou sonhando, que droga!

Depois ela ficava se queixando consigo mesmo , então, pensava com os seus botões:

--Será que, já que eu existo, eu pelo menos sou um poderoso menino? Um menino. Um menino como todos os outros que pode fazer tudo, e que possuí o direito garantido de fazer tudo o que bem-quiser! E agora esse menino sonhava ser uma simples menina? E agora. Então, eu sou esse menino, e me acordei do pesadelo, e sou efetivamente um menino livre? Bem livre.

Nesse instante, ela se sentia muito feliz, e até sorria com essa ótima possibilidade, e pensava inclusive que se tudo isso fosse mesmo um sonho, e agora que essa pessoa priveligiada, por ser um menino, acordou do pesadelo, assim, ela poderia mesmo ser um menino sim, ou seja, um futuro homem que iria poder fazer o que quisesse da sua própria vida, e usufuir da sua tão preciosa dádiva, a liberdade.

Entretanto, quando ela deslizava suas mãos por debaixo do seu cobertor, Juliana, tateava por entre suas próprias pernas, e sentindo a abertura que é típica do sexo feminino, então, nesse momento, ela ficava muito deprimida e se sentia tão de baixo astral a um ponto tal que essa pobre garotinha não queria se levantar da sua cama nunca mais, ela ficava ali, em seu leito, deitadinha, e bem quietinha, e pretendia permanecer ali eternamente, ou até que a "boa morte" lhe visitasse e a levasse pelas mãos para um mundo menos sombrio qualquer.

Porém, essa visita não ocorria, e o pior acontecia em seguida, os seus pais não compreendiam o que se passava com ela, eles não entendiam, e nem percebiam a grande dor existencial que ela sofria, por isso os pais dela lhe obrigavam a se levantar e a tomar banho, e ir à escola, um lugar terrível para ela, pois era onde Juliana tinha que suportar os constantes bullying por ser gordinha, e ser de tão baixa estatura, ela tinha a boca e o bumbum enormes, e ainda, sofria por não ter os seios muito desenvolvidos como eram bem comum nas outras garotas da sua mesma idade.

Um dia essa garota me disse algo que me deixou por demais preocupado com ela, até hoje eu não sei o que deu nela. A Juliana pegou a bíblia de sua mãe e, rapidamente, abriu, e começou a ler, e a me explicar como que ela entendeu os primeiros versos de Gênesis, porém, essa garota parecia estar em um profundo estado de transe nessa ocasião, parecia até que nem era ela que estava ali ao meu lado, pois, olha só oque ela narrou:

--E disse o tão poderoso Criador: E usando, para ser modelado, apenas de um bocado do pó da Terra, e façamos, assim, uma criatura conforme a nossa imagem, e a nossa semelhança. Portanto, foi confeccionada uma criatura onisciente, imortal, e que continha todas as características masculinas e femininas, dividindo e habitando simultaneamente o mesmo corpo. E foi assim que o Criador formou uma criatura, e soprou em suas narinas, dando-lhe o divino fôlego da vida. E essa criatura foi feita alma vivente, e assim foi chamada de Homem. E segundo esses versos a sua criatura era divinamente igual ao seu Próprio Criador. Em seguida, o Criador abençoou a sua criatura e a tornou fértil, e o Criador disse: frutificai-vos e multiplicai-vos, enchendo toda a Terra com as suas sementes perfeitas. E o Criador foi tão Maravilhosamente milagroso na criação da sua criatura de uma maneira tal que ela foi dotada com toda a sua imagem e com toda a sua semelhança. E devido a essa condição tão especial de ser semelhante ao seu Criador, a criatura adquiriu todo o conhecimento do que era bom e do que era ruim. A criatura foi constituída tão perfeitamente semelhante ao seu Criador, tornando-se capaz de até mesmo de zelar por si mesma independentemente da vontade do seu Criador. Assim, o Criador tomou a sua criatura e a introduziu no Jardim do Éden para que ela lavrasse, e guardasse todo o Paraíso, tomando o Seu lugar nessa tarefa que o próprio Criador exercia anteriormente. E a criatura era perfeitamente capacitada no cultivo da maneira mais correta de cada uma das plantas do Jardim do Éden. A criatura conseguia saber exatamente o que cada planta precisava para o seu melhor desenvolvimento. E por ser semelhante ao seu Criador, conseguia se responsabilizar por cada um dos diversos tipos de animais que vivia no Jardim do Éden, e também de toda a Terra que o divino Criador construiu, inclusive, a criatura era totalmente capaz de escolher o nome ideal para cada animal, e para cada organismo em geral de toda a Terra. E por ser constituída perfeitamente semelhante a aquele que lhe criou: essa criatura se tornou independente até mesmo do seu próprio Criador. A criatura já não necessitaria do seu próprio Criador, portanto, essa criatura poderia conduzir a sua respectiva vida, autonomamente como ela entendesse ser a melhor maneira. Ela já tinha todas as competências e inclusive, ela já conseguia cuidar sozinha da Terra em toda a sua a extensão. A criatura, inclusive, estaria apta até mesmo em governá-la totalmente sem nenhuma ajuda do seu Criador. Perceba bem, parece que, no princípio, a criatura era mesmo um ser hermafrodita, ela era formada por dois indivíduos complexos que eram totalmente misturados e combinados. Essa tão estranha criatura tem só uma cabeça, e possuía um único coração, e dois órgãos reprodutivos, um é masculino e o outro é feminino que se fertilizava internamente. Eles seriam realmente complexos, e são unidos como se fosse mesmo apenas uma criatura, ou talvez eles não fossem tão completos assim como aparenta ser. O fato é que essa criatura possui muitos órgãos para ser considerada apenas um indivíduo, porém, ela possui poucos órgãos para que fossem consideradas dois seres juntos, mas, essa criatura deve ter alguma forma, por alguma ligação interna capaz de fecundar a si mesmo, e gestar o feto e depois parir os seus filhos, um logo em seguida do outro, sistematicamente, e assim obedecendo ao mandamento do Criador para que começassem imediatamente a povoar toda a Terra. Mas, o Criador fez o restante da sua criação de animais que precisam copular: acasalar em pares, em casais, machos e fêmeas, pois, eles foram feitos separadamente, em indivíduos simples, e não em indivíduos compostos, semelhante como o Criador o é, e o Criador disse que não era bom que essa sua criação fosse tão parecida consigo mesmo, visto que, poderia ser muito perigoso ter alguém solto pelo mundo tão poderoso quanto o seu próprio Criador, aliás, a criatura poderia se tornar um rival Dele, atrevendo-se, inclusive, até mesmo em confrontá-lo. E o Criador já sabia, além disso, que essa criatura poderia querer se rebelar contra o seu próprio Criador e desejar que ela mesma governasse em seu lugar, ela poderia querer governar de um modo que ela acreditasse ser até melhor do qual o próprio o Criador administrava. Por isso que o Criador agiu com toda a prudência, e cuidado, e assim o Criador decidiu humilhar a sua criatura, e colocá-la em condição de submissão extrema a Ele. Por isso Ele preferiu que a sua criatura se aparentasse bem mais com as limitações dos animais, do que deixá-lo sendo tão poderoso quanto Ele mesmo, então, o Criador disse: E não é bom que a criatura esteja sozinha. Portanto, eu mesmo encontrarei uma ajudadora idônea para ela. Nessa parte, parece que o Criador procurou uma ajudadora para a criatura entre os animais que Ele havia criado aqui mesmo, em plena Terra, ou será que o Criador subiu até as alturas das dependências do Céu e procurou por lá, entre os seres celestiais, uma ajudadora para a sua criatura aqui da Terra? Que estranho é tudo isso! Será que o Criador procurou uma companheira para a sua criatura entre os animais da Terra somente para humilhá-la? Ou será que o tão sábio Criador teria feito isso exatamente dessa forma para que nós, sendo seres tão inferiores ao seu divino Criador: que não conseguimos perceber as suas tão boas atitudes, e intensões, então, assim, o Criador agiu desse modo justamente para ajudar a sua criação a entender que ela é infinitamente inferior ao seu Divino Criador? E por isso mesmo: a criatura limitada deve exclusivamente ao Criador toda a submissão e toda adoração? Mas, entre os animais não se achava uma ajudadora idônea . Por isso, o maravilhoso Criador fez cair um sono pesado sobre a sua criatura que possuía imagem e a mesma semelhança com o seu divino Criador, que tem às duas partes juntas, a masculina, e a feminina habitando em apenas um indivíduo, e essa criatura adormeceu, e o Criador tomou algumas das partes da sua criatura, e costurou a carne em seu lugar, mas, não teria sido da costela da sua criatura hermafrodita que o Criador tomou para fazer uma companheira para ela, mas, foi sim das partes femininas tomadas da criatura que é igual ao Criador, e foi mesmo das partes femininas que o Criador tomou da sua criatura, que o divino Criador formou, finalmente, uma ajudadora, e o poderoso Criador trouxe ela e já iria entregá-la ao seu marido, e o marido dela seria chamado de Adão. E foi por isso que esse novo homem, o Adão, quando acordou e viu a sua ajudadora à sua frente, percebeu haver alguém que foi feito usando ele como matéria-prima e ele se espantou e disse em seguida: essa agora é osso dos meus ossos, carne da minha carne, e sangue do meu sangue, e esta será chamada de mulher, já que, do homem foi partida, o Adão disse isso porque de todos os seres da criação do Criador, a mulher foi a única a ser feita com as partes que pertenciam ao seu próprio corpo. E quando o Criador, separou em duas partes daquela sua criação inicial, que era sua imagem, e a sua semelhança, a masculina e a feminina, e Ele transformou e moldou essas novas criaturas, nesse processo de separação das partes para ser feita a mulher e deixando as partes do homem aconteceram grandes transformações, grandes perdas e muitos danos: as duas partes separadas perderam quase que totalmente a sua imagem, e a sua semelhança com o seu Criador, portanto, foi a partir desse momento que a palavra: homem, seria escrita, com todas as letras em minúsculo, e o novo homem e sua ajudadora estavam sujeitos a toda sorte de corrupção de seus corpos: igualmente como ocorria com todos os animais, e também com todos os outros seres orgânicos feitos pelo Criador, por isso, esse novo homem e a sua ajudadora, já não eram mais imortais, e nem tinham mais a capacidade de sozinhos saberem o que era bom ou e o que era ruim, eles dependiam do seu Criador para saberem de cada coisa que iriam precisar para terem uma boa saúde, segurança e de todas as outras necessidades para uma boa vida, e posteriormente, precisariam aprender a como cuidar dos seus filhos. Essas novas criaturas, que surgiram da separação do antigo Homem hermafrodita, são realmente bem mais parecidas com todos os animais: elas são mortais e se reproduzem em casais, copulando, se acasalando, aliás, agora também envelhecem, adoecem e morrem. E o homem e a mulher, que recebeu o nome de Eva, viviam nus, e não se envergonhavam. Por isso, assim, deixará o homem, o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher e serão ambos uma (só) carne (novamente) para sempre. Por isso, o Criador plantou bem no centro do Jardim do Éden uma árvore, era a Árvore do Fruto da Vida, e o Adão e a Eva precisavam comer do fruto dela para continuarem a ser eternos, semelhantemente ao seu Criador, e semelhante também ao antigo Homem: aquele que lhes deu origem. Como os animais não tinham como saber o que é bom ou ruim, o Criador deu-lhes os instintos necessários para que eles se orientassem pela vida. Porém, para o novo homem e a sua ajudadora, o Criador, não lhes deu o instinto como deu aos animais. E o Criador disse para o casal que eles deveriam ser testados para serem aprovados, portanto, o Criador plantou mais uma árvore no centro do Paraíso, agora havia duas árvores muito importantes lá, uma, os seus frutos lhes davam o poder de continuarem sendo imortais a cada vez que comessem do seu fruto, e a outra árvore tinha um fruto que daria, a quem ousasse a desobedecer ao Criador, e comesse desse fruto: ganharia, assim, o conhecimento do que é bom e do que é ruim. E o Criador, explicou que se eles optassem em lhe desobedecerem, e comessem do fruto proibido, eles perderiam a imortalidade deles, pois, o Criador, iria sumariamente expulsá-los do paraíso, e ainda Ele disse ao homem e a mulher que colocaria guardas para impedi-los de, novamente, comerem do Fruto da Árvore da Vida. O Criador disse bem claramente que se eles não comessem mais do fruto da Árvore da Vida, eles iriam sofrer, igualmente ao que acontecem com todos os animais: o homem e a sua ajudadora estavam já sujeitos a toda sorte de enfermidades, além disso, envelheceriam com o passar dos dias, das semanas e dos anos, e por fim morreriam e os seus corpos voltariam a ser apenas pó, e o sopro da vida que o Criador havia soprado em suas narinas, voltaria ao seu Criador. E o Criador é muito zeloso e exigente nessas questões relacionadas às obediências, e a essas questões das escolhas, e Ele precisou mesmo testar a obediência da sua mais nova criação, o teste era de suma importância para Ele. Então, o Criador orientou mais uma vez o Adão e a Eva para que eles jamais comecem, do fruto da Árvore do Conhecimento, porque o próprio Criador, fazendo às vezes de uma Mãe, ou de um Pai amoroso e zeloso, ensinaria para eles tudo o que o casal e seus futuros descendentes poderiam ou não poderiam fazer, o próprio Criador, pessoalmente, ensinaria para eles o que era bom e o que era ruim. Bastaria que eles escutassem atentamente a cada palavra, a cada ensinamento que o Criador lhes orientasse, e se humilhassem perante ao seu Criador, e reconhecessem que o seu Criador é superior a eles, e que eles prestassem a Ele adoração exclusiva, e que simplesmente obedecessem com uma sincera e genuína alegria a cada uma de suas tão simples e justas ordens. O Criador desejava que o Homem admitisse que só o Criador é quem sabe o que era necessário e o que não era que necessário que seja feito, e qual que é a maneira correta de fazê-lo. O Criador exigia ainda que o casal renunciasse a si mesmo: e fosse como uma videira, e Ele, o Criador, seria como um agricultor: e todo ramo que, estando no homem ou da mulher, não desse fruto, Ele cortaria, e todo ramo que desse bons frutos, Ele podaria, para dar mais frutos ainda. E isso aconteceria até que o homem ou a mulher se mostrassem totalmente confiáveis e merecedores, e assim, o homem e a mulher comeria um pão que será enviado pelo próprio Criador, e esse alimento vivo descerá do Céu, e esse futuro pão é o que lhes dará novamente a maravilhosa vida eterna. Então, os submissos que me obedecem, serão exaltados de uma maneira inversa e proporcionalmente ao volume que se humilharam perante o seu Criador, que o chamarão-lo, portanto, de meu Pai! E o Criador disse mais: é verdade o que eu vos falo agora: se vocês me obedecerem, e se vocês merecerem, eu, verdadeiramente, os convidarei para evoluírem de Criaturas semelhantes aos animais para a condição de serem chamados de meus filhos, e serão novamente iguais a Mim, e serão arrebatados, e viverão no Céu eternamente Comigo com todos os privilégios que quem é meu filho tem o direito. E quando todo esse processo de arrebatamento for consumado: Eu mesmo vou destruir toda a Terra e vou transformá-la em um eterno e grande lago de fogo! E quando tudo isso acontecer, Eu digo agora que: só existirá o Céu, e o lugar em chamas para onde Colocarei os eternamente condenados que vão escolher erradamente, pois, vão me rejeitar e me desobedecer, e não querem ser os meus filhos adotados! E o Criador fez essa aliança com o Adão e a Eva, portanto, da Árvore da Vida eles poderiam e deveriam comê-la todos os dias, porém, da outra árvore eles jamais deveriam ousar a comer dela.

E quando a Juliana termninou de ler e me explicar tudo isso, eu lhe respondi que isso pode até ter uma tênue aparência de ser correto para ela, mas, isso acontece apenas porque o texto é muito antigo, e por esse texto ter passado pelas mãos de muitas pessoas que os copiaram e os recopiaram muitas vezes, e tem as traduções mal feitas! E teve as pessoas tendenciosas que tiveram acesso aos textos e talvez os tenham adulterados. Teve ainda as pessoas poderosas com diversos interesses que tiveram acesso aos escritos. E o narrador dos versos bíblicos volta muitas vezes aos assuntos que ele começou, e que não terminou, e por isso que o artigo ficou um pouco confuso, e cheio de pontas bem soltas por diversos motivos, e interesses, e é por isso que dá essa impressão que as coisas são como você entendeu tão erradamente, então, eu suponho que as pessoas que não têm muito conhecimento imaginam muitas interpretações, algumas delas são totalmente equivocadas, por exemplo, essa sua versão.

E eu tentei lhe ajudar a entender, de outra maneira, por outras vias, como era a "realidade do mundo", dizendo lhe que eu entendi sempre que os versos narram que os homens, e mulheres foram feitos simultaneamente, para que juntos, e unidos pudessem povoar toda à Terra. Eu disse ainda para a Juliana que ela deveria se fixar apenas ao tema central do texto, ou seja, que Deus criou o homem e a mulher para que juntos, e muito felizes, povoassem toda a Terra.

Juliana desistiu de tentar me fazer entender a sua questão, e me perguntou:

--Mas, você concorda comigo, pelo menos, então, que Deus, quando fez o Adão e a Eva já, separadamente, Ele deveria tê-la criado a partir do barro também, do mesmo barro, e não feita da costela do homem, pois, para mim, esse Criador já foi tão machista logo no seu primeiro mandamento: já que ordenou que imediatamente o homem engravidasse a mulher: multiplicai-vos? E por que Deus também não fez a mulher de barro, e do mesmo barro que ele fez o homem? Do mesmo barro, e os dois feitos simultaneamente, e que eles já fossem feitos separadamente em dois corpos totalmente distintos e independentes um do outro?

E foi nesse mesmo mês, que eu descobri que essa moça era bipolar ou tem múltiplas personalidades, pois, posteriormente a essa conversa, ela começou a falar de "Deus" ou da Deusa com muito carinho, como se Juliana e a deusa ou Deus fossem amigos bem íntimos.

Eu disse-lhe que não é uma coisa muito boa xingar Deus de hermafrodita, pois, ele poderia se zangar muito com ela. E Juliana prontamente me respondeu:

-- "Eu queria mesmo que Deus existisse, e fosse uma mulher, uma Deusa e se as coisas fossem assim mesmo como eu falei seria ótimo! Pois, eu fico aqui imaginando uma situação em que a Deusa fosse como uma mulher ou tivesse os dois sexos em simultâneo. E eu gostaria de saber se isso seria um xingamento para você? Mas, você, Isaías, agora me provou que também não acha muito bom Deus ter uma parte feminina, a ponto de dizer que isso seria um xingamento, ser uma mulher totalmente ou ter partes femininas é tão ruim assim a ponto de pensar que um Deus realmente VERDADEIRO não quer ser uma mulher? E se quando você morrer e falar com Deus e ele for uma mulher? E se A "Grande Divindade" formada pelos dois sexo e fosse um hermafrodita? Eu quero muito estar perto de você para ver a sua cara de tonto e machista e ver como você iria tratar Deus por pensar que ele é um xingamento por ser uma espécie de hermafrodita! Aposto que você iria se obrigar ter que dizer que ser um hermafrodita é bem legal e, que, ainda se veria obrigado a pedir a Deus para que você seja um hermafrodita também! E eu suponho que eu estou totalmente certa quando li na Gênesis isso! Deus é mesmo um ser hermafrodita! Ele vai ficar muito feliz comigo porque eu fui a única pessoa que descobri esse fato muito óbvio e importante, e fui eu sozinha que tive a coragem de falar isso, e ainda achar muito bom Ele ser o que Ele quiser ser, e não ligar para vocês! Eu não gosto de homens machistas e preconceituosos! A bíblia, no novo testamento, diz que Deus é (ou são) três pessoas em uma pessoa só: o Pai, o Filho e Espírito Santo, "na minha tese" diz que Ele seria "penas duas" pessoas em uma só, uma pessoa masculina e outra feminina! Se todos aceitam que Ele é três "pessoas" numa só e ninguém se zangou com esse fato, e por que, então, não pode ser duas? Já sei o porquê, vocês não aceitam que uma mulher é algo, realmente, importante. Eu gosto da ousadia dos católicos que colocaram mais uma pessoa nessa trindade, gostei muito quando essa trindade ficou sendo formada também, por uma mulher, Maria, a virgem, aquela é a mãe do filho de Deus, Porém, essa pessoa não é mulher de Deus, não é esposa de Deus, e esta informação é bem interessante, mas, ela, segundo os católicos, está lá no Céu. Fico imaginando como os judeus se sentiram quando descobriram isso, como que o Deus único que eles inventaram foi transformado em três partes (ou pessoas) pelos primeiros cristãos e depois em quatro partes pelos católicos. Ah, e você sabia, que existe uma religião protestante que acredita que Cristo foi "extraído" de uma parte do próprio "corpo" divino do "pai dele"? Então, foi assim que começou a saga de Um só Deus que, em simultâneo, passou a ser três, e posteriormente quatro.

Certo dia, a Juliana me disse que ela não se mataria se a Humanidade fosse perfeita.

Então eu tinha um grande problema para resolver, já que, esse é o único mundo que existe, e ele não estava a contento dela, e ela discordava profundamente dele, e a Juliana jamais iria se adaptar a esse mundo.

Ela sofria também porque não queria viver em um Universo imperfeito. E como a Juliana era ateia e não acreditava em outro mundo melhor que esse, e não se conformava com toda a injustiça desse “mundo-cão”. Essa moça queria que todas as pessoas fossem felizes e que todo o sofrimento deixasse de existir, queria que essa Humanidade fosse semelhante ao que John Lennon nos fez imaginar na letra de IMAGINE.

Eu disse para a Juliana o quanto eu a amava, e que não queria que ela desse fim a sua existência, pois, por amá-la, precisava muito da sua pessoa aqui conosco. Então, eu lhe prometi que faria com que o gênero humano fosse futuramente como ela deseja, eu faria qualquer coisa para que essa moça não partisse dessa forma de existência, e não morresse, e ficasse sempre comigo!

Juliana me disse que se eu cumprisse a minha promessa, então, ela não partiria!

Eu lhe perguntei como que ela gostaria, exatamente, que o mundo fosse, e recebi esta resposta:

-- Quero um mundo no qual a Divindade seja muito mais, muito mais parecido mesmo com o Feminino do que com masculino, e que as mulheres sejam reverenciadas como seres extraordinários por algum motivo muito importante, um motivo que os homens nunca poderiam competir conosco!”. “Quero que não haja lugares como o inferno, e que não haja países, nem guerras, nem briga entre as religiões. . . ”. “E que as pessoas vivam como numa tão linda, imensa e sólida irmandade, que aprendam a compartilhar o Universo todo!”. “E que as pessoas do mundo inteiro, se comportem como se nós fôssemos uma gigantesca família unida e feliz!”. “E que todas as pessoas respeitassem as opiniões alheias, mesmo não concordando com elas. Na verdade, quero que todas as pessoas adorem as ideias e os pensamentos diferentes dos delas, e, amem as pessoas exatamente por esse motivo!”, “quero uma raça humana bem tolerante, com bastante respeito mútuo, sem desavenças e com pessoas extremamente acolhedoras. Quero um mundo em que todas as pessoas usem uma dialética perfeita para se comunicar da melhor maneira, como Sócrates e outros filósofos faziam. Quero que nesse mundo não existam pobres, machistas, racistas, homofóbicos e que as pessoas não poluem mais nosso planetinha. Quero também que as pessoas deficientes sejam tratadas com compaixão, e que os idosos também nunca sejam abandonados por seus parentes, amigos e sociedade na sua totalidade. Quero que todos os velhinhos sejam amados, tolerados e tratados como crianças. Quero que o amor entre as pessoas seja tão grande quanto o infinito! Quero que nesse mundo, ninguém seja discriminado pelos seus gostos musicais e nem cultural, nem a qualquer outro gosto em particular de qualquer espécie. Eu exijo que as pessoas não fiquem por aí maltratando o seu próximo só porque elas pensam diferente delas. Quero que exista uma verdade comum entre todas as formas de crenças e de ideias e visões da realidade vista por todas, ou quase todas as religiões, filosofias, ciências, mitologias, misticismos, esoterismo e outras crenças. Eu preciso de uma Nova Era do pensamento humano, em que a palavra PAZ esteja muito presente e que ela atue fortemente no coração das pessoas”. "Uma Humanidade em que haja um imenso sincretismo de ideias". “Um mundo regido não por leis e sim pelo amor, pois, as leis não tornam as pessoas melhores, nunca, o máximo que as leis fazem é tornar as pessoas mais "espertas" e assim esses malandros estão sempre arrumando jeitos de burlá-las para tirar proveito próprio”. Só o amor torna as pessoas melhores, por que não são ensinados as pessoas, somente como devem amar?”. “Quero viver em uma sociedade bem civilizada de tal forma que não seriam necessárias as leis!”. “Quero que as pessoas falem corretamente, que saibam se expressar facilmente, e se sintam honradas quando forem ajudadas por alguém, ou corrigidas quando falarem algo errado, e que entendam a importância de falarem bem para não induzir outras pessoas ao erro, ou entendê-la erradamente”. “Quero viver num mundo que quando uma pessoa estivesse falando se preocupasse em falar da maneira mais fácil de entender, e quem estiver ouvindo se preocupasse em entender, e prestassem atenção e respondesse claramente o que lhe foi perguntado. Eu falo letra A e as pessoas entendem a letra B, falo azul e as pessoas entendem roxo, falo alho e as pessoas entendem o bugalho! Preciso que haja uma perfeita sintonia na conversa, eu digo isso porque estou cansada de tentar falar com as pessoas e estas nem prestarem atenção no que eu digo, parece até que todo mundo é néscio!” . . . “Quero viver num mundo em que as pessoas priorizem as coisas que as unissem ao invés de sempre estarem procurando discórdias entre o modo de cada um em particular ver o mundo! As pessoas deveriam sempre se lembrar de que precisam procurar algo no ser humano que os tornem mais amigos e bem mais próximos e que unam suas forças para melhorar o coletivo, pois, se assim fosse feito, todos sairiam ganhando, inclusive ela mesma! Se você fizesse o mundo ser assim, eu, então, não me mataria! Quero que nesse mundo todas as coisas, tudo o que existe, seja patrimônio de todas as pessoas, que tudo pertença a todos! Tudo! Tudo! Sem exceção e sem um único privilégio a ninguém! E com muita empatia! Com muito acolhimento! Com muitos compartilhamentos! Quero que as pessoas não trabalhem tanto, e que usem o tempo de vida delas para simplesmente viverem e serem felizes plenamente, e usem muito o seu tempo de vida para se divertirem, e também para amarem, além de usar o seu tempo para aprenderem coisas boas e prazerosas e não para somente trabalharem para acumularem coisas e mais coisa e mais coisas que muitas vezes nem precisam ou que poderiam não precisarem realmente. . . Que a vida seja valorizada apenas para viverem em paz, muita paz! E quero que todas as pessoas sejam extremamente ecológicas e recicladoras e se preocupem muito com a natureza e todo o planeta.

E foi uma semana depois disso, pareceu que Juliana surtou de uma vez por todas, pois, Juliana começou a me pedir para realizar alguns milagres ou circunstâncias, ou acontecimentos e desejos que realmente são impossíveis de serem realizados, essa moça disse:

--"Eu quero que a morte deixe de existir, quero que todos nós sejamos imortais, quero que todos sejamos oniscientes, quero que tudo seja perfeito!

Era bem óbvio para mim que eu tinha que fazer algo para tentar salvar a vida dessa menina, já que, muito em breve, ela pretendia deixar de viver. Ela é um ser humano, e, além disso, também era minha amiga!

Porém, o que é o mais recomendado a ser feito nessas horas tão complicadas?

E se eu fizesse algo bem inadequado, e ela se matasse justamente por algo desencadeado por algum ato que eu mesmo tenha feito ao tentar ajudá-la? Ou se ela ficasse ainda mais deprimida devido a uma intromissão errada minha?

Então, lembrei-me daquela surpreendente história em que o príncipe Sidharta se envolveu em uma crise existencial tão profunda, ele sofreu demasiadamente, e essa situação aconteceu justamente porque ele tinha uma crença religiosa que torturava a sua mente, já que ele acreditava em reencarnações, obrigatória sucessivas e infinitas, ou seja, as pessoas injustamente, sem que elas desejassem: nasciam, sofriam e morriam, e a vida seria na sua visão um ciclo infinito de nascer, sofrer e morrer, e essa obrigação de ter de participar arbitariamente desses sucessivos nascimentos é o que condenava a humanidade ao sofrimento eterno, pois, no seu entendimento, nascer possui o mesmo significado de sofrer, e toda a existência só causa sofrimento, até mesmo o desejo de não sofrer causa muito sofrimento.

