O PORÃO
[...]
Abner – (Coloca Hans deitado na cama) Soldado teimoso e maldito! (Tira as botas de Hans) O que acha que estou fazendo? Estou salvando sua miserável vida. (Mexe nas coisas do soldado) Sem identificação? Qual seu nome soldado? (Mete as mãos nos bolsos do soldado) Deve ter algo aqui que o identifica... (Pega um papel, ler).
“Verônica, me perdoe pela escolha que fui obrigado a fazer. Amo você e quero casar contigo, mas o deve me chama e preciso ajudar o nosso país a ganhar essa guerra. Quero uma Alemanha vitoriosa, guerreira e magnífica e que nossos filhos possam está num lugar mais seguro e digno. Assim que a guerra acabar, prometo voltar e casaremos. Com amor, seu noivo... Mark”.
Então, Mark é seu nome. Muito bem soldado Mark, a guerra infelizmente não acabou, e por causa dessa guerra, assim como você, estou longe das pessoas que amo. Meu pai, minha mãe e minha irmã caçula Annie. (Guarda a carta no seu bolso) Guerra foram feitas para matar, somente isso e mais nada. (Tira a camisa de Hans e volta a limpar os ferimentos faz curativos no soldado). E você acha que pode voltar para guerra nesse estado que está? Um corpo fraco e decaído? Um soldado acabado e abandonado pela tropa... Quanta coragem e estupidez em um homem só.
[...]
TRECHO DA PEÇA TEATRAL "O PORÃO", ESCRITO POR RONALD SÁ, PEÇA QUE FALA DA RELAÇÃO CONTURBADA DE UM ALEMÃO E UM JUDEU, QUE ESTÃO PRESOS NUM PORÃO, NO PERÍODO DE GUERRA, OS PONTOS DIFERENTES DE CADA PERSONAGEM CATIVA O PÚBLICO, OU NÃO.
*Ronald Sá, é ator, dramaturgo, diretor e professor de teatro. Tem mais de 30 textos teatrais escritos, tanto infantil e adulto. Mora em São Luís do Maranhão. Começou a se interessar pelas letras desde criança. Formado em Artes Cênicas, tem um grupo de teatro na periferia da cidade maranhense, Anjo da Guarda. Bairro cultural, celeiro de vários artistas. Atuou, escreveu e dirigiu 26 espetáculos.