Anglo-americanos e pressupostos epistemicos
Hoje não consigo mais ver nossos amigos "americanos" (ou como já se referem a eles a maior parte de nossos historiadores, "estadunidenses"), como americanos, tão somente. Assim como eles classificaram nossa civilização baseado-se em aspectos primeiramente linguísticos e posteriormente culturais, hoje como eles são (e principalmente se vêem) descendentes diretos da civilização ocidental, partindo dos mesmos pressupostos deles (linguagem e cultura enquanto ocupação de espaço) os vejo como Anglo-americanos.
E assim como nós tivemos participação linguística e sociocultural de outros países além dos ibéricos, principalmente de ascendência africana e indígena (assim como eles o foram) e mesmo assim não nos dissociamos de sermos "vivendo" e vistos como latinos, não vejo com deveras força o fato deles também terem presença francofona algo como gritante para não os englobarmos nessa cultura ocidental, portanto, anglo-americana. Assim como franceses e ingleses lutaram entre si e contra inimigos em comum, os anglo-americanos também o fizeram de fato.
Cabe aqui uma observação. A linguagem é o fator claro e mais importante em toda essa cosmovisão. O poder que ela enquanto permeia um modo de vida e se é incapaz de retirá-la do todo deste mesmo modo -- assim como é sabido que muito do japonês é oriundo das várias escritas chinesas. É preciso ter cuidado com esse patrimônio que vai muito além de aspectos espaciais (socioculturais) mas acabam de algum modo perpassando todo um "modus de vida" do humano em certo meio.