Por isso, ele precisava, então, encontrar algum modo de parar esse processo tão injusto de renascimentos infinitos. Ele desejava chegar ao Nirvana, e, assim, conseguir apagar de uma vez por todas a sua alma, e assim, ele deixaria de existir, e acabaria para sempre com todo o seu sofrimento.

Percebam bem que, se o príncipe Sidharta fosse uma pessoa atéia, como era o caso da juliana: esse homem não teria passado por aquela crise existencial toda, aliás, ele iria acreditar que só iria sofrer uma única vez, pois, haveria somente uma única vida para sofrer , e se ele acreditasse em uma só vida: o seu coração não teria pesado tanto, e ele teria vivido em paz .

Porém, foi porque o Sidharta estava sofrendo esse processo dessa grande dor que esse príncipe foi atrás de suas respostas e, ele teve como resultado um novo olhar sobre a sua fé, e sobre o mundo, ele avaliou a sua antiga crença, e a transformou em algo profundamente positivo para si mesmo, e com isso ele sossegou a sua mente, ele eliminou o seu sofrimento, e a sua angústia, e foi assim que ganhamos, uma crença religiosa surpreendente, pois, foi assim mesmo, que nasceu, o budismo.

E com o tempo passando, esse modo de ver o mundo ajudou a bilhões de almas a encontrarem o seu caminho de paz.

Espantosamente, eu acredito que o problema da Juliana aconteceu exatamente porque ela não acreditava em reencarnações. Ela, por ser uma menina até ia, acreditava em uma única vida. E para ela, talvez devido ao seu ateísmo, a vida era algo inútil, porque a existência só traz: o sofrimento. Pois, nós morremos, e termina tudo de repente, e a vida acaba não tendo nem sentido, e nenhum propósito, a não ser o objetivo de trazer o sofrimento ao mundo.

E ainda por ela ser uma menina, que depois se tornaria uma mulher, era pior ainda, porque esse sofrimento todo chegaria em dobro na vida dela.

Por conta da diferença dos motivos nos sofrimentos tão antagônicos dos dois, da Juliana e o do príncipe, eu fiquei meditando, se o príncipe fosse ateu, se, por acaso, ele não acreditasse no tão injusto ciclo de reencarnações, ele não teria sofrido tanto. E se a Juliana, antagonicamente ao caso do príncipe, se ela tivesse uma religião que tivesse a crença em reencarnações sucessivas e infinitas, isso ajudaria ela a se sentir muito melhor, porque ela acreditaria que teria várias vidas: em uma ela poderia ser menina, em outra reencarnação, ela poderia ser um negro, na outra vida, um branco, na outra existência, ela poderia ser homossexual, em outra vida, um heterossexual, na outra, ser rica, em outra, ser pobre… Por isso, eu ponderei que talvez, se ela tivesse uma crença desse tipo isso poderia animá-la muito e ela não desistisse de sua vida.

E quando eu pensei nessa possibilidade, meus olhos brilharam e logo eu me lembrei de quando eu ainda era apenas uma criança, eu estava lá sentado no chão, brincando com os carrinhos, e a minha irmã, que é mais velha do que eu, ela passou andando bem devagar com uma amiga dela, por onde eu estava, e eu consegui ouvir parte da sua conversa, e ela dizia para a amiga dela:

-- Olha só, quem é homem, nessa encarnação, na próxima reencarnação essa pessoa vai nascer como uma mulher, e quem é a mulher nessa nascerá como um homem na próxima.

E minha irmã se foi por seu caminho acompanhada por sua amiga, e eu permaneci lá, parado, bem reflexivo, eu fiquei pensando, olha, então, nós que somos agora os meninos, seria bom que tratássemos bem as meninas para que, quando formos nós as meninas, sermos igualmente bem tratadas por elas, que serão os meninos naquela tal reencarnação futura.

Antes desse fato inusitado acontecer, eu confesso que eu cometia um monte de pequenas maldades com as meninas.

Por exemplo, quando eu estava comendo algo bem saboroso, e as meninas queriam que eu compartilhasse um pedaço com elas, eu saía correndo, e não dividia com elas.

Realmente, eu era uma criança muito egoísta, e muito malvada, não é mesmo?

Então, quando aconteceu essa conversa que escutei da minha irmã com a amiga dela, eu comecei a dividir com as meninas todas as coisas que eu tinha. E foi a partir desse dia que eu passei a não mais maltratar nenhuma menina. Também eu não puxava mais os cabelos delas, e nem ficava mais xingando elas de piolhentas.

Eu comecei a tentar ser bem mais legal, e compreensivo com as meninas, e com as pessoas que diferem de mim em geral.

Foi aí que ponderei fazer um poema que fosse como uma mini-religião exclusivamente para a Juliana: para que ela percebesse como que eu gostava dela a um ponto tal de eu elaborar essa pequena surpresa para ela.

E esse singelo gesto talvez poderia ajudar um pouco a mente dela se acalmar, e o seu coração pesar menos dentro do seu peito.

Então, eu lhe disse mais uma vez que esse Poeta aqui, faria o mundo ser como ela quer.

Por isso eu resolvi escrever um simples poema que tivesse um bonito enredo para que a Juliana ficasse pelo menos um pouquinho mais feliz, e percebesse o quanto eu gostava dela, e que posteriormente a isso, ela jamais quisesse partir desse mundo, e essa moça ficasse nesse mundo, por muito tempo.

Eu pensei, pensei, pensei e repensei, pois, do mesmo jeito que essa moça distorceu toda a realidade para que a realidade distorcida dela coubesse na sua depressão, e com isso ficava cada vez mais triste.

Então, era só eu recorrer à mesma tática que ela usava, mas, eu vou fazer o resultado ser o oposto do que era produzido por Juliana, então, era só eu distorcer toda a realidade, para que a realidade coubesse no mundo que a Juliana desejava, e eu trazer a alegria para o mundo dela. Seria como eu lhe dar uma espécie de óculos para ela ver um mundo por uma lente bem melhor, era só eu distorcer toda a realidade para fazer Juliana ficar bem, e ela começar a aceitar o mundo exatamente como ele é.

Que tal eu fazer um poema para, quando a Juliana o ler, fosse como se ela estivesse olhando pelas lentes redondinhas dos óculos do John Lennon, e assim, ela pudesse perceber o mundo igual ao que ele o enxergava?

Foi por isso mesmo que eu escrevi para ela um poema gigante em que toda a realidade é mudada para fazê-la feliz, ou pelo menos um pouco mais feliz.

A estória que vou contar aqui não é verídica! Mas, a ideia toda vai ser colocada em forma de um romance, pois, eu precisei adaptar a realidade ao modo de pensar da moça, a Juliana. Por isso que vou fazer uma mistura, um grande sincretismo de ideias com várias religiões, filosofias, mitologias, fábulas e outras crenças, outros olhares e como interpretar esse sistema de coisas, para tentar convencer as pessoas a tornar o mundo parecido com o que John Lennon visualizou na sua poesia! Ou será uma pequena profecia colocada na letra de IMAGINE?

Essa estória tem tantas misturas tão antagônicas de ideias, conceitos, filosofias, religiões, mitologias, teorias, imaginação e outras coisas que meu livro parece mais um pequeno Frankenstein: devido a tantas misturas de pedaços de ideias usadas de alguns livros, peças teatrais e filmes de diversos gêneros que eu já tinha lidos, ou assistidos, e foram muito úteis para confeccionar essa interessante obra literária!

Realmente, eu não sei se o que eu fiz é o mais recomendado a ser feito em problemas desse tipo de situação.

E parece que não é mesmo o certo a ser feito nesses casos, e sei que eu errei, sei que errei bem feio, mas, eu preferi me arrepender por fazer algo do que lamentar depois por não ter feito absolutamente nada, por simplesmente eu ter lavado as minhas mãos. A minha consciência, e a minha saudade, jamais iriam me perdoar por uma omissão desse tamanho.

Então, quando eu me lembrei do que eu fiz quando ouvi a minha irmã falar em várias reencarnações e eu passei a me colocar no lugar das outras pessoas: eu pensei em usar, dentro da religiãozinha da Juliana, toda essa técnica de fazer com que as pessoas também se colocassem no lugar umas das outras, e talvez assim, com essa atitude eu poderia ajudar a juliana a pensar na chance do mundo ficar um lugar melhor para todas as pessoas.

Porque, assim, ela crendo nisso, não se mataria logo: e ela poderia ficar saindo por aí pregando essa pequena religião, e se distraísse um pouco e tentasse ser um pouco mais otimista com a sua vida, enquanto isso, com um tempo a mais que eu ganharia, eu usaria para procurar um modo melhor de ajudá-la a gostar de viver, e de principalmente, viver como uma menina, e ser feliz, bem feliz.

Vamos ver o que estará escrito na capa do livro?

O SONHO AINDA NÃO ACABOU!

O Livro de Isaías Amorim.

Agora vamos ler a contracapa?

Este livro é uma referência à mensagem contida na letra da música IMAGINE do John Lennon.

Eu me pergunto se você conseguiria imaginar como seria o dia mais aguardado na vida da pessoa que é a alma mais satisfeita deste mundo?

Essa tão simples mulher só precisava de duas "condições" para se sentir totalmente plena, e feliz, esses fatos, são: o bem-estar de sua família, e a sua grande, e inabalável devoção religiosa, que lhe acompanha desde sua infância.

Você conseguiria imaginar essa pessoa sofrendo um terrível contraste em um intervalo de poucas horas? Pois, no começo da manhã ela vivia um momento maravilhoso, e no fim da tarde, ela já estava totalmente inclinada a acabar com a sua própria existência.

Alice perdeu toda a sua vontade de viver devido a um surpreendente evento que, num só golpe, tirou-lhe a sua família, e acabou totalmente com sua grande fé no divino.

Você conseguiria sentir uma parte da dor, e do desespero desta agora tão jovem viúva?

Imaginemos, Alice, desesperada, sentada no chão da sua sala entre os corpos de sua família, sendo sugestionada a ir para um retiro místico localizado em pleno deserto chileno. E ela aceitou fazer essa viagem, pois, esse amigo, um filósofo lhe explicou que quem vai a esse tal lugar, depois que perde a sua fé, ao retornar de lá se transforma em alguém mais esclarecido nas suas antigas convicções outrora perdidas. Esse filosófo ainda explicou que a sua antiga fé perdida voltaria renovada e bem ampliada ao longo de um lindo e misterioso processo místico.

Tente visualizar Alice, no meio de um deserto, ela está dialogando com um exótico ancião, e logo essa jovem viúva percebeu que esse ser misterioso é idêntico ao seu falecido querido avô.

Você consegue imaginar essa tão inusitada cena?

Porém, estranhamente, esse "eremita" lhe revelou que ele nunca havia se comunicado com outra pessoa antes de ter se encontrado com a nossa protagonista.

Eu me pergunto se você conseguiria imaginar essa tão estranha aparição em forma de um homem?

Ele será o responsável de mostrar para Alice, e também para quase todas as pessoas que leram esse livro, um novo olhar para interpretar o mundo em todas as suas mazelas e tantas e tantas maravilhas.

Essa nova maneira de experimentar a existência plena é bem parecida ao modo que o JOHN LENNON nos inspirou a IMAGINAR na sua obra mais famosa, é aquela música que mais influenciou os seus milhões de fãs espalhados por uma boa parte do mundo.

Agora realizarei a apresentação de alguns personagens desse livro, embora alguns deles irão morrer muito cedo, e outros: nada dirão. Porém, o leitor entenderá o propósito.

Eu precisava de um personagem, na verdade uma heroína, que se tornasse uma ateia, e que ela tivesse tendência suicida para fazer uma analogia com a Juliana, então, é por isso que teremos como a protagonista do enredo uma mulher que se tornou uma total descrente em sua fé.

A primeira personagem que vamos conhecer é a Alice: Ela tem um metro e sessenta e oito de altura, pele clara, cabelos ruivos, é relativamente bonita. Ela sempre foi dona de uma fé extremada: a sua devoção era tão intensa a um ponto tal que tudo dava certo em sua vida. E para se ter uma dimensão de como era isso, contarei um pouco de como era vida dela: há oito meses ela, com outros colegas de trabalho, perdeu o emprego que tinha em uma empresa em que trabalhou por seis meses. Os colegas demitidos entraram em um total desespero , Alice não se abalou de maneira alguma com essa demissão, e ficou até bem feliz, e disse aos colegas que esse acontecimento era parte de um propósito de Deus que estava agindo em sua vida naquele momento, e que Ele lhe daria um emprego muito melhor do que esse que acabou de perder. Todos olharam para ela com desdém, pensando que ela queria mostrar ser uma pessoa bem forte na presença deles, mas, que depois ela iria chorar sozinha no reservado, sem ninguém perceber.

E Alice continuou a dizer que aquela demissão era, na verdade, um maravilhoso presente de Deus, e que Ele havia lhe preparado um emprego que é muito melhor para ela. Dizia que Deus tinha finalmente ouvido as suas súplicas. Ela confessou aos colegas que todas as noites ela orava pedindo a Deus um emprego bem melhor e que, sobretudo, fosse bem perto de sua casa, pois , queria ficar o maior tempo possível na companhia dos seus filhos. Já que, morando no município de Santo André, na grande São Paulo, e trabalhando em Pinheiros, bairro da capital de São Paulo, era muito longe, o salário bem baixo, sem benefício algum, em uma empresa que não investia nem nos bons funcionários. Isso era muito ruim para ela, que tinha a pretensão de passar do cargo de recepcionista para uma secretária.

Ela chamou seus colegas para ir a uma agência de empregos naquele mesmo dia, pois disse sentir que todos iriam conseguir um novo emprego muito melhor e que só era preciso confiarem em Deus.

Alice falou isso com uma convicção tão grande que os colegas pensaram que ela estava meio insana, totalmente fora de si, todos acharam a ideia um absurdo total. Alice, porém, continuou a dizer que aquela demissão foi um presente do Altíssimo, pois toda noite orava pedindo-lhe um emprego melhor, e que fosse bem mais próximo da sua casa. "Finalmente, Deus havia ouvido aos seus pedidos.", pensava Alice, com um sorriso estranho no rosto que teimava em aparecer a cada instante, isso deixou seus colegas cada vez mais perplexos, pois, Alice agia como se realmente estivesse fora de si. Parecia estar convicta que Deus estava operando milagres em favor dela.

Mesmo diante de todo aquele ceticismo de seus colegas demitidos em relação a ela, Alice não se importou com isso e chamou a todos para irem à Avenida Paulista com ela para que todos possam compartilhar a posse dessa benção, pois, Alice acreditava realmente que pressentiu que lá era o lugar em que o altíssimo, segundo ela, empregariam a todos que lhe acompanhasse, mas, eles sentiram muita pena dela, uma vez que acreditavam que ela não dizia coisa com coisa.

Antes de deixar o prédio ela fez o sinal da cruz (como sempre fazia) e rumou para a Avenida Paulista, fez o sinal da cruz novamente e entrou num lindo prédio onde funcionava uma agência de empregos e dirigiu-se ao balcão de atendimento informando que ali se apresentava para preencher uma vaga especial de recepcionista reservada para ela. Porém, a simpática atendente perguntou-lhe se ela havia sido enviada por alguém em especial, pois, nada estava sabendo sobre a vaga de recepcionista, e Alice respondeu que foi o altíssimo quem a enviou.

A charmosa atendente ficou confusa, ela não sabia como lidar com aquele tipo de pessoa muito estranha à sua frente. Ela respondeu apenas que em uma sexta-feira, às 16h45min, era impossível que alguém lhe desse um emprego, e que, inclusive, era fim de mês, fato esse que complicava ainda mais ter sucesso, e a moça lhe explicou ainda que nessas ocasiões, normalmente, não aparecia ninguém ali, e ela já ficava até pintando as unhas para se preparar para as festas do fim de semana. Alice discordou dizendo que para o altíssimo nada é impossível, e que Ele mesmo a encaminhou para lá.

A atendente, ainda confusa pela cena tão inusitada, disse que não tinha o emprego que ela tanto almejava, ela disse ainda que lamentava muito por isso, mas, que Alice teria que voltar para casa. Alice lhe respondeu que ela iria esperar ali até o emprego chegar, porque ela não recusava presentes de Deus. A atendente já estava com medo daquela mulher estranha que apesar de Alice parecer, inofensiva, a atendente não sabia se ela iria lhe dar algum tipo de problema e finalmente ela disse para a Alice que a agência encerraria o expediente exatamente às 17h15min. porém, enquanto isso, ela poderia preencher um cadastro, mas, depois disso a Alice teria que ir embora "numa boa" imediatamente e sem criar nenhum problema qualquer. A moça, nesse momento, já estava mesmo com muito medo da Alice devido ao seu jeito convicto e do modo dela falar e se comportar.

Quando a Alice estava quase terminando de preencher o cadastro, chegou por um fax pedindo urgentemente uma recepcionista que morasse em Santo André para o início imediato.

A perplexidade da atendente foi tamanha que ela sofreu uma brusca queda de pressão arterial e ficou até meio tonta e pediu para que a própria Alice lesse o documento e lhe falasse se ela tinha interesse ou não pela vaga.

Quando Alice terminou de ler o fax ela ficou muito feliz e comentou com a recepcionista que o endereço da empresa era à duas quadras de sua casa e que o salário era de 60% a mais que o antigo salário dela, e que essa empresa oferecia ainda vários benefícios e que a empresa investia nos bons funcionários e bancam, inclusive, cursos de aperfeiçoamento e até pagam quase toda a faculdade . Alice disse ainda que isso tudo era exatamente o que ela havia pedido ao altíssimo, e que ela sentiu que foi o próprio Deus que conduziu os seus passos até ali.

Enquanto a atendente ficou ali estática (sem reação alguma), Alice se ajoelhou, fez o sinal da cruz, e agradeceu a "bênção vinda dos céus".

A moça ficou olhando para todos os lugares para ver se não era alguma piada de seus muitos amigos brincalhões , ou se era de algum canal de televisão que testavam a reação das pessoa diante do enusitado.

Existem centenas de passagens da vida de Alice que mostram o quanto ela tinha “sorte” de estar no lugar certo na hora certa. Ela acreditava que Deus ajuda quem acredita e pede-lhe até conseguir, -- Mas -- dizia ela -- tem que “pedir com muita fé” porque Ele nunca falha, Ele tudo pode, eela disse ainda que nenhuma folha de uma árvore cai sem o consentimento Dele.

Tudo dava certo na vida dela, eram tão impressionantes quanto frequentes esses fatos acontecerem, talvez seja exatamente por esses acontecimentos que ela normalmente não tinha muitos amigos, nem mesmo nas empresas em que trabalhava.

Muitas pessoas até torciam para que ela se desse mal um dia, só para ela "aprender a deixar de ser tola".

Sempre que alguém tinha algum problema: ela logo dizia ser pura falta de fé, e também, às vezes, era falta de oração. E era por causa de frases comos essas que as pessoas ficavam muito chateadas com ela, pois, todas as pessoas acreditam que igualmente a aAlice possuíam uma grande fé também, contudo, suas vidas não eram tão favoráveis tanto quanto a da Alice. Parecia que quando Alice falava desse jeito, fazia com que as pessoas se sentissem inferiores, sem fé alguma, e que são desassistidas por Deus, e além disso parecia que Deus não as amavam.

Uma vez ela estava com dor em um dente e fez uma oração e a dor passou no mesmo instante.

Alice tinha uma frase que ela vivia citando aos quatro ventos, que era: "A verdadeira fé é incorruptível e inabalável".

Para Alice, na verdade, todo problema podia ser resolvido através da fé, da oração, de jejuns, de procissões, de velas, rosários, vigílias e outras coisas dessa crença, porque quando ela orava conseguia resolver todos as suas dificuldades.

Alice tem vinte e sete anos, é casada e tem dois filhos lindos. Seu marido, João, é um homem de bem. Ela é católica super praticante (pode botar praticante nisso), ela vivia na igreja, fazia, ainda, muitas visitas aos conventos, as comunidades carentes e aos orfanatos.

Porém, Alice não era bem vista pelo pessoal jovem da igreja, eles a chamavam (claro que por trás dela), de Dona Encrenqueira, porque Alice ficava corrigindo a postura eles dizendo que: “tem que fazer a fila, corretamente, para receber a hóstia, porque na ‘Casa de Deus’ não era lugar de paquerar". . . Ela criava muitas regras feitas na cabeça dela e não deixava os jovens falarem bem alto na igreja, e não permitia muitas outras coisas que chateavam demasiadamente esses jovens, inclusive certas roupas nas missas, e uma vez houve uma certa ocasião que a Dona Encrenqueira chamou a todos da pastoral da juventude de sacrílegos: esses jovens prometeram que nunca iriam perdoá-la por isso.

Ela gostava muito de assistir alguns telejornais e de escutar o noticiário pelo rádio e também lia muitas revistas de vários gêneros, e ela amava música clássica. Alice terminou o ensino médio e tinha a pretensão de ingressar na Faculdade e fazer Assistência Social ou Teologia. Por falar em Teologia: Teve uma ocasião em São Tomé das Letras que um homem estranho e vestido igual a um homem idoso paranoico que parecia ser bem maluco veio para perto dela e se apresentou a ela como "uma espécie de místico" e olhou ela no fundo, de seus olhos e disse que Alice tinha uma missão a cumprir na vida dela e que ela não era uma mulher comum e que sua família estava atrapalhando sua espiritualidade e a sua missão espiritual aqui na Terra,. Alice se assustou e enquanto ela tentava sair de perto dele esse idoso lhe dizia bem alto perto do seu ouvido:

-- ”Quando as pessoas não vão ao encontro do seu destino: ele dá um jeito de fazer as pessoas irem até ele de uma maneira ou de outra! Prepare-se bem para o dia do seu chamado!".

O segundo personagem é oLéo Romano (amigo da Alice).

Léo sempre foi um sujeito que esteve em busca de uma suposta verdade, pois, ele queria saber o que somos? Para que estamos aqui? Qual o sentido da vida? Vamos ser castigados ou recompensados de alguma maneira devido aos nossos feitos? O que é a verdade? Questionava-se muito sobre metafísica e ficava pensando como que é possível nós sermos esse monte de carne, ossos e muito sangue que fica andando, por aí afora brincando de existir. Ele não conseguiu entender como um monte de carne e ossos conseguia ver tudo o que existe, pegar objetos, pensar, se reproduzir, existir, etc. Ele não entendia como é possível a gente estar viajando no espaço numa bola (o planeta Terra), que circula em torno de outra bola incandescente (o Sol) que dá Luz e calor e é essencial para a vida na Terra. Ficava tão “bestificado” e sem entender tudo isso e ficou esperando a vida passar, não teve um filho, não plantou uma única árvore sequer e nem escreveu um livro simples que fosse ousou a fazer, pois, mesmo com todo conhecimento, que julgava ter, ele se sentia uma pessoa vazia e inútil, e a sua existência era um tormento: por isso ele parou no tempo e espaço, e só fazia questionamentos.

E as suas muitas perguntas sem respostas o atormentavam cada dia mais e mais, e por esse motivo que ele estava sempre ao redor de Alice, ele julgava ter um grande conhecimento sobre quase todo tipo de filosofias e teorias, mas não uma teoria sobre como ser feliz, e a Alice já possuía uma receita para a felicidade, sendo a fé e a oração, Deus, igreja, etc. No fundo, mesmo o Léo tinha, sem perceber, uma inveja muito grande da sua amiga, por ela ser uma pessoa realizada e muito feliz, e ele com todo aquele conhecimento se sentia vazio, sempre se defendia "dessa agressão" (reconhecer essa inveja) dizendo um pensamento do cantor baiano, Raul seixas: "Que pena eu não ser burro, eu não sofreria (tanto)".

Mas, na verdade, o Léo não tinha medo algum da morte, ele não achava a morte ruim, o que o incomodava mesmo é a vida, ou o absurdo da existência da vida em si, não existir era uma situação normal para ele, morrer também era normal para ele, o estranho mesmo era o que acontecia entre a não existência e a morte, ou seja, voltar a não existir novamente, para ele não existir é a questão mais fácil de entender. Ele acreditava que não existia de nenhuma maneira antes de nascer, e que não sentia dor alguma, e não sentia amor, não sentia nada, sabia que iria morrer um dia, ou seja, ele veio do nada e para o nada voltará. Ele não existia, passou a existir e depois deixaria de existir novamente. Agora o incômodo era saber o porquê e como que a vida existia, pois, ele realmente se impressionava com tudo isso, a vida para esse homem era uma incógnita, a morte não. Então ele se perguntava o porquê da existência da vida? E qual é a sua razão? Enquanto todas as pessoas se espantavam, se preocupavam, se questionavam, se fascinavam com a morte, o Léo achava a vida um grande enigma. A existência de todo e toda sua complexidade era acontecimentos incríveis demais para poderem existir. Isso era o que muito o incomodava, mas, as pessoas apesar de nunca terem tocado no assunto na presença dele, porém, todos acreditavam que ele tinha medo de morrer sim.

Léo e a Alice eram amigos desde que nasceram, na verdade, eles também são primos. Eles nasceram numa cidade no Sul de Minas Gerais, dois anos depois que a amiga veio para São Paulo , ele fez o mesmo trajeto que ela e isso já faz dez longos anos.

Léo tem vinte e nove anos, solteiro, ele, às vezes se auto define como agnóstico (acredita que nunca o homem poderá adquirir o conhecimento), professor de história e de filosofia numa Faculdade particular, tinha uma banda de rock com repertório dos Beatles e John Lennon. Ele não é tão bonito, alto, magro, branco, cabelos longos. Ele tem distúrbios do sono, têm pesadelos todas as noites, ocasionados, exclusivamente, pela vontade de conhecer a resposta de como que é possível o absurdo da existência acontecer. Para ele ter um sonho bom era tão importante e sedutor quanto saber o que é o "todo da verdade".

O terceiro personagem é o João: (o marido da Alice)

Ele tem trinta e dois anos, e é de estatura mediana para alta, é um bom mecânico de manutenção, é católico, porém, não muito praticante, gosta muito de futebol, ele é uma pessoa que é muito responsável, elel é muito amigo das pessoas, e estava sempre de bem com a sua vida, ele tinha vários amigos, e era muito simpático, e aos fins de semana tocava as músicas dos Beatles para o pessoal da Pastoral da Juventude, e logo após perceber que isso fazia bem para ele começou, então, a ensinar os jovens como uma espécie de terapia, pois, quanto mais com a sua mente ocupada estava , menos ele iria se sentir com vontade de voltar a jogar e a beber. João foi durante muitos anos viciado em jogos de azar e a bebedas, e isso fazia a sua mulher sofrer muito, no entanto, hoje em dia ele nem fuma, nem joga mais, às vezes toma uma “cervejinha” para relaxar as tensões do dia-a-dia. João ainda conservou o gosto por esportes que a adquiriu quando ainda era muito menino, quando era muito jovem ele sonhou muito em ser um jogador de futebol famoso, mas agora era apenas um sonho de menino que já passou e o correr dos anos o fez esquecer, mas hoje em dia ele já se anima em ficar horas e horas em frente à TV a Cabo assistindo a vários programas esportivos.

A quarta personagem é a Cecília: (a lindíssima irmã de Alice)

Ela tem dezenove ano e é muito e muito bonita, está morando no Estado de São Paulo há seis anos e há apenas cinco meses está morando na cidade Santo André com a sua irmã, e está tentando esquecer o fim de um casamento que durou apenas sete meses, ela veio para estudar e se esquecer de seu casamento frustrado.

Cecília está tentando lutar contra si mesma para se libertar da sua libido que é muito forte, quase incontrolável. Isso sempre lhe causou grandes problemas, inclusive, sua separação conjugal. Ela está fazendo a faculdade de belas-artes: adora contemplar o BELO. Seu maior sonho: ser feliz.

O quinto personagem é o Mozart: (filho da Alice)

Um menino de nove anos, estudioso, alegre e cheio de vida. É muito apegado à sua madrinha, nas férias da escola, ficava o dia todo na casa dela, só voltava à noite quando a sua mãe ou seu pai o apanhava na volta do trabalho. É muito educado e prestativo, apesar de ser muito tímido. Mozart gosta muito de tomar café com leite e comer pão com manteiga, dizia para sua mãe que queria que o mundo fosse feito de pão com manteiga e café com leite.

