A Vanguarda

Não há nada que foi mudado, que com o tempo não se torne uma mesmice consolidada. Por mais revolucionário que seja o movimento em direção a uma vanguarda, com o passar de uma Era será isso uma coisa monótona, sem novidade. Revoltos na história estão os mesmos conceitos a torturar mentes em busca da vanguarda. Como paixões incólumes extravasaram suas ideias e movimentos à exaustão em busca do avanço e da criatividade que abundavam os momentos pelos quais sempre se buscou fugir do conformismo.

Como algozes de uma nova era se proliferaram grandes construções de ideias e movimentos, filosofias cheias de incertezas diante um futuro conspurcado pelas derrotas humanistas, a falha humana de que nossa existência é pautada de significados, de uma razão que a tudo abarca e explica. Da impermanência destas incertezas que se gerou a visão do mundo, reflexões sobre a conformidade, sobre as paixões que se desenrolavam e que levaram junto com vários fatores a uma guerra. Pois é isso que a vanguarda significa em seu início, uma guarda avante, aquela que se projeta a frente em uma batalha.

Como formigas guiadas pelo açúcar vamos serpenteando durante os dias. Achando que este açúcar é nossa meta, nosso propósito. Caminhamos de vanguarda em vanguarda em direção a utopia. O que queremos é mais, não existe o bastante para a ambição de ser o centro das coisas, por que não queremos o propósito que nos move, apenas o caminho interessa o meio da junção dessas parafernálias. Mas do que isso interessa? Se tantos mundos estão insaciados com o seu propósito, o que será de nós? Acompanhar estes movimentos ou ater-se ao próprio umbigo?

Será que há tempo para fazer uma junção disto tudo? Pegar a própria história e fazer dela um emaranhado de significados que explique onde deixamos nosso umbigo no dia de domingo à tarde. A monotonia nos faz querer algo novo, uma nova roupa para velhos hábitos, não mudanças drásticas ou coisas escalafobéticas que só fazem chamar atenção. O que mais nos atrai, será a forma ou o conteúdo? Estéticas que se desenrolam sem um porém criando seu próprio mundo.

A vanguarda cria seus próprios padrões, estabelece suas idiossincrasias. Ela cria seu próprio propósito de ser e acompanha seu sonho em uma velocidade pulsante, ela respira sua ansiedade de ser em um momento anterior a revolução. Ela só acredita em sua própria magnitude. Criando somas e revoltos ela se instala sorrateiramente e vai devorando caminhos sinuosos em direção à revolta, a sua personalidade original. A vanguarda é tão somente o inconformismo diante dos paradigmas que envolvem nosso mundo como local de ação, dos revoltos das esferas de poder criado pelo homem com a ilusão de propor meios para alcançar a conformidade. Através do experimentalismo construir e desconstruir valores em busca desse avanço, dessa plasticidade que envolve o momento olhando para uma ruptura, para um futuro onde a máquina não avança. Criando, assim, uma nova visão de mundo e subvertendo padrões fazendo uma nova visão de mundo, criando o futuro.

Como uma nova disposição, uma nova vontade que impera sufocante procurando o prazer e a revolta e sendo assim o tempo passa... a vontade sufoca os dias, queremos mais. Ninguém quer ser o arauto de uma nova poesia, de um novo lugar onde as palavras se traduzam num miríade de significados onde o que jaz seja balançado, a conformidade é o lugar onde repousa nossa história, e vamos assim nos tornando os ridículos do tempo, circuncidados pelas horas que somos obrigados a aceitar o tic tac dos relógios, a vida não pode ser isto, deve existir algo além...

Luiz Revell
Enviado por Luiz Revell em 18/09/2022
Código do texto: T7608784
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