Eram porcos como quaisquer outros porcos
Havia alguns porcos com características bem peculiares, mas ainda assim muito semelhantes aos outros porcos que por alguma razão seriam semelhantes aqueles. Na verdade, nem tudo que parece ser diferente, realmente o é.
Seus iguais demonstravam gostar de viver perto deles. Por um tempo, todos aparentemente tinham a mesma sensação. Ainda que na diversidade de ações, essas ações terminavam sendo a mesma coisa em todos eles.
Na constante tentativa de se diferenciar dos demais porcos, esses tentavam adotar comportamentos que em suas cabeças seriam diferentes das dos demais, mas no fim das contas o resultado os tornariam ainda mais iguais que aqueles.
Comer os restos de comida dos humanos, revirar os terrenos com seus focinhos, procurar vermes na terra, tomar banho de lama, servir de bacon para os ovos mexidos dos humanos, pernil, assado no fim de semana... não... nada disso. Agora queriam coisas que não seriam exatamente de porcos, e assim passariam despercebidos entre os demais e poderiam alcançar a tão sonhada diferença e iluminação entre os outros porcos.
Na verdade, alguns comportamentos, realmente se sobressaiam em pequenos suspiros de diferença. No entanto, não se pode negar a natureza do que cada um era. Comportamentos de águias não podem ser percebidos ou desenvolvidos em porcos, ou do contrário, esses não seriam mais porcos. O problema é que na ânsia de querer ser naturalmente o que biologicamente não eram, esses porcos fugiam de sua mais verdadeira essência: serem porcos.
Ainda que comportamentos fossem modificados, o genoma, o DNA, o fenótipo e tantas outras características próprias os entregavam sem nem mesmo ser necessário responder à pergunta: Vocês são porcos?
Com essa reflexão quero dizer que um ladrão não pode cuidar do tesouro de alguém, pela própria essência de sua natureza delitiva. Um pedófilo, não pode atuar como cuidador de crianças. Um serial killer, não pode ter o privilégio do convívio com aqueles que despertam o seu lado monstruoso. Um político corrupto, não pode ter o privilégio da impunidade e ainda ter quem o apoie e o retorne ao posto público do qual já se lambuzou com o dinheiro público.
Essencialmente nós humanos somos melhores do que os porcos, pois pelo menos podemos pensar sobre isso e ver quem de fato nos causa dor e podemos procurar todos os meios possíveis para nos livrar dessas pessoas ou monstros.