Dizia querer ser padre, ele queria agradar sua mãe com essa atitude.

O sexto personagem é o Johann: (o caçula de Alice e o João)

Era um lindo menino de sete anos, gosta muito de desenhos animados, ele até falava muito parecido com o Catatau do Desenho do Zé colmeia, este fato deixava o seu pai muito preocupado. Ele possuía um monte de sardas espalhadas pelo seu corpo sadio, essa característica deixava sua mãe muito feliz. Ele dizia querer ser baterista de uma banda de Rock, essa revelação desse desejo tirava o sono de sua mãe, que orava pedindo a Deus para intervir na cabeça dele e livrá-lo dessa atitude do demônio (segundo ela). O pequeno Johann também era fascinado por foguetes, e, , igualmente sonha quase todas as crianças, nutria uma vontade infantil de ser astronauta.

O sétimo personagem é o Ramones: (Ele é manifestação da própria essência em pessoa).

Capítulo Primeiro: Eu lhe pergunto, a verdadeira fé é mesmo incorruptível e inabalável?

Hoje, dia dezessete de fevereiro de 1992, agora, exatamente, às 6h35min da manhã, finalmente parou de chover! Estamos na varanda da enorme casa de Alice, ela ainda está dormindo e logo vamos ouvir o som do alarme do seu relógio, e ela em seguida já vai acordar. Vamos, então, entrar e ver como estão os acontecimentos lá dentro? Aqui é o quarto dos filhos dela com o João, seu marido. Os “anjinhos”, como ela carinhosamente os apelidou, estão dormindo tranquilamente, apesar de estarem bastante tristes, já que, mamãe e papai irão viajar para o Chile, e eles por duas semanas inteiras ficarão sem o carinho de seus pais por todo esse infinito tempo, uma ausência de tanto tempo assim nunca aconteceu, o máximo que já ficaram foi por dois dias consecutivos.

Os meninos até ficaram muito chateados com o pessoal da pastoral da juventude que resolveu presentear com as passagens aéreas os seus pais para que eles pudessem realizar essa viagem tão desejada, porém, para esses meninos, o presente bom mesmo é poder ficar sempre com papai e com a mamãe.

Na verdade, o pessoal da pastoral da juventude queria fazer um agrado, especialmente, ao tio Dão, era assim que os jovens chamavam o marido da Alice, que sabia tudo sobre os Beatles e os ensinava a tocar todas suas músicas.

Agora, vamos para o quarto da Cecília, a bela, ela é a mulher de dezenove anos mais linda que os meus olhos já puderam contemplar, entretanto, em contrapartida, atualmente, talvez, ela seja a pessoa, de sua idade, a mais deprimida e a mais triste que eu já vi. Se vocês pudessem imaginar como ela é linda, iriam querer ficar a contemplá-la devido à sua infinita beleza por todo o sempre, principalmente, quando ela dorme, como agora.

Entretanto, infelizmente, não vamos poder ficar aqui admirando essa bela jovem, e nem podemos ficar aqui falando a seu respeito, porque, preciso narrar os fatos que acontecerão na sequência, e tenho que falar sobre muitas outras situações ainda, acontecimentos demasiadamente importantes vão ocorrer a partir daqui.

Estamos agora no quarto de Alice, e tudo já está pronto para a grande viagem: as malas, os passaportes, as reservas do hotel e muitos outros apetrechos e objetos tão necessários a uma boa viagem que se pretende realizar.

Agora ela dorme tranquila, sabe que quando acordar, claro que é com ajuda do seu relógio que ganhou de um primo, encontrará um dia lindo e maravilhoso. É óbvio que ela sabe! É que na data de hoje, ela e o João, estarão logo mais comemorando as bodas de estanho, pois, faz dez anos que se casaram. Por causa disso, ela está convicta que “O Bom Deus” lhe concederá um dia esplêndido para eles comemorarem essa data tão especial para esse casal. Ela é, com certeza, uma pessoa extremamente devota. Sempre foi muito boa para com todos, e ainda ficou durante dois meses pedindo, em suas orações, e em jejuns, que o dia de suas bodas fosse maravilhoso.

Apesar de chover muito nas duas últimas semanas na Grande São Paulo, quando o relógio despertou às 7h em ponto e acordou Alice, o dia estava realmente maravilhoso exatamente como ela pediu em suas infinitas orações. Ela se levantou, depois se ajoelhou no tapete, agradeceu a Deus como fazia todas as manhãs, e em seguida, foi tomar um “banho despertador”. E através do vitral do banheiro ela confirma o que nem precisaria mais de nenhuma comprovação , a cara do dia estava linda, estava exatamente igual ao que ela imaginou, foi assim mesmo que ela pediu a Deus. Quando saiu do banho, encontrou seu marido no corredor com duas xícaras de café. Uma era para ela, e a outra o João já estava se servindo, então, ele disse entregando para a sua amada a xícara com café puro.

-- Como você consegue, querida, fazer o dia ficar lindo assim?

Perguntou o pasmado João ao amor de sua vida:

-- Não fui eu, foi Deus quem nos presenteou por nossa grande fé, meu amor!

Disse a feliz mulher recebendo um beijo e um acolhedor abraço de seu querido esposo.

-- Suponho que a fé é mais tua do que, exatamente, nossa, não é mesmo, Alice?

Disse João, reconhecendo que não acreditava realmente que o dia estaria tão bonito, depois de tanta chuva nos últimos dias. Mesmo quando Alice lhe garantiu que Deus jamais faria essa desfeita com eles (privá-los de uma boa comemoração devido ao clima de chuvas), mesmo porque João não tinha tanta fé em Deus como Alice gostaria que ele tivesse. Ela segurou na mão dele e disse:

-- A Bíblia diz que uma mulher sábia santifica o seu lar, ou será que é glorifica? Eu não me lembro bem!

Disse Alice tentando dizer que ela rezava pelo bem de toda a sua família.

-- Na verdade, minha linda, a frase correta é: “a mulher sábia, edifica o seu lar”. E você faz isso muito bem, querida Alice.

Disse-lhe, pacientemente, e com doçura, o amoroso e prestativo João.

-- E o que quer dizer, exatamente, isso?

Perguntou Alice orgulhosa pelo fato de João ter feito, finalmente, depois que tanto ela lhe pediu, certo cursinho Bíblico.

-- Bom! Eu acredito que quer dizer que, uma mulher sábia faz com que sua família seja uma família maravilhosa, todos amando a todos, fazendo a vontade de Deus, como é no caso da nossa família, e tudo por sua causa, meu amor. Você realmente é maravilhosa, é uma mulher sábia e edifica muito bem a sua casa, você é o meu maior investimento, tenha a certeza disso, amor! Tenho filhos bem educados por sua causa, você é uma ótima mãe, esposa, mulher e pessoa.

Depois que João disse isso lhe deu outro abraço, bem forte, carinhoso e também mais um beijo apaixonado. Alice, nesse momento, se sentiu a pessoa mais amada e feliz de todo o imenso país. Ela aperta seu marido junto ao seu corpo e diz:

-- Eu fico muito feliz por você dizer essas palavras tão lindas que todas as mulheres gostariam de ouvir de seus companheiros, logo hoje, em um dia tão especial para nossa família, obrigada, meu bem. Deus e minha família são a minha vida, se um dia perder vocês não teriam forças, nem vontade de viver, e nem a vida teria sentido algum para mim.

Alice, de repende, disse isso aos prantos, João mesmo sem entender o que ela queria dizer com isso, socorreu-a com mais um abraço e lhe disse com muito carinho:

-- “Alicinha”, nada neste mundo vai fazer você ficar triste, você confia tanto em Deus! Você é a última pessoa nesse mundo que mereceria chorar. . .

Muito emocionada, a mulher balançou a cabeça para confirmar que sim, ela estava tão tensa que nem conseguia falar, parecia até que estava pressentindo algo de ruim que haveria de acontecer muito em breve. Sentindo que sua amada não estava muito bem, João interrompe os seus pensamentos dizendo-lhe:

-- Não diga mais todos esses absurdos, Deus a ama muito e nós também a amamos, e você sabe disso! E outro fato, Deus já provou que está totalmente ao teu lado. . . Olha como o dia está lindo, parece até um pequeno milagre ter parado de chover! Parece até que Deus fica se esforçando o tempo todo para te agradar ! Parece que Deus faz tudo que você quer e tudo o que você precisa. Eu tenho a impressão que Deus existe só para fazê-la feliz, parece, Alice, que o mundo todo só existe para agradá-la. . .

João disse isso apontando para a janela da sala por onde os raios de sol da manhã entraram e testemunham todo o afeto que João tinha pela sua esposa, ele chegou até a pensar parecer que os raios do sol sorriam de alegria para o amor deles, era como se aquela invasão dos raios do Sol fosse uma felicitação da natureza ao amor deles. Alice olha para onde seu amado esposo lhe aponta com o dedo e disse:

- João, hoje é o dia mais feliz da minha vida! Tenho tudo o que preciso para ser feliz: Deus e vocês, minha família querida e também a minha irmã que está conosco, fico feliz em poder ajudá-la nesse momento que está tão difícil em sua vida.

Quando disse isso, seus olhos brilharam, irradiou uma luz de seus olhos, João apertou-lhe as mãos com “quase todo o carinho do seu imenso coração” e disse-lhe:

-- Alice, eu amo você e nossa família, com todas as minhas forças.

Ao dizer isso, João tremia de emoção, parecia que eles estavam flutuando nas nuvens, foi um momento mágico, só os raios do Sol puderam contemplar esse momento lindo, se, o amigo leitor, pudesse ver essa cena, iria perceber que aqueles raios de sol estavam contemplando a conversa desse casal que se ama muito.

Porém, quando Alice, mesmo com um profundo carinho, disse:

-- Meu amor, você esqueceu de dizer que ama a Deus em primeiro lugar.

-- Não, não esqueci não, Alice, amo mais a vocês, do que a Deus! Nem sei se Deus existe mesmo! Não há provas disso!

Respondeu, enfaticamente, João já notando uma pontinha de tristeza no semblante da esposa que mesmo assim ainda estava muito feliz.

Para Alice era muito importante dizer que Deus está sempre em primeiro lugar. Já o João tem muita dificuldade de pensar profundamente em Deus. Ele sempre dizia gostar mais das pessoas que estavam ao seu redor do que de Deus, que, na verdade, nem sabia, se Deus realmente existia, as pessoas, ele tinha convicção de que existiam realmente, pois, podia vê-las e tocá-las, sempre. Ele disse, ainda, que se Deus existisse: com certeza, Ele, Deus, iria gostar que nós cuidássemos uns dos outros e nos amássemos reciprocamente, e é o que eu iria querer se eu fosse o Próprio Deus.

Essas palavras ditas com frequência por seu esposo a deixava desesperada. Ela dizia ser devido ao Rock que João sempre gostou de ouvir desde quando era muito jovem, principalmente, as músicas do ex Beatles, John Lennon: “Esse ateu está te corrompendo”, dizia sempre Alice, muito chateada com as suas palavras contra Deus.

-- Mas isso, não é errado, João? Você ficar dizendo essas coisas, Deus é eterno, as pessoas não, Ele é o nosso pai.

-- Alice, Justamente por Deus ser eterno que Ele não precisa tanto das pessoas. . . Deus não faz nada por ninguém, Alice, a única pessoa para quem eu vejo que Deus está fazendo algo, é só para você! Deus parece que está disposto a mover mundos e fundos só para lhe agradar!

João disse isso e a sua esposa lhou para ele com um olhar de profunda reporvação e falou:

-- Nunca mais fale isso para mim! Deus pode nos castigar por essas suas palavras. . .

E o seu marido tentando se desculpar disse:

-- Jesus disse que deveríamos provar o amor que sentimos pelo Pai (Deus) que está no Céu (e não o vemos) é amando as pessoas, deveríamos amar ao próximo (irmão) que está perto de nós. É assim que eu entendo e é assim que venho agindo desde sempre. Foi isso que eu confirmei naquele cursinho que você me obrigou a fazer. . .

João queria deixar para resolver esse ponto de vista dessa passagem da Bíblia em outra hora. Alice entendeu bem isso, até porque já estava na hora de ela ir para o trabalho e não podia falar sobre esse assunto naquele momento, apesar de que ela sempre pregou que devemos falar das coisas de Deus em qualquer ocasião por ser deveras muito importante.

Agora a feliz e atrasada mulher disse ao seu amado que já estava quase totalmente despido para “tomar uma ducha”:

-- Meu bem, vou acordar a Cecília, porque tenho que combinar os horários, as roupas e tudo exatamente do jeito que planejei para a festa que o pessoal da igreja está preparando para nossas bodas, está bem? É que não podemos chegar atrasados devido ao avião que vai levantar o voo à meia-noite e meia, entendeu bem?

Ele olha para ela e diz:

-- Está bem, minha linda, eu vou tomar um belo banho e aproveitar bem o dia de sol já que ganhei esse dia de folga como um presente pelas bodas, então eu vou aproveitá-lo plenamente.

Quando João terminou de falar, já estava totalmente despido no banheiro e Alice estava a caminho do seu quarto para se vestir. Em seguida ela se dirigiu ao quarto de sua irmã caçula, acordou ela, e enquanto recebeu um forte abraço da bela Cecília, que lhe disse com o maior sorriso que ela jamais havia visto em toda a vida:

-- Parabéns, Alicinha! Dez anos, hein?!

Após dizer isso, ficou triste, e completou:

-- E o meu casamento não durou nem dez míseros meses.

Ao dizer isso, escorre uma lágrima dos olhos verdes e grandes de uma menina-mulher linda e infeliz.

Alice, com um lenço de papel, secou uma lágrima que escorria do rosto de Cecília e a pele clara e aveludada da sua irmã ficou com um tom suave de um vermelho quase rosado. A caçulinha ganha um beijo e um abraço. Depois, ficaram alguns instantes sem nada a dizer, faltaram-lhes todas as palavras, então a irmã mais velha quebrou aquele terrível silêncio:

-- Um dia, Deus, vai pôr uma pessoa maravilhosa na tua vida, o José Antônio não era uma boa pessoa para você, ele era muito ciumento e possessivo, foi Deus quem te livrou dele. Se você orar e jejuar todos os dias, e levar a religião mais a sério: eu tenho certeza que Ele vai te dar um homem que a ame de verdade, um marido bom que te mereça, um homem que a faça muito feliz, uma pessoa que faça a vontade de Deus, não um sujeito como aquele que, somente, lhe fez sofrer! Cecília, tenho certeza que no final vai acabar tudo bem, então, não se preocupe não, certo? A preocupação é, na verdade, uma demonstração de uma falta de confiança em Deus, sabia?

Alice disse isso olhando nos olhos ainda úmidos da sua querida irmãzinha. O seu olhar inspirava confiança na caçula, que mesmo admitindo não ter nem a décima parte da fé da irmã mais velha, mas, acreditava muito nela. Cecília achava sua irmã uma pessoa muito sábia, e tentava se inspirar na fé dela. Apesar dela também ser católica, porém, ela não era muito praticante, ela “fazia coisas erradas”, era isso que sua mãe sempre dizia, e bem depois era o padre João Fernando que falava as mesmas palavras para a sua irmãzinha. . .

Cecília, com uma expressão mista de gratidão, carinho e amor, retribuiu:

-- Obrigada, Alicinha, por você sempre ter se preocupado comigo, depois que nossos pais infelizmente faleceram, você passou a ser como uma perfeita mãe para mim. . .

Mas, Cecília, nem precisava ter dito isso, o olhar dela já demonstrava todos os seus sentimentos de gratidão, admiração, orgulho e respeito pela Alice, que nesse instante observa os ponteiros do seu relógio de pulso, e tomou um susto com o seu atraso e diz:

-- Eu só te acordei, Cecília, porque tenho que lhe explicar tudo, em detalhes, "tim tim por tim tim" de novo, para que você não faça as coisas erradas, mesmo porque, parece, que você, nunca presta atenção no que eu lhe digo e faz tudo diferente do que eu lhe peço. . . Acordei você, porque dessa vez, exijo realmente que tudo seja como já lhe disse ontem, entendeu? Gostaria que você aprontasse tudo para mim, já que, quando eu chegar, gostaria apenas de tomar um belo banho, pôr a roupa da festa e já sair rapidamente, quero que todos cheguemos juntos na comemoração, porque o festejo está programado para começar às 19h em ponto. Não quero deixar os convidados esperando. Poxa vida! Eles pagaram a festa toda, e ainda vão preparar tudo, nem querem a nossa ajuda, fizeram tudo isso como presente para nós. Então, não acho justo deixá-los iguais uns “bobos”, esperando por nós, não é mesmo?

Cecília ficou fazendo um biquinho com os lábios porque acreditava que sua irmã não sabia fazer as coisas com todo o charme e encanto como uma festa necessitava. Ela queria preparar toda a família de sua irmã de um jeito muito melhor do que a Alice planejou.

Alice, já percebendo o que sua irmã iria falar, e se antecipando a ela, disse que já explicou tudo como queria e que era para sua irmã fazer como foi determinada por ela. Deu um beijo estalado na testa da caçula e foi até o quarto dos filhos e beijou as bochechas de seus anjinhos, trancou a porta da sala que dá acesso à rua, e fez o sinal da cruz, e percorreu todos os quatrocentos e noventa e sete passos que ligam a porta da frente da casa dela ao portão, abriu, fechou, e novamente fez o sinal da cruz.

Sua casa ficava num lugar meio deserto, era rodeado por árvores, dava até para ouvir os pássaros cantando. Sua família sempre viveu assim, no meio de árvores, jardins enormes, pássaros de várias espécies, e outros pequenos animais selvagens. Essa casa era uma herança que Alice recebeu de um casal de idosos, eles eram os padrinhos de batizado da nossa protagonista.

Agora, já na calçada, essa mulher andava em um estado tão grande de felicidade que parecia que seus pés nem tocavam o solo. Quando entrou na empresa fez o sinal da cruz e logo foi vista pelas colegas de trabalho, que em seguida parabenizaram-na pela data. Trouxeram-lhe um buquê de rosas-vermelhas e brancas com um cartão dizendo: “Nós a felicitamos por você ser essa pessoa maravilhosa, parabéns! Continue assim, seus colegas”.

Desde quando a Alice começou nesse novo emprego, as pessoas que trabalhavam no seu setor, notaram que onde ela estava, o ar era melhor de se respirar, e não era só devido ao seu perfume suave, e sim, principalmente, porque irradiava de seu ser uma atmosfera boa, ninguém gritava com ninguém perto dela, era como se Alice fosse uma espécie de santa, todos do chefe ao “ office boy”, agiam diferente em sua presença. Mas, nesse dia, essa atmosfera radiante dela estava muito acentuada, os funcionários da empresa toda, que, aliás, não era pequena, revezavam-se para ficar pelo menos um instante ao seu redor . Algumas pessoas acreditavam que só em estar perto de Alice, faria com que eles pudessem também sentir aquilo que ela estava sentindo. Outros se contentavam com apenas com a honra e o prazer de ficar perto de alguém que está tão de bem com a vida.

Alice pediu ao seu chefe, uma semana antes, para que ela pudesse sair duas horas mais cedo do trabalho porque tinha que passar no cabeleireiro e arrumar seu cabelo. A mulher cada vez mais feliz, esperava "seu" o ônibus, que demora um pouquinho, e a ansiedade aumenta mais e mais a cada instante. Alice, havia agendado um horário para que sua cabeleireira preferida lhe fizesse um penteado, quase uma escultura, ela foi convencida por sua irma fazer algo no seu cabelo que fosse adequado para essa ocasião tão especial, apesar de, nunca ter sido muito vaidosa, ela também queria algo lindo nessa data tão importante para a sua família. Porém, quando Alice chegou perto do salão de beleza já logo percebeu que as portas estavam fechadas e seu semblante despencou imediatamente e por um pequeno instante ela pensou na possibilidade de ser uma brincadeira, mas logo, “caiu na real”, tinha um bilhete afixado num painel que dizia:

--“Desculpem-me, mas tive que ir ao médico, emergência. Não volto mais hoje, peço mil desculpas, Assinado: Célia. ”

Ao ler esse recado pensou em voltar imediatamente para casa sem um penteado ideal mesmo, depois achou por bem não ir "igual a uma mendiga", ela pensou alto:

-- Depois de tudo que Deus fez!? Até parar de chover Ele fez por mim! A minha família merecia muito mais dedicação de minha parte! O pessoal da igreja está trabalhando tanto! E eu nem vou me arrumar direito para eles?! Isso não! Não acho isso justo!

De súbito, teve uma ideia que salvaria o dia. Na verdade, era até óbvia a sua ideia e decidiu logicamente que iria procurar outro cabeleireiro, fez o sinal da cruz e agradeceu a Deus e partiu à procura de outro salão de cabeleireiro.

O semblante da mulher mais confiante do mundo, porém, muito ansiosa, voltou a mostrar o que realmente era, uma mulher que sabia que no “final tudo dava sempre certo”. Andou só um pouquinho e logo achou outro salão, no entanto, havia uma cliente fazendo um penteado que demoraria muito para terminar, mesmo assim, resolveu esperar. Nos seus cálculos ia se atrasar em mais de meia hora, mas já estava decidida e dizia baixinho só para ela e sua fé ouvirem:

-- Vai dar certo! Tudo vai dar certo! Um segundo no relógio de Deus é uma hora inteira no nosso!

Deu um sorriso quando o seu penteado ficou pronto, o cabeleireiro, ficou de boca aberta contemplando a sua própria obra de Arte, pediu que sua cliente esperasse um momento para que ele pudesse fotografar o que fez com seus cabelos.

Na verdade, não era realmente o penteado que estava lindo, era o semblante de Alice que fazia com que aquele monte de grampos e tranças, parecesse ser muito mais bonito do que era realmente.

Porém, agora, nesse momento, a atrasada, ansiosa e feliz mulher pede desculpas por não poder lhe deixar tirar a sua fotografia e rapidamente explica-lhe:

-- Eu, sinto muito, mas, não posso perder nem mais um segundo não: Deus e minha família, as pessoas, os amigos e os convidados estão a me esperar!

Quando o cabeleireiro ouviu isso, deu um pulo na frente de Alice e disse em desespero:

-- Não se preocupe! Eu tiro em dois segundos enquanto você pega o dinheiro!

Falou o homem já com a máquina fotográfica em mãos.

A mulher fotografada pagou pelo serviço do cabeleireiro que se achava um gênio dos penteados, então, fez o sinal da cruz e saiu mais rápido do que entrou, pois, os seus cálculos estavam errados, ela nunca foi muito boa em calcular o a passagem das horas.

Entretanto, ela já estava alguns minutos fora do tempo que julgava que iria gastar para ficar bonita, e desceu do ônibus em frente a uma pequena e antiga capela, e dessa vez, ela realmente cogitou por um isntante em não parar para rezar e agradecer a Deus, como sempre fazia em lugares que ela chamava de “Santos”, ela acredita que esses lugares foram construídos por indivíduos de fé para que as pessoas que possuem confiança em Deus possam entrar um pouquinho que seja e falar com Ele na Casa Dele, mesmo que estejamos com muita pressa: “um minuto para nós é uma eternidade para Deus”, e ela agia assim sempre que passava em frente a uma capela ou igreja, ela sempre dizia uma mesma famigerada frase para odesespero de seu marido ou das pessoas que lhe acompnhavam nessas horas, e estavam com muita pressa, ou atrasadas, pois, tinham que esperar ela ter" uma conversinha íntima com Deus". Então ela entrou, ajoelhou-se, fez o sinal da cruz e rezou com uma profunda devoção e amor sincero. Agradeceu a Deus por tudo de bom que Ele havia proporcionado-lhe e por a sua família estar muito bem. Alice deu graças até para as coisas ruins que lhe aconteceram, sempre entendeu que as coisas ruins lhe fizeram crescer, bastante, espiritualmente, aumentando-lhe a sua fé. Dizia que: “Se Deus era justo, então tudo que acontece tem um maravilhoso propósito para a evolução das pessoas” e dizia também que: “Ninguém sabe mais do que Deus o que é bom ou mau!”, "Deus está no comando!", e que ‘Temos que confiar cegamente Nele!”. Alice, nunca conseguiu entender como alguém pode confiar em Deus, na justiça Dele e não perceber que tudo tem um grande e maravilhoso propósito divino já preparado e ela dizia que:

--“Os cristãos devem estar atentos aos sinais da presença de Deus, visto que Ele está em todos os lugares e o tempo todo”.

Alice perdoava tudo nas pessoas, tudo menos a falta de fé em Deus. Não entendia como que uma pessoa pode não ter fé" e ela dizia:

-- Como uma pessoa pode não acreditar em Deus? As pessoas que precisam de Deus e não é Deus que precisa das pessoas. Deus tem muito trabalho” para amar as pessoas, devido à falta de fé delas”. O que salva o homem não é a fé Nele: é a misericórdia de Deus que salva o seu povo que está com Ele.

Dizia, inclusive, que se uma pessoa que tem fé e reza sempre, e continua com algum tipo de problema qualquer, isso acontece justamente porque Deus está provando algo na pessoa, e que de alguma maneira tudo será para o bem dessa pessoa, porque Deus é justo e infalível em todos os seus atos. Dizia que Deus escreve certo por linhas certas, e quem diz que Deus escreve certo por linhas tortas era porque não enxergava direito, "tinha o olho torto" ou não conhecia Deus direito. Falava também que Deus estava acima do bem e do mal, porque a maior de todas as bondades era a Justiça Divina. Dizia que tudo o que Deus fez, faz e fará no futuro é certo e correto, e que, quem não pensa como ela, é porque essa pessoa não quer entender os desígnios de Deus:

-- Nenhuma folha de uma árvore cairia se não fosse da vontade de Deus!

Dizia ela, convicta de sua fé incorruptível e inabalável. Outra frase que era do seu riquíssimo repertório de citações: “Deus não dá um fardo mais pesado do que as pessoas possam carregar”. Para Alice a vida é bem simples de se viver, é só ir para igreja, orar, tomar da hóstia, confessar e pedir a Deus tudo que precisar e Ele lhe dará.

Alice rezou neste instante por toda a Humanidade, mas, quando olhou para o seu relógio e percebeu que já tinha “perdido” mais de uma hora em orações e só pretendia ficar cinco minutos. Não se importou, ela sabia que Deus iria fazer o tempo render, pois, o tempo que perdeu no cabeleireiro e na capela tinha sido por um bom motivo. Afinal, perdeu esse tempo se arrumando para agradar a sua família e o pessoal da igreja, e também conversou intimamente com Deus, e não poderia deixar de agradecer, principalmente, ao Altíssimo nesse dia do qual tinha certeza de que nunca iria esquecer em toda a sua vida. Ao pensar nisso tudo, fez o sinal da cruz, levantou-se e saiu bem tranquila com a certeza de que iria acabar tudo muito bem, sua fé lhe dizia isso o tempo todo, seu coração estava em paz, e muito confiante, ela acreditava estar inteiramente com Deus.

Agora, mais decidida ainda, sem pressa, e de novo uma feliz mulher caminha pelas calçadas a uma quadra do encontro de sua feliz e querida família que estava a lhe esperar com os braços abertos com o carinho de sempre. Já sentia muitas saudades de seus “anjinhos” e de seu marido e da sua linda irmã caçula. Começou a assobiar a quinta sinfonia de Beethoven, ela simplesmente amava música clássica, e, em simultâneo, em que assobiava uma canção, também pensava alto: “A Cecília deve ter penteado os cabelos dos meninos para trás, de uma maneira que eu não suponho que seja a melhor maneira de penteá-los, ainda mais em se tratando de ter que tirar fotografias. Quero mostrar essas fotografias no dia dos casamentos deles!”. “Profetizava” Alice quando acabou de cruzar o portão de sua casa e fazer o sinal da cruz, mais uma vez.

