ELE ERA PISTOLEIRO OU PACIFISTA?
*Por Antônio F. Bispo
Conta-se que cerca de cem anos atrás, um advogado indiano chamado Mahatma Gandhi iniciou um movimento libertário em seu país qual impactou para sempre não somente a história do seu povo, como também de outros povos vizinhos.
Dizem que uma de suas fontes de inspiração para tal feito fora o mito cristão chamado Jesus, o Nazareno.
Se esse tal de Jesus existira ou não, era o que menos importava (e ainda importa). Parte daquilo que ele supostamente falou é que estava valendo (e ainda vale).
E foi assim que, lendo o novo testamento e seguindo em partes as falas atribuídas a por Jesus que Gandhi criou o maior (talvez) movimento popular não violento que se tem notícia até os dias de hoje.
Quem já teve a oportunidade de ler sua biografia ou assistir a filmes relacionados ao tema, se emocionará e ficará deslumbrado com tais feitos e como os fatos se desenrolaram.
Ele teve sua vida e carreira abreviadas, quando de forma fria e covarde um fundamentalista o atingira com 3 tiros à queima roupa após lhe pedir uma benção. Mesmo assim, em seu leito de morte ele perdoou seu executor e pediu que não lhe fizesse nenhum mal. Assim, Gandhi partira aos 78 anos e deixara um legado ao mundo, tendo se inspirado no mito cristão, mesmo não sendo um seguidor de cristo.
Ao contrário disto nos dias atuais, justamente 100 anos depois da morte de Gandhi, um “cristão”, ex-militar e que no momento preside a República Federativa do Brasil, parece viver e pregar o oposto daquilo que o próprio cristo ensinara, citando sempre de forma equivocada versículos bíblicos que incentivam a violência, achando ser ele mesmo um embaixador de cristo e um exemplo a ser seguido.
Apoiado por uma cambada de líderes religiosos oportunistas, estes usam o “livro sagrado” para incentivar o uso de agressões físicas e verbais contra qualquer um que se oponham às suas ideias ou não façam parte do seu coro sagrado de bajuladores cegos e servis.
Vejam bem: o mesmo livro, as mesmas letras, as mesmas palavras e duas versões diferentes de um mesmo cristo segundo a interpretação que cada um se propusera a buscar...
O hindu que não era cristão leu sobre Cristo e organizou um movimento pacifista libertário. Tinha como premissa a igualdade entre os povos e atenção especial aos menos favorecidos.
O outro, cristão, nascido num país cristão, que vive rodeado de líderes e fieis cristãos, usam da mesma fonte (bíblia) para incentivar o ódio, a violência a opressão e o extermínio dos que a eles se opõem.
Que coisa estranha, não acham?
Ou estamos diante da duas bíblias diferentes, ou um deles leu a bíblia (se é que leu) e escolheu apenas as partes sujas, cuja personalidade doentia se viu refletida ali.
O líder indiano aconselhava seus seguidores a descartarem suas armas e a vencer o combate usando apenas estratégias pacifistas, silenciando-se até quando de forma brutal e covarde foram espancados por seus opositores.
O outro, no caso o nosso atual “mito”, aconselha (incentiva e quer) que todos se andem armados, que atirem primeiro e perguntem depois, que revidem aos insultos e que esmaguem aos seus opositores sem piedade alguma.
Ele mesmo fica criando inimigos imaginários para inflamar o ódio no coração dos perversos. Incita o povo contra os magistrados superiores e contra nossa carta magna.
O tal chega ar argumentar de forma imbecil, que se fosse nos dias atuais, Jesus (o cristo judeu) andaria armado com uma pistola (para revidar quando insultado?).
Valei-me! Que vergonha!
De que versão de cristo estamos falando? Só se for da versão pervertida, germinada na mente dos comerciantes da fé que o acompanha e o instrui. Ou quem sabe seja esta a versão e cultivada na cabeça dos que “entregaram suas almas a deus e o cérebros para uso dos pastores”.
Uma nova versão de cristo é criada todos os dias, cada vez que um pilantra abre uma nova igreja com o intuito único de conseguir fama, poder, dinheiro ou influência política.
A irmandade dos hipócritas diz amém para isso.
