SEXO VERSUS SEXUALIDADE
No dia a dia e no decorrer das nossas vidas, em todas as esferas em que atuamos, sejam pessoais, profissionais ou familiares, o tal assunto sempre vem a tona.
Por mais que o encaremos com naturalidade, na verdade o tema ainda enfrenta tabus e gera muita polêmica.
Ainda nesses dias, alguém comentava uma propaganda do MINISTÉRIO DA SAÚDE, em alerta ao dia internacional da AIDS que foi simbolizado ontem, no qual uma mãe recebe a filha "em casa" de namorado "novo" e os presenteia com preservativos.
E em seguida alguém logo questiona: "Você não esperaria uma atitude dessas por parte dos seus pais, esperaria? Então providencie os preservativos."
Entrei na calorosa discussão, mas antes já havia parado para analisar a tripla mensagem da propaganda.
Primeiramente, o objetivo de prevenção, o que é necessário e louvável.
Mas logo em seguida entendi a mensagem em que "mais um " namorado em casa, ainda que "novo", aonde dava-se a entender..."outro?"...", estaria naturalmente liberado pelos pais, desde que o casalzinho providenciasse as devidas "camisinhas".
Novamente me questionei como mãe, e me senti meio extraterrestre.
Mas na verdade, pelo que tenho observado nos pais da nossa geração, uma geração que apesar de jovem não viveu toda essa liberdade de exercício do sexo, e que muitas vezes ainda não conceitua claramente sexualidade, tem tido muita dificuldade em lidar com a questão.
Os pais têm medo de serem encarados como retrógrados ou demodês, e muitas vezes encenam um papel que não lhes cabe com tanta naturalidade.
Acreditam que a "liberação" sem sinalizações, resolveria a questão e evitaria conflitos. Querem dar aos seu filhos a liberdade que não tiveram...mas com a qual também não sabem lidar.Apenas fingem que sabem.
E hoje, sabemos que os jovens iniciam-se muito cedo na vida sexual, e além dos riscos de doenças-pois funcionam sempre movidos pelo "pensamento mágico", porque com eles "nada nunca vai ocorrer"- temos como consequência o grande problema da gravidez na adolescência, que tantos problemas fisicos, emocionais e socias têm gerado.
Ocorre que, a despeito da brilhante iniciativa da educação sexual nas escolas, os adolescentes e mesmo adultos que já seguem pela maturidade, muitas vezes têm o falso conceito de que a sexualidade se exerce apenas através do ato sexual , da sua diversidade e da sua quantidade.
A sexualidade diferencia-se e transcende em muito o ato físico.
Envolve a identificação mais profunda de si e dos seus sentimentos, na busca e na troca mútua de prazeres.
A sexualidade é exercida de forma plena quando a alma também pede e se satisfaz.
Nós seres humanos somos movidos a diversos prazeres, e não é apenas no prazer do ato sexual que se exercita e se define a sexualidade.
Hoje, o sexo virou produto de consumo. Há sexo em tudo, para qualquer ocasião, por qualquer meio.
Desde as vendas de automóveis até às vendas de chocolates!
E o que se nota, é que apesar da facilidade com que se tem sexo, as pessoas estão cada vez mais insatisfeitas...mais sozinhas.
E quando se identifica e se exerce a sexualidade de forma consciente e madura, seria um paradoxo sentir-se insatisfeito e só.
Porque a sexualidade bem exercida nos traz felicidade, aconchego, plenitude...paz.
Conheço vários casais octagenários, que a despeito de já não praticarem relações sexuais, exercem a sua sexualidade de forma plena, satisfatória e prazerosa, estando cada vez mais próximos, inclusive de si mesmos.
Porque há sexualidade no olhar, nos gestos, nas palavras, nos toques...no aconchego dos abraços...no aperto das mãos...
É isto que precisamos mostrar aos nossos filhos e alunos.
Sinalizá-los para que se iniciem "no amor" de modo a respeitarem o seu todo, no prazer pleno de unir os corpos aos sentimentos que os extrapolam...