Alice imaginava encontrar seus filhos escutando o som alto, bem alto, eles sempre faziam isso quando a mãe deles não estava em casa, pois, ela não gosta de “barulho”, era assim que ela denominava o Rock’n’roll: só bagunça. Reclamava com as crianças que não conseguia escutar seus próprios pensamentos com tanto barulho. Mas, no meio do quintal percebeu que o som estava desligado, ou bem baixinho, coisa que duvidava um dia encontrar, pensou em voz baixa, "será que temos mais um pequeno milagre em minha casa hoje?". Então, ela, por um único instante , acreditou na possibilidade deles já terem ido ao salão de festas da paróquia, sem ela mas , logo descartou essa hipótese, pois, a sua família jamais faria isso com ela, seria muito deselegante: “a família tinha que chegar toda junta, unida, e feliz como sempre foram, e sempre será se Deus assim quiser, e Ele quer, falou para si mesma”. Algumas pessoas julgavam que, Alice acredita que ela podia ler os pensamentos de Deus, isso devido à convicção de suas palavras, e, principalmente, por causa do modo com o qual ela pronunciava essas frases.

Então, a conhecedora da sua própria família, disse a si mesma: Já sei! Eles me viram e desligaram o som, quando eu abri a porta, sou eu quem vou surpreender a todos! Eu vou assustá-los. Abrirei a porta bem devagarzinho para não fazer barulho, depois darei um grito com todas as minhas forças!

Alice estava tão feliz, queria brincar um pouco, dar uma descontraída, mesmo estando tão atrasada, pensou: “O Pessoal pode me esperar um pouquinho, nas novelas fica até charmoso ficar esperando as pessoas principais da festa, a Cecília, que adora charme e encanto, iria gostar muito de me ouvir dizendo isso.

Agora, a também brincalhona e feliz mulher abre a porta bem devagarzinho até a metade, depois dá um empurrão bem forte e de repente dá um grito ensurdecedor:

-- Ai! Meu Deus Do Céu! Aconteceu uma tragédia! Uma grande tragédia!

Alice ficou ali mesmo absolutamente parada na porta, estava petrificada, pois com os olhos fechados era bem mais fácil de acreditar que tudo aquilo ali em sua frente não fosse real. Ela pensou, "Deus jamais deixaria isso acontecer comigo". Alice sempre conviveu com o "fato" de pedir, e ganhar o que pediu a Deus, ele sempre lhe atendeu prontamente, nunca ela imaginou a possibilidade de pedir e não receber, agora isso aconteceu, ela pediu e não recebeu e só perdeu e perdeu muito. E com os olhos fechados ela não enxergaria a realidade nua e crua e isso estava escandalizando os seus pensamentos, foi o seu próprio instinto, foi algo natural que tentou lhe proteger daquela cena realmente horrível, não aceitar o que seus olhos acabaram de ver e acreditar que fosse apenas um sonho, na verdade, um pesadelo, foi a coisa mais comum e lógico de se acontecer nessas ocasiões. Mas, quando abriu seus olhos, Alice, viu a sua família inteira morta, os anjinhos (os filhos) estavam um por cima do outro parecendo lixo empilhado esperando ser levados para o lixão, e ela percebeu alguns tiros, inclusive, cada filho tinha um tiro na cabeça estragando seus penteados que estavam realmente penteados para trás. Porém, agora não tinha mais importância alguma isso, ela aceitaria tirar as fotografias sem mexer em seus cabelos se nada disso fosse verdade, mas agora não haveria mais futuro para eles. Nunca se casariam, não haveria mais fotografias, nem alegria, nem nada. Alice fechou seus olhos novamente e ficou dizendo vezes após vezes:

-- Isso não está acontecendo comigo, não está, vou agir com naturalidade, pois, deve haver uma boa explicação lógica e correta para isso tudo, é claro que tem sim!

Alice disse isso e ficou ali quietinha por alguns segundos, abriu os olhos novamente, chegou até aos corpos dos seus filhos, pegou o pequeno Johann em seus braços e disse com um carinho realmente comovente:

-- Acorda, Acorda, Johann, Johann, acorda neném, ajuda a mamãe acordar os outros, precisamos ir para uma festa onde todos nos esperam, já estamos atrasados, sabia?

Como o pequeno Johann não “acordava”, Alice o colocou no sofá com muito carinho, “ele não acordou porque estava tão cansadinho, ela teria demorado muito no cabeleireiro e seu anjinho não aguentou de sono”, pensou Alice que fez uma promessa de que nunca mais ir a cabeleireiro e foi falar com seu amado esposo. João estava jogado atrás da sua poltrona preferida, seu corpo parecia até uma peneira de tantos buracos de tiros e facadas que haviam por todo o seu corpo, no seu rosto havia uma expressão de desespero que era evidente mesmo à primeira vista.

Alice pegou em sua mão que agora já não levava mais a aliança de casamento e diz com uma expressão de convicção:

-- Levante-se e ande! Estou mandando! Você disse que ia à festa comigo! Você prometeu, agora cumpra, está bem?! Acorda!!! Temos uma viagem para fazer, você não se lembra?.

Como seu marido não demonstrou reação alguma ou qualquer interesse nela, Alice ficou muito chateada com isso e disse:

-- Odeio quando você me ignora, sabia, seu chato?

Disse isso e deu as costas para seu marido e foi até sua linda e sempre triste irmãzinha. Cecília estava com um vestido preto, era preto, agora é de cor de sangue, quase todo rasgado, a sua calcinha estava em cima do joelho esquerdo, era visível que foi estuprada, o seu corpo estava cheio de cortes feito talvez por facas ou estiletes. Alice olhou para sua irmã e a censurou com uma certa severidade, porque não queria chamar a sua atenção na frente de todos ali presentes. Ela sempre foi muito discreta para essas questões, por isso, falou baixinho, quase aos sussurros:

-- Cecília, Cecília, vista-se, olhe as crianças e o João aí, eles não podem ver você assim, é por isso que a mamãe sempre falava que você se comporta, às vezes, como uma menina vulgar, você, algumas vezes, fica quase pelada, mas, agora, você realmente exagerou, você está quase que totalmente nua. . . Vá se vestir, vai, e troca de vestido porque esse você já sujou todo de ketchup, você, além de comer de boca aberta ainda sempre se suja toda. . . Cecília, Cecília, acorda e me mostre como foi que você fez para pentear os cabelos das crianças, estão tão bonitos! Você tinha toda a razão, você entendi muito bem mesmo de beleza! Sabe, eu prometo que nunca mais vou ficar reclamando do seu comportamento quando você namorar um rapaz por mês. . . Acho que é assim que tem que fazer para achar um bom marido, e para achar o melhor, tem que testar e experimentar a todos eles mesmo, tem que procurar até achar! Mas, fale mais uma vez comigo! Agora mesmo!

Como o sono de Cecília parece ser muito profundo Alice volta e “dialoga” com o Mozart:

-- Mozart, Mozart, está bem, pode ligar o som bem alto! É por isso que vocês estão tão quietinhos, não é mesmo? Pode pular e gritar! Pode, eu deixo. . .

Como ninguém respondia palavra alguma, Alice ficou ali parada, como se sua alma estivesse fora do seu corpo, ficou sem reação alguma. É compreensível o ceticismo dela em não conseguir acreditar, talvez todas as pessoas agiriam dessa mesma maneira, talvez, todos nós reagiríamos igual a ela.

Agora ela vai até o corpo de sua irmã e tenta novamente falar-lhe algo:

-- Cecília, Cecília, vi um rapaz que você iria se interessar por ele, e ele por você, tenho certeza realmente disso, sabia? Ele é lindo como você, então, teus filhos vão ser lindos como vocês, posso chamá-lo para vir aqui, você quer? Responde!

Como Cecília a “ignorou”, Alice volta e fala com seus filhos:

-- Johann, pode trazer seus amiguinhos para brincar e pular no sofá, mamãe deixa, mamãe não é chata não, já fui criança levada também. Mozart, Mozart, pode ligar o som bem alto, na verdade, até gosto dessa barulheira toda. . . Alegra a casa, e todo mundo fica pulando. . . Johann, Johann, pode pular no sofá, eu nem ligo mais não. . . Mozart, Mozart, pode comer biscoito e sujar a casa toda, mamãe. . . Mamãe limpa depois, mamãe não vai mais brigar. . . Mamãe não vai ficar mandando vocês comer legumes, a partir de hoje, vocês podem comer hambúrgueres na hora que bem entenderem, podem comer até no café da manhã. . . Johann, Johann, mamãezinha mudou de ideia. . . Mamãezinha vai deixar você tocar bateria numa banda de Rock quando crescer, está bem, meu filhinho? Mamãe lhe compra um “Skate” para você brincar, mas, só se você acordar agora e falar com a mamãe, tá bom?. . . Senão, nada feito. . . Acaba o combinado. . .

De repente Alice começa a tremer e solta um grito repentino:

-- Eu sei! Eu já sei, vocês não estão dormindo! Vocês todos estão "completamente" mortos!

Agora, a viúva e descrente Alice, começou a temer que o que os seus olhos castanhos, redondos e grandes estavam vendo fosse verdadeiro mesmo.

Alice tremia tanto que quase não conseguia andar, e quando conseguiu chegar quase perto do corpo de sua irmã deu uma boa examinada nela e acredita que Cecília foi cortada em várias partes do seu corpo ao mesmo tempo em que foi estuprada. Ao chegar mais perto ainda do corpo de sua irmãzinha querida percebeu que pedaços dos seios dela foram arrancados com os dentes, parecia que seus agressores tentaram devorá-la de semelhantes maneiras igualmente faziam os canibais.

A expressão no rosto de Cecília era de entristecer até as pessoas mais insensíveis e frias. A bela Cecília não nos instiga mais vontade de passar a eternidade toda contemplando sua Beleza enquanto “dorme”, quando anda, quando respira. Cecília não vai mais poder contemplar o BELO, a Arte acabara para ela. Tudo acabou. Só resta sangue e lágrimas de todos que por ventura pudessem vê-la assim, jogada, sem futuro, sem novo casamento, sem nada. Nunca Cecília iria provocar brigas de ciúmes como acontecia por aonde passava, as mulheres se chateavam com seus maridos por eles olharem para trás para ver seu rebolado. Nunca mais ninguém vai ver o seu sorriso doce e contagiante, nunca mais ninguém vai se apaixonar quando seu olhar cruzar com o dela.

É difícil até para uma “pessoa normal”, com fé, aceitar tudo isso que aconteceu, no entanto, para a Alice era muito mais difícil ainda. Ela sabia que tinha muita fé em Deus, na cabeça dela: Deus protegia quem tem fé Nele, sempre via na TV que famílias inteiras eram exterminadas, e meninas eram estupradas e judiadas como aconteceu ali naquela sala. Mas quando isso passava nas TVs, nos rádios, nos jornais, filas dos bancos e por aí afora, ela sempre dizia: “pois isso tudo é pura falta de fé dessa gente atéia! Aconteceu por falta de fé! Deus é onipresente! É onisciente e onipotente! Estas pessoas morreram porque não tinham fé em Deus! Eu tenho compaixão delas!”. Dizia Alice ainda: "Daniel tinha muita fé e os leões não fizeram nada com ele", então não posso fazer nada pois quando eu digo que todos precisam fazer orações para que Deus os proteja, todo mundo vai embora! Jesus disse que quando a gente fosse pregar a sua palavra, e as pessoas não quisessem ouvi-las (. . . ) estas pessoas que rejeitaram pereceriam mais do que as pessoas de Sodoma e Gomorra!

Mas com sua família ela nunca vislumbrou essa possibilidade que estava vivendo naquele instante! Era tão real quanto é profundamente doloroso tudo aquilo e Alice neste momento “caiu na real” e finalmente acabou de perceber que perdeu sua família e a fé em Deus ao mesmo tempo. A família dela estava morta e a sua fé também tomou o mesmo caminho. A sua fé em Deus morreu juntamente com morte de sua família.

-- E Deus!?

Pensava ela.

-- Onde está o tal deDeus, porque que ele não protegeu minha família querida?! É porque Ele não existe mais!!! Ele nunca existiu!!!

Alice chorava e soluçava ao mesmo tempo ainda “blasfemava” contra “um Deus” que, agora, julgava nunca ter existido.

Nesse mesmo instante, ao longe se ouve uns berros que praguejavam, pois chegou uma pessoa muito brava, no meio do quintal e começou a reclamar:

-- Poxa! Alice, já são 18h50min! O pessoal está esperando por vocês, sabia?! Telefonaram e ninguém conseguiu falar com vocês por telefone! E mandaram que eu viesse buscar vocês, poxa vida! Acho que fazer um charminho, tudo bem! Mas, "embaçar" tanto assim para irem é outra coisa, oras! Vamos logo! É horário de verão, mas, foi combinado às 18h do horário novo! Tem que ser cumprido o que foi combinado! A gente sabe que é charmoso fazer um pequeno suspense, mas, vocês levam isso muito a sério!!! Eu só vim porque só vão liberar os “comes e bebes” quando vocês chegarem, senão nem teria vindo aqui!

Mas, quando o homem entrou disse pulando para trás por causa do tamanho do susto que levou ao entrar na sala onde Alice estava em prantos ao lado de sua irmã caçula:

-- Não acredito! Não acredito, o que é isso? O que está acontecendo aqui? Alguém, por favor, pode me esclarecer?

Perguntou, agora mais que nunca, um cético Léo, amigo de Alice desde sua infância.

-- Léo, por favor, me diga logo que eu estou tendo um pesadelo!

Disse Alice se atirando e se abrigando em seus braços e desabando em prantos que agora é muito maior que estava antes de ver o seu amigo.

-- Infelizmente,não, Alicinha, infelizmente não!

Disse o atônito Léo que mal podia se sustentar em suas pernas que tremiam de susto quando ele não aguentou e caiu de sua própria altura. Alice o socorreu se abaixando e o levantou, e o fez sentar numa cadeira e ela disse ao ateu:

-- Leozinho, não vou aguentar viver sem minha família, eu vou acabar com isso ainda hoje! Agora! Agora mesmo! Não tenho mais forças para viver, não tem mais sentido nenhum a droga da minha vida. Minha família era a minha vida, morreram todos, não sobrou nenhum vivo! Estou sentindo uma dor muito grande dentro do meu peito. Parece até que tem algo dentro de mim que quer rasgar meu coração em mil pedacinhos, e só a morte que pode fazer isso parar de doer! Só a morte vai fazer isso parar, tenho certeza disso! Só a morte pode aliviar essa dor que eu estou sentindo! Quero acabar logo com isso, e vou fazer isso agora mesmo!

O ateu olhou a sua volta para confirmar se tudo que ele viu ao chegar corresponde com a realidade: e teve essa dura certeza. Alice deu uma olhada em sua família e perguntou ao seu amigo aos soluços:

-- É justo isso, Léo?! Olha meus anjinhos, eles eram muito novos, não mereciam morrer assim com, tiros em suas cabecinhas lindas, mereciam?! Olha! Léo, meu marido era um bom homem, não era? Olha bem ali, a Cecília, ela era a garota mais linda do mundo!! Ela foi brutalmente estuprada, cortada e "canibalizada " e sei lá mais o quê! Responda-me, Léo?! A minha tão linda família, merecia morrer assim?!

O Léo sem saber o que dizer, sem ânimo, sem raciocínio, depois criou forças e finalmente disse:

--Alicinha, ninguém merece morrer assim, ninguém! Ainda mais gente tão boa e feliz como a tua família. Mesmo as pessoas velhas, feias e malvadas não merecem morrer assim.

O seu amigo Léo disse isso tentando um consolo, uma conscientização dela de que isso pode acontecer com todo mundo, queria, de certa forma, ainda brincar um pouco com a situação trágica, não por querer dizer mesmo isso, mas, foi por pura perplexidade mesmo, pois, ele nem sabia o que estava falando, mas, ele precisava ser muito forte, coisa que nunca foi em sua vida, ele não seria a melhor pessoa para falar com a sua amiga em horas como essa em questão.

-- Léo, quero que você vá embora agora porque vou sumir desse mundo. Vou onde estiver a minha família. Vá embora, vou botar fogo nessa casa, finja que eu nunca existi na tua vida, Adeus, Léo, adeus. . . Vá...

Falou a viúva, triste e agora também suicida, Alice que não sabia para aonde olhar, não conseguia desviar seu olhar dos corpos de sua família que até pouco era muito feliz. Nem Alice nem o Léo tiveram reação para tomar providência sobre o acontecido, chamar as autoridades, por exemplo, chamar a polícia. O Léo sempre foi um “cético de carteirinha”, não acreditava em vida fora do corpo, Céu, inferno e paraíso, anjos demônios, espíritos, nada disso, mas não poderia deixar sua amiga se matar, ir para um lugar que acreditava não existir, então proferiu:

-- Alice, e Deus? Ele deve saber o que está fazendo.

O Léo ficou tão sem saber o que deveria fazer e ele não querendo que ela se matasse e tentou lembrá-la das coisas que sua amiga mesmo sempre defendeu: que Deus escreve certo por linhas certas. Que Deus, amando muito uma pessoa, às vezes a testa para ensiná-la coisas profundas. Que Deus é onisciente, onipresente e onipotente, portanto, sempre faz o que é certo, que uma pessoa de fé sempre vê as coisas com os olhos espirituais, que quem sofre, ou é porque merece, ou é porque Deus está ensinando algo profundo. falou para ela sobre o Jó e sua grande fé. Disse ainda que tudo isso deve ter um propósito. Deus deu o próprio filho dele, pois, teve um grande propósito, salvar as pessoas! Ele queria que a sua amiga se lembrasse de tudo aquilo que ela mesma sempre pregou: a fé e confiança em Deus, uma fé incorruptível e inabalável. Queria fazer aquela fé fenomenal voltar pois sabia que a sua amiga tinha tanta fé que não poderia ter sumido assim dessa maneira. Mas agora, a também ateia e muito impaciente Alice o interrompeu com um brado:

-- Deus! Deus! Deus, não existe mais! Na verdade Ele nunca existiu! Léo, você sempre esteve com a razão! Se Ele existisse, Ele não deixaria isso acontecer com a minha família não!

A nervosa mulher disse isso tremendo, e apontando em direção aos sangrentos corpos ali. A presença dessses corpos da sua família morta está testificando os seus argumentos.

Seria uma cena muito estranha para qualquer pessoa presenciar essa cena. pois havia quatro corpos ali jogados e sangrando e duas pessoas conversando sobre assuntos sem muito sentido, e ninguém pensou ainda em chamar a polícia ou coisa parecida.

No caso de Alice, não havia nenhuma necessidade de chamar ninguém, ela pensava que não deveria fazer isso: porque dentro em breve, ela iria estar com sua família seja lá aonde fosse.

Agora, no caso do Léo, ele não estava se importanto muito com esse fato, já que,, para ele, o estranho mesmo era justamente o contrário, os corpos dele e da Alice estarem andando e falando, isto sim que era estranho: como é possivel a vida acontecer? Se os corpos da família de Alice estivessem andando sim, deveria chamar alguém para explicar como que um monte de carne consegue andar, falar e ser alegre, pensar e viver, etc.

E também se ele se ausentasse dali por alguns instantes, sua amiga poderia se matar, e isso ele não poderia deixar que acontecesse.

O Léo sabia que estava em desvantagem, e que usando apenas a razão, seria muito difícil convencer sua amiga a não se matar. Então,ele apelou para a chantagem emocional, sabendo que sua amiga o amava muito, e, que também ela tem (ou tinha?) muita fé mesmo em Deus, e que a fé só estava oculta ou bloqueada devido ao trauma que está sofrendo. Ele pensou: que se a fé está bloqueada por causa do trauma, e se essa fé (incorruptível e inabalável) voltaria rapidamente, pensou o ateu confiante nessa possibilidade.

Então. de súbito ele disse a sua amiga que leu recentemente numa revista esotérica que existe um lugar no deserto do Chile que é místico, sagrado, encantado, inspirador, disse que não sabia muito bem como defini-lo, porque parece que o deserto é tudo isso e muito mais ainda, e que é muito misterioso. Disse ainda que filósofos, astrólogos, poetas, músicos, escritores, pessoas em geral que querem se inspirar, vão e se inspiraram como por encanto. Depois falou que o que mais o impressionou foram algumas pessoas que perderam a fé e a reencontraram só por terem ido lá:

-- Reencontraram não, claro que não, eu usei a palavra errada para descrever a verdade!

Disse o ateu Léo bem aflito, ele mais aflito ainda disse para a Alice:

-- Multiplicaram-na por dez vezes e estão estudando para serem padres agora!!

Léo arregalou os olhos e exclamou:

-- Eles disseram que viram Deus, anjos, sei lá o quê, não entendo disso! Você conhece esses mistérios, não é mesmo? Sabe como Deus age.

E o Léo parecia possuído por um gênio qualquer, e continuou a falar:

-- Mas eles disseram que Deus estava disfarçado! Mas , eles, os futuros padres, reconheceram que era Deus! Disseram que Deus tem seus mistérios, sua razão e que só quem é realmente evoluído pode perceber e consegue entender os seus desígnios.

O Léo disse tudo isso como se ele estivesse “visionando” todas as cenas que narrava.

Alice, talvez movida por alguma força estranha, apesar de estar transtornada conseguiu escutar tudo aquilo que seu amigo lhe disse sem perder nenhuma palavra que saiu de sua boca. O ateu olhou-a nos olhos e indagou:

-- Você não gostaria de ir a esse lugar místico,Alicinha? Só para ver se é verdade mesmo! Você até já tem mesmo as passagens de avião para chegar lá.

Alice se mostrou indiferente a pergunta de seu querido amigo. Ele não desistiu:

-- Vai. . . Por favor. . . Estou te implorando. . .

Ela o olhava como se ele fosse invisível. Mas ele não se calou:

-- Vou ficar muito triste se você nem ao menos tentar. . . Você vai, não é mesmo, minha irmãzinha querida? Você sabe como é importante para mim tua felicidade, não é mesmo? Você faria isso por mim, ou não?

Léo a olhou nos olhos, parecia que ela não tinha vida alguma, parecia um zumbi

-- Será que o coração dela ainda está batendo?

Pensou o Léo já preocupado com ela, e continuou tentando:

-- Se depois de voltar, você estiver afim de se matar ainda, eu entenderei sim, e viverei sabendo que você tentou, que você me escutou pelo menos uma vez na tua vida. Tenta vai, você não tem nada a perder mesmo, ou será que tem?

O Léo já estava quase chorando quando disse essas palavras, e ele até tirou seus óculos de armação azul celeste, abraçou-a muito forte, disse ao seu ouvido:

-- Se você se matar também me mato! Você não é só minha amiga, você é minha família agora, vim para São Paulo por tua causa! Seria muito difícil para mim ficar aqui sem você!

Ao escutar isso ela tomou um susto e exclamou:

-- Léo, você não tem família! Você não sabe o que é perder tua família de uma só vez! Você não sabe o que é se sentir abandonada por Deus! Ou pior ainda, acreditar por tanto tempo em algo (Deus) que não existe, feito uma tonta, acreditei!

-- Eu não tinha uma família, Alicinha?! Considero tua família minha família também! Eu e você os amamos de igual maneira! Agora quanto a se sentir abandonado por Deus, isso sei muito bem, me sinto abandonado desde que nasci! Nunca acreditei nele mesmo! E você é a única família que me restou agora! Somos apenas eu e você agora, podemos dar força um para o outro! Pensa bem no que você vai fazer. E se você se matar eu também vou me matar logo em seguida!

Ele disse isso com um olhar misto de autoridade, amor, desespero e tristeza. Alice ficou numa situação muito difícil, não acreditou em nem uma só palavra que o amigo lhe falou sobre o tal lugar, entendia que ele estava blefando, sabia que o Léo jamais leria uma revista dessas, e se lesse jamais diria que leu, entretanto, sabia também que seu querido amigo não estava blefando sobre se matar por sua causa, lembrou-se de que foi muito difícil convencê-lo a vir de “Minas” para cá. Léo só veio quando Alice lhe prometeu que só sairia de São Paulo quando ficasse bem velhinha. Ela lhe prometeu que só voltaria a cidade natal se todos fossem juntos e morassem juntos em um mesmo quintal. Entendia que se Deus não existia era uma coisa, mas se Deus é “mau” (omisso) deixando a sua família morrer era outra coisa, e pior ainda. Ela também seria uma pessoa muito má se deixasse o seu amigo morrer por causa de um profundo amor que ele (Léo) sentia por ela, então pensou:

-- Eu não quero ser má como Deus é, se por um acaso Ele existir mesmo!

Pensou por um instante e exclamou:

-- Vou a esse tal lugar, Léo!

Alice teve uma ideia fantástica, isso em sua opinião: Ela “bolou um plano ardiloso”: o plano era muito simples: simularia que achava a proposta do Léo razoável, fingiria que ia mesmo ao tal “lugar místico”. E quando estivesse indo simularia um atropelamento ou coisa parecida. Quando estivesse atravessando a rua se jogaria na frente de um carro, morreria “sem querer” e o amigo viveria “numa boa” sem culpa, sem nenhum problema, pensando, “minha amiga não foi uma suicida. ”, “ela tentou”, “ela iria ao tal lugar”, “morreu em um simples atropelamento”, “uma fatalidade”.

Ela pensou astuciosamente em cada passo, estava decidida a morrer e ir ao encontro de sua família, mas, não queria provocar nenhum dano ao seu amigo que já era meio ruim da cabeça, pensou ela. Nesse instante passou essa ideia por seus pensamentos:

-- Se eu tiver errada e não houver “vida do outro lado o que eu vou fazer da minha vida?”

Ficou aflita. Mas logo se refez dessa dúvida, e pediu ao Léo que a esperasse ali mesmo e foi ao quarto fazer as malas, ela jogava qualquer roupa numa pequena mala, só queria mesmo fazer volume na mala, fingir. Iria se matar mesmo. Pediu ao Léo que cuidasse do enterro dos corpos porque estava indo agora mesmo peregrinar no deserto. Disse também que não queria ver mais aqueles corpos sangrentos ali. Esses mesmos corpos que até bem há pouco tempo eram habitados por sua feliz e linda família querida.

Realmente é estranho Alice ter essa atitude, deixar os corpos de sua amada família jogados ali na sua sala e sair para se matar, mas, ela tinha uma ideia fixa na cabeça, estava transtornada, queria estar com sua família em breve em algum lugar de alguma maneira, e para encontrá-los teria que ficar como eles, ou seja, morta, era essas maluquices que reinava na cabeça da amiga do Léo.

Ele concordou, achou melhor que ela fosse agora mesmo e não visse os sepultamentos, faria muito mal para ela. Antes de sair, agora, também astuciosa e decidida Alice, diz ao Léo:

-- Eu já vou, Leozinho, confio em você, não se preocupe e obrigado por tudo, breve voltarei. . .

A astuciosa disse isso tentando passar mesmo uma imagem de que ia mesmo tentar reencontrar no deserto a fé perdida.

Em toda minha vida, uma coisa que aprendi foi que quando uma pessoa diz, “confie em mim”, “não se preocupe”: pode se preocupar que o “bicho vai pegar”.

Ela pegou a mala, não olhou para o rosto do Léo para que não deixasse a “mascara cair”, que a cara dela não denunciasse sua verdadeira intenção, e seu amigo tentasse impedi-la de desaparecer deste mundo absurdo, era assim que ela via o mundo agora.

Quando transpassou pela porta foi um momento muito estranho na vida do Léo, foi a primeira vez, desde que a viu aos sete anos de idade, depois que ela fez o catecismo, era a primeira vez que ele a tinha visto deixando um recinto, casa, um prédio qualquer sem fazer o sinal da cruz. Léo ficou muito surpreso com isso, porque, para ele, quando Alice saísse e fizesse o sinal da cruz, toda a sua fé voltaria como num passe de mágica. E isso não aconteceu e o Léo não soube o que fazer, e pensou, preciso telefonar para as autoridades, aos amigos e também comunicar a todas pessoas que estão esperando no salão de festa da igreja.

Ao chegar na rua, Alice logo viu um caminhão vindo em alta velocidade, quando o caminhão estava a uns vinte e cinco metros entrou em rota de colisão com esse veículo que a ajudaria em seu plano de ir para o além. Mas quando o caminhão estava a apenas um a dois metros ela saiu da frente, dizendo para si mesma:

-- Aqui não! Aqui já tem sangue demais, vou para outro lugar! O Léo vai perceber e não vai dar certo!

Ela atravessou a rua, parou um táxi, queria ir para outro lugar. Mas, o táxi tinha um passageiro que estava indo para o aeroporto. Talvez por coincidência ou influenciada por alguma “força estranha”, Alice diz que também estava indo para aquele lado e pediu para ir também se o passageiro não se opusesse. O passageiro não se opôs, e foram até o aeroporto sem nada dizerem um ao outro. Resolveu, talvez movida por aquela mesma “força estranha”, pegar um avião e realmente ir ao deserto, não para reencontrar sua fé, mas sim para se matar no meio do nada (deserto). Pensava:

-- Eu não vou desperdiçar a passagem aérea, vou até lá no deserto, dou cabo da minha vida lá! -- Ela sempre quis ver o mundo lá de cima, viajar de avião, só que quando sonhava com esse momento, João e seus anjinhos a acompanhariam.

