Bebês do Acre e o marketing de guerrilha

A professora filmou os bebês se reuniram espontaneamente na Creche Municipal Francisca, no Centro de Rio Branco, Acre e se dividiram no grupo dos bebês que acreditavam na existência de Deus e o dos que não acreditavam. Se nada no universo vem do nada, como o próprio universo pode vir do nada? Que da matéria bruta surjam seres vivos, capazes de amar e se reproduzir; ou que da brutalidade e inocência do mundo animal surjam mentes racionais, capazes de compreender o universo e agir com suprema magnanimidade —  mas também com perversidade destrutiva —, mesmo para com todas as criaturas, parecem eventos tão improváveis que só podem ser definidos como um mistério, quando não um milagre. E de onde viria o nosso apetite pela beleza infinita, senão de um ser infinitamente belo? Ainda que as leis morais pareçam infinitamente variáveis, de onde viria a intuição universal de uma lei moral, senão de um supremo legislador? E que dizer da experiência pessoal da maioria da humanidade hoje e em todos os tempos? O testemunho de filósofos como Confúcio, Platão, Aristóteles, Descartes ou Kant; de cientistas como Galileu, Newton ou Einstein; de artistas como Michelangelo, Bach, Dostoievski; ou de profetas, como Moisés e Maomé, para não falar do chamado Filho de Deus e sua mãe, não será, senão uma “prova” racional da existência de Deus, um indício de que a crença nele é perfeitamente razoável? E não será possível, como disse Pascal, que Deus queira aparecer abertamente àqueles que o buscam com todo o coração, e se esconder daqueles que o evitam com todo o coração?

O outro grupo  quis mostrar que o fato de muitas pessoas acreditarem em Deus não significava, segundo ele, que tal força realmente existisse, ou, em outras palavras, embora seja impossível provar que algo não exista, isso não pode ser tomado como prova de que essa coisa de fato existe e quem deve apresentar as evidências são os que acreditam na existência de Deus, pois até agora não há provas de que tal ser sagrado seja real, então não veem razão para acreditar nele, pois as alegações que não podem ser provadas, as afirmações imunes à réplica, são realmente inúteis. Não importa o valor que elas possam ter para nos inspirar. De resto, como Deus pode tolerar o mal, o sofrimento de crianças inocentes, para não falar da crueldade eterna do inferno? Na pior das hipóteses, as religiões parecem ser tiranias obscurantistas adoradoras de um ditador cósmico; na melhor, o conforto de um placebo superlativo —  em todo caso, uma ilusão sem futuro.

Só fiquei sabendo disso porque minha prima trabalha nesta creche senão eu não acreditaria, só aconteceu naquele dia, que por alguma razão Jorginho começou a dizer para Bruninho, "Deus não existe, Deus não existe" e Bruninho retrucou: "Deus existe simmm", nhé, nhé, nhé!