O grupo dos bem remunerados ou socialmente vistosos também silenciam que possuem suas fazendinhas da fé silenciam com esse fato.
A equipe dos “sábios e entendidos”, dos “apologetas da fé” também nada dizem, ainda que haja justos entre estes. É que pega mal pra imagem falar mal do sistema, entende. Se ficar calado leva doce. Se falar contra leva bolo (ou um tiro, dentro da igreja, bem no horário do culto).
Se pelo menos os que dizem que a bíblia sagrada lessem-na ainda que uma fração daquilo que fora dito...parte disso seria evitado.
O cristianismo é quem sabe, a única religião do mundo que para se tornar um discípulo não se faz necessário saber quem foi o mestre, o que ele disse ou qual era seu objetivo enquanto “vivo”.
Pra ser cristão não precisa ler nada, estudar nada, praticar nada ou fazer nada do que o “mestre ensinou”. Tão pouco se faz necessário imitá-lo.
Pra ser cristão, basta ser crente, ou seja, basta dizer que acredita, não importa em quê, como, quando, onde ou para quê propósito.
Basta fazer uma confissão verbal e pública de fé, se filiar a uma igreja, pagar em dia os todos dízimos e ofertas e pronto: você já é um cristão, mesmo sem saber o que isso significa.
Você pode ser inclusive avesso ao próprio cristo, combatê-lo por meio de falas e más ações e mesmo assim serás chamado de um bom cristão. Eles dizem que isso é coisa de gente inteligentíssima, coisa de gente “que vive pela fé e não pelas obras”.
Batam palmas para estes!
Mesmo quando eles executam as obras atribuídas ao capeta, serão chamados de bons cristãos.
Se o dízimo, a fama ou influência social do dito cujo for grande, seu respeito entre os fiéis será ainda maior, pois atribuem isso a uma dádiva divina, mesmo agindo contra os princípios da fé que pregam. Isso não importa.
Seja um agitador banal, fale qualquer coisa que o povo quer ouvir, supra suas necessidades momentâneas de representatividade... faça isso em nome de deus e tu serás aplaudido de pé ou te adorarão de joelhos.
Porém, aos bem intencionados entre estes, que julgam ser a bíblia sua fonte de fé e prática, fica a seguinte pergunta: Jesus era um pacifista ou um pistoleiro?
Vejamos...
Baseado naquilo que dizem que ele pregou, viveu, sofreu, padeceu e morreu como um moribundo indefeso (apesar de dizerem que ele tinha todo poder pra se defender), eu diria que ele era um pacifista.
Se quiseres levar em conta alguns versículos isolados e descontextualizados, poderás por conta própria dizer que ele tinha tendências violentas e até homicidas.
Se acreditares piamente que ele sendo parte de uma trindade seja o próprio deus (Javé) em pessoa, então terás motivo pra pensar até que o genocídio de todo uma gente seja justificável quando ser quer “salvar um povo escolhido” ou uma única pessoa entre toda uma nação.
Baseado na pura e cega fé, da bíblia cada um escolhe o que quer e por meio dessa escolha conduzirá a própria vida e afetará para o bem ou para o mal a vida de outras pessoas.
O fato é, que se Jesus “era pistoleiro” ou não, isso pouco importa, afinal Jesus nunca existiu!
Não do jeito que O pintam, com estilo europeu, nascido de uma virgem, que ressurgiu dos mortos e virou um ser eterno e perfeito, cuja mãe é ainda tem o hímen inviolado (apesar de ter tido outros “filhos normais”), e cujo pai, irmãos, avós e principais seguidores seus também se tornaram divindades místicas capazes de realizar todos os tipos de milagres.
Essa versão divina do Cristo e da sacralização que o envolve nunca aconteceu, é conto de carochinha!
Isso é apenas uma construção místicamente aprimorada ao longos dos séculos, cujo propósito atendeu e ainda atende certos anseios populares (ou dos governantes), principalmente entre os mais pobres, onde a medicina, a tecnologia, saúde, educação, segurança e saneamento básico nunca (ou pouco) lhes foi apresentado.
Onde falta humanidade sobra deidades.