Capítulo Segundo - Como você realmente acredita que começou a formação do mundo?

Agora a decidida mulher coloca os pés no chão da capital chilena, Santiago, embarca em outro voo que a leva ao início do deserto. Aluga um Jeep, sem ao menos saber dirigir, começa a rodar deserto adentro. Após rodar por muitas horas só vê areia, mais areia, mais areia, mais sol escaldante, mais sol escaldante, mais sol escaldante, igual a deserto sem graça, sem nada para se ver ou fazer. Pensou alto:

-- O Léo deve está maluco!! Como que ficar vendo areia e sentindo “um sol a pino deste na moleira” faria alguém ter mais fé? Quando “eu voltar mato ele”!!

Mas ela não falou isso a sério, pois o seu plano não era voltar a São Paulo, mas se jogar naquela areia escaldante e deixar que o calor, a fome, o cansaço, e a sede a matasse, e o vento e a areia do deserto a sepultasse. Sem sangue, ela não supotava mais de ver sangue.

De súbito, Alice se vê frente a frente com uma vontade de escutar Músicas Clássicas, pois, sempre amou escutar: BACH, BEETHOVEN, MOZART, e muitos outros, queria morrer escutando estas músicas, sempre dizia aos seus filhos: “Quando mamãe estiver velhinha, quase morrendo, quero que vocês coloquem sempre essas músicas para que eu me despeça deste mundo feliz! Bem feliz! Se vocês fizerem isso, vou ficar esperando por vocês lá no Céu até vocês chegarem e permanecerem com a mamãe. . . ”.

Ficou muito triste quando seu plano estava indo por água abaixo, porque não havia nenhuma das dezenas de fitas cassetes de música clássica do seu acervo particular que se encontrava em sua casa. De repente, se lembrou de que num dia desses, sua amiga do escritório lhe pediu uma fita cassete com as músicas que mais ela gostava para que ela pudesse conhecer esse tipo de música, a clássica.

Só que a amiga entrou de férias e ela não pôde dar a fita para a amiga. Então a fita deve estar na bolsa imaginou Alice, e sorrindo finalmente depois de tanto tempo, pegou uma fita e a colocou no toca-fitas do Jeep, começou a tocar uma música que sempre odiou: IMAGINE, de John Lennon. Talvez por reflexo ou por instinto tirou a fita e a jogou fora se perdendo no deserto atrás de si. Alice ficou muito brava por não poder mais morrer do jeito que planejou, e também por não gostar daquela música que falava coisas ruins sobre o Deus dela: uma música que era cantada por um “cara louco” que disse que a sua “bandinha de Rock” era mais famosa e "importante" do que Jesus Cristo, que audácia dele. E quando ela terminou de pensar a respeito disso, lembrou-se de que “também” era contra Deus agora, e também era igual a John Lennon. Sentia-se uma discípula do ex-Beatle, a partir desse momento em diante, Alice se lembrou de que aquela fita era do seu marido, deve ter pegado por engano e confundindo ela com a fita de música clássica que gravara para sua amiga. E descobriu que era por esse motivo que João insinuou que ela havia jogado fora essa fita com a música IMAGINE, porque Alice não gostava dela e prometeu que um dia, quando estivesse brava, coisa muito rara de acontecer, jogaria essa fita fora.

Resolveu voltar e ver se conseguia encontrar a tal fita. Queria, agora, realizar um antigo desejo de seu marido, ele, quase todos os dias ficava escutando aquela fita que era cantada pelo seu autor em inglês e uma rádio traduzia simultaneamente os seus versos para o português. João gostava tanto dessa música que a gravou nos dois lados inteiro, queria que Alice escutasse a música e prestasse atenção na letra e refletisse sobre sua profundidade, ele queria que ela pensasse na mensagem da poesia.

Agora uma mulher procura desesperadamente uma coisa que sempre quis destruí-la e nunca mais vê-la em sua frente, muito menos ainda escutá-la. Procura como se isso fosse a coisa mais importante do mundo. Depois de procurar muito, achou a tal fita cassete, limpou-a bem e a colocou de novo para tocar e realizou o sonho do seu marido tão amado e querido e depois ela dissimula para si mesma que em breve estarão juntos novamente. Alice tenta acreditar nisso com todas as forças que ainda lhe restavam. Estava fingindo fazer uma espécie de ritual de despedida de sua vida, e ao mesmo tempo via a possibilidade tênue desse lugar existir mesmo e poder ver sua família novamente, então faria agora uma preparação para um novo mundo.

Por muitas vezes ouvi dizer que quase todos os suicidas instintivamente acreditam que eles irão para um lugar que é muito melhor do que esse no qual estão sofrendo insuportavelmente, parece que eles acreditam que irão para um lugar mais calmo e tranquilo e que irão sentir bem menos dor do que essa em que estão vivendo no momento de sua crise particular: íntima e pessoal, e parece que é por isso que eles encontram, no meio de todo o desespero, sem fim que enfrentam, tanta coragem para cometer esse ato de tamanha covardia consigo mesmo, um ato radical sim, pois a sua decisão vai lhe pôr um ponto final na sua preciosa vida: a única forma de existência que essa pessoa tem. Pelo menos a única forma de vida que é realmente comprovada pela ciência considerada séria pelos cientistas que são efetivamente céticos.

Por isso que talvez Alice pensando e já concordando com esses incrédulos e desconfiados já sabia que estava desistindo de sua vida para sempre, sabia muito bem que não iria encontrar ninguém “do outro lado” esperando por ela, Alice só queria mesmo era fazer a dor do seu peito parar imediatamente, pois parecia que alguém meteu a mão por dentro da sua boca e estava tentando puxar o seu coração para fora querendo arrancá-lo de si.

Quando Alice perdeu a última parte que lhe restava de sua tão amada família, perdeu igualmente e ao mesmo tempo, toda e integralmente, a sua fé em seu Deus, e ela só tinha esses dois elementos no conjunto da sua vida.

A sua existência e o seu amor a vida eram baseados apenas nesses dois pilares: em sua família e em sua crença em um ser eterno em que predominava nele uma bondade e uma infinita justiça para com aqueles que depositam sua fé nele.

A cabeça de Alice estava tão transtornada a ponto de ela estar sem saber o que fazer, e ela só queria mesmo uma única coisa: morrer, pois naquele momento e para todo o sempre, parecia que ela iria se sentir assim, completamente sozinha, e ela não sabe e nem consegue viver sem seu mundo: marido, filhos e irmã, tudo acabou para ela quando viu sua família morta. Ela se sentia completamente vazia e sem vida e não consegue ver sentido algum em nada, não via significado em tentar viver com essa amargura em seu coração, desejava apenas que essa grande tristeza e toda essa angústia a deixasse em paz agora mesmo, nesse exato instante, ela só queria que seu coração parasse de doer e ela continuava dirigindo pelo deserto sem rumo, sem encontrar uma viva alma.

Então depois que tudo foi decidido sobre a sua partida desse mundo, a futura suicida ainda estava rodando pelo deserto do Chile já por algumas horas.

Estava escutando uma única música por muito tempo, várias vezes, ela a escutava com muita atenção, fazia isso com o propósito de finalmente atender a um pedido do seu tão amado esposo, ele lhe pediu isso em mais de mil ocasiões, pois João sempre quis que ela prestasse muito atenção no que o ex the Beatle dizia nessa música que era apelidada de o hino da paz.

Alice escutava essa música também porque queria se despedir do mundo escutando uma música e essa tem uma poesia bonita que dizia:

“IMAGINE NÃO HAVER O PARAÍSO. . . É FÁCIL, SE VOCÊ TENTAR. . . . NENHUM INFERNO ABAIXO DE NÓS. . . ACIMA DE NÓS, APENAS O FIRMAMENTO. . . IMAGINE TODAS AS PESSOAS. . . VIVENDO PARA O DIA DE HOJE. . . IMAGINE NÃO HAVER PAÍSES. . . NÃO É DIFÍCIL, NÃO. . . NADA PARA MATAR OU PELO MORRER. . . E NENHUMA RELIGIÃO TAMBÉM. . . IMAGINE TODAS AS PESSOAS VIVENDO A VIDA EM PAZ. . . VOCÊ PODE ME ACHAR UM SONHADOR. . . MAIS EU NÃO SOU O ÚNICO. . . ESPERO QUE UM DIA VOCÊ SE JUNTE A NÓS. . . E O MUNDO SERÁ UM SÓ. . . IMAGINE NÃO HAVER PROPRIEDADE. . . ME PERGUNTO SE VOCÊ CONSEGUE. . . NENHUMA NECESSIDADE DE GAN NCIA OU FOME. . . UMA IRMANDADE DE HOMENS. . . IMAGINE TODAS AS PESSOAS. . . COMPARTILHANDO O MUNDO TODO. . . VOCÊ PODE ME ACHAR UM SONHADOR. . . MAS NÃO SOU O ÚNICO. . . ESPERO QUE UM DIA VOCÊ SE JUNTE A NÓS. . . E O MUNDO SERÁ UM SÓ. . . ”.

Depois de rodar um pouco com o Jeep e escutar o bastante a música, Alice lembrou de seu marido sentado na sua poltrona favorita com uma lata de cerveja em mãos. João ficava escutando esta música, vezes após vezes, parecia até que a música o hipnotizava, dava até a impressão que essa música o levava para outras dimensões do pensamento humano e ele permanecia lá por algum tempo, e quando ele estava escutando essa música nem era muito bom falar com ele. Alice se lembrou de que as crianças assistiam à TV com os fones de ouvidos, cada qual com um só dos fones, era só assim que eles conseguiam assistir TV porque o João queria escutar o som diretamente das caixas de som.

A saudosa Alice ficou por muito tempo ali no carro escutando aquela música, agora maravilhosa para ela, lembrou-se do passado e prestando muita atenção na poesia por dois motivos: um para realizar postumamente o desejo de seu marido e também porque agora ela gostou muito do que diz a letra.

Agora a mais nova fã de John Lennon começou a fazer o que o autor da música sugeria, começou a imaginar um mundo inspirado na poesia do ex-Beatle e depois de alguns momentos chegou a uma conclusão muito interessante de que o mundo seria bem melhor de se viver se todas as pessoas imaginassem esse mundo e fizessem cada qual a sua respectiva parte para melhorá-lo e então ela meditou:

-- Se todas as pessoas fossem iguais ao John Lennon minha família estaria viva. . . E o próprio cantor também estaria aqui entre nós vivendo a sua grande paz e cantando sua linda música e sendo feliz com sua família também!

Então, Alice chorou copiosamente e desejou tão imensamente que esse mundo de IMAGINE existisse verdadeiramente e que as pessoas encontrassem um modo de ver e de viver o mundo igual ao que o autor dessa poesia enxergou ou vislumbrou através das lentes daqueles óculos de armação redondinha e ela pensou tanto nessa possibilidade que ficou até tonta e entrou em êxtase depois em um profundo transe e adormeceu tranquilamente e em paz.

Talvez essa tontura dela viesse da sua fome ou da sede, do sono ou do cansaço que naquele instante se concentrava em seu corpo delgado totalmente fragilizado e castigado por tantas sensações e emoções. Um corpo de uma mulher que apenas desejava naquele instante agradar seu grande amor simplesmente imaginando as ideias contidas em uma letra de uma obra prima de um grande homem. . .

O carro seguia vagarosamente e logo depois parou sozinho como se tivesse vontade própria e Alice acordou lentamente e percebe que ainda está meio tonta e com certeza era por ter pensado em tantas coisas, então começou a andar a pé, mas nem andou muito e logo ali perto viu uma choupana e teve um impulso e a curiosidade de saber quem residia ali e andando mais rapidamente aproximou-se da porta sem medo algum e olhou o seu interior e não havia nada lá dentro só uma mesa bem rústica e um toco de árvore que servia como cadeira e nada mais, não havia armário com comida nem cama nem pia para lavar louças não havia nenhuma louça. Ela entrou e percebeu que não havia nem um cisco de poeira dentro daquele lugar e quando olhou para fora por uma pequenina janela lateral a única que havia na choupana avistou um velhinho que aparentemente, no primeiro instante, julgou que era o seu avô, pois parecia muito com ele, porém seu avô já deixou esse mundo faz um bom tempo, então jamais poderia ser ele, e Alice se apercebeu disso e deixou escapar uma lágrima de saudades dele e ficou ali parada por alguns instantes de longe só olhando o velho.

Ela acredita que este ali na sua frente teria mais ou menos uns sessenta e cinco anos, exatamente a mesma idade do seu avó quando ele faleceu sem nunca ninguém saber qual foi a doença que lhe tirou a vida, Alice tinha dezoito anos nessa época, foi no dia do aniversário dela.

Sem perceber que estava fazendo, talvez por estar meio tonta ainda então aproximou-se do velho, reparou que ele contemplava “carinhosamente” ao Astro-Rei, e ele olhava como se o Sol fosse a coisa mais linda e preciosa e importante de todo o Universo.

Alice ficou olhando aquela figura tranquila e serena, cheia de paz até parecia que ele nem havia notado sua invasora presença.

No instante seguinte a invasora reparou que não sentia calor nem frio, não sentia fome nem sede, não sentia nem sono nem se sentia totalmente desperta, parecia que ela se encontrava dentro de um suave sonho. Na verdade não sentia quase nada, não queria chorar nem rir, não sentia nem amor nem ódio, não sentia nada, só tinha apenas uma enorme vontade de saber o porquê daquele velho estar ali, parecia até que ele estava a esperar por ela e Alice tem mesmo essa sensação estranha, sentia que ele estava naquele lugar a lhe esperar mesmo por ela mas não disse nada pois isso seria impossível.

Alice continua no mesmo lugar e apenas se percebe confusa e ao mesmo tempo se sente leve e confiante em algo que nem ela mesma saberia dizer o que era e o porquê. Poderíamos chamar apenas de “uma força estranha” ou "por uma razão oculta" talvez, mas de repente a mulher confusa e curiosa se senta ao lado do velho sem nada a lhe dizer.

Os dois contemplam juntos o pôr-do-sol em semelhante maneira ao que os apaixonados fazem quando contemplam a Lua numa linda noite de verão num jardim lindo imenso e tranquilo.

Mas de súbito e sem olhar a face de Alice que também ainda estava com olhos fixos no pôr-do-sol o velho lhe pergunta qual era o seu nome e o que estava buscando ali.

E Como se fosse a coisa mais óbvia e natural desse mundo Alice conta a sua vida inteira ao velho desconhecido e ela faz isso no meio do nada (do deserto) e ela se comportou como se estivesse falando com a Tânia a sua melhor amiga:

-- Eu me chamo Alice e vou contar a minha história ao Senhor. . .

E “sem tirar os olhos do Sol” ela começa a contar sua vida inteira:

Falou sobre quando era pequenina lá em “Minas”,

e de sua amizade com o Léo,

falou da igreja e sua grande fé,

do seu casamento com João,

e o quanto ele era uma pessoa maravilhosa,

falou sobre seus filhos,

falou de sua irmã,

e o casamento frustrado da “menina” mais linda e triste do mundo.

Falou também que o Léo se fascinava muito por sermos seres incríveis por que "como é que pode um monte de carne e ossos e sangue existir como nós? Como podemos falar, ouvir, pensar e fazer tantas coisas fabulosas?" Ele acha isso tudo um grande milagre, mas ele é um ateu bobo.

Falou de um acontecimento improvável com um mendigo louco em São Tomé das Letras e que ela achou aquilo muito estranho.

Falou também do interesse em fazer uma faculdade de teologia.

Falou do desejo de menina de se tornar freira.

Falou do dia mais feliz de sua vida que se transformou exatamente no pior dia da sua vida.

Falou sobre como foi o assassinato de sua família e a perda de sua grande fé.

Falou sobre a confusão que estava a sua cabeça por causa de tudo o que aconteceu, disse que seu interior parecia uma arena onde vários sentimentos e ideias se gladiavam,

Falou que queria morrer, queria viver, queria sua família de volta, queria ir atrás dela.

Falou sobre o que o Léo disse com relação a esse “lugar místico” e que só veio até ali para se matar e se encontrar com sua família e confessou que não acreditava realmente que os veria novamente,

Falou também que gostaria muito de vê-los,

Disse que iria se matar porque não queria viver sem eles.

Porém toda hora que pensava em se matar de fato algo acontecia e ela era empurrada para frente e adiava esse momento fatal.

Falou do amor que sua irmã tinha pela Arte.

Falou também sobre como gostava de ajudar os necessitados.

Alice falou da eterna discussão com o Léo sobre se o mundo foi criado ou evoluído, e que nunca chegavam a um consenso, já que cada qual tinha sua convicção própria, sendo que ela tinha uma verdade verdadeira, pois vinha de Deus sua tese, já o seu amigo acreditava em homens de carne e osso.

Falou que não entendia "como alguém podia acreditar em suposições sem fundamentos"?

E disse também que ela agora não acredita em mais nada e só queria morrer.

Falou também sobre como queria morrer e como não deu certo porque as fitas estavam trocadas e que então realizou um desejo do seu marido em ouvir a letra da música de um ex-Beatle.

Falou como odiava antes o John Lennon e o quanto o amava agora e desejava que o mundo fosse como a sua poesia nos faz imaginá-lo.

E que queria com todas as suas forças realmente que o mundo fosse semelhante à poesia do ex-The Beatle.

E falou que quando acordou andou um pouco à pé encontrou a choupana e agora estava ali conversando com ele e estava feliz com isso mas que achava tudo isso muito estranho mas que era gostoso de se sentir naquele lugar.

Quando, depois de quatro horas, Alice terminou de contar sua sina ao desconhecido e gentil velhinho ela ficou apenas ali parada esperando algo acontecer e olhando-o nos em seus olhos e ficaram assim por alguns minutos ela ainda ficou esperando uma reação da parte dele e nada acontecia.

E o eremita olhou-a no fundo dos seus olhos como se estivesse procurando algo no interior das profundezas de sua alma mas não dizia coisa alguma.

Parecia que o velho queria dizer-lhe algo que a reconfortasse profundamente algo que lhe devolvesse sua fé a paz e a vontade de viver e estava procurando essas palavras lendo a sua alma, parece que ele seria capaz até de mentir ou imaginar ou até de inventar muitos argumentos só para ajudar aquela pobre mulher a ficar bem com ela mesmo, com o mundo e com o Deus dela.

O velho parecia ser a essência da bondade num corpo de um homem, e foi por esse motivo que Alice confiou tanto nele e lhe contou toda a sua vida.

O Velho pediu para que ela se sentasse no chão e ficando voltada para ele e juntasse os pés e encostasse os joelhos no chão. Na sequência ele pediu-lhe para que ela olhasse em seus olhos e num tom de voz suave e quase hipnótico acalmava-a cada vez mais e o som da voz e ritmo dela a relaxava e o olhar dele passava uma tranquilidade profunda e transmite-lhe um bem estar e uma confiança absoluta.

De repente o velho disse:

-- Mulher, o corpo de uma pessoa é semelhante a um copo. . . O conhecimento: ideias e sonhos, pensamentos e cultura, desejos e frustrações etc. são o líquido que preenche esse copo.

O velho queria dizer que nós somos formados pelo corpo e pela alma e que o conhecimento faz parte da alma assim como as ideias e os sonhos, os pensamentos e a esperança, a fé e a empatia etc seriam o líquido formando o ser e ou a coisa toda em si, em seguida o velho continuou a lhe explicar:

-- Tudo o que você viu ou conheceu, sonhou e pensou, imaginou ou desejou. . . O modo como você interpretou o mundo. . . Tudo isso faz parte do que você é agora. . . Tudo isso faz parte do teu ser Existencial, tua alma e tua vida, imagine que tudo que você é ideologicamente é o líquido que está dentro desse copo e todo esse conteúdo é a sua vida é a sua Existência: isso tudo é tua alma. Esse copo que é você está cheio. . . E eu tenho um outro líquido para você experimentar. Só que esse meu líquido é muito diferente de tudo que você já conheceu. . . O seu paladar não iria gostar se tomar misturado com o seu líquido. . . E para poder te mostrar é preciso que você esvazie esse copo todo, totalmente. . . Eu preciso que você esvazie esse copo, jogue fora esse teu líquido que está dentro desse copo. Porque não dá para misturar os dois líquidos o gosto não ficaria bom!

O velho quis dizer que ela se confundiria mais ainda e criaria um intriga entre os dois e ela e ele seriam inimigos:

-- Quero dizer que os nossos conceitos se chocariam por eles serem muito diferentes. . . Você nem me deixaria terminar de falar sobre esse novo conceito! Mas após eu encher o seu copo com esse meu novo líquido e você experimentar e se não gostar dele: é só jogá-lo fora não há problema algum nisso. . . E você pode encher o seu copo de novo com mesmo líquido que tinha antes. Mas se você gostar do meu líquido pode ficar com ele! Mas se você não apreciar o meu líquido e jogá-lo fora garanto que você vai gostar muito mais do teu “velho líquido” e estará muito mais feliz com ele! Você entendeu?

Alice olhou para o velho e respondeu com uma outra pergunta:

-- Você quer dizer que tem algo novo para me mostrar, ou contar? E esse novo conceito é muito diferente do meu e você precisa que eu esqueça de tudo o que aprendi para conseguir aceitar essa nova visão das coisas, é isso? É uma “lavagem cerebral?”.

O velho lhe olhou nos olhos docemente e explicou de uma maneira mais clara:

-- É mais ou menos isso, mas eu não diria que é para você esquecer seus conceitos para sempre. . . Nem é assim para aceitar os meus para sempre. . . Eu diria apenas que você precisa esquecê-los por enquanto. . . Mas é só para que você consiga entender os meus conceitos! Depois que me entender você mesma verá se quer ficar com os seus conceitos para sempre ou com os meus conceitos novamente. A opção é toda tua. . . Se você não apreciar os meus, se não lhe for agradável pode jogá-lo fora imediatamente e voltar a ser como era antes. Mas eu preciso que você jogue fora o seu líquido, preciso do copo limpo pois não pode misturar os líquidos, preciso que seja assim, já que a gente tem ideias bem diferentes e você não vai me deixar mostrar tudo, você iria me fazer parar de explicar logo no começo, entendeu?

A Alice disse que estava tudo bem e que levaria adiante o processo de conhecimento e que queria muito conhecer uma nova maneira de ver o mundo.

-- Não tenho nada a perder mesmo!

Disse isso dando de ombros.

Mas mesmo assim ela fez duas novas perguntas com um sorriso de entusiasmo e curiosidade, talvez até mesmo de felicidade:

-- Quando começamos? E o que devo fazer para facilitar para o senhor, meu bom homem?

Com um sorriso terno ele ordenou:

-- Faça tudo que eu te mandar e obedeça rigorosamente tudo que eu lhe disser porque já começamos.

-- Tudo bem, já pode recomeçar agora mesmo se você quiser assim, Mestre. . .

Disse a mulher com um esboço de um sorriso e olhando uma formiga que passava solitariamente por ali perto deles.

E o velho proferiu:

-- Preste bem a atenção! Me obedeça. . . Feche os olhos e me ouça com toda atenção a cada uma de minhas palavras:

-- Okay, pode começar agora mesmo. . .

-- Você está se concentrando. . . Você está calma e relaxada. . . Bem relaxada. . . Não há motivo algum para você se preocupar ou temer, porque não há perigo algum, está com um amigo, alguém que tem muito apreço por ti. . .

O velho dizia essas palavras em tom de paz, amor, sabedoria. Eram quase musicais suas palavras, Alice parecia estar sendo hipnotizada, encantada ou coisa parecida. E o velho continuou a dizer e ela a obedecer sem hesitar, sem medo algum.

--Você a partir de agora é a pessoa mais tranquila do mundo. . .

Continuou o velho:

--Você está muito calma. . . Relaxada. . . Você está sonolenta. . . Mas tua atenção está centralizada só em minhas palavras. . . Tudo que eu te falar você deve aceitar e obedecer prontamente. . .

. . . Confie em mim como se toda a verdade fosse de minha autoria. . . Tua maior virtude agora passa a ser a confiança que você deposita em mim e em minhas palavras. . . Quero que acredite que quanto mais puder confiar em mim, mais cheia de virtudes você será. . .

. . . Confie em mim, de semelhante maneira que você confiava em teus pais quando você era uma menininha da idade de cinco anos. . . Quero que conceba a ideia que a verdade fez casa em minhas palavras. . .

. . . Você vai ficar com tua percepção, concentração e inteligência ampliada em quinze vezes depois de até cinquenta vezes. . . Isso vai acontecer até você reunir soberania sobre si mesma. . . Quando se decidir se vai jogar fora meu líquido ou não. . . E conseguir realizar o que você mais ambicionava, quando aqui chegou, você vai crer quinze vezes mais em que você acreditava antes de perdê-la (a sua fé). . .

. . . Ou vai ficar com o que eu vou lhe ensinar. . . Se você optar pelo líquido antigo derramará o líquido novo de uma só vez, você acreditará que ele é nocivo e vai querer ficar bem longe de mim no primeiro instante, depois pegará tudo o que eu te disser para reforçar seus próprios conceitos, a sua crença, se agir assim você entenderá tudo o que eu te falar como sendo apenas uma maneira de testá-la e ajudá-la. . . Quero que pegue tudo que eu lhe ensinar e entenda como mais lhe convier, entendeu?

. . . Quero que você faça isso mesmo sendo à revelia (independente) do que eu acredito ser certo ou não, entendeu?

Quando o velho lhe perguntou isso Alice o respondeu prontamente:

-- Sim, meu Mestre, eu entendi sim. . .

Alice ao seu anfitrião quase que totalmente já em transe e, com a sombra de um sorriso, consentiu a metodologia que o velho estava implantando naquela conversa.

E o velho recomeçou a falar:

--Se você não optar pelo novo conhecimento, você terá que dizer tudo o que eu lhe ensinar para outra pessoa. . .

. . . A pessoa que está viva que você mais gosta, é só isso que lhe solicito. . . O que eu te contarei ficará gravado em teu subconsciente até você terminar de relatar a alguém. . . Sentirá uma forte vontade de contar logo. . .

. . . Depois disso, todo e qualquer vestígio do nosso encontro sumirá de você para sempre. . . Mas agora quero que você apague tua mente, tuas lembranças, e se lembre somente do que eu precisar para te fazer entender o meu conceito, quero que você se lembre de coisas que te ajudarão a entender, pode ser qualquer coisa desde que lhe seja útil. . .

. . . Agora. . . Imagine que o dia de hoje nunca existiu. . . Eu sei que você consegue, tente com força. . . Apague-a de tuas lembranças. . . Apague-as de tua memória. . . Fique sabendo que você não viu tua família assassinada. . . Acredite com todas as suas forças que esse dia que você viu isso se perdeu em suas lembranças. . . Na verdade esse dia nunca existiu. . . Você, Alice, nunca teve uma família. . .

Alice, mesmo achando meio chato ficar ali escutando àquelas ordens do velho, ficou ali condescendentemente a escutar e a obedecer a cada pedido seu, sentiu que no final de todo esse processo de apagar a sua mente iria vir algo interessante. E mesmo se entediando por ficar ali ouvindo as palavras repetidas, se entregou à vontade alheia, e seguia religiosamente a tudo o que o eremita lhe ordenava, e este continuava dando-lhe ordens e mais ordens:

--Conceba em sua mente que você nunca conheceu o João, nunca se casou. . .

. . . Nunca deve filhos. . .

. . . Você não teve nenhuma irmã. . .

. . . Imagine que você nunca saiu de “Minas”. . .

. . . Pensa, agora, no seu íntimo mais profundo que você é uma menininha feliz a correr pelos campos de teu pai. . . E está agora cheirando uma linda e perfumada flor, aquela amarela que você me disse que adorava sentir o seu perfume. . .

. . . Agora você está dentro do útero de tua mãe. . . Você consegue vislumbrar ideia de que você nunca esteve no útero de tua mãe?. . . Você nunca existiu. . .

