Como mesmo viemos parar nesse lugar?
Percebo que, nos últimos dias, as redes sociais (vitrine da sociedade e dos nossos círculos sociais) viraram um festival de ataques e julgamentos: não somente entre os candidatos, que, ao se candidatarem, sabem que vão passar pelo olhar e ataques vindos de todos os lados... (Cá com meus botões, se um juiz de futebol sofre com isso, imagine um candidato à Presidência...)
Mas voltando ao assunto... não... os ataques e acusações partem de todos e também atingem a todos.
A escolha do MEU candidato virou requisito para a manutenção de relações cordiais no trabalho, amistosas entre vizinhos, de cumplicidade entre amigos e até mesmo nos relacionamentos, independentemente dos seus rótulos.
Fico me perguntando... se todos nós temos o direito de livre escolha do voto, premissa básica que a Constituição de um Estado Democrático de Direito nos garante, por que essas coisas estão acontecendo? Por que?
Será que as lideranças do Diretas Já, movimento que culminou na retomada das eleições diretas no Brasil, previu que em um momento não muito distante no curso da História, o direito (lutado, suado e ensanguentado!) seria desvirtuado?
Lutamos para que todos nós tivéssemos o direito de votar no candidato que EU escolhesse ou lutamos para que cada um de nós tivesse o direito de votar no candidato que LHE agradasse (ou que menos lhe desagradasse, diante das circunstâncias, o que parece ser o caso atual)?
Embora com palavras bem parecidas, são coisas bem diferentes... Em que momento da nossa História a Democracia foi tão atingida? Me perdi e não consigo identificar (desculpe a ignorância dessa que vos fala).
Hoje, adicionamos mais um receio ao sair na rua. Além do medo de ser assaltado, agora também cerca nosso imaginário o medo de se envolver numa briga, ou discussão, ou mesmo de levar um tiro: uma bala `achada` porque você escolheu um outro candidato, por que teve um outro ponto de vista ou simplesmente porque pensa diferente mesmo!
Ouvi de uma mulher o triste relato de que, recentemente, ao participar de um evento de aniversário de casamento de um casal de amigos, em um restaurante, lindamente decorado com rosas vermelhas para celebrar o Amor, temia que o ambiente ‘vermelhado’ pelas rosas (obrigada pela expressão, Fafá de Belém) fosse confundido como apologia a um partido e que sofressem algum tipo de agressão.
Li recentemente que a Nike lançou uma nova camisa da Seleção de cor preponderante preta, como uma opção do público que não quer usar a blusa amarela, que o vinculasse a um politico.
Vermelho pra mim sempre foi significado de paixão, calor, fogo. Amarelo de alegria, dinheiro, calor. Confessa pra mim... Você já passou o Reveillon com essas cores ou porque queria uma relação apimentada e apaixonante ou porque tinha esperança do dinheiro não faltar, de repente já garantindo ali na Mega da Virada mesmo... nada mais...
Como mesmo viemos parar nesse ‘lugar’ em que vermelho virou candidato A e amarelo virou candidato B? Que verde e amarelo deixaram de ser cores da nossa bandeira, para ser cor de politico?
Como mesmo viemos parar nesse lugar em que famílias brigam, amigos se ofendem, amantes se afastam, empregados são demitidos ou perseguidos e, nessa queda de braço, saiamos todos arranhados e feridos, ainda que emocionalmente falando?
Bem, eu não sou uma expert em política. Confesso!
Com muita, mas muita dificuldade, somente essa semana, fiz minha escolha, pensando no menos pior para o momento, porque, se tem algo que minha ignorância não me tirou, esse algo é a consciência de que, nesse palco, não há inocentes ou incorruptíveis. De estimação mesmo, só tenho o Bango, meu cachorrinho lindo e amado, não quero nenhum outro ser de estimação na minha vida.
Mas, assim como meu direito de livre escolha, também farei uso do meu direito ao voto secreto, garantido também pela Constituição. Me julguem por isso. Tá todo mundo sendo julgado mesmo. Que diferença faz?
E, independente de quem for eleito, amanhã ou no fim do mês, quero lembrar que no Regime Democrático (Sim, o que vivemos), cada cidadão, independentemente do local em que nasceu, do patrimônio, da cor da pele, do Gênero, etc participa igualmente da vida politica e respeitar o desejo da maioria é a base da democracia.
Então no dia seguinte à divulgação do resultado final da eleição, ou alguns dias depois, já que cada um tem seu tempo de processar suas mágoas, frustrações, medos, inseguranças e todo tipo de sentimento envolvido numa escolha tão séria e que mexe tanto com a vida da gente, vamos voltar a ser brasileiro? Sabe aquele povo único, miscigenado, que independentemente da cor, do tipo de cabelo, da roupa e do sotaque fica muito mais bonito tudo `junto e misturado`.
E, mais, que tal, se todos nós juntos e misturados, participarmos mais ativamente ainda da politica? Pensarmos em formas de provocar ações e resultados que visem os interesses da coletividade? Talvez isso seja tão importante quanto o voto, não?
Eu, do fundo do meu coração, espero que todos que tenham se magoado ou magoado alguém, depois que isso tudo passar, se desculpem e sigam a vida, cada um fazendo a sua parte por uma vizinhança, uma cidade, um estado e um país melhores.
Tenham um bom voto!
#PazNasEleicoes