PÃO DOS CÉUS OU EXCREMENTO DO INFERNO?

Por Antônio F. Bispo

Venham à (nossa) igreja!

Aqui temos o pão quentinho dos céus, o maná celestial, a água viva que brota direto do trono de deus!

Temos o alimento que supre as necessidades espirituais de todos os homens!

Na casa de deus você encontrará a razão de viver e o esplendor do senhor brilhará em ti, tu serás transformado, serás o sal da terra e luz do mundo, um exemplo a ser seguido pois a palavra que desta casa sai, mudará a sua vida e te conduzirá aos portões celestiais!

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Quem nunca ouviu esse tipo de patifaria?

Quanto não já foram iludidos por essa propaganda enganosa e acabou caindo nas mãos dos piores vigaristas que a humanidade já produziu?

Quantos milhões de pessoas ainda continua ouvindo e repetindo diariamente esse tipo de baboseira, acreditando piamente que fazem parte de um grupo de escolhidos, que naquele recinto tudo é santo, inclusive as palavras cantadas, ditas, ou “profetizadas” por aqueles que ocupam a tribuna?

São incontáveis as vítimas da fé. Elas porém são invisíveis. São ignoradas quando abusadas e exploradas e tidas como loucas e mentirosas quando decidem falar. Mesmo assim serão desmentidas e em certos casos o infrator será premiado enquanto a vítima será punida.

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Quase todos os que passam a frequentar igrejas são forçadas a creditarem que tudo o que dizem os “ungidos” provém de deus e que tais palavras e ensinamentos servirão como alimento aos homens. Digo que são obrigadas, pois onde questionar é proibido, duvidar é crime e argumentar usando o próprio livro dito sagrado é uma ofensa imperdoável, não existe outra palavra que descreva tal ato, senão a que denota uma obrigação.

Pessoas abusivas, desonestas, arrogantes, oportunistas ou ignorantes quase sempre costumam retratar o seu alter ego na figura de uma terceira pessoa. Loucos, esquizofrênicos e psicopatas também fazem o mesmo.

A figura de deus nesse caso se encaixa certinho como uma luva pra que mentes doentias façam manifestar seus desejos pessoais e obscuros como se estes fossem ordenanças de uma divindade e quando algo sair de controle, basta terceirar os fatos, afinal, deus nunca foi visto, tocado, ou “sentido” por quem quer que seja. Ele não pode se defender, negar ou afirmar. O silencio fica como resposta afirmativa ou negativa, a depender do que se quer manipular.

Quanto engano! Quantas mentiras e quantas confusões podem ser feitas em nome de deus!

A igreja é um local perfeito para que todo tipo de exploração aconteça, o explorador fique impune e em alguns casos terá seu apoio ou tutela do poder público.

O pior é que qualquer um, de dentro ou de fora do grupo que argumentar uma fala, ainda que no sentido de tirar dúvidas sobre o que está sendo proferido para não fazer errado, poderá ser demonizado como se estivesse afrontando o próprio deus.

Isso ocorre desde sempre. Sempre que alguém deseja ardentemente “ouvir a voz de deus e fazer a sua vontade, um espero qualquer surge do nada e diz: “assim diz deus o senhor”! Por sinal, a vontade de deus nesses casos, sempre coincide com os desejos do emissor.

No passado era assim, sendo que ocorria somente de forma presencial, até que o rádio, a TV, a mídia impressa e as demais mídias sociais ganharam destaque.

Hoje, as imposições dos mercadores da fé nos cercam por diversas frentes, de todos os lados. Todos eles querendo vender sua própria versão do “evangelho de cristo”, prometendo o néctar dos deuses e entregando as fezes do capeta como resultado.

Se manter lúcido em meio a tanta afronta intelectual tem sido interpretado como uma verdadeiro ato de anarquia. Ao fazê-lo você corre o risco de perder sua vida, sua moral e família ou você pode revolucionar um conceito, mudando os rumos da história e salvando a vida de milhares de condenados que marcham para o próprio abate como se estivessem indo à uma festa de gala como convidados de honra.

Por séculos, duvidar sobre o que dizia uma autoridade religiosa era o mesmo que assinar o próprio decreto de morte.

Com a ascensão do mercado da fé pela linha pentecostal evangélica à partir do século 18, essa disputa se tornou ainda mais acirrada e a imposição de bobagens e obediência aos “cangaceiros de deus” se tornou uma prática tão comum, que de tão repetitiva se faz aceitável sem questionamentos, afetando inclusive a política, a música, as artes e outras formas de manifestações culturais de toda uma geração.

Tão raso quanto um mergulho no pires de uma xícara e o ato de querer procurar ensinamentos virtuosos dentro do cristianismo atual, principalmente se esta igreja for radical ou e ultra conservadora.

Destes, os que mais alegam puritanismo são os que menos tem. Os mais conservadores só conservam (ou passaram a conservar) aquilo que não presta: preconceitos e fobias diversas, bem como o desejo de silenciar os que se opõem ao seu “modelo perfeito de governo político-religioso sob a direção de deus”.

Os atuais seguidores de cristo não se ensinam nada sobre deus (a ideia do sagrado), nem tão pouco sobre aquilo que envolve as beatitudes apontadas por cristo e anseios pelos quais dizem que ele morreu. Eles matam-no e crucificam-no todos os dias quando em suas formas de ensinar e viver, fazem tudo o que ele disse pra não fazer.

Nesses recintos, espera-se qualquer coisa, inclusive levar um tiro de um outro “irmão de igreja” em pleno culto (como ocorrera em Goiana-Brasil, no início do corrente mês), menos o ensino de valores que elevem a alma e o pensamento humano. Nada que os tire da condição de meros animais irracionais (sem razão e vontade própria) e os ponha em direção aquilo que eles mesmos dizem ser: cidadãos dos céus, herdeiros de deus e coerdeiros de cristo.

Fim da Parte 1

CONTINUA...

Texto escrito em 11/9/22.

*Antônio F. Bispo é graduando em jornalismo, Bacharel em Teologia, estudante de religiões e filosofia.

Ferreira Bispo
Enviado por Ferreira Bispo em 11/09/2022
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