. . . Quero que você acredite agora que tua mãe nunca existiu também. . . Tua avó nunca existiu. . . Agora faça surgir em seu ser o pensamento de que você nunca em sua vida teve parente algum. . . Imagine agora que tua árvore genealógica nunca teve um início. . . Conjeture que nenhuma pessoa jamais existiu na face dessa Terra, desse Planeta. . . Fixa em sua mente que os mares e os rios, as planícies e as montanhas sumiram se todas: nunca existiu nada disso. . .

. . . Acredite, prontamente, que o Planeta Terra nunca tenha existido também. . . Perceba que onde tinha a Terra, nada, agora, existe lá. . . Quero que idealize no seu pensamento que onde estava o Planeta não se vê nada agora, e que sempre foi assim, ele nunca esteve lá. . . Porque esse Planeta nunca existiu realmente, e foi sempre assim. . .

. . . A Lua se transformando em nada: apague-a de tuas lembranças. . . Suponha agora que o Sol se transforma em nada. . . Todas as coisas estão abandonando suas existências de acordo com seus pensamentos. . .

. . . Agora quero que você creia profundamente que as estrelas estão sumindo do Céu deixando um vazio, sem saudades, pois, você nunca soube que elas tivessem existido um dia. . . Pode acreditar que não existe o que você chama de Via Láctea. . . Você consegue vê-la sumindo?. . . Vê ela se ausentando do universo?. . .

. . . É fácil, mulher, tente. . . Conceba a ideia fixa de que o Universo todo nunca tenha existido. . . Prefigure que tudo que existe é o silêncio infinito. . . Imagine agora que nem o silêncio existe também. . . Apague até o silêncio. . .

. . . Agora considere que a única coisa que existe é o nada. . . Que só existe a mais profunda e absoluta ausência de tudo. . . Fecunde na sua mente, em seguida, que o que existe é apenas o nada vazio e infinito, profundo e absoluto. . .

. . . Você consegue fertilizar no seu ser a ideia do nada preenchendo o vazio? Consegue ver e entender?. . . O “Silêncio Existencial” de algo que não existiu. . .

. . . Algo que nunca existiu. . .

. . . Vislumbre a ideia da não existência se fazendo presente e tudo que existe é um vazio silencioso. . . Você consegue imaginar o: . . . nada. . . Vislumbre agora que no centro do nada. . . ”No centro do vazio”. . . UM PAR DE OLHOS ACORDAM-SE de repente. . . Um Grande-SER descobre que existe. . . Esse Grande-SER fez um movimento com os olhos e fez se tornar visível e tangível o seu próprio corpo Imaterial (incorpóreo). . . Mas, quando Ele fez seu próprio corpo gigantesco existir. . .

. . . Uma parte de sua Existência. . . Metamorfoseou-se no seu próprio corpo Imaterial. . . e Logo em seguida Ele pariu. . . Ou seja, tirou de dentro Dele, de dentro de si trilhões vezes trilhões de consciências, almas, espíritos, psiques, mentes, moral, intelectos, vontades, ânsias. . . Todos esses nomes e mais outros são a mesma coisa. . . Representam o mesmo aspecto e a mesma essência. . .

. . . O Grande-SER, então logo a seguir construiu o “BECO DAS ALMAS. . . ”. ”Esse lugar é como se fosse uma espécie de berçário. . . ”. E as colocou todas lá dentro. . . E Ele as fez esperarem numa espécie de sono profundo. . . E dormindo, aguardavam calmamente. . .

. . . Depois a sua direita Ele fez o Sol surgir (e a Luz se fez). . . Alegre, Esplêndido, Poderoso: viva o Astro-Rei!. . . Mas quando Ele fez o Sol surgir. . .

. . . Sua Existência gigantesca encolheu mais um pouquinho. . . bem pouquinho mesmo. . . Depois fez movimentos com os seus membros e fez muitas estrelas. . . E seu corpo encolheu mais um pouquinho. . . Imperceptível, pois Ele é tão imenso. . .

. . . Ele fez outros movimentos, e surgiram muitos planetas de tamanhos e cores variados. . . E tendo isso acontecido dessa maneira o Grande-SER percebeu que toda vez que Ele faz algo surgir Ele diminui de tamanho. . . Insignificante, se existisse alguém para vê-lo nem notaria, pois Ele era realmente imenso. . . Bastava que Ele imaginasse algo e no mesmo instante surgiam cometas e asteroides e outros astros celestes. . . Depois de algum tempo Ele se convence de que é Ele mesmo que estava causando aquilo tudo com a sua imaginação poderosíssima. . . Então, Ele começa a construir o sistema de coisas exatamente como bem quer. . .

. . . Nesse momento, Alice, já existem muitos elementos no pequeno grande Universo. . . O Grande-SER percebe que é realmente muito poderoso. . . Descobre que se Ele fosse um ser humano como você, Alice, teria o mesmo aspecto e aparência da tua idade. . .

. . . Descobriu ainda que teria essa idade, “a eternidade toda. . . ”. Ele acreditava ser realmente Perfeito. . .

. . . Não tinha Nele sentimentos como: amor e o ódio. . . Não sentia dor nem prazer. . . Não tinha nem paz nem tormenta dentro de si. . . Não era alegre nem triste. . . Não era bom nem mau. . . Pois como Ele era dotado de todas as coisas, todos os sentimentos, todas as sensações então elas se anulavam dentro Dele. . . Se anulavam e se coexistiam harmonicamente. . . Conviviam simultaneamente de uma maneira que se transformavam em Perfeição. . .

. . . E o Grande-SER realmente entendia possuir a Perfeição, pois tudo sabia, tudo fez, tudo faz, tudo é, tudo pode, tudo depende Dele. . . Imagine um Grande-SER que. . . Nunca fica doente, nunca se ira, nunca chora, nunca sofre, nunca morrerá, nunca erra. . . Assim era o Grande-SER. . .

. . . Queria que algo extraordinário acontecesse para justificar sua Existência, seu grande poder e glórias mil. . . Decidiu criar. . . Um tipo de vida orgânica. . . Pensou durante muito tempo. . .

. . . Então arquitetou o lindo Planeta Azul. . . Fez os continentes e os arquipélagos. . . Fez água. . . Fez rios, lagos, mares e oceanos. . . Fez as florestas e matas. . . Fez tudo que hoje nele existe: as montanhas e planícies. . . Depois fez uma imensa floresta que cobria todo o lindo Planeta Azul (a Terra). . . Em seguida: criou uma porção de gigantescos animais que reinaram soberanamente por muito tempo. . .

. . . Isso aconteceu por muito tempo mesmo. . . Mas, depois o Grande-SER. . . Resolveu criar outros tipos de seres mais evoluídos e os gigantescos animais teriam que deixar de existir para dar espaço a sua nova criação. . . Porque Ele queria que os novos seres habitassem o Planeta Azul. . . E os gigantescos animais já teriam cumprido a suas missões de ratificar (afirmar) ao Grande-SER que realmente esse Planeta seria muito bom para se viver. . .

. . . O Grande-SER fez com que um cometa se colidisse com o Planeta Azul e extinguisse os ocupantes desse mundo dando lugar para essa nova espécie que o Grande-SER criaria para ocupá-lo, porque não seria possível para as duas espécies existirem juntas. . . O cometa fez com que tudo ficasse escuro por causa da poeira do impacto e tudo que era vivo morreu. . .

. . . O Grande-SER acabou com tudo que existia. . . Tudo que tinha vida acabou, sumiu. . . O Grande-SER fez uma nova Fauna, fez uma nova Flora. . . Ele resolveu fazer coisas novas. . . Fez a chuva, fez a Lua. . . E continua diminuindo o seu tamanho a cada feito seu. . . O Grande-SER. . . Ele queria povoar o Planeta Terra com novos seres. . . Semelhantes a Ele. . . Eles aparentemente teriam mais ou menos vinte e sete anos de idade. . . Iguais a aparência que Ele soberanamente escolheu ter. . .

. . . E o Grande-SER idealiza a sua nova criação. . .

. . . Seriam todos seres imortais, sem amor ou dor, ódio ou sofrimento. . . Sem alegria e sem tristeza, sem sentimento e sem frustrações. . . Seres Perfeitos como Ele mesmo se julgava que era por Excelência. . . Eles seriam uma forma de homens e de mulheres ao mesmo tempo. . .

. . . Todos os seres seriam exatamente assim com os dois sexos em um só indivíduo. . . Semelhante ao que o Grande-SER é. . . Na verdade para ter noção de como o Grande-SER é. . . Basta só imaginar que Ele era noventa e oito por cento mulher. . . E depois adicionar o órgão reprodutivo do homem: os dois por cento. . . Todos os seres teriam os dois sexos. . . Andróginos. . . Semelhantes à aparência do Grande-SER. . . Mas os seres não se multiplicariam nunca. . . Porque o grande SER não iria permitir que a reprodução existisse. . . Isso não estava nos planos originais Dele. . .

. . . Porque o Grande-SER planejou que o Planeta inteiro fosse habitado todo de uma única vez. . . Ele idealizou que os seres fossem exatamente semelhantes a Ele, Andrógino, homem e mulher junto, e povoasse a Terra inteira numa única criação múltipla e completa. . .

. . . Então não haveria mais espaço físico para novos seres além dos que Ele mesmo os faria. . . E o Grande-SER planejou que a sua nova criação fosse semelhante a Ele também no fato de serem Perfeitos como Ele é. . .

. . . E é por isso que, mesmo se houvesse algum espaço ainda na Terra, mesmo assim não iria haver a reprodução através do amor das pessoas, a multiplicação dos seres por meio do sexo não iria existir, pois em sendo semelhante na Perfeição, igualmente o Grande-SER era, não haveria os sentimentos. . . Nem as necessidades. . . Nem haveria motivos. . . Não haveria química para a ternura (o amor). . . Nem existiria o amor (o sexo). . . Porque todos os seres seriam como o Grande-SER: Perfeitos. . .

. . . Não haveria a necessidade de afetos e carinhos. . . Essas coisas não existiriam. . . Porque todos seriam como o Grande-SER é: Perfeitos. . . Perfeitos. . .

. . . Mas no momento que o Grande-SER pretendia fazer esses seres existirem dessa maneira semelhante a si, Ele se arrependeu de fazer isso e interrompeu o seu próprio comando que faria tudo isso existir assim, em uma única vez somente. . .

. . . E Ele refletiu muito sobre essa questão. . .

. . . E percebeu o tanto que Ele era infeliz. . .

. . . Frustrado. . . Decidiu: Ele não queria que os “novos seres” fossem infeliz como Ele era. . . O Grande-SER sabia que toda essa infelicidade provinha do fato Dele ser Perfeito. . . Da falta de novidades em sua vida. . . Então resolveu. . . Não fazer os novos seres a sua imagem e nem da sua semelhança. . . Não como Ele é. . . Mas Ele condicionou tudo para que os novos seres fossem. . . Como, na verdade, Ele desejaria ser como um indivíduo: feliz e do modo correto. . .

. . . Pois não gostava de saber tudo. . . De ser um “adulto” para todo o sempre. . . De ter essa idade para o sempre eterno e infinito. . .

. . . Queria nascer de dentro de um outro indivíduo. . . Com a ausência de toda a ciência. . . Sem nada saber, queria nascer assim, um leigo em tudo, quase tudo. . . Queria ter (sentir) sensações. . . Ele queria sentir. . . Ser acarinhado (receber caricias) pelos seus pais-mães. . . Ele queria mamar. . . Chorar. . . Brincar. . . Queria ser protegido pelos seus pais-mães. . . Queria aprender as coisas. . . Com o passar do tempo. . . Bem devagarzinho. . . Paulatinamente. . .

. . . Cada dia, várias novidades. . . Queria sorrir. . . Queria crescer bem lentamente. . . Queria namorar. . . Casar-se. . . Depois. . . Queria ser o pai-mãe de um bebê. . . De um novo pequeno indivíduo. . . Queria envelhecer. . . O Grande-SER pensou: ”Isso vai ser muito bom”. . . E decidiu e fez a sua criação surgir da união da “VONTADE” e da IMAGINAÇÃO junto com, a ÁGUA, o AR, o FOGO e da Terra: O Grande-SER decidiu fazer esses seres basicamente de terra, e de cada pedacinho do Planeta, pegou um punhadinho de sua composição, Ele se decidiu, finalmente, a fazer sua nova criação parecida com ela (a Terra). . . Esses seres teriam o mesmo tanto de água que ela tem: também se encontrará na nova criação que surgirá: todos os seus minérios, elementos e substâncias. . .

E tendo dito isso, o velho fez uma pequena pausa e logo falou:

-- O Grande-SER com seu poder enorme fez desse barro que coletara do mundo todo, se tornar uma rocha firme e compacta, em seguida, multiplicou essa rocha fazendo-a se tornar milhares de exemplares totalmente iguais, e esculpiu nessas rochas milhares de corpos que imitava sua própria fisionomia, sendo cada qual, de uma forma ligeiramente diferente entre si. . .

. . . O Grande-SER quando estava a esculpir através de seu grande poder, já ficava a imaginar como seria sua nova criação que Ele já sabia que iria ser a que mais iria gostar, seria a sua predileta, ficou a sentir orgulho de si próprio, conseguiu, finalmente, terminar de esculpir pessoalmente naquelas rochas corpos de diferentes estilos e variedades. . . É como se essa nova criação fosse os filhos da Mãe-Terra e o Grande-SER fosse o Pai de toda a própria criação. . .

. . . Sendo que do Grande-SER (o PAI) dessa nova criação herdara somente as formas (os desenhos) dos seus corpos, só que de uma maneira que fossem sólidas suas estruturas, não como o Grande-SER que é feito de algo imaterial (não material), da Mãe-Terra (Gaia) herdou suas substâncias, como eu já lhe disse há pouco. . . Agora a nova criação, graças as sua Mãe Gaia que doou partes de sua composição e o Grande-SER (o PAI da criação) que os fez de material orgânico mas imperecíveis, mas tinham sangue e veias, nervos e músculos, peles e ossos, carnes e neurônios e ainda tinha o sangue, portanto, estes seres são capazes de sentir sensações através dos cérebro que o Grande-SER planejou, que este órgão decodificará os sinais captados por todo esse material que é construído o corpo da nova criação IDEAL. . .

. . . Foram, finalmente, criados como o Grande-SER gostaria que Ele mesmo fosse feito: e os fez como Ele mesmo queria ser como indivíduo. . . Então depois que tudo foi decidido e feito, podia se ver centenas de milhares de pequenos corpos Andróginos “dormindo” em sono profundo esperando que seu PAI as terminasse de fazê-los. . .

. . . Então, projetou a parte final da estrutura do cérebro de material orgânico para que fosse possível aos novos seres sentirem as emoções que Ele tanto almejava poder sentir também, no entanto, não podia. . .

. . . Porque só os seres dotados de um cérebro, poderia através da ligação com a alma ter capacidade de sentir as emoções, pois só o cérebro humano consegue decodificar tais sensações. . .

. . . E feito isso o Grande-SER foi até o Beco das Almas pegou algumas das almas que estavam a esperar e colocou-as dentro de si, e depois as soprou para dentro dos pequenos bebês andróginos. . . Dando-lhes movimentos. . . Dando-lhes vida, ou seja, o Grande-SER providenciou (esculpiu) esses seres que eram homens-mulheres em um só ser (simultaneamente). . .

. . . Esses seres, cada um deles era um indivíduo independente dos demais, tinham atitudes diferentes dos outros que estavam ao seu redor. . .

. . . Cada qual gostava de coisas peculiares. . . Esses seres com o passar do tempo foram crescendo, se desenvolvendo. . . Encontrando-se. . . Multiplicando-se. . .

. . . Naquele começo de vida da nova criação a coisa mais importante era a confecção de novos corpos para ser habitado pelas almas que aguardavam do Beco das Almas. . . Como era muito importante que novos corpos fossem criados: o Grande-SER fez uma força mágica atuar sobre esses seres, essa força Ele a chamou de CIO, mas, hoje é denominado de paixão. . .

. . . O Grande-SER queria apenas que fossem criados os corpos: e essa força atuava sobre esses seres e cada vez mais seres eram criados. . . E a cada novo nascimento uma alma do “Beco das Almas” era trazida e colocada dentro de cada um dos corpos dos respectivos bebês que eram gerados. . .

. . . O Grande-SER achou bom. . . O CIO (a paixão) fazia com que esses seres quisessem criar mais e mais corpos. . . As pessoas tinham até uma ordem do Grande-SER que era para sempre se multiplicarem, ter corpos para as almas era a coisa mais importante naquele começo. . . E o CIO (a paixão) era tão importante para esse fim. . .

. . . O Grande-SER controlava tudo: controlava a fertilização da terra. . . A chuva e o Sol. . . Primavera, Verão, Outono e Inverno. . . Ele era o sustentáculo de tudo o que existe. . .

. . . E o Grande-SER estava sempre muito ocupado gerenciando o mundo, resolvendo todos os problemas que sempre apareciam, tudo tinha a hora certa de se fazer, tudo dependia Dele, tudo tinha que ser controlado por Ele: a brisa e o vento, o dia e a noite, o frio e o quente e todos as coisas que a Terra precisava que Ele fizesse, e Ele quase não tinha tempo para apreciar a sua criação mais querida. . .

. . . Mas isso não era um grande problema, o Grande-SER percebeu que os seres que Ele criou tinham muitas características Dele ainda. . . Pois eram imortais, por isso eles ficavam muitos anos em uma mesma idade Existencial. . . E Ele mesmo com todo o trabalho que tinha conseguia contemplá-los de vez enquanto. . .

. . . A forma de vida de um bebê daquela existência idealizada pelo Grande-SER não estava IDEAL ainda, pois um bebê com cinco mil anos seria igual a um bebê de hoje com dois minutos após o nascimento. . .

. . . Um velho com sessenta anos de hoje naquela existência (época) teria o mesmo que ter centenas de trilhões de anos de idade. . . Isso o Grande-SER achou que não estava realmente satisfatório. . . Então o Grande-SER decidiu reduzir o tempo de duração entre nascer sem saber nada e a velhice sabendo tudo. . .

. . . O Grande-SER queria excluir todas as semelhanças dos novos seres com Ele. . . Todas que Ele julgou que traria infelicidade para sua criação mudou para algo melhor, algo que fosse bem diferente do que Ele é. . .

. . . O Grande-SER acreditava que esses seres não eram felizes ainda porque tinha muitas coisas parecidas com a Perfeição, coisa que Ele não apreciava por não trazer a felicidade completa, segundo Ele. . .

. . . Sabia que quanto mais diferentes da Perfeição os novos seres fossem, mais felizes eles seriam. . .

. . . O Grande-SER achou muito bom nascer sem nada saber. . . E ir aprendendo com o tempo. . . Que isso Ele deixou como estava, também todas coisas que julgou serem boas para serem felizes. . . Aprovou e preservou tudo que traria a felicidade, ou seja, a ausência de Perfeição. . .

. . . Gostou tanto que as pessoas nascessem e só aprendessem com passar do tempo. . . E fez com que as pessoas nascessem milhares e milhares de vezes durante a eternidade toda. . .

. . . Sabia que as pessoas seriam mais felizes sendo crianças e adultos por várias vezes. . . Sabia porque Ele queria poder ser assim também. . . Fez com que as pessoas vivessem setenta e cinco anos em média. . . Para poder nascer, crescer, envelhecer, trocar de corpo (morrer), nascer, crescer, envelhecer, trocar de corpo (morrer) de novo milhares de vezes: até o fim da “Eternidade Suprema. . . ”. E viu que isso ficou muito bom. . . Queria melhorar mais ainda. . . Então fez com que todas as pessoas dormissem em um sono profundo. . . E separou os sexos das pessoas. . . Fez, então, a mulher e o homem. . . Eles estavam, ainda “dormindo”, quando o Grande-SER articulou:

-- De “um” eu fiz “dois”, agora suas missões são se procurarem. . . E se encontrarem. . . Suas “Existências Gêmeas. . . ”. E das duas carnes voltarem a ser uma só carne de novo. . .

. . . A mulher será quase minha cópia. . . Terá o poder de preparar uma vida dentro dela. . . Será responsável pela perpetuação de sua espécie. . .

. . . Por isso será um ser maravilhoso, por esse motivo terás grandezas. . . Merecerá honras e mais honras. . . E sentirá mais amor pelos filhos do que os pais. . . Sentirá dor no parto: para perceber como isso é importante. . . Mas, nem vai se lembrar da dor depois do parto. . .

. . . A felicidade será tamanha. . . E para também não se sentirem tão superiores aos homens, terão alguns incômodos que as chatearão sempre de mês em mês, em ciclo. . . Terão estrias e celulites por causa das gordurinhas necessárias aos bebês. . . Mas serão reverenciadas. . . E. . . Precisará apenas de uma pequena ajuda do homem. . .

. . . O noventa e oito por cento que é a mulher. . . Vai se unir com o dois por cento que é o homem. . . Para perpetuação da vida. . . E quando estiver preparando uma outra vida: grávida. . . Todos os outros seres que as virem se curvarão diante dela. . . Os homens e, inclusive, outras mulheres não gestantes no momento também, todos. . . Porque será um momento mágico, colocarei magia em vocês mulheres nesse período, vocês experimentarão uma sensação que os homens nunca poderão sentir, eles terão a inveja de seu útero (a matriz da vida humana). . .

. . . O mandamento é reverenciem as mulheres principalmente. . . Quando elas estiverem preparando um novo indivíduo. . . O prazer de renovar a vida é um presente meu a: todas vocês, mulheres. . . Disse o Grande-SER. . .

. . . Os homens ficarão felizes só por estar diante de tão maravilhoso indivíduo. . . A mulher tem a honra de ser parecida com Grande-SER. . . Ela faz vida dentro dela. . . Portanto ela é uma cópia em miniatura Dele então ela será conhecida como um pequenino-SER. . . Ela terá poder de seduzir os homens e fazer deles o que bem quiser. . . Uma “mulher” (sábia) sabe fazer com que um homem faça todas suas vontades e desejos sem que ele perceba isso. . .

. . . Do mesmo jeito que o Grande-SER controlava o mundo. . . Com seu poder. . . A mulher controla o mundo ao seu redor. . . E o Grande-SER viu que agora tinha feito à Humanidade IDEALMENTE. . . E que, ser IDEAL é melhor do que ser Perfeito. . . Disse que agora estava bom. . . Fez tudo e a todos exatamente do modo que gostaria de ser como um indivíduo. . . Lá de cima Ele contemplava à Humanidade. . .

. . . Admirava, cada dia mais, sua própria criação. . . Estava convicto de que fez as pessoas do jeito que sua criação seria mais feliz e satisfeita. . .

. . . Mesmo quando sua criação não achava que ser IDEAL era muito bom, o Grande-SER sabia que era bom sim, e não “deu ouvidos” as lamentações de sua criação, pois sabia que eles gostavam de reclamar à toa, estes nem imaginam que eram tão invejados. . .

. . . O Grande-SER sabia que as pessoas não sabiam da ciência exata de seus privilégios de serem IDEAIS e não Perfeitos. . . Ele acompanhava uma pessoa desde quando ainda era um óvulo esperando um sêmen para dar sua contribuição para que as duas partes voltassem a formar um novo ser: agora o que era dois voltaria a ser um. . .

. . . Porque quando os seres estão trabalhando no processo de dar uma nova vida ao mundo, ficam tão juntinhos que voltam a ser um nesse momento tão importante: o CIO (a paixão) usa sua força para se fazer presente. . .

. . . O Grande-SER acompanhava a gestação, o parto e o nascimento. . . A primeira mamada, o primeiro choro, o primeiro banho de cada pequeno ser, de cada nova vida que uma alma ganhava para conhecer o mundo IDEAL. . .

. . . O Grande-SER acompanhava realmente tudo sobre aquele novo bebê que não sabia de nada. . . Totalmente alheio ao mundo, e feliz dentro de sua inocência sublime. . .

. . . Um ser carente, e dependente de seus pais, e completamente indefeso, se tivesse que viver sozinho não ia conseguir nunca. . . Um ser que acredita que o mundo fora criado só para ele, totalmente egocêntrico, tão inocente, acreditar que tudo no mundo é só seu, como pode ser tão puro a ponto de pensar isso? Acabou de ganhar o mundo!. . .

. . . Um ser que usa choro para tudo. . . Só sabe chorar o tempo todo. . . Chora quando quer comer. . . Chora quando não quer comer. . . Chora quando quer dormir. . . Chora quando não quer dormir. . . Chora quando quer ficar no chão. . . Chora quando não quer ficar no chão. . . Chora quando quer ficar no colo. . . Chora quando não quer ficar no colo. . . Chora quase do mesmo jeito pelas coisas mais distintas e variadas e ainda pensa que está sendo coerente em tudo: tão ingênuo. . . Completamente puro. . .

. . . Mas mesmo assim consegue controlar seus pais. . . E fazer com que eles façam o que ele bem quiser. . . Ele não sabe de nada. . . Só sabe que se chorar tem suas vontades satisfeitas. . .

. . . O Grande-SER achou tão lindo uma criança pensar que o mundo é todo dela. . . Pensar que tudo foi criado para ela. . . Seria até maldade seus pensamentos se elas (as crianças) soubessem o que estão fazendo (se fizessem por opção). . .

. . . Mas, como não sabem, todos acham lindo tudo o que elas fazem. . .

. . . Quando as crianças crescem um pouquinho mais e pensam que já tudo sabem. . . Só porque confiam em seus pais. . . Que, na verdade, também não sabem muita coisa. . . E sempre inventam uma resposta para seu filho. . . Que acredita em tudo que eles dizem. . . Essa confiança incondicional realmente é incrível. . . Os pais não sabem. . .

. . . Mas, a inocência intuitiva das crianças. . . Dizem-lhe que seus pais querem o melhor para elas. . . Elas entendem isso e confiam nos seus respectivos pais. . . Como se eles fossem os donos da verdade, da onisciência (é assim que uma criança enxerga seus pais). . . Mesmo eles (os bebês) sendo egocêntricos e agindo como se o mundo fosse deles (na verdade: “isso não está longe da verdade”). . .

. . . E o tempo passa e a pequena pessoa cresce e aprende coisas. . . E fica feliz com suas descobertas. . . Erra, esquece das coisas, fica bravo, sorri. . . Tudo isso são virtudes aos olhos do Grande-SER que está o tempo todo os observando atentamente. . .

. . . Todas as coisas que acontecem com as pessoas são atributos para a Felicidade Existencial, acredita o Grande-SER nisso. . . E o pequeno indivíduo. . . Cresce mais um pouco. . .

. . . Agora ele é um adolescente. . . Nada para ele está bom. . . Questiona tudo. . . Reclama sobre tudo. . . Agora é tempo da rebeldia (O que seria do mundo se não houvesse os que questionam, hein?). . . Agora, na opinião dos adolescentes, seus pais não sabem de nada, são uns bobos (Nossa! Como mudam as opiniões das pessoas, não é mesmo!?). . . Agora, na opinião dos adolescentes seus pais “só atrapalham suas vidas. . . ” Dando-lhe conselhos de sabedoria e experiência. . . Mas, os adolescentes se julgam sabedores de tudo. . .

. . . E quase nunca escutam seus pais. . . E sempre fazem as coisas erradas (Como seria a vida na Terra sem a eterna insatisfação dos adolescentes?). . . Eles dizem para eles mesmos que quando eles forem pais não irão “aborrecer” seus filhos como seus pais fazem com eles. . . Mas, quando estes crescem ficam iguais a seus pais, fazem as mesmas coisas com seus filhos, que também dizem as mesmas coisas e vai ser sempre assim. . .

. . . E agora são eles, os filhos, que retribuirão os mesmos gestos e sentimentos que tiveram e receberam de seus pais. . . Eles. . . Não confiam mais na sabedoria e os culpam por tudo. . . No fundo todas as pessoas são crianças como seus pais. . . Depois que os adolescentes crescem mais um pouco. . .

. . . Agora já está na época de procurar e encontrar as suas respectivas metades. . . A perda da inocência. . . O Grande-SER achava que era lindo quando o CIO (a paixão) estava atuando sobre as metades que se encontravam, se achavam e se perdiam em desejos e sexo. Ele gostava de observar esse processo todo, uma vez que, achava muito justo que nascessem muitos novos corpos (bebês) para que as almas que esperavam no BECO DAS ALMAS e ambicionavam muito estar logo no mundo IDEAL com um corpo dotado de um cérebro para sentirem o mundo. . .