Quando as deidades decidem o destino dos homens, o final desta gente será sucumbir nas mãos de e vigaristas, pois deus nenhum jamais foi visto instruindo a quem quer que seja de forma direta.
Sempre foi assim.
Assim como existe o FGTS (fundo de garantia de tempo de serviço) para os que sonham em ser galardoado com valores à receber depois de anos de trabalho duro após seguirem à risca as normas da empresa qual trabalham (e isso de certa forma pode ser bom), a igreja criou algo semelhante que posso chamar de FGTI (fundo de garantia de tempo de ilusão) para os que obedecerem cegamente aos que em nome dos deuses falam e por eles decidem vossas condutas.
A garantia que a igreja lhes dá é apenas vindoura, caso os súditos lhes obedeçam eternamente até e até o dia de suas mortes não se desliguem da igreja qual se introduziram. Caso contrário, o inferno os aguardam.
Nessa ilusão, eles desprezam (ou não lutam por) uma melhora na vida presente, e se possível acabam com a vida dos que o fazem sem buscar os recursos ou mitos da fé.
Quem já procurou se inteirar sobre o assunto, sabe que existiram vários messias entre os judeus e nenhum deles foi tido como o prometido, tanto é que até hoje eles o aguardam. Nenhum deles se chamava Jesus, até por que isso não é nome de judeu ou hebreu. Pelo menos não era até aqueles dias.
Também isso pouco importa.
Saber se uma pessoa foi ou não real não faz diferença alguma, caso você pegue tudo o que supostamente aquela pessoa disse de útil e jogue no lixo como é comum entre os cristãos.
Executar (cumprir) os bons exemplo de fala e vida que fora foi atribuído àquela pessoa, isso sim importa!
O que de bom uma pessoa (viva ou morta, real ou fictícia) falou, devemos aproveitar. O que de ruim foi dito (ou atribuído) devemos desprezar. Difícil é constatar que o contrário disto é que tem sido feito.
Um babaca qualquer cria uma seita religiosa esdrúxula e diz: “vamos adorar a deus (Jesus), perseguir (massacrar) os que são diferentes de nós e assim estaremos fazendo o que jesus mandou...” e um montão de seguidores o acompanham, como se adoração fosse o ponto máximo de um discipulado e o desprezo pelo que são diferentes fosse um troféu.
Só um tirano imbecil deseja, espera ou aceita adoração!
Só gente fraca precisa de bajuladores e de pessoas hipócritas para se auto afirmar o tempo inteiro ou dizer que ela é aquilo que nunca foi e nem de longe será.
Um ser que exige adoração jamais poderá ser tido como um ser do bem, principalmente se ameaçar com inferno e morte aos que se recusam ou não o conhecem.
Quanta mediocridade na construção e veneração das personalidade dos seres divinizados. Algo que beira o período em que os humanos ainda viviam em cavernas. Fato desprezível. Não poderiam fazer (adotar) uma versão melhor dos deuses?
Caso alguém “com ou sem deus” venha a dizer: “não vou criar igrejas, não vou direcionar louvores a nenhum tipo de entidade por que eles não precisam disso, porém, vou aproveitar os recursos financeiros e os esforços coletivos para tornar o mundo um lugar melhor. Se eu não puder mudar o mundo mudarei o meu país, meu estado, município ou meu bairro. Se nem isso eu puder, mudarei para melhor minha própria casa. E se nem isso der certo, mudarei a mim mesmo e não serei um peso a ninguém. Se algo de bom eu não puder fazer, o mau eu jamais farei a quem quer que seja...”
Pronto! Preparem a fogueira!
A pessoa que disser isso será consumida em público. Gente “cheia de deus” cairá em cima desta e o esmagará como uma rocha, ou como abutres lhes furarão os olhos e comerão suas carnes ainda em vida.
De ateu a satanista esta será chamada e os piores adjetivos existentes lhe serão atribuídos. Se palavras baixas o suficiente não existir no dicionário, logo serão inventadas outras que demonstrem a voracidade do idolatra bestial.
Qualquer que um queira trazer luz à humanidade por meio da racionalidade, será esmagado pela “luz da própria bíblia”, ou pelo menos daqueles que dizem segui-la.
CONTINUA....
Texto escrito em 7/9/22