Dia destes
Sabe aqueles dias em que você está absorto nas lembranças e se pega questionando? Então, me peguei assim dia destes e consegui me perceber fazendo isso. É como se eu me visse fazendo durante o ato de fazer, ou seja, eu me observei e fiz conjecturas durante o momento em que lembrava... Enfim, sem mais delongas voltei na época do programa do Chacrinha. Eu assistia sempre que podia, via os cantores e grupos musicais, os corajosos candidatos a calouros que ganhavam troféu abacaxi e as chacretes com seu brilho e danças que tentavam de alguma forma interpretar a música. Aquele programa era mágico e me encantava com seu brilho, alegria, ousadia. Sempre quis uma bota daquelas que as bailarinas usavam... Rsrsrs. Já quis ser chacrete! E de repente me chamo a atenção e questiono. E por que hoje quando você vê a Anitta, Luísa Sonza, Ludmilla e outras fica incomodada? Por que tu te reviras? O que muda? Talvez a vestimenta seja quase a mesma das chacretes mas a forma como se dança e a letra das músicas sexualizadas e super sensualizadas me parecem ser a diferença. Gosto da batida, danço mas sinto necessidade de instruir minha filha sobre as letras porque muitas vezes a vejo repetir sem fazer noção ao que remetem/ referem. A sexualidade é parte da nossa vida. Aliás, parte importante demais para ser banalizada e prostituída pois, etapas vão sendo puladas e o que é para ser um complemento passa a ser uma busca constante e quase diária por um novo parceiro/a que me complete ou quase. Ou seja, passamos a buscar nos outros algo que é só meu. Será que é por que virei mãe? Será que é por que sou quadrada? Será que é por ver jovens heteros se preocuparem com a virilidade e já fazerem uso de viagra? Será que é por ver meninas se objetificando, se sujeitando? Os porquês só crescem. Resta-me apenas, e esse apenas é tudo, orientar, co- viver com o filho adolescente e co-laborar pontuando e orientando, compreendendo e revivendo, ampliando com novos matizes as memórias afetivas. São elas que ficam.
8/8/2022
Renata