. . . O Grande-SER entendia a ansiedade delas, assim como Ele também sentiu algo parecido. . . Realmente achava que era lindo esse processo todo, a procriação o fascinava desde seu início, observava os dois corpos que voltam a ser um só. . . Que passa a ser: três. . . E quem era filha, agora é mãe também. . . E uma nova emoção começa. . .

. . . Um período de novas experiências começa. . . Agora quem era mãe passa a ser avó. . . Depois vem a velhice. . .

. . . Onde as pessoas se tornam mais sábias e ficam mais parecidas com o Grande-SER. . . Mas, também, os velhos, se tornam muito semelhantes as crianças. . .

. . . Por que ficam dependentes de seus filhos. . . E quem era pai volta a ser filho. . . Mas, filho de seus filhos. . . Isso: é um processo preestabelecido pelo Grande-SER para que o espírito possa ir se preparando para voltar a ser um bebê de novo. . .

. . . Trocar de corpo (morrer). . . E recomeçar tudo de novo (reencarnar). . .

. . . É para isso que serve a morte também, além de para as outras coisas também importantes. . .

Serve para voltar a ser criança. . .

. . . É por isso que as coisas são assim: IDEAL. . . Muito melhor que ser Perfeito segundo pensava o Grande-SER em sua profunda Existência sábia e Perfeita que Ele acreditava realmente possuir. . .

. . . Reencarnar-se, pensava o Grande-SER, era voltar para uma nova vida. . .

Renovação, uma nova emoção. . .

. . . Tudo tem um propósito. . . Mesmo as pessoas não sabendo disso. . . Mesmo as pessoas não aceitando. . .

. . . Mesmo que elas não queiram. . .

. . . Nada disso pode desmanchar o que o Grande-SER idealizou para sua criação. . .

. . . A vida continuava se perpetuando maravilhosamente IDEAL, aos olhos do Grande-SER que quando olhava bestificado para sua própria criação, cada dia que passava (Ele) nútria uma inveja cada vez maior e mais profunda da Humanidade que Ele criou de maneira IDEAL. . . Ele invejava absolutamente tudo. . .

. . . Invejava cada indivíduo. . .

. . . Acreditava que uma maravilha residia em cada um desses seres que Ele criou. . . Invejava com todas as suas forças aqueles seres. . . Acreditava tê-los feito IDEALMENTE. . .

. . . Não importava como era cada um daqueles seres. . . Ele não fazia distinção de ninguém. . . Não importava como era o ser que estava observando. . . Ele os amava igualmente. . . O Grande-SER invejava: achava que eles eram mais felizes (IDEAL) que a si mesmo. . . Chegou à conclusão final. . . Que ser IDEAL é “bem melhor” do que ser Perfeito. . .

. . . O Criador observava a sua criação quando estas observavam as coisas que Ele criou também e as coisas que o homem transformou com sua criatividade: a Arte. . . O Grande-SER observava o brilho dos olhos das suas criaturas quando estas contemplavam esse Belo, a Arte. . .

. . . O Grande-SER podia criar qualquer coisa, tinha o poder de com sua imaginação e um simples comando seu inventar coisas muito melhores que qualquer um ser humano, mesmo as que fossem mais habilidosas (talentosas) nem poderiam imaginar que pudessem criar tal coisa como o Grande-SER era capaz de fazer. . .

. . . Mas Ele invejou (desejou) a alegria da sua criação favorita de ser capaz de ver as coisas, invejou o brilho nos olhos da sua criação ao contemplar a Arte sua. . .

. . . Invejou, sobretudo, a alegria do artista ao término de seus feitos: Ele estava se referindo as pessoas que percebem e sentem as Artes do mundo. . . Invejou também, como as pessoas se viam a si mesmo e os outros indivíduos e tudo que existe no mundo. . . Como é poder ver as coisas através de olhos de uma pessoa, imaginava o Grande-SER Todo Poderoso sedento de vontade, querendo saber as respostas para essas perguntas. . .

. . . Desejou profundamente poder sentir as paixões dos homens. . . Então resolveu dar mais imaginação e talento a sua criação para esta fazer mais e mais obras de Artes. . . O Grande-SER deu as pessoas capacidade de dançar, de cantar, de representar, de criar estórias (Mitos). . . Ainda não satisfeito O Grande-SER ainda dotou as pessoas de muitas aptidões (habilidades) de inventar e a praticar muitos esportes. . .

. . . Quando fez isso sentiu mais inveja ainda de sua grande obra. . . E agora Ele não tem mais dúvida alguma. . . Na verdade Ele nunca havia tido mesmo tal dúvida com relação ao melhor modo de ter feito sua criação. . .

. . . Quando uma pessoa esquecia alguma coisa Ele logo dizia: Como é esquecer. . . Qual é a sensação de sentir isso?. . . Quando alguém sentia dor, Ele pensava: Qual é a sensação de sentir dor?. . . Qual é a sensação disso?. . . Quando alguém dormia, Ele ficava pensando: Qual é a sensação de sentir sono!. . . Qual é a sensação de sonhar?

. . . Qual é a sensação de perder o controle de uma situação. . . Qual é a sensação de não saber o que se está fazendo? . . . Qual é o gosto de uma maçã, de uma uva, de uma pera? . . . Qual é a sensação de ficar menstruada?. . . De ter cólicas?

. . . Qual é a sensação de ter TPM? . . . Qual é a sensação de estar grávida?. . .

. . . Qual e a sensação de sentir o corpo ficando maior para dar espaço para um novo filho? . . . Qual é a sensação de se sentir tão importante a ponto de trazer esse milagre (dar a luz a uma criança)? . . . Qual é a sensação de sentir uma dor tão grande no parto, e, depois ficar tão feliz por trazer um filho ao mundo a ponto de nem lembrar da dor. . .

. . . Qual é a sensação de crescer de pouco a pouco. . . Como é a sensação de ter um pai uma mãe e o mundo esperando para descobri-lo?. . .

. . . Qual é a sensação de aprender algo novo?. . . De esquecer de alguma coisa importante?. . . Ficar forçando a memória em vão? . . . Como é o cheiro do mar?. . .

. . . Qual é a sensação do cheiro de terra molhada?. . . Qual é o cheiro de estrume de vaca?. . .

. . . Qual é a sensação de tomar um banho de chuva? . . . Como é a sensação da brisa da manhã? . . . Qual a sensação da paixão? . . . Qual é a sensação de tudo isso? . . . Como é a sensação de estar perdido? . . . Como é envelhecer, como é morrer, ficar doente? . . . Errar deve ser uma coisa fascinante. . . Como é cometer um erro?

. . . Qual é a sensação de ser um pequenino-SER e viver a intuição feminina?. . .

. . . Qual é o “gosto da sensação” que deve ser de sentir seja lá o que for? Mas, sentir algo que só quem tem um cérebro humano é capaz de sentir, ser IDEAL: é ser feliz. . .

. . . Mesmo as pessoas não sabendo que são felizes, o são verdadeiramente. . .

--Acreditava convictamente nisso o Grande-SER, Alice. . .

Disse o velho olhando fixamente nos olhos de Alice que ainda estava em estado de semi-transe.

E o Velho disse:

-- E o Grande-SER sabia que estava privado desses prazeres e sensações maravilhosas que Ele mesmo deu de presente as pessoas, deu esse presente a elas mesmas sendo Ele privado disso tudo. . . Estava condenado a ser Perfeito durante todo o “Grande e tortuoso Sempre Eterno. . . ” Mas ELE nutria um desejo que chegava a “doer”. . .

. . . Queria ser IDEAL: similar as pessoas que criara IDEALMENTE. . . O CRIADOR invejou suas seres (Se as pessoas fossem Perfeitas ficariam sem a emoção do prazer. . . Se Ele fosse um ser humano e pudesse sentir tristeza, eu diria que ficou muito triste por ser tão “imenso” e não poder ser igual a sua criação. . .

. . . Não podia ir à praia e deixar o vento beijar-lhe sua face. . . Não podia correr no jardim entre os canteiros de flores. . . Como é a sensação de cheirar uma flor? Pensava frustrado por não ser capaz de cheirar. . . Não podia ser filho, pois, não tinha pai, sempre existiu. . .

Ao dizer tudo isso o velho olhou para Alice e continuou em sua narrativa:

-- Ele não poderia ser pai e nem avô de ninguém, não poderia ser um indivíduo qualquer que pode ser feliz. . . A sua enorme Perfeição o limitava. . . O impedia de ser feliz: de ser IDEAL. . . Sentia-se em uma prisão eterna, não queria pagar por um crime que não cometeu, ser Perfeito parecia que era ter que pagar uma pena muito dura. . . Sua Existência Perfeita era penosa. . . Transar, beijar, dar e receber carícias eram coisas que almejava muito. . .

. . . Queria tomar banho, apanhar da sua mãe quando fizesse coisas erradas. . . Queria fazer uma poesia. . . Música. . . Queria fabricar muitos móveis. . . Queria ser carpinteiro. . . Perguntava-se em vão: Como é morrer?. . . Qual a sensação de fazer coisas que acreditamos estar errado e mesmo assim fazer?. . . Ele tentava saber, mas, em vão. . . Ele não era capaz de tal coisa. . . Qual é a sensação de fazer sexo pela primeira vez? A segunda vez? A terceira? E as outras vezes. . .

. . . Qual a sensação de chorar de alegria ou de tristeza?. . . Perguntava-se sem respostas. . . Como é mentir? Qual é a sensação de nadar?. . . O Grande-SER acreditava que todas as dores. . . Os problemas. . . Sofrimentos e angústias. . . Aliadas com todas as coisas boas da vida como: Sexo. . . Comer. . . Dançar. . . Chorar. . . Lembrar. . . Pensar. . . Dormir. . . Sonhar. . . Acreditava que tudo isso misturado. . . Ou às vezes alternado, seria como um tempero para a vida. . . O Grande-SER queria muito mesmo ser como um ser humano, pretendia, sobretudo ser uma mulher, queria sentir um orgasmo feminino, pois, Ele dotou as mulheres para que estas sentissem dez vezes mais prazer no amor (no sexo) do que o homem. . .

. . . Realmente Ele nútria uma inveja cada vez maior pela sua criação feminina. . . Neste momento, teve convicção final de ter feito o mundo, à Humanidade, realmente IDEAL. . . Ficou com tanta inveja. . . Curiosidade. . . Vontade. . . Necessidade que pensou:

-- Eu sou o dono do mundo! E todas as coisas posso fazer. . . Posso fazer o que eu quiser! Porque eu que fiz tudo surgir e determinei que tudo fosse como quero, quem mais pode decidir o que posso e devo fazer, senão eu mesmo?. . .

. . . Sou o dono de toda a verdade, de tudo que é verdadeiro. . . A quem devo alguma satisfação? Quem pode me tolher em algo? Minhas decisões e escolhas são soberanas. . . Então eu vou fazer. . .

. . . Decidiu. . .

. . . Depois de muito refletir a abandonar sua existência Perfeita (infelicidade). . . Sua Perfeição e ser como um humano como outro qualquer. . .

. . . Invejou as pessoas de tal forma que suas dúvidas foram extintas. . . Ele se apaixonou pelo modo de vida da sua criação: amou a maneira como eles levavam suas existências, vida. . . E Ele, então, começou a. . . Aumentar o Universo cada vez mais. . .

. . . Fez zilhões e mais zilhões de estrelas. . . E como isso Ele ficava cada vez menor. . . Fez, então, bilhões de Galáxias. . . Começou a construir novos sistemas solares. . . Mais sistemas solares do que você possa imaginar, Alice. . . Mas Ele era muito grande, era imenso. . .

. . . Fez trilhões e trilhões vezes trilhões de Planetas. . . E seu corpo vai ficando cada vez menor à medida que vai construindo o Universo infinito. . . Vai se encolhendo, reduzindo cada vez mais. . . Pouco à pouco por ser muito grande não conseguia ficar pequeno logo. . .

. . . Se imola (se sacrifica) para construir as coisas. . . Constrói ou. . . Transforma-se nos buracos negros. . . E a cada feito seu, em cada coisa que se transforma. . . Vai sumindo cada vez mais. . . De pouquinho em pouquinho. . . Então, faz bilhões de insetos e animais de tamanhos e cores variados e povoa o Planeta Azul com eles. . . Resolve, então, se transformar em água e encher mais ainda os oceanos e mares, os rios e riachos, os lagos e lagoas só para ir perdendo seus poderes Existenciais que eram imensos. . .

. . . O Grande-SER deve que soverter algumas leis da física e da natureza pois precisava que os mares e os rios, os lagos e as lagoas não congelassem totalmente no inverno para proteger a vida marinha, e a vida aquática em geral, então Ele modificou essas leis importantes alterando a densidade da água e do gelo para que o gelo não afundasse nunca mais apesar da sua densidade, e só congelar as águas desses lugares em sua superfície, e para ajudar mais ainda o Grande-SER salgou as águas dos mares e oceanos e aumentou a pressão nas águas que ficava mais a baixo. E Ele só fez tudo isso porque não iria mais poder cuidar das coisas do mundo, pois iria deixar de atuar nessa existência e nascer para outra forma muito melhor. . .

. . . E ainda fez-se em leis, fenômenos físicos, sustentáculos que vão segurar todos os astros, estrelas, planetas em suas órbitas e rotas constantes. . .

. . . Deu autonomia ao Universo para que ele mesmo se cuidasse sozinho. . . Passaria a chover obedecendo apenas as leis da física, as leis naturais, as leis da Natureza. . .

. . . Fez todas as leis que deveriam ser feitas para que tudo se auto governasse, deu vida ao Universo para que ele fosse independente Dele. . . Fez o “Mundo das Imagens e das ideias” aonde colocou todas as suas ideias, toda sua sabedoria, imaginação e poder, depois deu uma ordem para que essas ideias migrassem para as pessoas na Terra quando se fizessem necessárias, ou quando alguém através de sua imaginação elevada chegasse ali e “roubasse” as ideias. . .

. . . Também deu ordens para que quando alguém quisesse (ou quiser) muito uma coisa e acreditasse que poderia ter ou fazer, que o Mundo das Imagens oferecesse o que ele quisesse. . .

. . . Deu possibilidade, tendência para que todas as pessoas encontrassem suas próprias razões e sentido para suas vidas dando-as sentido para diversas versões da origem do mundo, e poder ser feliz de alguma maneira bem particular. . .

. . . Então, o Grande-SER faz com que a Terra pareça redonda e plana ao mesmo tempo para pessoas que pensam diferentes, Ele fez a realidade ter uma "distorção pelo ar" e a terra vai parecer sempre "estar" plana, independentemente se ela é ou não é redonda, então quem conseguir olhar para bem longe numa paisagem nunca verá a curvatura do Planeta plenamente.

. . . O Grande-SER decidiu fazer com que suas criações tirassem as energias, nutrientes, e tudo que precisassem da Mãe Terra. . .

. . . Resolveu deixar que a Mãe Terra os alimentassem e para isso o Grande-SER deu-a o poder para alimentar seus filhos. . . Sua criação agora teria um vínculo muito forte com a Mãe Terra. . .

. . . Os filhos plantariam, a Mãe faria nascer os alimentos, e os filhos colheriam e comeriam. . . O Pai, não mais iria usar do seu poder para alimentá-los. . .

Teriam agora que trabalhar para se manterem. . . Tirariam de sua Mãe (terra) os alimentos e tudo que precisassem para manter os seus corpos fortes e saudáveis. . . Quando o Grande-SER fez as pessoas da Terra, fez com que estas tivessem um vínculo muito forte com a Mãe (Gaia) Terra.

. . . Quando o Grande-SER fez as pessoas terem esse vínculo com a Mãe Terra por extensão fez também com que os pais tivessem um vínculo com seus filhos para que estes os protegessem, esse vínculo fez com que os filhos quisessem seguir os passos (ter como referência) de seus pais e seus pais quisessem que seus filhos seguissem seus passos em tudo. . .

. . . Não precisariam mais do Grande-SER: viveriam independentes Dele. . . Assim o Grande-SER quis, assim fez. . . Assim o grande-SER determinou que fosse. . .

. . . Como o Grande-SER estará ausente para sempre e não poderá mais fazer suas funções de controlar a Natureza: ou seja, fazer que tudo funcione IDEALMENTE como planejou de início, resolveu dar tarefas que Ele se empregou em fazer desde sempre: para as minhocas pediu que elas começassem a morar debaixo da terra e deu-lhe a tarefa de ajudar a fertilizar a terra, cavando seus túneis comendo terra e deixando atrás de si os nutrientes e deixando a terra mais saudável para o plantio, facilitando a vida dos seres que precisam se alimentar do que a mãe Terra (Gaia) lhes davam. . .

. . . Aos animaizinhos alados, as abelhas, o Grande-SER as deu a função de quando forem apanhar o néctar para transformar em mel e dividir com quem quisesse, Ele pediu para elas pisarem o bastante nas flores e aproveitasse para polinizá-las, então para que elas não esquecessem disso, ele diminuiu tamanho das asas delas para que elas ficassem meio desastradas quando voassem e assim elas sempre se lembrariam de se encostarem bem nas flores para levar o pólen as outras flores, o Grande-SER fez isso porque Ele queria dividir, de maneira justa, entre os animaizinhos, todas as funções que eram necessárias na ausência Dele. . .

E o grande-SER, fez com que as sementes das árvores nascessem dentro de suas frutas, e também fez com que as frutas dessas árvores ficassem mais deliciosas e fossem muito agradáveis aos paladares de todos os animais para atraí-los e ainda ajudar na dieta deles, e Ele, com essa atitude fez com que toda a fauna ajudasse toda a flora a florecer cada vez mais, pois Ele não iria mais poder fazer isso "pessoalmente".

E o Grande-SER, ainda, fez com o que alguns pequenos animais adquirissem o habito e a mania de, através do instinto enterrarem os seus alimentos, em geral sementes, Ele fez com que esses animais tivessem uma memória curta para que eles esquecessem algumas vezes de onde as guardaram e Ele fez isso para que essa atitude dos animais ajudassem a multiplicar as árvores, pois Ele não iria mais estar mais realizando a sua função de sempre estar cuidando dos nascimentos de novas árvores, e é muito importante que elas sempre nasçam.

E o Grande-SER, ainda queria mais ajuda dos animais, e quis fazer com que cada um dos animais ao ingerir os alimentos teria que ceder parte de sua alimentação e ainda transformá-la dentro de si em adubos e com isso ajudar a fertilizar a Terra pois ela lhe deu os alimentos e quando fez isso precisou tirar os nutrientes do solo para nutrir os alimentos, então, depois de muito pensar, finalmente, Ele resolveu agir e fez mesmo o que acreditou ser o melhor procedimento e assim os animais iriam engolir mesmo as sementes ao se alimentarem com os frutos das árvores da Terra e iriam transformar realmente partes dos alimentos em fertilizantes e iriam depositar as sementes na Terra já com os nutrientes que a Terra precisa para lhe dar mais alimentos necessário a sua vida e assim mais árvores cobririam o Planeta, seria então uma forma de estar um cuidando do outro, a fauna cuidando da fauna e a fauna cuidando da flora já que quem cuidava de todos eles não iria mais estar presente com essa tarefa que é muito importante.

. . . Então (Ele) criou trilhões espécime de pequeninos ajudantes para a natureza e para a Mãe Gaia e foi dando a cada um funções vitais que manteria o Planeta vivo em sua ausência eterna: mas todas às vezes que Ele fazia algo surgir o seu corpo continuava a diminuir de tamanho , mas ainda bem lentamente. . .

. . . E O Grande-SER para ajudar a sua criação a se proteger e a se curar de doenças graves, Ele inventa um aumento temporário da temperatura do corpo para melhorar o tempo de resposta do corpo para destruir os invasores: vírus e bactérias, porque o Grande-SER não iria estar mais lá para curar as pessoas, hoje essa invenção Dele tem o nome de febre.

. . . Resolveu fazer sua criação ficar totalmente independente Dele. . .

. . . E colocou pelos em várias partes de seus corpos para que estes os protegessem das impurezas do mundo, como poeira e outras coisas, foi por esse motivo que o Grande-SER pôs na sua criação as sobrancelhas, os cílios, os pelos do nariz, no púbis, e vários pelos outros protetores espalhados pelo corpo. . .

. . . Ainda não satisfeito aumentou e deixou mais macio o bumbum, o glúteo, dos bebês (caprichou no das meninas) para que este o protegesse das quedas frequentes, com esse bumbum maior e macio, os bebês estariam mais independentes, poderiam brincar com mais segurança e comodidade, pois,amorteceria a queda brusca. . .

. . . Mas, ainda achava pouco todo esse zelo e carinhos e resolveu fazer as cabecinhas dos bebês ficassem depois que crescem, um pouco mais durinhas para que não ferissem seus receptores de sensações (o cérebro) numa queda mais perigosa. . .

. . . Decidiu, nesse momento, fazer algumas alterações nos corpos das mulheres, resolvera de súbito redesenhar a anatomia de seus corpos tornando-os mais modelados, mais delicados, mais suaves, decidiu também adocicar as suas vozes, suavizar seus gestos, colocou também a meiguice em seus olhos e pensamentos, decidira inclusive amaciar a epiderme destas, deu a elas, além disso tudo, uma aparência toda especial. . . Deu a elas encantos mil, só que (Ele) resolveu fazer com que as mulheres nunca, ou ao menos quase nunca, tivessem o conhecimento que agora elas têm tanto domínio para controlar seus escolhidos (companheiros) e fazer deles uns brinquedinhos. . .

. . . Se o Grande-SER não tivesse feito com que as mulheres ignorassem essas dádivas que Ele lhes deu, os homens estariam “perdidos”, ficariam a mercê dos seus caprichos e aspirações. Mas, quando estas souberem disso controlarão o mundo. . .

. . . O Grande-SER não deu tanta doçura e tantos encantos a mulher apenas porque elas eram pequeninos-SERes tão-somente, e os homens são simples “ajudantes” delas. . . Não, não foi esse o motivo que fez com que Ele tomasse essa decisão. . .

. . . O critério foi muito mais nobre que esse: o Grande-SER, sendo sabedor que era muito difícil para as almas encarnadas encontrar suas respectivas metades, acreditou que seria justo que as mulheres ganhassem essas formosuras para que os homens seduzidos pelas pequenino-SERes as procurassem mais, mesmo não sendo a sua parte gêmea que foi dividida pelo Grande-SER. O Grande-SER achou isso muito importante, visto que, havia muitas almas precisando de corpos novos (bebês) para se (re)encarnar, e com a procura sem sucessos de suas partes gêmeas, as mulheres, às vezes, desencarnavam sem ter o privilégio de dar um corpo para uma alma que estava esperando no Beco das Almas para ganhar a Luz, ou seja, ganhar um corpo para desfrutar das coisas do mundo IDEAL que o Grande-SER fez. . .

. . . O Grande-SER, além de acreditar ser justo que as pessoas criassem muitos corpos para doar (contribuir) não só às almas do Beco, mais também, as que precisavam de um novo corpo, as almas que morreram queriam outros corpos, apesar, que o Grande-SER também pensava Nele, mesmo porque queria reencarnar várias vezes. . . Então entendeu que era justo dar tanta formosura as mulheres. . .

. . . Entendeu ser lícito (justo) a sua atitude de reforçar os elementos para fazer sua criação favorita procriar mais e mais, achou a força do CIO (paixão) pouco eficaz para a quantidade de novos corpos que achava ser normal (natural) ao seu propósito. . .

. . . Ainda, fez em toda a sua criação várias outras pequenas cirurgias com o fim de deixá-las cada vez mais independentes Dele e ao mesmo tempo felizes. . .

. . . Mesmo feito já tudo isso, ainda julgou ser muito importante que Ele arranjasse (inventasse) mais materiais: substâncias, minerais e plantas para que os artistas, os esportistas e os descobridores (cientistas e inventores) pudessem encontrar esses materiais e fazer mais obras de Artes, inventar mais jogos para exercitar seus corpos e suas mentes, descobrir mais possibilidades e técnicas de plantio, de diversão e lazer, e outras coisas importantes, e para isso precisariam encontrar esses novos materiais para fazer essas ferramentas, conheceriam o progresso quando necessitassem de algo novo, inventariam: “a necessidade será a Mãe de todas as invenções” Ele disse isso quando refletiu sobre essa questão. . .

. . . Controlando sua ansiedade, ainda fez também muitas substâncias que entre outras coisas serviriam para se fazer cosméticos para as pessoas vaidosas ter como se embelezarem. . .

. . . Fez também substâncias para se fazer remédios. . . Fez porque não estaria mais presente em pouco tempo, e não poderia curar mais as pessoas, só estaria presente em todas as coisas que havia criado: O TUDO. . .

Assim disse o velho fazendo uma parada para olhar o pôr-do-Sol e continuou:

-- O Grande-SER ainda, Alice, pensou em submeter a sua criação a um novo começo, ou seja, Ele pretendia apagar toda a sua obra num aguaceiro (dilúvio) e fazer com que a sua criação recomeçasse do ZERO num princípio evolutivo gradualmente: primeiro os seres aquáticos, depois terrestres, depois chegariam aos seres humanos IDEAIS como o Grande-SER queria que acontecesse. . .

. . . Por um instante, pensou ainda em ser mais radical ainda, queria destruir tudo o que Ele fez em todo esse tempo! Ele queria fazer o mundo voltar ao nada, exatamente no ponto no qual Ele abriu os olhos e descobriu que existia. . .

. . . Queria que o mundo continuasse a ser no mesmo modelo de como estava, naquele momento, pois tudo estava IDEAL, entretanto achou melhor que fosse “reescrito”. . . Refeito. . . recomeçado. . .

. . . Queria voltar no tempo, pois queria ter um corpo humano no mesmo instante em que todas as almas também o tivessem. . . Todas almas que encontrassem os bebês queestariam sendo gestados naquele momento. . .

. . . Ele vislumbrou a ideia de quando voltasse no tempo, no dia zero, na hora zero, no instante zero, se explodiria e do seu próprio corpo faria todas as coisas, se imolaria e se sacrificaria, se transformaria em tudo o que vier a existir. . .

. . . Iria fazer tudo como fez até agora, IDEAL, no qual, Ele poderia ser como um qualquer, só que daria a autonomia ao Universo de uma só vez, sem vacilar. . .

. . . Pretendia se desfazer de sua essência, de seu poder como fez até agora para existir como uma pessoa qualquer e viver como todas as demais. . . Mas quando iria fazer isso não pôde, Ele não tinha mais a capacidade, a autoridade ou o direito de fazê-lo, pois Ele não tinha mais tanto poder assim para fazer isso, pois Ele já havia usado quase todo o seu poder fazendo tudo que existe, e para fazer algo tão complexo deste modo precisaria de muito mais poder do que essa quantidade que lhe restava naquele momento. . .

. . . Então decidiu que apenas maquiaria o mundo para que este parecesse que as coisas foram criadas dessa maneira que vislumbrou, ou seja, evolução gradual, na verdade, o Grande-SER achou muito melhor fazer muitos indícios para que as coisas parecessem que foram começadas de muitas maneiras: evolutiva, criada, arquitetada e de outras formas além. . .

. . . Queria confundir a sua criação e a si mesmo quando fosse uma delas. . . Acreditava que, saber da verdade das coisas, não seria muito apropriado. Queria que as pessoas pudessem ver as coisas por diversas possibilidades diferentes, cada uma com sua lógica própria, queria fazer uma “babilônia”, ou seja, queria confundir a todos para que nunca soubessem da verdade, que ficassem procurando as respostas e nunca chegassem a um consenso, só que todas as possibilidades estão certas já que o Grande-SER fez com que isso fosse possível. . .

. . . Não foi por maldade que o Grande-SER escondeu a verdade das pessoas, fez isso para protegê-las da PERFEIÇÃO, pois não apreciava ser PERFEITO. . . Não queria que as pessoas fossem como Ele, queria proteger as pessoas de ser como Ele era, infeliz. . . Nesse instante o Grande-SER pensou: “eu não posso fazer o novo recomeço por estar sem poder, porém, farei algo para que pareça ser idêntico ao que se eu tivesse realmente feito. . . ” Eu vou maquiar e alterar toda a aparência de todo o Universo e principalmente da Terra. . . E tendo dito isso, fez muitos vestígios, plantou fôsseis por toda parte para que as pessoas acreditassem que o mundo teve uma evolução e também para os que achassem esses fosseis e pensassem que realmente houve uma evolução gradual sem ter havido em verdade, mas era seu plano fazê-lo e tudo seria a mesma coisa já que ninguém estaria lá para ver mesmo, ninguém poderia contestá-lo pelas suas atitudes e proezas. . . Ele construiu, então, muitas ruínas já prontas de cidades que nunca existiram, Ele o fez como se ela tivesse existido verdadeiramente. . . Ele o fez só para confundir as pessoas e elas procurarem explicações e nunca poderem concluírem suas teorias. . . Em muitas dessas ruínas que o Grande-SER inventou fez alguns vestígios tão avançados para os seres humanos que muitos investigadores pensarão que essa supostas obras foram feitas com a ajuda de criaturas mais evoluídas de outros planetas de bem longe deles. . .

