L’etat c’est moi, corpo e poder

Há controvérsia sobre o rei Luís XIV ter pronunciado a frase "L’etat c’est moi", simbolizando o absolutismo monárquico que ele defendia e ligava-o ao direito divino, flertando com uma ideia de poder supremo, onde nada além dos pensamentos de sua cabeça pode liderar vossas nações.

O rei francês exclamou essas palavras enquanto figurava como um dos monarcas mais poderosos da época, em termos econômicos, militares e institucionais e não em meio a maior crise sanitária dos últimos cem anos, em um panorama econômico e institucional decadente, frente a uma nação que caminha a passos largos para o precipício.

Luís, ao morrer, foi para o mausoléu da Basílica de Saint-Denis, ao norte de Paris e é tido como um dos maiores líderes da monarquia francesa. Outros, ao partir, serão condenado ao esquecimento e, no melhor dos casos, lembrado como o pior erro da história, pois o essencial em todo poder é que seu ponto de aplicação seja sempre, em última instância, o corpo.

Todo poder é físico, e há uma ligação direta entre o corpo e o poder político e a noção de governo parece ser muito mais operativa do que a noção de poder. A hipótese é essa mudança conceitual do poder para o governo é acompanhada por uma mudança do corpo para a vida e tal inflexão é considerada aqui como pano de fundo para uma viagem conceitual que desloca a questão do que é um corpo para fora do âmbito da questão do sujeito. É um princípio “criativo” ou “sintético”, para o qual é necessário repensar a produção do que realmente existe no mundo (portanto fenomenal). " Existir in effectué ser produto de uma atividade (energeia ou actus) que estabelece a figura do homem (moderno por excelência), parece necessário sem contudo ser suficiente para lhe servir de base.