O Grande-SER plantou ainda muitas evidências para sustentar muitas teorias bem contraditórias entre si. . . Ele colocou indicíos para que muitos acreditem que o mundo foi criado por um SER superior e outros indicíos para encontrarem provas que o Universo existe por uma explosão e evolução, mas nunca encontrarão um elo perdido para provarem isso, pois Ele não quer que seja encontrado. . . Os crentes no DESIGNER INTELIGENTE terão sempre mais vantagens sobre os demais teoristas, pois toda discussão sempre acabará quando eles dizerem que todo o Universo, toda a vida em si é fantástico demais para que não tenha um DESIGNER INTELIGENTE por trás de tudo isso.

. . . O Grande-SER, logo depois disso com o pouco poder que lhe restava vez uma lei especial para que em todas as suas reencarnações Ele fosse uma mulher, nascesse como uma menina, ficasse uma mocinha, mulher madura e uma idosa todas as vezes. . .

. . . E feito isso, Ele anulou toda sua Existência como ser SUPERIOR, e disse para si próprio: ”Está consumado (fundamentado), tudo está consumado, agora estou livre da prisão, dessa PERFEIÇÃO, posso agora ser o que eu sempre quis ser, posso existir como sempre quis. . . ” E tendo dito isso, Ele simplesmente, depois de se sacrificar para fazer tudo o que existe, e poder se transformar numa pessoa comum, igual a qualquer uma que Ele criou IDEALMENTE para viver no mundo IDEAL e ser feliz. . . Ficou tão pequeno e simples. . . Ficou do tamanho de uma alma comum, e sorrindo por já sentir um vislumbre do que viveria, simplesmente encarnou-se em um óvulo que acabou de ser fecundado. . . Agora o Grande-SER era uma pessoa como outra qualquer. . . Estava sujeito ao amor e ao ódio, a alegria e a tristeza como qualquer um de seus seres, IDEAL. . . Agora o Grande-SER é uma pessoa que nasce. . . Cresce. . . Aprende. . . Esquece. . . Sofre. . . Sorri. . . É filha, mãe, neta, fica doente, envelhece, troca de corpo (morre). . . Nasce sem lembrar de nada como todo mundo. . .

. . . O Grande-SER, agora, participa da vida efêmera como sempre invejou (ambicionou). . .

. . . Agora o universo é governado apenas pelas leis da natureza, e também por todas aquelas que o Grande-SER se transformou para controlar o Universo e a vida do Planeta na sua ausência. . . Porque Ele não voltaria mais a fazer isso. . . Não voltaria a ser o Grande-SER. . . Será um humano como qualquer um outro para sempre. . . Agora o futuro da Humanidade é governado “pela consCIÊNCIA” dos homens e Leis Naturais. . . Às leis constituídas pelos humanos selarão o destino da Humanidade. . . Agora as pessoas terão que conhecer as leis da Natureza e se adaptar a elas. . .

O Grande-SER "morreu", agora todos podem fazer o que quiserem, o Grande-SER fez o mundo e foi descansar e deu o mundo para os cientistas.

Capítulo Terceiro: - Quem nunca aprendeu a sua língua pode se comunicar com você?

E tendo dito isso o velho ficou em silêncio, colocou a mão na cabeça de Alice e disse:

-- Você está me escutando, pequenino-SER?!

Perguntou o velho e nesse momento Alice abre os olhos, olha bem para o velho e o responde com uma outra pergunta:

-- Meu senhor, qual é o teu nome?

Quando ela lhe faz essa simples pergunta ele age estranhamente de um modo tal que fez Alice desconfiar dele, pois o velho parecia ser muito confuso a ponto de não saber o próprio nome, mas, finalmente ele diz:

-- Meu nome é. . . Ramones. -- Responde o velho depois de hesitar por um bom tempo. Parecia ter muitas dúvidas ou querer se lembrar do próprio nome. Alice então disse ao seu anfitrião, querendo saber detalhes sobre a estória que acabou de escutar:

-- O Senhor me disse que o Grande-SER de repente abriu os olhos e descobriu que existia? Você está querendo dizer o quê com isso? Ele não existia até então? Ou Ele estava dormindo e acordou pela primeira vez e nunca mais pôde dormir de novo? Ou Ele simplesmente não existia e passou a existir naquele “exato momento?”. Ele veio da não existência? Ele se auto gerou?

Quando Alice perguntou isso deu para o velho perceber que ela estava muito confusa, ansiosa e também super curiosa e o velho fez uma pausa, e mais uma vez ele agiu como se parecesse que ele estava tentando, ou se lembrar de algo, ou inventar alguma coisa para justificar sua fantástica estória. Depois falou sem hesitar mais:

-- Mulher, quando eu te disse que não existia nada, que o que existia era o nada infinito. . .

-- Já sei, o Grande-SER estava dormindo e acordou, não foi?

Interrompeu-o Alice querendo adivinhar ou mostrar que ainda estava prestando atenção em tudo que ele falava.

-- Não, em verdade, te digo que o Universo era formado pelo nada absoluto, e a mais Perfeita Ausência de tudo, e de todas as coisas também, ou seja, realmente não havia nada, com exceção de zilhões mais zilhões vezes zilhões vezes zilhões de Existências: almas, espíritos, mentes, intelectos, consciências, ânsias e vontades, todos esses nomes e mais alguns querem dizer a mesma coisa. . . Esses seres não eram evoluídos totalmente. . . Mas todas almas tinham o mesmo objetivo que o Grande-SER, que era possibilitar um mundo para que a vida Física, Orgânica, Perecível, Fugaz, Efêmera acontecesse, ou seja, queriam que “o tudo que agora existe”e tudo o que o Grande-SER fez, existisse. . . Queriam ter corpos físicos para pudessem se encarnarem e viverem como as pessoas vivem hoje, semelhante à maneira que o Grande-SER fez o mundo. Mas, essas almas não tinham sozinhas tanto poder para fazer isso tudo, cada alma queria construir seu próprio mundo particular do jeito que mais lhe agradaria e viver nele sozinha, isolada. . . Queriam viver do jeito que mais lhes conviessem, como acreditavam que era o melhor jeito. É que cada consciência era um ser único, diferente dos demais, tinham suas próprias razões e motivos para fazer o mundo do jeito que pudesse ser mais feliz e satisfeitos, segundo seus próprios preceitos e convicções: elas planejavam. . . Todas almejavam isso, serem felizes, é claro em “seu cantinho”. Mas, cada uma tinha sua própria definição de felicidade. Mas, havia uma coisa em comum a todas elas: queriam que o Mundo Físico existisse para que pudessem habitar nesses corpos com um cérebro e poderem sentir as sensações de um Mundo Tangível o Mundo Orgânico. . .

-- O que fizeram então, Ramones, nessa discussão toda acordaram o Grande-SER que estava dormindo, foi isso? -- Interrompeu-o a Alice de novo. Ela estava debochando dele porque interpretou que o velho não estava respondendo sua pergunta e tentava enrolá-la fazendo-a esquecer de sua pergunta. Mas o velho calmamente prosseguiu:

-- Como toda consciência queria ter corpo, e não tinha esse poder todo para fazer sozinha um mundo inteiro só para si mesma, todas resolveram depois de milhões de anos se reunir, e através do poder de todas elas juntas, fariam um mundo comum a todas, mas, teriam que negociar como que seria esse mundo comum a todas. . . Chegaram num acordo no qual cada alma cedesse um pouquinho no plano de como fazer o mundo para que todas vivessem juntas no mesmo mundo. Porque talvez se elas se reunissem, e com o poder de todas juntas, poderiam realmente fazer um mundo sólido (Material) comum para todas elas. Todas concordaram, mas não foi de imediato, porque achavam importante ter seu mundo para viverem nele, e realizarem suas vontades de terem corpos feitos de matéria, mas, nem todas estavam dispostas a ceder em algo de como planejaram o seu próprio mundinho, tinha alma que não pretendia ceder em nada. . . Outras queriam enganar as demais para que o mundo fosse mais parecido como elas queriam em detrimento das demais. . . Claro que no início todas, sem exceção, queriam que o mundo fosse exatamente da maneira que mais lhe conviesse individualmente. . . Então, ainda não foi possível negociar para confeccionar esse mundo, naquele momento, então deram um tempo nas negociações do plano que elas chamaram de Plano Diretor. . .

-- Então não conseguiram chegar em um acordo, um consenso, Ramones?

-- Não, Alice, demorou mais alguns milhões de anos. . . Cada consciência esperava que as outras cedessem mais que elas e aceitasse o mundo do jeito que mais lhe favorecia, elas estavam sedentas por esse mundo, mas muitas não cediam em nada nas propostas para que o mundo fosse confeccionado logo. . . Algumas cediam muito. . . E nem todas as almas que não queriam ceder eram exatamente egoístas, muitas delas, eram até bem intencionadas, estas não queriam ceder nas suas posições porque conseguiam ver além, sabiam que algumas de suas irmãs espirituais estavam equivocadas e não concordaram com um monte de coisas que aquelas queriam. . . Estas almas bem intencionadas não queriam ceder em certas coisas, mas não estavam pensando exclusivamente nelas mesmas e sim no coletivo. . . Mas havia também algumas almas que eram bem intencionadas, achavam que o que estavam propondo seria bom para todas e isso não era verdade, havia coisas que não seriam boas para nenhuma. . . E essas coisas eram muito complicadas de negociar e também de fazer com que todas entendessem isso. . . Esse foi um dos motivo pelos quais se demorou tanto tempo para que chegassem a um Consenso-Geral-Definitivo. . .

E Alice quis saber:

-- Não tinha uma alma-chefe, uma que mandasse em tudo ou em grande parte, alguém que liderasse?! Uma alma que tivesse voz ativa e firme e desse as ordens, não?! Assim fica muito difícil, sabia? -- Perguntou Alice indignada com esse “chove-e-não-molha” das almas e queria saber logo o porquê o Grande-SER acordou naquele momento.

-- Não. Não havia ninguém superior a ninguém, o que havia era apenas argumentos superiores, nunca quem argumentava era superior a quem estava escutando os argumentos. . . Depois de muito tempo, uma das almas disse que refletiu muito e acreditava que seria muito melhor se todas cedessem um pouco e fizessem logo o mundo, e que quanto mais demorassem, pior seria. E mesmo assim demorou muito tempo para que elas conseguissem chegar a um consenso-geral, no qual fosse possível agradar a todas as sedentas almas. . . Diante da complexidade do problema, é claro que isso é demorado, mas. . . Todas as questões relativas a criação do mundo e, sobretudo, como este iria funcionar e ser regido, tudo mesmo, tudo que precisaria ser idealizado foi discutido em várias Assembleias Gerais no qual cada alma, sem exceção, dera seu parecer e seu ponto de vista, fora discutido até chegarem a “exaustão”, até ficar resolvido como sua ideia, seu desejo iria ser atendido e colocado na decisão final, em que, depois eram guardadas todas as resoluções em uma espécie de memória coletiva até que ficassem totalmente prontas todas as outras decisões do consenso-geral. . .

. . . Você percebeu, Alice, que as ideias da edificação do mundo não foram decididas pelo que a maioria (democracia) quisera, foi sim estabelecido através do Conselho-Geral de uma maneira no qual cada alma pôde ter o seu interesse discutido e aprovado. . . Claro que cada alma teve que ceder em alguns detalhes para que se enquadrassem ao plano diretor já preestabelecido por elas mesmas. . . Você sabia, Alice, se fosse o voto da maioria que decidisse as coisas haveria muita injustiça, visto que todas teriam que viver no mesmo mundo, e sua vontade, seu desejo, sua ideia etc. . . Não fizesse parte desse mundo que ajudariam a fazer e posteriormente habita-lo fazendo uso de um corpo. . .

. . . Você acharia justo as coisas serem decididas apenas pelos votos de uma maioria privilegiada: lesando, deixando de lado todos e quaisquer direitos dos que querem coisas que só lhes dizem respeito, coisas que só lhe será útil, ou só a uma pequena minoria, acha justo isso, mulher? Então fora pensando nisso que tudo fora decidido em consenso em milhões de Assembleias-Gerais, entendeu?

-- E o que foi que aconteceu? -- De novo Alice interrompe-o, agora porque não conseguiu se conter de tanta curiosidade.

-- Bem. . . -- Disse o velho -- Depois de muito tempo algumas consciências resolveram ceder mais que as outras, porque entenderam que se não fizessem isso nunca haveria um mundo realmente IDEAL, no qual todas as almas pudessem encarnar. . . Então, através da VONTADE, UNIÃO, RESPEITO, AMOR, NECESSIDADE e CONCENTRAÇÃO e principalmente da IMAGINAÇÃO e de um SONHO EM COMUM a todas: elas, finalmente, entram na mesma frequência de pensamento, e todas se fundiram em um só, e por fim surgiu o. . . Grande-SER no meio do nada infinito e abriu os seus gigantes olhos. . .

Ouvindo isso Alice arregala os olhos e pergunta:

-- Foi neste momento que o Grande-SER abriu os olhos e descobriu que existia!? -- Perguntou com um olhar de quem descobriu o Universo, se maravilhou com a informação adquirida.

-- Sim, foi por isso que o Grande-SER sentiu tanta inveja dos seres humanos. Na verdade, Ele, foi o que mais gostou de ser uma pessoa mortal. . . Ele foi a concentração de todas as VONTADES juntas em um só. . .

-- Ele era todas as almas juntas mesmo! -- Disse Alice esperando que o eremita lhe desse mais informações sobre o assunto que estava lhe fascinando e muito, sua alma estava sorrindo, isso tudo era uma espécie de distração para ela, pelo menos era assim que estava tentando ver essa estória que está a escutar da boca desse bom velhinho que lhe diz:

-- Sim, Alice, agora Ele também está aqui na Terra vivendo como uma pessoa IDEAL também. . .

Alice olhou para o velho com um olhar tão fixo que até ela mesma sentia que a dúvida era muito importante, e finalmente perguntou:

-- Ramones, me diga uma coisa, se as pessoas nascem, crescem, são felizes, aprendem, envelhecem, trocam de corpos (morrem), nascem, crescem, são felizes, aprendem, envelhecem, trocam de corpos (morrem), e isso acontece para toda a eternidade, me diga uma coisa? Os ricos vão ter medo de nascer pobres em outra reencarnação e por esse motivo (receio) vão dividir suas riquezas com os pobres, visando com esse propósito em outra futura reencarnação não venham a ser eles mesmo os pobres famintos, necessitados e infelizes? Os ricos, sabendo disso, vão dividir suas fortunas com os pobres miseráveis, talvez influenciados pelo temor de passarem dificuldades em outra vida? Eles (os ricos) vão ser mais justos e tolerantes com as pessoas necessitadas que exploravam até então? Pessoas que eles (os ricos) sabiam que estavam na mais absoluta carência de ajuda e de apoio?. . . Um rico vai temer em poder estar futuramente no lugar do pobre em outra reencarnação futura e vai ajudá-lo? Os ricos ficarão com medo de nascerem pobres em outra reencarnação e vão dividir suas riquezas, suas posses com os pobres, terão medo disso?! Ajudarão na divisão de renda?!

O eremita olho-a nesse instante com uma cara de pelo menos de 85% de toda perplexidade do mundo, e finalmente perguntou para Alice:

-- O que é um rico e o que é um pobre, Mulher? -- Alice olhou-o como se tivesse certeza que o velho estivesse brincando com ela, uma vez que ele fizera uma pergunta tão óbvia dessas? -- Pensou intrigada -- Ele dissera coisas tão profundas que jamais pensou em ouvir de alguém, coisas que parece que só ele sabia, e agora essa mesma pessoa diz não saber de coisas que qualquer um néscio sabe. Ela virou-se, olhou para o velho e com uma expressão de reprova perguntou ironicamente:

-- Você não sabe o que é dinheiro?! Bolsas de valores?! Dólar?! Etc. . .

-- Não faço ideia. . . -- Respondeu o velho sem vacilar nem um instante. Alice então perguntou examinando a figura do velho querendo mostrar a ele que ela não era nenhuma tonta, e sabia muito bem que ele era “bem crescidinho” para não saber dessas coisas tão simples e que sabia que ele era “bem crescidinho” também para fazer essas brincadeiras sem graça:

-- Quantos anos você está aqui, Ramones, no deserto?

Ela perguntou isso feito um delegado de periferia que está trabalhando num final de semana, ela estava muito irritada com atitude do velho, pois,não gosta de palhaçada com ela.

O velho, com uma calma sobrenatural, respondeu-a mostrando com a mão direita uns 65cm de altura mais ao menos.

-– “Vivo” aqui desde que era deste tamanhinho, lembro-me que saí engatinhando de dentro da minha casinha e fiquei aqui mesmo onde estou agora, fiquei olhando o pôr-do-sol. . .

Alice achou engraçado e deu um belo sorriso, e “deu corda” ao velho, fingiu que acreditou no que ele contou para vê-lo entrar em contradição, e perguntou achando que o velho iria gaguejar por estar a mentir:

-- Então, cadê teus pais?

-- Nunca os conheci. . . Acho que nunca tive pai nem mãe. . .

Respondeu-a mais uma vez hesitantemente.

-- Quem te deu esse nome, então, meu bom amigo?

Perguntou-lhe Alice abrindo um sorriso maroto.

-- Na verdade, mulher, eu nunca tive oportunidade de falar com ninguém, você é a primeira pessoa quem tenho um diálogo. . . Uma vez passaram quatro pessoas em duas coisas que faziam uns barulhos bem alto assim ó: raamm. . . raammm. . . raammm. . . raammm. . .

Respondeu o velho fazendo uma careta ao descrever o som das “coisas” que ele disse que viu e escutou o som que fizeram.

-- Motos?. . .

Disse Alice esclarecendo ao velho que do jeito que ele falou quase a convenceu de que realmente nunca tinha visto motos, com exceção dessas aí que disse agora.

-- Eles não falaram nada comigo. . . Não me viram. . .

Disse o velho continuando o seu relato:

-- Só ouvi as suas mulheres gritando de alegria. . .

O velho fez uma pequena pausa e continuou a relatar mais coisas de suas experiências no deserto, enquanto Alice ficou a observa-lo apenas.

-- Em outra ocasião, passou mais três pessoas, era um casal e uma criança em uma coisa maior que fazia um barulho assim, ó: umm. . . umm. . . umm. . . umm. . .

-- Igual aquele ali, olha?

Apontou Alice ao seu Jeep alugado que estava próximo da choupana do velho -- Sim, sim!

Disse o velho com um entusiasmo desnecessário.

-- Era igual aquilo mesmo. Então, quando eles passaram lá embaixo, o menino me olhou e exclamou: “Papai, olha o Ramones lá em cima!”, foi por esse motivo que eu te disse que meu nome era esse. . . Foi porque, só conheço este nome e os que você citou quando contou a história da tua vida para mim, entendeu, mulher?

Quando Alice se preparava para fazer mais perguntas sobre o velho esse se adiantou e perguntou a ela.

-- Você não vai me responder o que é um rico e o que é um pobre não, fiquei intrigado com esses vocábulos, sabia?

Alice, ainda meio confusa com tudo isso que ouviu do velho resolveu responder a sua pergunta e contou-o tudo sobre o que é dinheiro, riqueza e como era a vida dos ricos e como era a vida dos pobres também. Falou que enquanto os ricos comem lagostas, caviar etc. Os pobres comem lixo, sopa de papel. Falou sobre bolsa de valores, dólar, petróleo, ouro, diamantes etc. Quando terminou de falar, o velho ficou mudo por alguns instantes, parecia que ele ficou muito triste com a sua nova descoberta. Então, a “impaciente” perguntou novamente:

-- Responda-me, por favor, os ricos terão medo de serem pobres em outras reencarnações e por conta disso dividirão suas riquezas, suas posses com os pobres?!

Perguntou Alice com um semblante que mostrava que queria muito saber a resposta de sua pergunta.

-- Não, mulher, eu acredito, com todas as minhas forças, que quando todas as pessoas descobrirem a verdade, que elas nascem e trocam de corpos (morrem) por toda eternidade e saberem também de tudo que te contei, acredito, sem sombra de dúvidas, que as pessoas, quando souberem da verdade, a verdade as libertará desde absurdo. . . Vão dividir o que têm com as outras pessoas sim, mas, por amor.

. . . As pessoas descobrirão que são, efetivamente, irmãs espirituais, e que elas “nasceram ao mesmo tempo”, e que se uniram para fazerem o Grande-SER. . . E que se uma só consciência não apoiasse e aprovasse o Projeto Final de Construção do Mundo, nunca teriam feito o Grande-SER, e nada disso existiria. As pessoas saberão que as almas se amavam, se respeitavam, se uniram. Elas Lembrarão, e, voltarão a se amarem como irmãs que são em verdade, e em espírito (consciência).

. . . Quando todas souberem da verdade, dividirão suas coisas, suas posses com os pobres, ou seja, suas almas irmãs, não por medo de nascerem pobres, mas, sim porque entenderão que não é apenas um pobre miserável que está ali, mas sim, sua irmã espiritual! Saberão que se amavam muito, e foi o amor delas todas, junto com a união e o respeito que fizeram o Grande-SER existir e possibilitou o mundo que estamos vendo! É por isso, mulher, que acredito, com muita força, que não vai ser o medo que vai fazer com que as pessoas se ajudem e também sejam mais justas umas com as outras. . .

. . . Quem vai fazer essa transformação será outro sentimento bem mais nobre: “o amor!” O amor que as pessoas descobrirão que tem dentro de si, que estava adormecido: esse sentimento sim é que fará essa maravilha (milagre) ao mundo. As pessoas irão se ver como irmãs, porque em verdade são, sempre foram e serão de novo! E quando souberem da verdade serão livres para amar! Porque só o amor torna as pessoas melhores: mais justas, amorosas, felizes. . .

Os olhos de Alice brilhavam de alegria quando o velho terminou de falar sobre o amor e da irmandade dos seres (das almas, pessoas) e logo fez outra pergunta já esperando uma resposta que iria lhe agradar aos ouvidos, e a alma também:

-- E o racismo vai acabar também? As pessoas terão medo de serem discriminadas em outra vida por um sentimento que ajudaram a propagar, e irão “lutar” contra os preconceitos raciais?

O velho a observa e tenta “sentir” os significados das palavras que ela acabou de pronunciar, mas, em vão, não consegue e pergunta com um olhar que claramente mostrava a Alice sua perplexidade em relação às palavras proferidas por ela:

-- O que é exatamente esse tal de racismo, pequenino-SER? Pode me esclarecer, por favor?

-- Você também não sabe o que é isso?! -- Perguntou Alice meio irônica, e incrédula porque realmente achava muito estranho o eremita saber de umas coisas e de outras não:

-- Não!. . .

Responde ele meio chateado por saber que ela desconfiava dele.

Alice nesse instante olha bem nos seus olhos para ver se ele estava mentindo, se seu anfitrião sabe ou não o que acabou de pergunta-la. Ao findar o seu exame dos olhos ela acha que ele não sabe nada mesmo sobre o assunto, e resolve explicar-lhe tudo sobre os “diversos tipos de etnias”. Passou pela cabeça de Alice que talvez ele realmente estivesse falando a pura verdade sobre nunca ter dialogado com ninguém antes.

Ou talvez ele fosse um eremita e não queria acreditar que um dia viveu num mundo “civilizado” que só lhe trouxe desgosto, e fingia esquecer de tudo. Ela quis respeitar isso, e começou a explicar que algumas etnias são de pessoas mais escuras, outras são pessoas de pele mais clara. Que o Branco se sente superior ao Negro, que o Amarelo se sente superior ao Vermelho, que todos se discriminam mutuamente. Falou sobre Hitler, Palestinos e Judeus, Gregos e Troianos etc. Ao término de sua explicação Alice, fez uma pequena pausa e disse após refletir um pouco sobre o assunto que o deixou um pouco mais triste, e ele disse:

-- Eu não sabia que existiam pessoas de várias cores, acreditava, sim, que todas as pessoas eram claras como nós, Alice. Mas, acredito que se o Grande-SER fez várias cores diferentes, “com certeza”, foi para que o mundo fosse mais colorido e alegre, e que as pessoas escolhessem a cor das pessoas que mais lhes agradassem aos olhos, mas, sem achar que uma pessoa é superior a outra, por uma cor com mais ou menos intensidade do que da outra pessoa. Ninguém é superior a ninguém por motivo algum, e se houvesse superioridade entre as pessoas não seria a cor da pele que decidiria isso.

O velho fez uma pequena pausa e continuou:

-- Só existem argumentos superiores, e outra coisa, as pessoas com atitudes realmente superiores são aquelas que sabem que ninguém é superior a ninguém, e agem sempre demonstrando respeito e amor a todas as pessoas. Essas “pessoas realmente superiores” sabem que “devemos escutar os ignorantes e os fracos em sabedoria”, porque eles também têm suas histórias para contar. . . Pessoas superiores sabem que são muito importantes “para o todo em si”, e para o meio em que vivem. Assim como os conscientes são superiores por suas atitudes, os “santos, ou seja, aqueles que amam também têm atitudes superiores, o amor, eles são superiores porque amam. O amor torna as pessoas superiores porque elas ficam generosas”. São superiores por suas atitudes, são exemplos para os outros. . .

-- Mas, Ramones, responda-me: as pessoas deixarão de ser racistas com medo de serem discriminadas em outras encarnações? -- Interrompeu Alice, ela não consegue esperar que o velho faça seus discursos longos, ela queria que ele a respondesse com apenas monossílabos: sim ou não. Mas, o velho até tentava não responder com tantas palavras, mas quando se percebia já havia falado muito. Então ele respondeu finalmente a sua hóspede, claro que não conseguiu com um monossílabo:

-- Eu, pressinto que quando as pessoas descobrirem a verdade, elas não vão parar de discriminar as outras pessoas de etnias diferentes por medo de serem discriminadas. . . Quando as pessoas souberem que são irmãs espirituais, e que o Grande-SER veio a existir através da união de todas consciências juntas, e que se uma só alma não amasse às outras almas com todas suas forças, o Grande-SER nunca surgiria, e a vida na Terra nunca existiria também, e a irmandades das almas foi um dos fatores decisivos, e todos seriam apenas almas vagando pelo meio do nada infinito eternamente, e até hoje estariam desejando, sedentas de vontade de fazer esse mundo tão sonhado. Então, em verdade, te digo que quando as pessoas conhecerem a verdade, a verdade as libertará, e os irmãos se lembrarão, e o racismo se extinguirá pelo amor, não através do medo, entendeu? Porque aonde o amor reina, não há medo. . . As pessoas voltarão a viver em uma irmandade como era lá no meio do nada, ou seja, o lugar com a ausência de todas as coisas que se fazia presente, lugar que elas se encontravam quando estavam se concentrando, se conhecendo, se respeitando e se amando para se fundirem em um só: o Grande-SER. Através do conhecimento da verdade serão todas livres, eu digo isso por saber que a verdade tem esse poder de tirar as pessoas da ignorância, das trevas. . .

E os olhos de Alice voltam a brilhar ao escutar o velho dizer-lhe que em breve o mundo seria bem melhor, e que isso aconteceria quando todas as pessoas soubessem das “boas novas”. Neste mesmo momento, Alice olha para o velho, e percebeu ainda que ele é muito mais branco do que havia percebido ao chegar naquele lugar. Seu anfitrião era da cor de leite puro, mesmo estando no deserto desde quando engatinhava e isso faz muito tempo já que se encontra em idade avançada. Notou também que o Sol além de se encontrar exatamente no mesmo ponto de quando chegou ali há tempo, também esses raios do Sol eram muito “brandos”, quase sem calor. Achou isso estranho, mas, quando ela iria tocar no assunto de porquê do Sol estar parado, o velho percebeu e explicou-lhe algo que julgava ter esquecido de falar, e disse:

POETA ISAÍAS AMORIM
Enviado por POETA ISAÍAS AMORIM em 15/10/2022
Código do texto: T7628073
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